Historicamente os EUA possui um número exorbitante de homens negros mortos por policiais, e o estado da Califórnia possui grande parcela desses homicídios, e dentre tantos casos muitas vezes acabamos não dando a devida atenção a cada um deles. E o que torna o assassinato de Oscar Grant III tão especial a ponto de virar um filme? O filme não aborda essa questão, pois cada assassinato é uma lástima independente de quem seja, portanto o propósito do longa é mostrar quem fora Oscar e mostrar o quão grande esta perda foi para seus familiares e amigos.
Este é o filme de estreia do diretor Ryan Coogler que não faz um mau trabalho, o filme é bem dirigido, ele é bem consciente de seu propósito e da mensagem que deseja passar. O diretor toma certas liberdades criativas com a história, ou seja, muito do que acontece não se sabe se é real ou invenção, mas acredito que isso não vem ao caso, pois é exposto o lado errôneo do protagonista e como isso o afetava negativamente, sempre tentando ser uma versão melhor de si mesmo, mas que muitas vezes não conseguia.
Até os minutos finais não estava tão envolvido com a trama, mesmo sabendo seu final, mas a partir do momento em que a cena do trem começa, meu envolvimento foi potencializado e não pude evitar de me emocionar com o que estava acontecendo, já fazia um bom tempo que um filme não mexia emocionalmente comigo desta maneira. Mas sinto que a direção poderia ter explorado um pouco melhor este momento que se manteve um pouco confuso assim como a gravação original do ocorrido.
Algo que senti falta no filme que poderia ter elevado e muito sua qualidade seria a exploração das consequências póstumas ao assassinato de Oscar, pois sua história não acaba com sua morte, a comoção da população juntamente ao julgamento dos envolvidos poderiam ter enriquecido muito a narrativa, mas entendo a decisão devido ao baixo orçamento que o filme teve. Sendo este realmente o único ponto que me fez diminuir a nota do longa.
Muitos não irão gostar dessa manipulação emocional que o filme faz, mas isto é algo que realmente aprecio em uma obra, o quão bem ela consegue manipular meus sentimentos sem que seja algo forçado, e forçado é uma palavra que não define Fruitvale Station. O filme também possui muitas cenas que poderiam ter sido cortadas, mas não diminui a força ou peso da história como um todo. Recomendo a todos sem exceção.
Definitivamente este é um dos filmes mais estranhos e originais que assisti em tempos, a ideia é tão criativa e absurda que poderia render muitos momentos icônicos e ao mesmo tempo reflexivos, mas não é isto que nos é oferecido. A direção começa bem, com movimentos de câmera inventivos e sequências que demonstram um bom controle do que está em tela, mas isso se perde rapidamente por uma falta de inventividade que torna tudo mais operante e não fascinante.
A dinâmica do relacionamento entre Daniel Radcliffe e Juno Temple é boa, ambos demonstram uma química excelente, senti falta de mais momentos entre os dois explorando ainda mais esse relacionamento que era quase como uma força da natureza. Isso leva à um dos principais problemas do longa, que é a sua tentativa de tentar ser um drama sobre a perda e luto de um homem, mas que falha em consegui-lo devido a uma falta de simpatia com os personagens secundários, que considerei bem irritantes e unidimensionais, e a falta de naturalidade de certas ações.
O roteiro é extremamente previsível, além de algumas coisas que não fazem o menor sentido, ele também se auto sabota, pois a habilidade do protagonista torna as coisas muito mais simples, logo a missão do roteiro era buscar soluções que atrapalhasse seu caminho, mas esses desafios se tornaram episódicos demais e consequentemente entediantes. Sendo um tremendo desperdício de potencial.
Horns é mais longo do que deveria, menos divertido do que poderia e mais frustrante do que deveria, pude achar alguns poucos bons elementos no longa que me fizeram dar esta nota, mas ao fim não recomendo este filme, existem obras melhores para passar essas quase duas horas.
Chego ao filme que lançou um dos melhores diretores da atualidade Denis Villeneuve, e vendo pela primeira vez posso dizer que esta é a obra mais chocante dele, tudo é tão cru e visceral, o poder que as imagens neste filme tem são de tirar o fôlego. A maioria das características do diretor são reconhecidas no longa e com certeza este é um dos seus melhores trabalhos no aspecto técnico.
Assim como é dito no filme, ele mostra essa corrente do ódio que permeia a humanidade e como isso afeta as nossas relações e as consequências que podem acontecer. Como disse anteriormente este é um filme chocante no melhor sentido da palavra, pois mesmo se tratando de uma obra de ficção sabemos que tudo ali é plenamente possível de se acontecer e isso nos assusta. Pensar que alguém viveu tudo aquilo e que coisas assim acontecem nos tira de nossa zona de conforto, trazendo o incômodo à tona.
O longa é muito bem fotografado, muitos planos longos e planos sequência, uma paleta de cores bege e cinza retratando a falta de vida e esperança naquela sociedade em guerra. Não há cenas de violência explícita, mas mesmo as implícitas já nos embrulham o estômago. A história também se mantém em constante movimento, sempre com surpresas novas que instigam ainda mais sobre a resposta para o mistério.
Mas ao mesmo tempo que a história continua a se movimentar, muitas coisas abusam do nosso senso de descrença do absurdo, pois há muitas coincidências e facilitadores do roteiro que beiram o fantasioso. Assim como um ritmo extremamente lento que em alguns momentos entendia e um pouco desse clima que o filme veio construindo se esvai. O elenco tem seus pontos fortes e fracos, em alguns momentos convencem como pessoas que realmente viveram aquelas realidades e em outros não entregam o peso que certas cenas precisariam.
Mesmo com a história beirando o absurdo, Incendies é uma obra rara sobre um retrato de onde a humanidade consegue chegar apenas com o ódio, sendo também um dos retratos mais fiéis da guerra mostrando como ela afeta os cidadãos comuns e suas famílias. Definitivamente não é um filme fácil de se assistir, recomendo para aqueles que estiverem dispostos a encarar o que o filme se propõe a mostrar.
O maior desafio de se fazer um filme fantasioso com elementos de uma cultura pouco abordada no cinema, é ser respeitoso e fiel as crenças e costumes de todo um povo. E fico feliz que Black Panther conseguiu realizar ambos com maestria, o universo construído para este filme é de se encantar, pois além de manter os elementos mais tribais desta cultura, fez uma mescla interessante com o alto nível tecnológico que o reino de Wakanda possui, criando um senso estético único desta civilização. Além do clima sério que os rituais desta nação possuem e como são importantes para os mesmos, estabelecendo um paralelo muito belo entre a realidade e a ficção de um país africano.
Mas como um filme de gênero, as cenas de ações eram certas, e o filme consegue se sair bem na maioria delas, com destaque para a sequência de ação que ocorre na Coreia, belamente executada e ensaiada, sem câmera tremida e cortes aparentes. Porém em outras cenas, como a luta final, o CGI é usado demasiadamente e fica aparente, chegando a me incomodar e tirar minha imersão e investimento emocional nas cenas.
Mas para um filme de herói, os personagens aqui criados são profundos e possuem camadas, todos tem uma personalidade forte e única, com atuações fortes que jamais abaixam o nível do filme, apenas o elevam. Com destaque para Michael B. Jordan que faz um dos vilões mais interessantes do universo marvel, e para Danai Gurira que faz a guerreira mais badass que já presenciei nos filmes deste gênero. Todos estão muito bem em seus papéis com exceção de Martin Freeman, que não convence como um agente secreto da CIA.
Outro ponto positivo para o longa é a forma como seus comentários políticos e sociais são inseridos de forma orgânica na trama, sem em nenhum momento se tornar sermonico demais, raso demais ou brega demais. Além de entreter, o filme nos faz repensar constantemente o que consideramos certo ou o que faríamos em tal situação. Assim como a falta de um humor forçado do filme que não fez falta, estabelecendo um clima constante durante o decorrer da história.
Mas assim como muitos outros filmes do universo da Marvel, é muito difícil fugir dessa fórmula previsível, logo o filme tem pouco espaço para surpreender, afetando diretamente o seu envolvimento com a trama. Acarretando em outro problema, que é o seu envolvimento emocional com o que está acontecendo, pois em nenhum momento senti o perigo que deveria e muito menos a urgência das situações, a violência do filme foi algo que me surpreendeu, mas mesmo assim se manteve muito plástica e “clean”.
Black Panther funciona muito bem como entretenimento e reflexão, porém em nenhum momento irá mexer com seus sentimentos e te deixar apreensivo por algum personagem. Os personagens podem ter sido muito bem escritos, mas achei o roteiro fraco e acomodado, poderia ter sido muito mais grandioso do que realmente foi. Posso ter sido o único ponto fora da curva do público de Black Panther, recomendo como experiência, mas não é de longe um dos meus favoritos do gênero.
É sempre curioso ver filmes que trabalham a metalinguagem, sobre filmes onde seus atores interpretam atores atuando em outros filmes, ainda mais quando estes filmes são da industria pornográfica que não é conhecida por ter uma qualidade artística elevada considerando sua produção restrita e público alvo. E é engraçado pensar no desafio de fazer um filme bom que retrata a produção de filmes ruins, sem cair no deboche ou na estereotipação, tudo aqui é bem respeitoso e fidedigno.
E como de costume as obras de obras de PTA possuem dois grandes pilares de qualidade, a sua técnica impecável na direção de um filme e as atuações presentes em suas obras. Começarei por elogiar suas habilidades cirúrgicas com o movimento e posição da câmera, que aumentam nossa imersão na história e nos levam em um ritmo dinâmico e agradável, sem nos entediar por muitos momentos, além dos planos sequências de cair o queixo que nos situam nos locais em que as cenas se passam e os personagens que estão ali presentes.
Até que chegamos no ponto alto do filme, seus atores. Praticamente todos os personagens possuem tempo suficiente em tela, sendo bem explorados em alguns momentos mas em outros nem tanto, mas todos possuem alguma chance de mostrar seu talento em frente a câmera. Julianne Moore e Burt Reynolds são de longe os que mais se destacam no longa, transitando entre muitas fases de seus personagens e correspondendo bem ao sentimentos que eles devem sentir. Além de John C. Reilly e Philip Seymour Hoffman que entregam personagens bem divertidos.
Os meus únicos problemas com o filme foram a duração e o Mark Wahlberg, além das cenas que foram cortadas que são notáveis em algumas partes do filme. Os dois problemas citados anteriormente estão atrelados, pois como a duração do filme é extensa, exigiu-se muito da atuação de Mark que em certos momentos não conseguiu convencer e não entregou cenas bem atuadas, como aquela cena do estacionamento ou a própria cena dele no começo do filme com sua mãe. Mas elogio o fato de ele realmente parecer viver na época em que o filme se passa, além de parecer fazer desse universo do qual o filme aborda.
Novamente PTA nos entrega uma obra excepcionalmente executada e atuada, mas que como sempre em minha opinião falta ter um elemento a mais, que realmente nos prenda ao filme e nos faça adentrar a realidade que nos é mostrada. Recomendo.
Se existe algo que Hitchcock realmente dominava, era o uso da câmera, onde posicioná-la e como movimentá-la, todos seus filmes são muito bem fotografados. Os cenários de seus filmes também são extremamente ricos e cheios detalhes, complementando a narrativa e ajudando a contar a história. O gênero mais presente no longa é o de mistério e não o de suspense, algo que não esperava vindo desse diretor, mas a trama se mostrou bem intrigante e imprevisível, tanto que passei longe de adivinhar a resposta para o mesmo.
Mas isto é o máximo que consigo elogiar já que o filme não me agradou, a começar por seus personagens chatos e muitas vezes subutilizadas, como o caso do personagens interpretados por Barbara Bel Geddes e Tom Helmore, que são jogados na história e não possuem qualquer aprofundamento, inclusive me pergunto qual a necessidade da existência da personagem de Barbara. O carisma de James Stewart carrega a obra, mas no terceiro ato seu personagem se torna irritante e antipático, quase quebrando o vínculo que havíamos criado com ele durante o filme.
Outro problema grave para mim é o ritmo da história, que tornou a experiência do filme longa e arrastada, principalmente da virada do segundo pro terceiro ato, onde há uma reviravolta que eu realmente não esperava e que tinha elevado muito o filme para mim, porém o nível não se mantém e a queda de qualidade é gradativa até que chega a um dos piores finais que já tive o desprazer de assistir. Tanto potencial e tudo foi desperdiçado.
Quanto mais eu penso sobre este filme menos eu passo a gostar dele, fico dividido entre minha opinião pessoal e o valor cinematográfico deste longa, acredito que a nota 5 seja o ideal para mim. Existem filmes de suspense melhores que este para se passar 2 horas, não recomendo
Imagino como deve ter sido a experiência das pessoas que começaram a assistir esta obra sem saber nada a respeito, pois como a construção do relacionamento dos protagonistas foi realizada de uma maneira tão sutil e gradativa, possivelmente aqueles que não sabiam o caminho que o longa iria traçar devem ter se surpreendido, o que não foi o meu caso pois até mesmo em sua sinopse este relacionamento amoroso que iria ser abordado já fora exposto.
E que bela construção de personagens e narrativa foi essa, tudo acontece com extrema calma e paciência, aos poucos ambos vão mostrando mais de suas personalidades e desejos, e vamos compreendendo mais sobre como suas mentes e corações funcionam. A dinâmica e a química de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger é enervante e crível, sentimos a amargura e o anseio sufocante que ambos sentem por causa das circunstâncias que envolvem suas vidas.
A cinematografia junto aos figurinos e o design de produção refletem muito bem a tristeza e a solidão que permeiam o cotidiano dos protagonistas, que por não poderem se abrir e ser quem realmente são, se sentem sozinhos em seus próprios universos e assim como eles, achamos conforto e liberdade quando ambos estão juntos. Mas além de uma história de amor, Brokeback Mountain é sobre a linda relação de confiança, paixão e amizade que Ennis e Jack possuem.
Porém a trilha sonora e as atuações do filme são os principais ponto de destaque, trabalhos realmente excepcionais que foram realizados com muito cuidado e dedicação. Michelle Williams e até mesmo a curta participação de Linda Cardellini agregam muito ao filme, com atuações vivas e sensíveis que elevam ainda mais o filme que já contava com grandes atuações de Gyllenhaal e Ledger.
Mas assim como Call Me By Your Name de Luca Guadagnino, a sutileza do filme foi algo que me incomodou pois assim como na obra antes citada, senti a falta de uma carga dramática ainda maior ou de cenas grandiosas que realmente me marcassem explorando ainda mais a força de seus atores. Assim como uma dinamicidade maior no filme que em certos momentos me pareceu muito inflamado, podendo dar uma maior atenção à outros detalhes ou desenvolver ainda mais seus personagens secundários.
Apesar de todos os elogios antes citados, a obra falhou em me emocionar logo comprometendo o meu envolvimento com a história, mas longe de ser um filme ruim Brokeback Mountain se provou um romance sensível e natural, nada aqui está de graça e nada foi forçado, recomendo apenas a fãs do gênero .
Esperei um ano após o lançamento desse filme que estava sendo inundado de elogios e inevitavelmente criei uma expectativa de que seria algo inédito e diferente do que estava sendo apresentado a nós pela DC. Esse ano esperando serviu justamente para me despir dessa visão, e não sei o quanto ela poderia ter me afetado sobre este filme que após terminá-lo se provou para mim completamente simples e indiferente, sem personalidade e emoção.
A começar por esta paleta de cores estabelecida por Snyder no universo cinematográfico da DC que não combina com o tom ou a natureza do filme, que se beneficiaria muito mais de um estilo visual abordado no primeiro ato com cores vivas e brilhantes. O estilo visual desse universo torna as obras muito plásticas e cansativas visualmente, tirando a beleza das localidades e ressaltando outro grande problema do filme que é o uso exagerado de CGI e Slow Motion, sério que era necessário tudo isso?
O roteiro é recheado de diálogos fracos e vergonha alheia, que realmente me tiraram de alguns momentos do filme. Assim como a falta de cenas de ação mais inspiradas, com enquadramentos e ângulos que explorassem melhor os movimentos, que mesmo possuindo boas coreografias não nos empolga o quanto poderia. Além de possuir o terceiro ato mais mal realizado que pudesse ser feito, como se fosse parte de um outro filme. Os vilões também são mal explorados e não passam qualquer sensação de perigo ou urgência, sendo completamente esquecíveis e genéricos.
Como fator de entretenimento Wonder Woman se sai razoavelmente bem, não foi uma tortura assisti-lo mas também não foi uma experiência prazerosa. A dinâmica de Gal Gadot e Chris Pine é crível e boa rendendo alguns dos melhores momentos do filme. O humor do filme é ok mas em nenhum momento me fez rir. O longa tinha um potencial enorme em mãos mas acabou se perdendo no que queria se tornar e com o que poderia alcançar, outra obra pode valer mais seu tempo mas não desrecomendo.
Infelizmente chegamos ao terceiro e último filme da trilogia, e o questionamento que temos antes de começa-lo e que sabemos que será abordado no filme é de o quanto um amor pode durar, se esse conceito é apenas uma fantasia ou pode ser algo concreto e alcançável. Mas o assunto não é apenas abordado, mas sim redefinido e exposto de uma forma agridoce, que sinceramente ao término do filme eu não sabia ao certo como me sentir, o ponto não é de concordamos com o que nos foi exposto mas sim de entender o que levou aqueles personagens a dizerem e agirem daquela maneira.
Novamente às locações nas quais o filme se passa são belíssimas, com enquadramentos que sempre deixam ambos os protagonistas ocupando quase o tamanho inteiro da tela nos mostrando que a relação deles é tão bela e grandiosa quanto os cenários mostrados. Planos extremamente longos e cortes muitas vezes lentos, deixando uma pausa antes de cortar de um rosto para outro, explorando muito a expressão de seus atores.
O filme é uma constante que mesmo passando em apenas um dia, retrata bem como é a vida de um casal em um dia comum, de como de um momento de risada e descontração passa para um momento de briga e alfinetadas por conta de apenas uma palavra ou expressão utilizada no momento errado. Os diálogos continuam tão bem escritos quanto nos dois filmes anteriores, mostrando que a essência dos personagens não mudou, porém o tempo faz com que eles amadureçam e mudem sua crenças e pensamentos mesmo que um pouco.
A obra estava caminhando para ser uma das minhas favoritas, até o momento da cena do quarto que segue para o final do filme, que depende muito de gosto e por conta de minhas opiniões e visões, não pude deixar de me incomodar com o que estava acontecendo, acredito que ela destoa com a mensagem que o filme estava se propondo a passar. Além de ser um pouco arrastada demais, mesmo que anteriormente todas as cenas acabassem assim que pensássemos “acho que essa cena poderia acabar agora” e logo em seguida elas se encerravam, esta cena final não, sua extensão e motivação para existir não me convenceram e diminui a qualidade do filme significantemente.
Mesmo assim Before Midnight é um excelente e um ótimo encerramento para essa trilogia magnífica, e foi o filme que mais me emocionou dentre os três. Não me esquecerei tão cedo dessa história e muito menos desse casal, recomendo a todos.
Se conectar em um nível intelectual e sentimental com outra pessoa é algo raro, e perder esse alguém pode ser algo doloroso e difícil de se esquecer. Imagina guardar este alguém em sua mente por 9 anos, isto te privaria de novas experiências e de se relacionar com outras pessoas que poderiam ser tão boas quanto. E isto é algo que este filme trabalha muito bem. Por quanto tempo um amor pode durar e como lidar com essa constante expectativa de voltar a ver esta pessoa que tanto lhe marcou. Tecnicamente o filme não é lá um grande espetáculo, mas ele é muito bem filmado, com planos sequências compridos que juntos deste roteiro excepcional dão uma leveza e naturalidade à obra, que considero superior ao primeiro título da trilogia. Os diálogos que abordam todo e qualquer tipo de assunto são interpretados magistralmente por Ethan Hawke e Julie Delpy que trazem aquela mesma química palpável presente no primeiro filme, me fazendo pegar sorrindo vendo a interação entre os dois. Todo assunto abordado no longa poderia render inúmeras discussões e momentos filosóficos, e a maturidade que esse filme trata a situação em que ambos os protagonistas se encontram é de uma beleza tocante. Tudo é tratado calmamente sem qualquer tipo de pressa ou forçamento de barra, tudo vem no momento certo e naturalmente. Como isso pode ser só atuação? Um filme belíssimo que definitivamente não serão todos que irão gostar ou apreciar, o final do filme é extremamente preciso para acontecer naquele exato momento em que pensamos “o filme poderia acabar…. agora”. Recomendo a todos.
Acredito que uma característica inerente a maioria dos jovens é a da inconsequência e do imediatismo, vivíamos sem qualquer preocupação relativas ao universo adulto como contas ou trabalho, nos preocupávamos apenas com o presente ou no máximo com o dia de amanhã. Porém isso nos omite uma verdade inevitável, tudo isso uma dia passa, e o modo de vida que você escolheu lhe trará consequências, que variam entre leves a gravíssimas.
Junte isso a uma cidade com forte presença das drogas, do álcool e do sexo, e a combinação mortal está feita. E nisso o filme se sobressai, retratando de uma maneira muito crua e visceral o ambiente no qual esses jovens estão inseridos, sem nos omitir absolutamente nada. E para fortificar esse realismo do filme, a maior parte do elenco é composta de atores de primeira viagem e que realmente possuíam a idade de seus respectivos personagens.
O ponto forte da história é seu roteiro, com diálogos ácidos e repugnantes em sua maior parte, personagens detestáveis e assuntos fúteis que chegam a ser dúbios de tão surreais e naturais na forma de sua abordagem. Não há nenhum destaque tecnicamente desta produção, tudo está perfeitamente bem em seu papel e não atrapalham a história.
O filme se propõe a ser mais do que apenas um aviso as relações sexuais desprotegidas, mas também de ser um alerta a como alguns jovens parecem estar “abandonados”, sem alguém para guiá-los e ajudá-los, livres para fazerem o que quiserem e cometendo erros que podem não ser reversíveis. Mas sinto que o filme poderia ter se beneficiado de uma duração maior para abordar com mais clareza estes assuntos e não de apenas chocar o espectador com a dureza desta realidade.
Às vezes o diretor parece se perder nesta sua retratação de universo, se prolongando muito em cenas e diálogos que não possuem muita relevância ou que perdem força devido ao tempo que são esticadas. Contudo, Kids é um excelente filme que choca e que instiga, definitivamente um filme que mexe com os sentimentos. Recomendo a todos.
Um dos questionamentos mais feitos pelos seres humanos é a de o quanto ainda podemos evoluir como espécie, mesmo que muitas vezes ouçamos a frase de que “não existe nada mais que possamos inventar ou que possamos alcançar”. E aqui Stanley Kubrick nos atiça a refletir sobre essa dúvida, realizando assim um dos filmes de Sci-Fi mais aclamado da história.
Mesmo em 2018 esta obra se mantém completamente atual, com técnicas de filmagem que encantam a qualquer um que as vejam, apenas estudando e pesquisando um pouco mais sobre a obra que pude compreender a grandiosidade e como as cenas mais impressionantes foram realizadas. Impossível não assistir a este filme e não se impressionar com o quão visionário Kubrick foi e como ele revolucionou a forma de se fazer filmes do gênero por décadas.
O forte do longa não são seus diálogos, tanto que em suas duas horas e meia de duração, apenas quarenta minutos são diálogos. Em entrevistas o diretor diz que 2001 é um espetáculo visual e sonoro, mesmo assim todas os atores se saem bem em seus papéis com destaque para Keir Dullea (Dr. Dave Bowman) e o trabalho de voz impecável de Douglas Rain (HAL 9000).
Seu roteiro complexo e cheio de interpretações possíveis trouxeram muita popularidade ao filme, e até hoje são levantadas discussões sobre os significados de cada cena presente no longa. Porém a falta de dinamicidade na história incomoda, as cenas do espaço entendiam de tão lentas que demoram para se concluir. Assim como a falta de uma história central e maior foco em personagens que não nos vincula ao filme, tornando-o apreciativo e não envolvente.
Considero que o propósito dos filme seja de entreter e instigar, mas para mim pareceu que 2001: A Space Odyssey estava mais preocupado em tornar sua história complexa do que realmente entreter o seu público. Uma obra excepcional tecnicamente, mas que não me disse nada relevante o suficiente para ficar refletindo por dias a fio. Não a recomendo mas também não a desaprovo, aqueles que sentirem curiosidade deem uma chance a obra.
Um bom suspense é aquele que manipula sua audiência, possui personagens pelos quais nos importamos e o mais importante de tudo, é imprevisível. Dentre todos esses aspectos considero o mais complicado, o último, e muitos filmes de suspense falham em cumpri-lo, mas felizmente não é o caso deste filme. Sempre que achamos estar a frente daquilo que nos é mostrado, somos jogados em uma direção oposta e forçados a repensar sobre o que estamos vendo. Os aspectos técnicos do filme são operantes e com quase nenhum destaque além de sua cinematografia, que cria um senso de claustrofobia remetendo a sensação dos personagens de estarem presos naquele motel e forçados a conviver e colaborar com pessoas estranhas, muitos close-ups são utilizados para reforçar este sentimento. Outro mérito do filme, é o quão bem seus atores estão, nenhum parece estar perdido em seu papel, e carregam muito bem o filme. Mas sem dúvidas este é um filme de roteiro e a forma como ele conduz o espectador é um trabalho magistral, e isto que popularizou a obra. O fato de desconfiarmos de todos nos prende a narrativa, e não nos deixa descansar por causa do sentimento de alerta constante. Porém conforme a história vai avançando, alguns acontecimentos se tornam absurdos e as vezes até implausível, uma revisita ao filme provavelmente dará um visão melhor sobre algumas de suas decisões, tornando isto um dos defeitos do filme. O último ponto a ser levantado como defeito da obra seriam algumas decisões dos personagens que são estúpidas e completamente anormais à uma situação de risco iminente quanto a de um assassino a solta. Mesmo assim Identity é um ótimo filme de suspense, que prende nossa atenção e nos recompensa com uma obra imprevisível e emocionante. Recomendo a todos.
Em seu filme de estreia Guy Ritchie nos apresenta um longa com um roteiro bem escrito e uma direção bem precisa e criativa, com certeza um trabalho excepcional para o primeiro trabalho de um diretor. E fica óbvia aqui a fonte da qual o filme bebeu, o tão popular Fargo dos irmãos Cohen devem ter inspirado Guy à escrever este roteiro que possui inúmeras subtramas, que por algum motivo se entrelaçam e atingindo seu ápice ao final do filme, mas que ao mesmo tempo consegue de distinguir e criar sua própria maneira de contar uma história.
O filme é operante, com quase nenhum destaque técnico com exceção de alguns movimentos de câmera e cenas extremamente bem filmadas com uma criatividade notável, como a cena da derrota de Eddy no jogo de cartas. Em alguns momentos também são tocadas umas músicas bem legais, dando um estilo maior ao filme. Mas isto é o máximo que consigo elogiar.
Não sou fã do tipo de humor britânico e não sei se serei um dia, mas assim como no In Bruges de Martin McDonagh ou no longa seguinte de Guy, Snatch, não dei sequer uma risada no decorrer da história. E a falta de algum elemento mais “natural” no roteiro, não faz eu me ligar a história e logo não me importar com os personagens e os seus destinos, algo que deveria ser essencial a este tipo de filme.
Lock, Stock and Two Smoking Barrels não diverte e nem emociona, mas como esses dois aspectos são relativos, fica difícil recomendar ou não o filme, depende de cada um. Não terminei o longa com um gosto amargo na boca, mas também não foi uma experiência da qual irei recordar, considero dispensável.
O mais incrível do cinema é o poder que ele tem para nos levar a lugares e história que nunca fomos antes ou que nunca imaginaríamos estar, a capacidade de subverter um gênero e nos apresentar coisas novas e muitos mais. Aqui temos mais um grande exemplo de como isso é possível dentro dessa arte, o romance entre uma mulher muda e um anfíbio humanóide com uma beleza lúdica e naturalidade muitas vezes nem vista em romances convencionais é algo que não eu esperaria ver.
Começando pelo casting do filme, Sally Hawkins foi justamente indicada ao oscar por essa atuação, nos mostrando raiva, curiosidade, indignação e felicidade sem dizer uma palavra, apenas com sua expressão facial e pela linguagem de sinais, sua entrega à personagem é algo a se admirar. Michael Shannon e Richard Jenkins também estão muito bem em seus papéis, mantendo e até muitas vezes elevando o nível do filme quando estão em tela.
A cinematografia junto ao design de produção e a trilha sonora, criam um ambiente fantasioso e vivo, tudo nesses quesitos é realizado de uma maneira precisa e excepcional, não à toa foram indicadas ao Oscar. A câmera flutuante e o uso da cor verde-azulada, remetem ao elemento que rodeia a trama, a água. E o ponto que mais destacou isso foi a edição do filme, que transita com uma fluidez e leveza de um ambiente para o outro que nos leva no decorrer do filme como uma corrente suave.
Mas assim como eu temia antes de assistir a obra, o ponto que mais me incomodou no longa foi seu roteiro, que se mostrou completamente previsível e as vezes unidimensional na construção de alguns de seus personagens. Assim como certos comentários sociais que não são aprofundados e apenas jogados no meio da narrativa, não dando peso a história e sendo dispensáveis.
O gênero de fantasia não é dos meus favoritos e o fato deste filme não ser chocante ou muito menos pesado dramaticamente, acabou não mexendo com minhas emoções ou aumentando minha conexão com a história. Mas pelo simples fato do filme ser doce e leve valeram as minhas duas horas investidas neste filme, para quem gosta de uma boa experiência cinematográfica eu recomendo este filme.
Quentin Tarantino é sem sombras de dúvida um dos maiores diretores e roteiristas de todos os tempos, e aqui temos um exemplo de seu talento, um filme de quase três horas de duração com quase unicamente diálogos e que em nenhum momento se torna monótono ou tedioso, mas sim com uma tensão constante e progressiva durante a narrativa inteira. O dom que o diretor possui para criar diálogos é algo de outro mundo, tudo soa tão natural e crível, aumentando assim a nossa conexão com o universo dos personagens e o investimento do foco no mistério estabelecido pela trama. Com diálogos tão bem escritos, os atores se sentem mais confiantes e mais confortáveis em seus papéis, nos mostrando atuações excepcionais durante todo o filme. Todos estão bem, sem exceção, com destaque para Samuel L. Jackson que entrega de longe uma de suas melhores interpretações da carreira. Com show a parte também da trilha sonora excepcional do filme, que não a toa seu compositor levou o oscar pelo trabalho, tornando a obra mais emocionante e tensa. A cinematografia do filme também é outro ponto de destaque, o filme foi rodado em 70mm dando uma forma mais achatada e ampla a imagem, mostrando paisagens magistrais em alguns momentos, mas que não possui esse único sentido para sua existência, mas sim o de nos colocar na mesma situação dos personagens, tendo que prestar atenção a tudo que acontece à nossa volta. Até que chegamos a alguns defeitos do filme que me incomodaram, iniciando por sua duração, que poderia facilmente ser reduzida para umas duas horas e quarenta, com cortes mais dinâmicos e retirada de certas exposições do roteiro que não eram necessárias. Mas não apenas isso, o ponto que realmente mais me incomodou foram as coincidências empurradas goela a baixo do público, com entrelaçamentos nas histórias dos personagens que parecem ser mais um atalho do roteiro para mais exposições, do que realmente soluções inteligentes para progredir naturalmente a história. Além também da quebra da tensão que estava presente até o capítulo quatro, que era de paranoia e suspeita de todos, nos fazendo pensar junto com o que nos era apresentado, mas que foi abandonada completamente com a conclusão do mistério que chegou a ser brochante. Mas apesar desses defeitos que acabaram me incomodando, The Hateful Eight é sim um dos melhores filmes do Tarantino que vi, e uma aula de roteiro e direção. Recomendo a todos.
Se pudéssemos ver um assassinato antes mesmo dele ser feito, qual seria a melhor solução para detê-lo? Prender o pré-assassino ou simplesmente para-lo? E isso seria a prova de falhas e de manipulação humana? Mesmo em um futuro distante e com uma tecnologia completamente fantasiosa, os questionamentos feitos são complexos e reais, tudo é possível e nada é a prova de falha, e é justamente esse o ponto explorado pelo longa.
A narrativa se mantém o tempo todo em movimento, com reviravoltas a todo momento mesmo em situações em que consideramos saber o que vai acontecer, dentro do possível é claro. Os cortes são dinâmicos e a história nunca perde seu ritmo. Os cenários quase sempre são construídos dando uma sensação de imersão maior naquele universo, assim como fornecer uma liberdade maior para os atores e para o diretor por suas ideias em prática.
Mas pra mim o filme possui mais defeitos do que virtudes, começando pelos diálogos que são péssimos, em alguns momentos dá uma vergonha alheia de tão baratas e desconexas que as conversas são. Assim como citado anteriormente o filme é repleto de twists, e alguns são estupidamente ruins, completamente forçados e sem lógica, porque em um mundo com tecnologia suficiente para mudar a face de um ser humano com um aparelho portátil o sistema de leitura visual não bloqueia um policial procurado de entrar em locais restritos. E outras igualmente irracionais como esta, como a fábrica de carros luxuosos que não tem seguranças e que assim que terminam de construir seus carros já o liberam em algum galpão em pleno funcionamento.
Outro ponto que me incomodou profundamente é o uso excessivo de CGI, que foi utilizado mais como ferramenta de estonteamento do público do que para realmente serviço da história. Assim como também uso de facilitadores narrativos que mais atrapalham a experiência do filme do que realmente movimentar a trama naturalmente, com causas e consequências bem estabelecidas.
Apesar das críticas bem pontuais e relevantes que o filme propõe, sua execução é tão problemática que na metade do filme eu já estava me perguntando quando o filme iria acabar. Caso os problemas anteriormente citados não te incomodem, o filme pode ser um experiência prazerosa e divertida, caso contrário passe longe desse longa.
Bronson é uma biografia sobre uma pessoa quase que caricatural e que dificilmente acreditaríamos que existiu, e representar a loucura desse homem não é uma tarefa fácil já que a escolha para o ator e como essa história seria contada definiria o rumo do filme. E em um desses aspectos o filme se sobressai, Tom Hardy dá um show de interpretação, sumindo na pele do Michael Peterson, com uma fisicalidade, timing e voz que representam o seu personagem fielmente sem em nenhum momento desmerecê-lo ou debocha-lo.
O problema mesmo vem no fato de como essa história é contada, o primeiro do ato define um tom ágil e direto, o que por si só não é ruim, porém com essa escolha o filme teria que manter esse ritmo sem perder qualidade ou se tornar apressado, e não é isso que acontece. A história perde seu rumo e não sabe onde quer chegar, todos os acontecimentos são quase que irrelevantes para a vida do personagem e são esquecidos de uma cena para outra, o exemplo que mais me incomodou foi a de sua família, cada a mulher e filho dele?
A história entra em loops repetitivos que se mantém durante toda a narrativa, desperdiçando algumas potenciais histórias paralelas que poderiam ser mais exploradas. Outro problemas são as coreografias das lutas, completamente estilizadas e sem sentimento de impacto, todos os golpes parecem artificiais e tiram o peso dá brutalidade que aquele homem carrega em seu cotidiano e personalidade, outro fator que poderia ter engrandecido mais o filme.
O longa depende do Tom Hardy pra funcionar, e pode ser definido como uma obra de um só ator, mas só disso um filme não pode ser composto. Bronson é um filme regular, recomendado a quem tem um tempo livre com nada para fazer.
The Godfather: Part II tinha uma tarefa extremamente complicada e que a maioria das sequências acabam não conseguindo, ser melhores ou pelo menos ficar no mesmo nível de seus predecessores. E fico contente em dizer que este filme conseguiu fazer essa tarefa com maestria, não a toa dei a mesma nota à ambos os filmes. A atmosfera, a cinematografia, os diálogos, os personagens e os fatores imprevisíveis da trama continuaram tão grandiosos quanto os estabelecidos anteriormente.
Aqui acompanhamos como nosso protagonista tenta lidar com sua família que está quase despedaçada após os acontecimentos do primeiro filme e como ao mesmo tempo sem ela, acaba solitário e isolado com poucas pessoas de confiança e que verdadeiramente o amam. Fruto do caminho que decidiu seguir e das suas escolhas. Assim como o dinheiro fala mais alto do que os laços familiares e de afeto, mostrando as consequências do egoísmo e ambição que custaram caro a quase todos os personagens do longa.
Enxergo todas as qualidades da obra e por que é considerada uma das melhores já feitas, porém não consigo ignorar certos fatores que realmente me incomodaram, como o fato da trama paralela retratando o passado de Vito Corleone não ter tanto tempo em tela, com muitos acontecimentos apressados e mal explorados, desperdiçando o talento que De Niro poderia apresentar em tela e quantas histórias ricas isso poderia render. Assim como a duração do filme, com três horas que poderiam ter sido retiradas facilmente uns vinte minutos, cortando certas cenas que considerei apenas inflamatórias a história.
As comparações com o primeiro filme são inevitáveis, mas como obra separada The Godfather: Part II se sai muito bem, com semelhanças suficientes ao seu antecessor que mantenham uma coesão narrativa e características únicas que o diferenciam do mesmo. O roteiro é bem amarrado e não falha como entretenimento. O sub-gênero de gangster não é do meu agrado, mas recomendo este filme à todos.
Ser invisível e passar despercebido pelas multidões, são sentimentos que muitas pessoas tem ou as vezes lutam para manter, assim evitando futuros danos emocionais ou envolvimento sentimentais com qualquer um, transformando sua vida e universo unicamente seu. E assim que nosso protagonista vive seus dias, até que se vê obrigado a se envolver com uma pessoa e como isso afetara sua vida positivamente ou negativamente.
A grande virtude desse filme é justamente o fato de ser uma história triste que nunca fica pedante ou manipulativa, o tom do filme fica claro e se mantem durante quase toda a duração do longa. Os personagens são carismáticos e divertidos, todos com suas peculiaridades e dificuldades, alguns são subutilizados e até mesmo ultra caricaturados, mas nada que chega a incomodar.A cinematografia é um ponto de destaque, com movimento de câmeras inventivos e bem diferentes, com uma influencia clara de Wes Anderson.
Agora alguns pontos do filme me incomodaram, como o fato do foco quase que exclusivo no protagonista, quase com nenhuma enfase e desenvolvimento dos personagens secundários, afinal no próprio titulo temos o nome de três e não de apenas um. Mesmo que no final a frase do professor passe a ter um significado maior para o protagonista, não justifica essa escolha do roteiro. Além também de uma quebra de tom do segundo pro terceiro ato, que considerei muito abrupta, parecendo até mesmo como se fosse outro filme, mesmo que esteja apenas refletindo também a quebra emocional do protagonista.
Me and Earl and the Dying Girl é um ótimo e divertido filme, que mesmo o fato de ser um pouco esquecível nos diverte e emociona na medida certa. Recomendo.
A grandiosidade do filme dependia de dois grandes fatores, a coragem de seus realizadores e a construção de um vilão que se destoasse de todos aqueles que já tivéssemos visto em outras produções do mesmo universo. No primeiro dos aspectos, o filme se saiu mediano já que notamos claramente a mão forte da Marvel em certas escolhas tirando a liberdade criativa dos diretores, porém dependendo de alguns fatores que serão confirmados no próximo filme, quem assistiu saberá do que estou falando, pode ser até grandiosa e algo nunca antes visto em qualquer produção do gênero, mesmo que duvidosa e improvável.
Já em seu segundo aspecto eu rasgo elogios ao roteiro que soube muito bem dar nuanças a personalidade de um vilão que facilmente poderia ser unidimensional, e transformá-lo no melhor antagonista que já vi em um filme de super heróis. Suas crenças e motivações são suficientemente explicadas e criveis, não temos discursos e frases de efeitos baratas e toda sua arrogância e superioridade é comprovada com suas ações e seu poder que transmite um senso de urgência e perigo a trama.
Outro aspecto muito bem trabalhado é o fato de existir um numero grande de personagens para ter espaço na história, e brilhantemente foram separados em núcleos paralelos que se ligam ao mesmo objetivo. E a montagem do filme deixa essas transições enérgicas e fluidas, não nos deixando sair do ritmo do filme ou nos entediarmos com ele, sendo bem dosada a participação de cada um deles. Mesmo com alguns claramente tendo mais tempo em dela do que outros, ou até mesmo situações bem forçadas somente para juntá-los, não chega a ser algo que incomoda.
Até que chegamos no ponto que estava mais me incomodando: as facilitações do roteiro. Até as 2h do filme eu estava completamente aborrecido com algumas situações que me fariam dar umas nota 8 ao filme, pois enfraqueciam demais a história como um todo. Além da incoerência da força de alguns personagens que de repente de fracos viraram super poderosos ou super poderosos que apanham pra seres genéricos claramente mais fracos que eles.
Algumas das sequencias de ação do filme são brilhantes e criativas, com uma CGI de qualidade que não incomoda os olhos ou que sejam completamente perceptíveis ao ponto de nos tirar da cena. E enaltece a maior qualidade do filme que o fez ser excelente, o fator de entretenimentos. Acima de qualquer defeito ou qualidade da obra, é inegável o envolvimento que temos ao assisti-lo, afinal conhecemos e nos importamos com os personagens da história, assim o filme passa num piscar de olhos e acaba num ápice que acho difícil as pessoas não se emocionaram ou ficarem chocadas.
Se os dez minutos finais não forem estupidamente desfeitos no próximo filme, esse com certeza se torna um dos melhores filmes de super heróis já feito, caso contrario se tornara uma grande decepção pelo hype e promessas feitas. Recomendo a todos que vejam o projeto mais ambicioso já realizado pela Marvel.
A vida é um constante fase de descoberta, umas que definem nossa personalidade e outras que definem o nosso cotidiano, mas o importante é saber que nunca nos daremos como 100% certos de algo, e aqui acompanhamos, como diz o titulo original do filme, Adele que sempre esta em busca de se encontrar e de se entender e aceitar.
O filme é longo e muito crível e real, a entrega que vemos das duas protagonistas da história é algo impressionante com certeza o maior destaque da produção. Além disso o aspecto visual do filme é estonteante , bem fotografado com cores vivas, sempre com alguma cor azul em seus cenários, mostrando a importância dela pra trama, com muitos close-ups exigindo uma expressividade das atrizes que não decepcionam em nenhum momento, escondendo e transparecendo sentimentos naturalmente, como se estivessem sentindo eles realmente e não apenas fingindo.
Porém não escapou de alguns defeitos que poderia ser facilmente contornados pelo roteiro, como o fato da enfase na relação sexual, com as cenas mais explicitas que já assisti junto à Nymphomaniac de Lars von Trier. Sendo que essa relação poderia render momentos mais tocantes e relevantes para a narrativa, como a relação delas com seus pais e até mesmo a relação entre as duas com seus trabalhos. Mas que são basicamente abandonados.
La vie s'Adèle realça o que de melhor uma relação pode trazer para um pessoa e como ninguém está livre de cometer erros, mesmo que não intencionalmente. Não controlamos aquilo que somos e aquilo que queremos, e não devemos nos arrepender de nossas escolhas, mas sim aprender com elas e aceita-las. Um filme excepcional em quesito humano, que mesmo com suas ressalvas continua sendo recomendadíssimo.
A premissa do filme é a questão mais feita por todas as pessoas que possuem um animal de estimação, e a liberdade criativa de uma animação poderia trazer algo completamente inovador e divertido. Porém somos apresentados a uma história completamente genérica e irrelevante, que não emociona ou faz rir, com algumas poucas virtudes.
Começando pelo aspecto visual, a animação é muito bonita, fluida e que realça o aspecto fofo dos animais. Os personagens também são bem carismáticos, com peculiaridades únicas de cada especie, com destaque para o Snowball dublado por Kevin Hart, a dicotomia entre sua aparência e personalidade é hilária, disparado o melhor personagem do filme.
Mesmo com a carisma, a maioria dos personagens são esquecíveis, e essa palavra define esse filme, a falta de uma carga dramática maior ou de alguma novidade nunca antes abordada por uma animação não torna a animação memorável. A duração do filme em nenhum momento incomoda, mas também não recompensa, recomendo caso não tenha mais nada pra fazer em seu tempo livre.
Um filme deve funcionar enquanto obra unica e ser pensado como mesmo, porém certos filmes nos dão a impressão de ser parte de algo que não nos é mostrado, uma parte do filme esta faltando. E é essa sensação que tive em The Bourne Identity, acompanhamos um homem que perde sua memória e que busca respostas sobre quem ele é, e justamente isso não nos é respondido satisfatoriamente, como se fosse um cliffhanger para o próximo filme da franquia.
Mesmo com essa premissa simples e muitas vezes que testa nossa descrença do absurdo, conseguimos nos entreter em um filme de ação ok com personagens carismáticos. A câmera tremida nas cenas de ação não é um ponto que incomoda, mesmo que as coreografias de ação sejam boas . O filme é bem fotografado com um todo, com bastante uso de câmera na mão e cortes rápidos que refletem a velocidade e pressa dos acontecimentos da trama.
Ao todo temos um filme de ação padrão, com algumas boas cenas de ação e outras que se perdem devido ao exagero, o filme deve funcionar melhor no contexto da trilogia, mas como obra própria poderia ter se saído melhor. Já vi filmes de ação melhores.
Fruitvale Station - A Última Parada
3.9 333 Assista AgoraHistoricamente os EUA possui um número exorbitante de homens negros mortos por policiais, e o estado da Califórnia possui grande parcela desses homicídios, e dentre tantos casos muitas vezes acabamos não dando a devida atenção a cada um deles. E o que torna o assassinato de Oscar Grant III tão especial a ponto de virar um filme? O filme não aborda essa questão, pois cada assassinato é uma lástima independente de quem seja, portanto o propósito do longa é mostrar quem fora Oscar e mostrar o quão grande esta perda foi para seus familiares e amigos.
Este é o filme de estreia do diretor Ryan Coogler que não faz um mau trabalho, o filme é bem dirigido, ele é bem consciente de seu propósito e da mensagem que deseja passar. O diretor toma certas liberdades criativas com a história, ou seja, muito do que acontece não se sabe se é real ou invenção, mas acredito que isso não vem ao caso, pois é exposto o lado errôneo do protagonista e como isso o afetava negativamente, sempre tentando ser uma versão melhor de si mesmo, mas que muitas vezes não conseguia.
Até os minutos finais não estava tão envolvido com a trama, mesmo sabendo seu final, mas a partir do momento em que a cena do trem começa, meu envolvimento foi potencializado e não pude evitar de me emocionar com o que estava acontecendo, já fazia um bom tempo que um filme não mexia emocionalmente comigo desta maneira. Mas sinto que a direção poderia ter explorado um pouco melhor este momento que se manteve um pouco confuso assim como a gravação original do ocorrido.
Algo que senti falta no filme que poderia ter elevado e muito sua qualidade seria a exploração das consequências póstumas ao assassinato de Oscar, pois sua história não acaba com sua morte, a comoção da população juntamente ao julgamento dos envolvidos poderiam ter enriquecido muito a narrativa, mas entendo a decisão devido ao baixo orçamento que o filme teve. Sendo este realmente o único ponto que me fez diminuir a nota do longa.
Muitos não irão gostar dessa manipulação emocional que o filme faz, mas isto é algo que realmente aprecio em uma obra, o quão bem ela consegue manipular meus sentimentos sem que seja algo forçado, e forçado é uma palavra que não define Fruitvale Station. O filme também possui muitas cenas que poderiam ter sido cortadas, mas não diminui a força ou peso da história como um todo. Recomendo a todos sem exceção.
Amaldiçoado
3.0 1,2K Assista AgoraDefinitivamente este é um dos filmes mais estranhos e originais que assisti em tempos, a ideia é tão criativa e absurda que poderia render muitos momentos icônicos e ao mesmo tempo reflexivos, mas não é isto que nos é oferecido. A direção começa bem, com movimentos de câmera inventivos e sequências que demonstram um bom controle do que está em tela, mas isso se perde rapidamente por uma falta de inventividade que torna tudo mais operante e não fascinante.
A dinâmica do relacionamento entre Daniel Radcliffe e Juno Temple é boa, ambos demonstram uma química excelente, senti falta de mais momentos entre os dois explorando ainda mais esse relacionamento que era quase como uma força da natureza. Isso leva à um dos principais problemas do longa, que é a sua tentativa de tentar ser um drama sobre a perda e luto de um homem, mas que falha em consegui-lo devido a uma falta de simpatia com os personagens secundários, que considerei bem irritantes e unidimensionais, e a falta de naturalidade de certas ações.
O roteiro é extremamente previsível, além de algumas coisas que não fazem o menor sentido, ele também se auto sabota, pois a habilidade do protagonista torna as coisas muito mais simples, logo a missão do roteiro era buscar soluções que atrapalhasse seu caminho, mas esses desafios se tornaram episódicos demais e consequentemente entediantes. Sendo um tremendo desperdício de potencial.
Horns é mais longo do que deveria, menos divertido do que poderia e mais frustrante do que deveria, pude achar alguns poucos bons elementos no longa que me fizeram dar esta nota, mas ao fim não recomendo este filme, existem obras melhores para passar essas quase duas horas.
Incêndios
4.5 1,9KChego ao filme que lançou um dos melhores diretores da atualidade Denis Villeneuve, e vendo pela primeira vez posso dizer que esta é a obra mais chocante dele, tudo é tão cru e visceral, o poder que as imagens neste filme tem são de tirar o fôlego. A maioria das características do diretor são reconhecidas no longa e com certeza este é um dos seus melhores trabalhos no aspecto técnico.
Assim como é dito no filme, ele mostra essa corrente do ódio que permeia a humanidade e como isso afeta as nossas relações e as consequências que podem acontecer. Como disse anteriormente este é um filme chocante no melhor sentido da palavra, pois mesmo se tratando de uma obra de ficção sabemos que tudo ali é plenamente possível de se acontecer e isso nos assusta. Pensar que alguém viveu tudo aquilo e que coisas assim acontecem nos tira de nossa zona de conforto, trazendo o incômodo à tona.
O longa é muito bem fotografado, muitos planos longos e planos sequência, uma paleta de cores bege e cinza retratando a falta de vida e esperança naquela sociedade em guerra. Não há cenas de violência explícita, mas mesmo as implícitas já nos embrulham o estômago. A história também se mantém em constante movimento, sempre com surpresas novas que instigam ainda mais sobre a resposta para o mistério.
Mas ao mesmo tempo que a história continua a se movimentar, muitas coisas abusam do nosso senso de descrença do absurdo, pois há muitas coincidências e facilitadores do roteiro que beiram o fantasioso. Assim como um ritmo extremamente lento que em alguns momentos entendia e um pouco desse clima que o filme veio construindo se esvai. O elenco tem seus pontos fortes e fracos, em alguns momentos convencem como pessoas que realmente viveram aquelas realidades e em outros não entregam o peso que certas cenas precisariam.
Mesmo com a história beirando o absurdo, Incendies é uma obra rara sobre um retrato de onde a humanidade consegue chegar apenas com o ódio, sendo também um dos retratos mais fiéis da guerra mostrando como ela afeta os cidadãos comuns e suas famílias. Definitivamente não é um filme fácil de se assistir, recomendo para aqueles que estiverem dispostos a encarar o que o filme se propõe a mostrar.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraO maior desafio de se fazer um filme fantasioso com elementos de uma cultura pouco abordada no cinema, é ser respeitoso e fiel as crenças e costumes de todo um povo. E fico feliz que Black Panther conseguiu realizar ambos com maestria, o universo construído para este filme é de se encantar, pois além de manter os elementos mais tribais desta cultura, fez uma mescla interessante com o alto nível tecnológico que o reino de Wakanda possui, criando um senso estético único desta civilização. Além do clima sério que os rituais desta nação possuem e como são importantes para os mesmos, estabelecendo um paralelo muito belo entre a realidade e a ficção de um país africano.
Mas como um filme de gênero, as cenas de ações eram certas, e o filme consegue se sair bem na maioria delas, com destaque para a sequência de ação que ocorre na Coreia, belamente executada e ensaiada, sem câmera tremida e cortes aparentes. Porém em outras cenas, como a luta final, o CGI é usado demasiadamente e fica aparente, chegando a me incomodar e tirar minha imersão e investimento emocional nas cenas.
Mas para um filme de herói, os personagens aqui criados são profundos e possuem camadas, todos tem uma personalidade forte e única, com atuações fortes que jamais abaixam o nível do filme, apenas o elevam. Com destaque para Michael B. Jordan que faz um dos vilões mais interessantes do universo marvel, e para Danai Gurira que faz a guerreira mais badass que já presenciei nos filmes deste gênero. Todos estão muito bem em seus papéis com exceção de Martin Freeman, que não convence como um agente secreto da CIA.
Outro ponto positivo para o longa é a forma como seus comentários políticos e sociais são inseridos de forma orgânica na trama, sem em nenhum momento se tornar sermonico demais, raso demais ou brega demais. Além de entreter, o filme nos faz repensar constantemente o que consideramos certo ou o que faríamos em tal situação. Assim como a falta de um humor forçado do filme que não fez falta, estabelecendo um clima constante durante o decorrer da história.
Mas assim como muitos outros filmes do universo da Marvel, é muito difícil fugir dessa fórmula previsível, logo o filme tem pouco espaço para surpreender, afetando diretamente o seu envolvimento com a trama. Acarretando em outro problema, que é o seu envolvimento emocional com o que está acontecendo, pois em nenhum momento senti o perigo que deveria e muito menos a urgência das situações, a violência do filme foi algo que me surpreendeu, mas mesmo assim se manteve muito plástica e “clean”.
Black Panther funciona muito bem como entretenimento e reflexão, porém em nenhum momento irá mexer com seus sentimentos e te deixar apreensivo por algum personagem. Os personagens podem ter sido muito bem escritos, mas achei o roteiro fraco e acomodado, poderia ter sido muito mais grandioso do que realmente foi. Posso ter sido o único ponto fora da curva do público de Black Panther, recomendo como experiência, mas não é de longe um dos meus favoritos do gênero.
Boogie Nights: Prazer Sem Limites
4.0 551 Assista AgoraÉ sempre curioso ver filmes que trabalham a metalinguagem, sobre filmes onde seus atores interpretam atores atuando em outros filmes, ainda mais quando estes filmes são da industria pornográfica que não é conhecida por ter uma qualidade artística elevada considerando sua produção restrita e público alvo. E é engraçado pensar no desafio de fazer um filme bom que retrata a produção de filmes ruins, sem cair no deboche ou na estereotipação, tudo aqui é bem respeitoso e fidedigno.
E como de costume as obras de obras de PTA possuem dois grandes pilares de qualidade, a sua técnica impecável na direção de um filme e as atuações presentes em suas obras. Começarei por elogiar suas habilidades cirúrgicas com o movimento e posição da câmera, que aumentam nossa imersão na história e nos levam em um ritmo dinâmico e agradável, sem nos entediar por muitos momentos, além dos planos sequências de cair o queixo que nos situam nos locais em que as cenas se passam e os personagens que estão ali presentes.
Até que chegamos no ponto alto do filme, seus atores. Praticamente todos os personagens possuem tempo suficiente em tela, sendo bem explorados em alguns momentos mas em outros nem tanto, mas todos possuem alguma chance de mostrar seu talento em frente a câmera. Julianne Moore e Burt Reynolds são de longe os que mais se destacam no longa, transitando entre muitas fases de seus personagens e correspondendo bem ao sentimentos que eles devem sentir. Além de John C. Reilly e Philip Seymour Hoffman que entregam personagens bem divertidos.
Os meus únicos problemas com o filme foram a duração e o Mark Wahlberg, além das cenas que foram cortadas que são notáveis em algumas partes do filme. Os dois problemas citados anteriormente estão atrelados, pois como a duração do filme é extensa, exigiu-se muito da atuação de Mark que em certos momentos não conseguiu convencer e não entregou cenas bem atuadas, como aquela cena do estacionamento ou a própria cena dele no começo do filme com sua mãe. Mas elogio o fato de ele realmente parecer viver na época em que o filme se passa, além de parecer fazer desse universo do qual o filme aborda.
Novamente PTA nos entrega uma obra excepcionalmente executada e atuada, mas que como sempre em minha opinião falta ter um elemento a mais, que realmente nos prenda ao filme e nos faça adentrar a realidade que nos é mostrada. Recomendo.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraSe existe algo que Hitchcock realmente dominava, era o uso da câmera, onde posicioná-la e como movimentá-la, todos seus filmes são muito bem fotografados. Os cenários de seus filmes também são extremamente ricos e cheios detalhes, complementando a narrativa e ajudando a contar a história. O gênero mais presente no longa é o de mistério e não o de suspense, algo que não esperava vindo desse diretor, mas a trama se mostrou bem intrigante e imprevisível, tanto que passei longe de adivinhar a resposta para o mesmo.
Mas isto é o máximo que consigo elogiar já que o filme não me agradou, a começar por seus personagens chatos e muitas vezes subutilizadas, como o caso do personagens interpretados por Barbara Bel Geddes e Tom Helmore, que são jogados na história e não possuem qualquer aprofundamento, inclusive me pergunto qual a necessidade da existência da personagem de Barbara. O carisma de James Stewart carrega a obra, mas no terceiro ato seu personagem se torna irritante e antipático, quase quebrando o vínculo que havíamos criado com ele durante o filme.
Outro problema grave para mim é o ritmo da história, que tornou a experiência do filme longa e arrastada, principalmente da virada do segundo pro terceiro ato, onde há uma reviravolta que eu realmente não esperava e que tinha elevado muito o filme para mim, porém o nível não se mantém e a queda de qualidade é gradativa até que chega a um dos piores finais que já tive o desprazer de assistir. Tanto potencial e tudo foi desperdiçado.
Quanto mais eu penso sobre este filme menos eu passo a gostar dele, fico dividido entre minha opinião pessoal e o valor cinematográfico deste longa, acredito que a nota 5 seja o ideal para mim. Existem filmes de suspense melhores que este para se passar 2 horas, não recomendo
O Segredo de Brokeback Mountain
3.9 2,2K Assista AgoraImagino como deve ter sido a experiência das pessoas que começaram a assistir esta obra sem saber nada a respeito, pois como a construção do relacionamento dos protagonistas foi realizada de uma maneira tão sutil e gradativa, possivelmente aqueles que não sabiam o caminho que o longa iria traçar devem ter se surpreendido, o que não foi o meu caso pois até mesmo em sua sinopse este relacionamento amoroso que iria ser abordado já fora exposto.
E que bela construção de personagens e narrativa foi essa, tudo acontece com extrema calma e paciência, aos poucos ambos vão mostrando mais de suas personalidades e desejos, e vamos compreendendo mais sobre como suas mentes e corações funcionam. A dinâmica e a química de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger é enervante e crível, sentimos a amargura e o anseio sufocante que ambos sentem por causa das circunstâncias que envolvem suas vidas.
A cinematografia junto aos figurinos e o design de produção refletem muito bem a tristeza e a solidão que permeiam o cotidiano dos protagonistas, que por não poderem se abrir e ser quem realmente são, se sentem sozinhos em seus próprios universos e assim como eles, achamos conforto e liberdade quando ambos estão juntos. Mas além de uma história de amor, Brokeback Mountain é sobre a linda relação de confiança, paixão e amizade que Ennis e Jack possuem.
Porém a trilha sonora e as atuações do filme são os principais ponto de destaque, trabalhos realmente excepcionais que foram realizados com muito cuidado e dedicação. Michelle Williams e até mesmo a curta participação de Linda Cardellini agregam muito ao filme, com atuações vivas e sensíveis que elevam ainda mais o filme que já contava com grandes atuações de Gyllenhaal e Ledger.
Mas assim como Call Me By Your Name de Luca Guadagnino, a sutileza do filme foi algo que me incomodou pois assim como na obra antes citada, senti a falta de uma carga dramática ainda maior ou de cenas grandiosas que realmente me marcassem explorando ainda mais a força de seus atores. Assim como uma dinamicidade maior no filme que em certos momentos me pareceu muito inflamado, podendo dar uma maior atenção à outros detalhes ou desenvolver ainda mais seus personagens secundários.
Apesar de todos os elogios antes citados, a obra falhou em me emocionar logo comprometendo o meu envolvimento com a história, mas longe de ser um filme ruim Brokeback Mountain se provou um romance sensível e natural, nada aqui está de graça e nada foi forçado, recomendo apenas a fãs do gênero .
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraEsperei um ano após o lançamento desse filme que estava sendo inundado de elogios e inevitavelmente criei uma expectativa de que seria algo inédito e diferente do que estava sendo apresentado a nós pela DC. Esse ano esperando serviu justamente para me despir dessa visão, e não sei o quanto ela poderia ter me afetado sobre este filme que após terminá-lo se provou para mim completamente simples e indiferente, sem personalidade e emoção.
A começar por esta paleta de cores estabelecida por Snyder no universo cinematográfico da DC que não combina com o tom ou a natureza do filme, que se beneficiaria muito mais de um estilo visual abordado no primeiro ato com cores vivas e brilhantes. O estilo visual desse universo torna as obras muito plásticas e cansativas visualmente, tirando a beleza das localidades e ressaltando outro grande problema do filme que é o uso exagerado de CGI e Slow Motion, sério que era necessário tudo isso?
O roteiro é recheado de diálogos fracos e vergonha alheia, que realmente me tiraram de alguns momentos do filme. Assim como a falta de cenas de ação mais inspiradas, com enquadramentos e ângulos que explorassem melhor os movimentos, que mesmo possuindo boas coreografias não nos empolga o quanto poderia. Além de possuir o terceiro ato mais mal realizado que pudesse ser feito, como se fosse parte de um outro filme. Os vilões também são mal explorados e não passam qualquer sensação de perigo ou urgência, sendo completamente esquecíveis e genéricos.
Como fator de entretenimento Wonder Woman se sai razoavelmente bem, não foi uma tortura assisti-lo mas também não foi uma experiência prazerosa. A dinâmica de Gal Gadot e Chris Pine é crível e boa rendendo alguns dos melhores momentos do filme. O humor do filme é ok mas em nenhum momento me fez rir. O longa tinha um potencial enorme em mãos mas acabou se perdendo no que queria se tornar e com o que poderia alcançar, outra obra pode valer mais seu tempo mas não desrecomendo.
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista AgoraInfelizmente chegamos ao terceiro e último filme da trilogia, e o questionamento que temos antes de começa-lo e que sabemos que será abordado no filme é de o quanto um amor pode durar, se esse conceito é apenas uma fantasia ou pode ser algo concreto e alcançável. Mas o assunto não é apenas abordado, mas sim redefinido e exposto de uma forma agridoce, que sinceramente ao término do filme eu não sabia ao certo como me sentir, o ponto não é de concordamos com o que nos foi exposto mas sim de entender o que levou aqueles personagens a dizerem e agirem daquela maneira.
Novamente às locações nas quais o filme se passa são belíssimas, com enquadramentos que sempre deixam ambos os protagonistas ocupando quase o tamanho inteiro da tela nos mostrando que a relação deles é tão bela e grandiosa quanto os cenários mostrados. Planos extremamente longos e cortes muitas vezes lentos, deixando uma pausa antes de cortar de um rosto para outro, explorando muito a expressão de seus atores.
O filme é uma constante que mesmo passando em apenas um dia, retrata bem como é a vida de um casal em um dia comum, de como de um momento de risada e descontração passa para um momento de briga e alfinetadas por conta de apenas uma palavra ou expressão utilizada no momento errado. Os diálogos continuam tão bem escritos quanto nos dois filmes anteriores, mostrando que a essência dos personagens não mudou, porém o tempo faz com que eles amadureçam e mudem sua crenças e pensamentos mesmo que um pouco.
A obra estava caminhando para ser uma das minhas favoritas, até o momento da cena do quarto que segue para o final do filme, que depende muito de gosto e por conta de minhas opiniões e visões, não pude deixar de me incomodar com o que estava acontecendo, acredito que ela destoa com a mensagem que o filme estava se propondo a passar. Além de ser um pouco arrastada demais, mesmo que anteriormente todas as cenas acabassem assim que pensássemos “acho que essa cena poderia acabar agora” e logo em seguida elas se encerravam, esta cena final não, sua extensão e motivação para existir não me convenceram e diminui a qualidade do filme significantemente.
Mesmo assim Before Midnight é um excelente e um ótimo encerramento para essa trilogia magnífica, e foi o filme que mais me emocionou dentre os três. Não me esquecerei tão cedo dessa história e muito menos desse casal, recomendo a todos.
Antes do Pôr-do-Sol
4.2 1,5K Assista AgoraSe conectar em um nível intelectual e sentimental com outra pessoa é algo raro, e perder esse alguém pode ser algo doloroso e difícil de se esquecer. Imagina guardar este alguém em sua mente por 9 anos, isto te privaria de novas experiências e de se relacionar com outras pessoas que poderiam ser tão boas quanto. E isto é algo que este filme trabalha muito bem. Por quanto tempo um amor pode durar e como lidar com essa constante expectativa de voltar a ver esta pessoa que tanto lhe marcou.
Tecnicamente o filme não é lá um grande espetáculo, mas ele é muito bem filmado, com planos sequências compridos que juntos deste roteiro excepcional dão uma leveza e naturalidade à obra, que considero superior ao primeiro título da trilogia. Os diálogos que abordam todo e qualquer tipo de assunto são interpretados magistralmente por Ethan Hawke e Julie Delpy que trazem aquela mesma química palpável presente no primeiro filme, me fazendo pegar sorrindo vendo a interação entre os dois.
Todo assunto abordado no longa poderia render inúmeras discussões e momentos filosóficos, e a maturidade que esse filme trata a situação em que ambos os protagonistas se encontram é de uma beleza tocante. Tudo é tratado calmamente sem qualquer tipo de pressa ou forçamento de barra, tudo vem no momento certo e naturalmente. Como isso pode ser só atuação?
Um filme belíssimo que definitivamente não serão todos que irão gostar ou apreciar, o final do filme é extremamente preciso para acontecer naquele exato momento em que pensamos “o filme poderia acabar…. agora”. Recomendo a todos.
Kids
3.5 665Acredito que uma característica inerente a maioria dos jovens é a da inconsequência e do imediatismo, vivíamos sem qualquer preocupação relativas ao universo adulto como contas ou trabalho, nos preocupávamos apenas com o presente ou no máximo com o dia de amanhã. Porém isso nos omite uma verdade inevitável, tudo isso uma dia passa, e o modo de vida que você escolheu lhe trará consequências, que variam entre leves a gravíssimas.
Junte isso a uma cidade com forte presença das drogas, do álcool e do sexo, e a combinação mortal está feita. E nisso o filme se sobressai, retratando de uma maneira muito crua e visceral o ambiente no qual esses jovens estão inseridos, sem nos omitir absolutamente nada. E para fortificar esse realismo do filme, a maior parte do elenco é composta de atores de primeira viagem e que realmente possuíam a idade de seus respectivos personagens.
O ponto forte da história é seu roteiro, com diálogos ácidos e repugnantes em sua maior parte, personagens detestáveis e assuntos fúteis que chegam a ser dúbios de tão surreais e naturais na forma de sua abordagem. Não há nenhum destaque tecnicamente desta produção, tudo está perfeitamente bem em seu papel e não atrapalham a história.
O filme se propõe a ser mais do que apenas um aviso as relações sexuais desprotegidas, mas também de ser um alerta a como alguns jovens parecem estar “abandonados”, sem alguém para guiá-los e ajudá-los, livres para fazerem o que quiserem e cometendo erros que podem não ser reversíveis. Mas sinto que o filme poderia ter se beneficiado de uma duração maior para abordar com mais clareza estes assuntos e não de apenas chocar o espectador com a dureza desta realidade.
Às vezes o diretor parece se perder nesta sua retratação de universo, se prolongando muito em cenas e diálogos que não possuem muita relevância ou que perdem força devido ao tempo que são esticadas. Contudo, Kids é um excelente filme que choca e que instiga, definitivamente um filme que mexe com os sentimentos. Recomendo a todos.
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista AgoraUm dos questionamentos mais feitos pelos seres humanos é a de o quanto ainda podemos evoluir como espécie, mesmo que muitas vezes ouçamos a frase de que “não existe nada mais que possamos inventar ou que possamos alcançar”. E aqui Stanley Kubrick nos atiça a refletir sobre essa dúvida, realizando assim um dos filmes de Sci-Fi mais aclamado da história.
Mesmo em 2018 esta obra se mantém completamente atual, com técnicas de filmagem que encantam a qualquer um que as vejam, apenas estudando e pesquisando um pouco mais sobre a obra que pude compreender a grandiosidade e como as cenas mais impressionantes foram realizadas. Impossível não assistir a este filme e não se impressionar com o quão visionário Kubrick foi e como ele revolucionou a forma de se fazer filmes do gênero por décadas.
O forte do longa não são seus diálogos, tanto que em suas duas horas e meia de duração, apenas quarenta minutos são diálogos. Em entrevistas o diretor diz que 2001 é um espetáculo visual e sonoro, mesmo assim todas os atores se saem bem em seus papéis com destaque para Keir Dullea (Dr. Dave Bowman) e o trabalho de voz impecável de Douglas Rain (HAL 9000).
Seu roteiro complexo e cheio de interpretações possíveis trouxeram muita popularidade ao filme, e até hoje são levantadas discussões sobre os significados de cada cena presente no longa. Porém a falta de dinamicidade na história incomoda, as cenas do espaço entendiam de tão lentas que demoram para se concluir. Assim como a falta de uma história central e maior foco em personagens que não nos vincula ao filme, tornando-o apreciativo e não envolvente.
Considero que o propósito dos filme seja de entreter e instigar, mas para mim pareceu que 2001: A Space Odyssey estava mais preocupado em tornar sua história complexa do que realmente entreter o seu público. Uma obra excepcional tecnicamente, mas que não me disse nada relevante o suficiente para ficar refletindo por dias a fio. Não a recomendo mas também não a desaprovo, aqueles que sentirem curiosidade deem uma chance a obra.
Identidade
3.8 868 Assista AgoraUm bom suspense é aquele que manipula sua audiência, possui personagens pelos quais nos importamos e o mais importante de tudo, é imprevisível. Dentre todos esses aspectos considero o mais complicado, o último, e muitos filmes de suspense falham em cumpri-lo, mas felizmente não é o caso deste filme. Sempre que achamos estar a frente daquilo que nos é mostrado, somos jogados em uma direção oposta e forçados a repensar sobre o que estamos vendo.
Os aspectos técnicos do filme são operantes e com quase nenhum destaque além de sua cinematografia, que cria um senso de claustrofobia remetendo a sensação dos personagens de estarem presos naquele motel e forçados a conviver e colaborar com pessoas estranhas, muitos close-ups são utilizados para reforçar este sentimento. Outro mérito do filme, é o quão bem seus atores estão, nenhum parece estar perdido em seu papel, e carregam muito bem o filme.
Mas sem dúvidas este é um filme de roteiro e a forma como ele conduz o espectador é um trabalho magistral, e isto que popularizou a obra. O fato de desconfiarmos de todos nos prende a narrativa, e não nos deixa descansar por causa do sentimento de alerta constante. Porém conforme a história vai avançando, alguns acontecimentos se tornam absurdos e as vezes até implausível, uma revisita ao filme provavelmente dará um visão melhor sobre algumas de suas decisões, tornando isto um dos defeitos do filme.
O último ponto a ser levantado como defeito da obra seriam algumas decisões dos personagens que são estúpidas e completamente anormais à uma situação de risco iminente quanto a de um assassino a solta. Mesmo assim Identity é um ótimo filme de suspense, que prende nossa atenção e nos recompensa com uma obra imprevisível e emocionante. Recomendo a todos.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes
4.2 580 Assista AgoraEm seu filme de estreia Guy Ritchie nos apresenta um longa com um roteiro bem escrito e uma direção bem precisa e criativa, com certeza um trabalho excepcional para o primeiro trabalho de um diretor. E fica óbvia aqui a fonte da qual o filme bebeu, o tão popular Fargo dos irmãos Cohen devem ter inspirado Guy à escrever este roteiro que possui inúmeras subtramas, que por algum motivo se entrelaçam e atingindo seu ápice ao final do filme, mas que ao mesmo tempo consegue de distinguir e criar sua própria maneira de contar uma história.
O filme é operante, com quase nenhum destaque técnico com exceção de alguns movimentos de câmera e cenas extremamente bem filmadas com uma criatividade notável, como a cena da derrota de Eddy no jogo de cartas. Em alguns momentos também são tocadas umas músicas bem legais, dando um estilo maior ao filme. Mas isto é o máximo que consigo elogiar.
Não sou fã do tipo de humor britânico e não sei se serei um dia, mas assim como no In Bruges de Martin McDonagh ou no longa seguinte de Guy, Snatch, não dei sequer uma risada no decorrer da história. E a falta de algum elemento mais “natural” no roteiro, não faz eu me ligar a história e logo não me importar com os personagens e os seus destinos, algo que deveria ser essencial a este tipo de filme.
Lock, Stock and Two Smoking Barrels não diverte e nem emociona, mas como esses dois aspectos são relativos, fica difícil recomendar ou não o filme, depende de cada um. Não terminei o longa com um gosto amargo na boca, mas também não foi uma experiência da qual irei recordar, considero dispensável.
A Forma da Água
3.9 2,7KO mais incrível do cinema é o poder que ele tem para nos levar a lugares e história que nunca fomos antes ou que nunca imaginaríamos estar, a capacidade de subverter um gênero e nos apresentar coisas novas e muitos mais. Aqui temos mais um grande exemplo de como isso é possível dentro dessa arte, o romance entre uma mulher muda e um anfíbio humanóide com uma beleza lúdica e naturalidade muitas vezes nem vista em romances convencionais é algo que não eu esperaria ver.
Começando pelo casting do filme, Sally Hawkins foi justamente indicada ao oscar por essa atuação, nos mostrando raiva, curiosidade, indignação e felicidade sem dizer uma palavra, apenas com sua expressão facial e pela linguagem de sinais, sua entrega à personagem é algo a se admirar. Michael Shannon e Richard Jenkins também estão muito bem em seus papéis, mantendo e até muitas vezes elevando o nível do filme quando estão em tela.
A cinematografia junto ao design de produção e a trilha sonora, criam um ambiente fantasioso e vivo, tudo nesses quesitos é realizado de uma maneira precisa e excepcional, não à toa foram indicadas ao Oscar. A câmera flutuante e o uso da cor verde-azulada, remetem ao elemento que rodeia a trama, a água. E o ponto que mais destacou isso foi a edição do filme, que transita com uma fluidez e leveza de um ambiente para o outro que nos leva no decorrer do filme como uma corrente suave.
Mas assim como eu temia antes de assistir a obra, o ponto que mais me incomodou no longa foi seu roteiro, que se mostrou completamente previsível e as vezes unidimensional na construção de alguns de seus personagens. Assim como certos comentários sociais que não são aprofundados e apenas jogados no meio da narrativa, não dando peso a história e sendo dispensáveis.
O gênero de fantasia não é dos meus favoritos e o fato deste filme não ser chocante ou muito menos pesado dramaticamente, acabou não mexendo com minhas emoções ou aumentando minha conexão com a história. Mas pelo simples fato do filme ser doce e leve valeram as minhas duas horas investidas neste filme, para quem gosta de uma boa experiência cinematográfica eu recomendo este filme.
Os Oito Odiados
4.1 2,4K Assista AgoraQuentin Tarantino é sem sombras de dúvida um dos maiores diretores e roteiristas de todos os tempos, e aqui temos um exemplo de seu talento, um filme de quase três horas de duração com quase unicamente diálogos e que em nenhum momento se torna monótono ou tedioso, mas sim com uma tensão constante e progressiva durante a narrativa inteira. O dom que o diretor possui para criar diálogos é algo de outro mundo, tudo soa tão natural e crível, aumentando assim a nossa conexão com o universo dos personagens e o investimento do foco no mistério estabelecido pela trama.
Com diálogos tão bem escritos, os atores se sentem mais confiantes e mais confortáveis em seus papéis, nos mostrando atuações excepcionais durante todo o filme. Todos estão bem, sem exceção, com destaque para Samuel L. Jackson que entrega de longe uma de suas melhores interpretações da carreira. Com show a parte também da trilha sonora excepcional do filme, que não a toa seu compositor levou o oscar pelo trabalho, tornando a obra mais emocionante e tensa.
A cinematografia do filme também é outro ponto de destaque, o filme foi rodado em 70mm dando uma forma mais achatada e ampla a imagem, mostrando paisagens magistrais em alguns momentos, mas que não possui esse único sentido para sua existência, mas sim o de nos colocar na mesma situação dos personagens, tendo que prestar atenção a tudo que acontece à nossa volta.
Até que chegamos a alguns defeitos do filme que me incomodaram, iniciando por sua duração, que poderia facilmente ser reduzida para umas duas horas e quarenta, com cortes mais dinâmicos e retirada de certas exposições do roteiro que não eram necessárias. Mas não apenas isso, o ponto que realmente mais me incomodou foram as coincidências empurradas goela a baixo do público, com entrelaçamentos nas histórias dos personagens que parecem ser mais um atalho do roteiro para mais exposições, do que realmente soluções inteligentes para progredir naturalmente a história.
Além também da quebra da tensão que estava presente até o capítulo quatro, que era de paranoia e suspeita de todos, nos fazendo pensar junto com o que nos era apresentado, mas que foi abandonada completamente com a conclusão do mistério que chegou a ser brochante. Mas apesar desses defeitos que acabaram me incomodando, The Hateful Eight é sim um dos melhores filmes do Tarantino que vi, e uma aula de roteiro e direção. Recomendo a todos.
Minority Report: A Nova Lei
3.7 750 Assista AgoraSe pudéssemos ver um assassinato antes mesmo dele ser feito, qual seria a melhor solução para detê-lo? Prender o pré-assassino ou simplesmente para-lo? E isso seria a prova de falhas e de manipulação humana? Mesmo em um futuro distante e com uma tecnologia completamente fantasiosa, os questionamentos feitos são complexos e reais, tudo é possível e nada é a prova de falha, e é justamente esse o ponto explorado pelo longa.
A narrativa se mantém o tempo todo em movimento, com reviravoltas a todo momento mesmo em situações em que consideramos saber o que vai acontecer, dentro do possível é claro. Os cortes são dinâmicos e a história nunca perde seu ritmo. Os cenários quase sempre são construídos dando uma sensação de imersão maior naquele universo, assim como fornecer uma liberdade maior para os atores e para o diretor por suas ideias em prática.
Mas pra mim o filme possui mais defeitos do que virtudes, começando pelos diálogos que são péssimos, em alguns momentos dá uma vergonha alheia de tão baratas e desconexas que as conversas são. Assim como citado anteriormente o filme é repleto de twists, e alguns são estupidamente ruins, completamente forçados e sem lógica, porque em um mundo com tecnologia suficiente para mudar a face de um ser humano com um aparelho portátil o sistema de leitura visual não bloqueia um policial procurado de entrar em locais restritos. E outras igualmente irracionais como esta, como a fábrica de carros luxuosos que não tem seguranças e que assim que terminam de construir seus carros já o liberam em algum galpão em pleno funcionamento.
Outro ponto que me incomodou profundamente é o uso excessivo de CGI, que foi utilizado mais como ferramenta de estonteamento do público do que para realmente serviço da história. Assim como também uso de facilitadores narrativos que mais atrapalham a experiência do filme do que realmente movimentar a trama naturalmente, com causas e consequências bem estabelecidas.
Apesar das críticas bem pontuais e relevantes que o filme propõe, sua execução é tão problemática que na metade do filme eu já estava me perguntando quando o filme iria acabar. Caso os problemas anteriormente citados não te incomodem, o filme pode ser um experiência prazerosa e divertida, caso contrário passe longe desse longa.
Bronson
3.8 426Bronson é uma biografia sobre uma pessoa quase que caricatural e que dificilmente acreditaríamos que existiu, e representar a loucura desse homem não é uma tarefa fácil já que a escolha para o ator e como essa história seria contada definiria o rumo do filme. E em um desses aspectos o filme se sobressai, Tom Hardy dá um show de interpretação, sumindo na pele do Michael Peterson, com uma fisicalidade, timing e voz que representam o seu personagem fielmente sem em nenhum momento desmerecê-lo ou debocha-lo.
O problema mesmo vem no fato de como essa história é contada, o primeiro do ato define um tom ágil e direto, o que por si só não é ruim, porém com essa escolha o filme teria que manter esse ritmo sem perder qualidade ou se tornar apressado, e não é isso que acontece. A história perde seu rumo e não sabe onde quer chegar, todos os acontecimentos são quase que irrelevantes para a vida do personagem e são esquecidos de uma cena para outra, o exemplo que mais me incomodou foi a de sua família, cada a mulher e filho dele?
A história entra em loops repetitivos que se mantém durante toda a narrativa, desperdiçando algumas potenciais histórias paralelas que poderiam ser mais exploradas. Outro problemas são as coreografias das lutas, completamente estilizadas e sem sentimento de impacto, todos os golpes parecem artificiais e tiram o peso dá brutalidade que aquele homem carrega em seu cotidiano e personalidade, outro fator que poderia ter engrandecido mais o filme.
O longa depende do Tom Hardy pra funcionar, e pode ser definido como uma obra de um só ator, mas só disso um filme não pode ser composto. Bronson é um filme regular, recomendado a quem tem um tempo livre com nada para fazer.
O Poderoso Chefão: Parte II
4.6 1,2K Assista AgoraThe Godfather: Part II tinha uma tarefa extremamente complicada e que a maioria das sequências acabam não conseguindo, ser melhores ou pelo menos ficar no mesmo nível de seus predecessores. E fico contente em dizer que este filme conseguiu fazer essa tarefa com maestria, não a toa dei a mesma nota à ambos os filmes. A atmosfera, a cinematografia, os diálogos, os personagens e os fatores imprevisíveis da trama continuaram tão grandiosos quanto os estabelecidos anteriormente.
Aqui acompanhamos como nosso protagonista tenta lidar com sua família que está quase despedaçada após os acontecimentos do primeiro filme e como ao mesmo tempo sem ela, acaba solitário e isolado com poucas pessoas de confiança e que verdadeiramente o amam. Fruto do caminho que decidiu seguir e das suas escolhas. Assim como o dinheiro fala mais alto do que os laços familiares e de afeto, mostrando as consequências do egoísmo e ambição que custaram caro a quase todos os personagens do longa.
Enxergo todas as qualidades da obra e por que é considerada uma das melhores já feitas, porém não consigo ignorar certos fatores que realmente me incomodaram, como o fato da trama paralela retratando o passado de Vito Corleone não ter tanto tempo em tela, com muitos acontecimentos apressados e mal explorados, desperdiçando o talento que De Niro poderia apresentar em tela e quantas histórias ricas isso poderia render. Assim como a duração do filme, com três horas que poderiam ter sido retiradas facilmente uns vinte minutos, cortando certas cenas que considerei apenas inflamatórias a história.
As comparações com o primeiro filme são inevitáveis, mas como obra separada The Godfather: Part II se sai muito bem, com semelhanças suficientes ao seu antecessor que mantenham uma coesão narrativa e características únicas que o diferenciam do mesmo. O roteiro é bem amarrado e não falha como entretenimento. O sub-gênero de gangster não é do meu agrado, mas recomendo este filme à todos.
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer
4.0 888 Assista AgoraSer invisível e passar despercebido pelas multidões, são sentimentos que muitas pessoas tem ou as vezes lutam para manter, assim evitando futuros danos emocionais ou envolvimento sentimentais com qualquer um, transformando sua vida e universo unicamente seu. E assim que nosso protagonista vive seus dias, até que se vê obrigado a se envolver com uma pessoa e como isso afetara sua vida positivamente ou negativamente.
A grande virtude desse filme é justamente o fato de ser uma história triste que nunca fica pedante ou manipulativa, o tom do filme fica claro e se mantem durante quase toda a duração do longa. Os personagens são carismáticos e divertidos, todos com suas peculiaridades e dificuldades, alguns são subutilizados e até mesmo ultra caricaturados, mas nada que chega a incomodar.A cinematografia é um ponto de destaque, com movimento de câmeras inventivos e bem diferentes, com uma influencia clara de Wes Anderson.
Agora alguns pontos do filme me incomodaram, como o fato do foco quase que exclusivo no protagonista, quase com nenhuma enfase e desenvolvimento dos personagens secundários, afinal no próprio titulo temos o nome de três e não de apenas um. Mesmo que no final a frase do professor passe a ter um significado maior para o protagonista, não justifica essa escolha do roteiro. Além também de uma quebra de tom do segundo pro terceiro ato, que considerei muito abrupta, parecendo até mesmo como se fosse outro filme, mesmo que esteja apenas refletindo também a quebra emocional do protagonista.
Me and Earl and the Dying Girl é um ótimo e divertido filme, que mesmo o fato de ser um pouco esquecível nos diverte e emociona na medida certa. Recomendo.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraA grandiosidade do filme dependia de dois grandes fatores, a coragem de seus realizadores e a construção de um vilão que se destoasse de todos aqueles que já tivéssemos visto em outras produções do mesmo universo. No primeiro dos aspectos, o filme se saiu mediano já que notamos claramente a mão forte da Marvel em certas escolhas tirando a liberdade criativa dos diretores, porém dependendo de alguns fatores que serão confirmados no próximo filme, quem assistiu saberá do que estou falando, pode ser até grandiosa e algo nunca antes visto em qualquer produção do gênero, mesmo que duvidosa e improvável.
Já em seu segundo aspecto eu rasgo elogios ao roteiro que soube muito bem dar nuanças a personalidade de um vilão que facilmente poderia ser unidimensional, e transformá-lo no melhor antagonista que já vi em um filme de super heróis. Suas crenças e motivações são suficientemente explicadas e criveis, não temos discursos e frases de efeitos baratas e toda sua arrogância e superioridade é comprovada com suas ações e seu poder que transmite um senso de urgência e perigo a trama.
Outro aspecto muito bem trabalhado é o fato de existir um numero grande de personagens para ter espaço na história, e brilhantemente foram separados em núcleos paralelos que se ligam ao mesmo objetivo. E a montagem do filme deixa essas transições enérgicas e fluidas, não nos deixando sair do ritmo do filme ou nos entediarmos com ele, sendo bem dosada a participação de cada um deles. Mesmo com alguns claramente tendo mais tempo em dela do que outros, ou até mesmo situações bem forçadas somente para juntá-los, não chega a ser algo que incomoda.
Até que chegamos no ponto que estava mais me incomodando: as facilitações do roteiro. Até as 2h do filme eu estava completamente aborrecido com algumas situações que me fariam dar umas nota 8 ao filme, pois enfraqueciam demais a história como um todo. Além da incoerência da força de alguns personagens que de repente de fracos viraram super poderosos ou super poderosos que apanham pra seres genéricos claramente mais fracos que eles.
Algumas das sequencias de ação do filme são brilhantes e criativas, com uma CGI de qualidade que não incomoda os olhos ou que sejam completamente perceptíveis ao ponto de nos tirar da cena. E enaltece a maior qualidade do filme que o fez ser excelente, o fator de entretenimentos. Acima de qualquer defeito ou qualidade da obra, é inegável o envolvimento que temos ao assisti-lo, afinal conhecemos e nos importamos com os personagens da história, assim o filme passa num piscar de olhos e acaba num ápice que acho difícil as pessoas não se emocionaram ou ficarem chocadas.
Se os dez minutos finais não forem estupidamente desfeitos no próximo filme, esse com certeza se torna um dos melhores filmes de super heróis já feito, caso contrario se tornara uma grande decepção pelo hype e promessas feitas. Recomendo a todos que vejam o projeto mais ambicioso já realizado pela Marvel.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraA vida é um constante fase de descoberta, umas que definem nossa personalidade e outras que definem o nosso cotidiano, mas o importante é saber que nunca nos daremos como 100% certos de algo, e aqui acompanhamos, como diz o titulo original do filme, Adele que sempre esta em busca de se encontrar e de se entender e aceitar.
O filme é longo e muito crível e real, a entrega que vemos das duas protagonistas da história é algo impressionante com certeza o maior destaque da produção. Além disso o aspecto visual do filme é estonteante , bem fotografado com cores vivas, sempre com alguma cor azul em seus cenários, mostrando a importância dela pra trama, com muitos close-ups exigindo uma expressividade das atrizes que não decepcionam em nenhum momento, escondendo e transparecendo sentimentos naturalmente, como se estivessem sentindo eles realmente e não apenas fingindo.
Porém não escapou de alguns defeitos que poderia ser facilmente contornados pelo roteiro, como o fato da enfase na relação sexual, com as cenas mais explicitas que já assisti junto à Nymphomaniac de Lars von Trier. Sendo que essa relação poderia render momentos mais tocantes e relevantes para a narrativa, como a relação delas com seus pais e até mesmo a relação entre as duas com seus trabalhos. Mas que são basicamente abandonados.
La vie s'Adèle realça o que de melhor uma relação pode trazer para um pessoa e como ninguém está livre de cometer erros, mesmo que não intencionalmente. Não controlamos aquilo que somos e aquilo que queremos, e não devemos nos arrepender de nossas escolhas, mas sim aprender com elas e aceita-las. Um filme excepcional em quesito humano, que mesmo com suas ressalvas continua sendo recomendadíssimo.
Pets: A Vida Secreta dos Bichos
3.5 937 Assista AgoraA premissa do filme é a questão mais feita por todas as pessoas que possuem um animal de estimação, e a liberdade criativa de uma animação poderia trazer algo completamente inovador e divertido. Porém somos apresentados a uma história completamente genérica e irrelevante, que não emociona ou faz rir, com algumas poucas virtudes.
Começando pelo aspecto visual, a animação é muito bonita, fluida e que realça o aspecto fofo dos animais. Os personagens também são bem carismáticos, com peculiaridades únicas de cada especie, com destaque para o Snowball dublado por Kevin Hart, a dicotomia entre sua aparência e personalidade é hilária, disparado o melhor personagem do filme.
Mesmo com a carisma, a maioria dos personagens são esquecíveis, e essa palavra define esse filme, a falta de uma carga dramática maior ou de alguma novidade nunca antes abordada por uma animação não torna a animação memorável. A duração do filme em nenhum momento incomoda, mas também não recompensa, recomendo caso não tenha mais nada pra fazer em seu tempo livre.
A Identidade Bourne
3.8 555 Assista AgoraUm filme deve funcionar enquanto obra unica e ser pensado como mesmo, porém certos filmes nos dão a impressão de ser parte de algo que não nos é mostrado, uma parte do filme esta faltando. E é essa sensação que tive em The Bourne Identity, acompanhamos um homem que perde sua memória e que busca respostas sobre quem ele é, e justamente isso não nos é respondido satisfatoriamente, como se fosse um cliffhanger para o próximo filme da franquia.
Mesmo com essa premissa simples e muitas vezes que testa nossa descrença do absurdo, conseguimos nos entreter em um filme de ação ok com personagens carismáticos. A câmera tremida nas cenas de ação não é um ponto que incomoda, mesmo que as coreografias de ação sejam boas . O filme é bem fotografado com um todo, com bastante uso de câmera na mão e cortes rápidos que refletem a velocidade e pressa dos acontecimentos da trama.
Ao todo temos um filme de ação padrão, com algumas boas cenas de ação e outras que se perdem devido ao exagero, o filme deve funcionar melhor no contexto da trilogia, mas como obra própria poderia ter se saído melhor. Já vi filmes de ação melhores.