Continuações de filmes extremamente populares, que foram subversivos e inovadores possuem um grande peso da cobrança por parte de público e produtora, se manter no mesmo nível ou superar essas expectativas é sempre uma tarefa complicada. Este filme não tinha motivo para existir e isso era um desafio a ser superado para começo de tudo, e como sempre a arte é relativa, e muitos podem comprar o plot central quanto muitos podem achar fraco e forçado.
A relatividade deste filme se torna ainda maior por conta do humor que é o seu foco principal, e nesta parte acabei me decepcionando pois em quase nenhum momento me peguei gargalhando como no filme anterior, com algumas piadas sendo bem ruins e pouco inspiradas, tendo sua cena pós-crédito como uma das partes mais engraçadas do longa. Com relação a sua história e trama central, fico feliz por conseguir ver mais um filme de um dos meus personagens favoritos do universo de filmes de heróis, mas sinto que tudo poderia ter sido um pouco mais redondo e profundo, tudo foi bem previsível, apesar da surpresa do início, e brega em certos momentos.
As coreografias e as cenas de ação deixam a desejar em algumas partes mesmo com a criatividade impressionante de algumas composições e da utilização dos poderes. A maioria dos personagens são carismáticos e interessantes, suas motivações e ações são um pouco questionáveis, mas nada que chegue a incomodar ou atrapalhar a experiência, e acho que é isto que o filme nos propõe a fazer, nos entreter sem complexidade ou epicidade, apesar de isso ter me incomodado desta vez.
Deadpool 2 é um boa sequência mas não excelente, é difícil não comparar ambas as obras, mas isto é inevitável, quanto mais você conseguir distanciar ambas, mais prazerosa será sua experiência, mesmo com todos os defeitos citados consegui me divertir assistindo-o e o tempo passou voando. Recomendo.
Filmes sobre assaltos a bancos já se tornou um gênero saturado e é difícil sair das fórmulas já estabelecidas e surpreender o público com planos engenhosos e personagens carismáticos ou intrigantes, e quando alguém consegue entregar essas características se torna digno de ser apreciado e comentado. E apesar de algumas coincidências forçadas e detalhes omitidos que não explicam grande parte da trama, conseguimos nos divertir e nos entreter com a obra.
No quesito de atuações o longa se sai ok, todos estão operantes em seus papéis, mas a caricatura de alguns personagens como principalmente o desempenhado por Denzel Washington chegaram a me irritar. O filme é muito bem filmado, com tomadas aéreas e planos mais longos que demonstram um grande domínio do local por parte do diretor, tudo foi bem planejado neste obra.
Acredito que o motivo pelo qual o filme se tornou tão popular foi devido ao final do plano que se provou bem criativo e inovador, mesmo que improvável. Mesmo com todos os clichês você se mantém curioso sobre a confiança do protagonista e como ele sairá ileso daquela situação, mas não foi o suficiente para tornar o filme grandioso tornando-o bem brega em algumas situações além de algumas subtramas desnecessárias e que não agregam em nada a história do filme.
Inside Man é um filme genérico de ação e assalto a banco, que não se diferencia muito dos milhares de outros semelhantes ao mesmo, mas que diverte e entretém durante sua duração, para quem gosta de filmes deste tipo pode ter um prato cheio.
Dramas bem construídos são aqueles que com pouca manipulação ou até mesmo nenhuma manipulação emocional do público com artifícios cinematográficos, mexe com seus sentimentos e te transporta para a realidade dos seus personagens se identificando com a dor deles e o mais importante, entendendo o motivo deles estarem daquela maneira e simpatizarmos com eles. A naturalidade é algo complexo de se trazer para a um filme, e obras que conseguem fazer isso são jóias raras que devem ser apreciadas.
Acredito que o que mais atraiu as pessoas a este filme foram as incríveis atuações nele presente e com certeza este é o seu ponto mais alto, Casey Affleck traz a vida um homem amargurado e desiludido com sua realidade e passado com tanta perfeição que seu Oscar foi mais do que justo, o peso que a expressão do seu personagem carrega é visível e real. Lucas Hedges e Michelle Williams também dão um show de atuação, cada um com seu momento de fragilidade emocional que transmitem uma verdade desmoronante e dolorosa, justificando e muito suas indicações. Como um todo o elenco está excelente.
A direção é bem concisa e consciente do ritmo e do estilo do filme, as transições do presente para o passado por meio dos flashbacks é utilizado de uma maneira brilhante e excepcional, não fiquei perdido em nenhum momento. A trilha sonora reforça muito esse sentimento pesaroso que permeia o ambiente da cidade e da realidade dos protagonistas, todos mantém a calma e a postura, mas basta um pequeno momento para que suas máscaras caiam e mostrem sua fragilidade emocional.
A história dos personagens é tão bem construída e as atuações são tão imersivas que ao final do filme, queremos mais, nos sentimos como parte daquela realidade, nos identificamos e torcemos por eles, por isso queremos continuar em sua jornada e os ver superar seus traumas. Tudo é muito real e muito palpável, difícil não emocionar com este filme. Para mim foi quase perfeito, é difícil pensar em algo que mudaria neste filme, e como incômodo cito apenas algumas cenas que poderiam ser facilmente cortadas e outra que poderiam ser mais desenvolvidas.
Manchester by the Sea é um dos dramas únicos que não devem ser perdidos por ninguém, para os fãs do gênero como eu, é um prato cheio. Chorar é a menor das reações que tu irá sentir assistindo este filme. Recomendo a todos. Entrou pros favoritos com toda a certeza.
Existem filmes que transitam sobre diversos aspectos e é difícil ditar um tema central único, e este é o caso de Shame. Quanto mais um filme se aproxima da realidade do dia a dia, mais visceral e multigênero se torna, característica inerente ao estilo dessas obras. Autodestruição, vício e superação são só alguns dos muitos assuntos trabalhados no decorrer do longa.
Michael Fassbender faz um bom trabalho retratando um homem fechado e indisposto emocionalmente, algo que não exige muitos overactings, com exceção de apenas um bem contido, mas que também não o torna digno de um oscar. O elenco de apoio está operante, com uma única participação significativa de Carey Mulligan.
Tudo é trabalhado com muita sutileza e calma, as cenas são longas, característica do diretor, tudo que nos é necessário para entender um pouco sobre os personagens nos é fornecido sem qualquer exposição barata. Tornando isto sua glória e sua ruína, não há qualquer exploração do passado, só teorizamos sobre o que os fizeram daquela maneira mas seria muito melhor se nos fosse mostrado.
Shame é um filme redondo e com um final que testa sua crença e sua visão sobre o que molda uma pessoa e o quanto podemos mudar nossas vidas e nossas vontades. Cautelosamente dirigido e atuado, algo para se apreciar mas não para se entreter. Fica a seu cargo assisti-lo ou não.
Existem muitos filmes que propõe viagens malucas para o seu público e isso gera muitas vezes aquele sentimento de “gostei mas não entendi” ou “ta, mas sobre o que foi tudo isso?”, e acho que não existe exemplo melhor do que este filme para se encaixar em ambos este sentimentos. Amor, tempo, depressão, solidão e morte, tudo está presente e tudo é representado, logo acredito que posso afirmar que esta é uma obra sobre a vida e as suas características e adversidades.
Aqui existem diversos personagens, e todos estão bem em seus personagens, mas não há como não destacar o trabalho de Philip Seymour Hoffman que traz vida um homem inseguro, infeliz e peculiar com maestria. A complexidade moral e das personalidades na obra são extremas, todos tem seus problemas e tem seus “infernos” para superar, ficamos tentados a jogar a culpa em todos menos no personagem do Hoffman, mas será que isso é necessariamente o correto?
O filme é uma viagem sobre a psique de seus personagens e para gostarmos desta obra, devemos embarcar em sua proposta, mas mesmo 100% entregue ainda sim tive momentos onde me pegava desorientado e até mesmo entediado, pois a trama algumas horas transitava do complexo para o confuso, tirando assim meu entendimento e o meu envolvimento com a história. O longa requer uma atenção para que não se perca com a quantidade de personagens e seus respectivos nomes.
Synecdoche, New York é mais uma obra do brilhante roteirista Charlie Kaufman e aqueles que gostam do seu estilo terão um prato cheio aqui. Não me propus a dialogar muito sobre os simbolismos e o conteúdo da obra pois além da sua subjetividade, é praticamente impossível discutir tudo em um formato de texto. Recomendo a todos essa grande experiência, que não me esquecerei durante um tempo.
Tudo que esperamos ao assistir um filme da Disney, é ver personagens carismáticos e interessantes, uma história interessante e divertida, e roteiros que desafiem tanto crianças quanto mentes adultas em uma escala menor é claro. Fico contente que na maioria destes aspectos a obra conseguiu se sair muito bem e como não tenho memórias do anterior, não fiz comparações em minha mente e assim pude assistir como se fosse uma obra única e separada.
Os personagens como dito anteriormente são interessantes e o trabalho de voz dos atores é magnífico com destaque para Ben Kingsley, com um tom de voz grave e ameaçador, e Bill Murray que consegue injetar humor em seu personagem sem ao menos aparecer em tela. Além de muitas outras participações, assista ao filme em seu idioma original que será uma experiência muito mais valiosa.
O longa é ágil e dinâmico, o tempo passa voando pois não temos momentos de tédio ou de diálogos cafonas, tudo acontece no momento que tem que acontecer sem qualquer lentidão ou enrolamento para encher o roteiro com cenas sem conteúdo e vazias apenas para aumentar a duração da obra. O CG é de alta qualidade, a inserção do Neel Sethi em todos os cenários é quase imperceptível, os animais realmente parecem palpáveis e a floresta emana vida.
Como defeito percebi apenas a infantilidade de grande parte da história, que mesmo com alguns elementos mais “dark” logo se acovarda e torna tudo muito clean, os comportamentos e os diálogos são muito artificiais, não se sente sentimento ou verdade naquilo que se é dito, não se espera que uma história sobre uma criança criada na selva por uma alcateia de lobos seja realista, mas uma profundidade das relações e de uma visceralidade nos acontecimentos não faria nenhum mal.
The Jungle Book cumpre os maiores requisitos que um bom filme da Disney deve ter, diverte e até emociona (o que não foi o meu caso), com personagens interessantes e um ótimo CG. Recomendo aos que são fãs dos filmes desse gênero.
Dividir aquilo que é certo daquilo que é errado, do que pode ser benéfico ou do que pode ser maléfico é de uma complexidade tremenda, e diversos fatores internos ou externos podem influenciar nossos julgamentos perante os fatos ou as alegações. Nunca sabemos a inteira verdade e nunca compreenderemos por completo o próximo, tudo que temos em nossas mentes e concepções são dúvidas e é disto que o filme se trata e discorre.
Começo falando sobre as atuações presentes no longa que são realmente de se encantar os olhos, quando qualquer um dos atores está em cena não conseguimos desviar nossa atenção deles. Philip Seymour Hoffman e Meryl Streep mostram aqui porque são considerados um dos melhores atores que hollywood já apresentou, dando muita verdade e profundidade ao seus personagens, um simples olhar, uma expressão e até mesmo sua presença são de extremo poder e dizem muito.
A forma como a câmera é posicionada em algumas cenas propõe um jogo muito interessante de poder entre os personagens da história e trazem um simbolismo em outros momentos, um trabalho minucioso e bem planejado. O filme como um todo é trabalhado em cima da sutileza para reforçar a mensagem que ele estava propondo, não temos conclusões corretas sobre nada e nunca as teremos, juntamos tudo que nos foi mostrado e a partir disso concluímos nosso pensamento mas isto não o tornara valido ou invalido.
Porém a este filme faltou ritmo, não há vigor narrativo como em outras obras do mesmo gênero, tudo demora para acontecer e quando acontece se estende demais, tudo poderia ser melhor explorado e mais aprofundado. Os diálogos também poderiam ser mais inspirados, o texto é forte mas pouco sagaz, não senti a acidez que o tema do filme precisava para funcionar plenamente, a sutileza ganhou espaço onde deveria haver o escrachado e o filme poderia ter se beneficiado muito de ambas as abordagens trabalhando em conjunto.
Doubt é um excelente longa que trabalha conceitos morais e sobre o quão certos estamos de nossos julgamento e o quão longe estamos dispostos a ir por aquilo que consideramos certo, com atuações de alto calibre e uma direção cuidadosa. Recomendo.
Marilyn Monroe com certeza é uma das figuras públicas mais místicas e populares da história de hollywood, tudo que a envolve é de extremo fascínio para o público e aqui vemos uma tentativa de recriar a insanidade que era tentar gravar um filme com esta pessoa tão volátil, sensível e impulsiva. E para mim esta tentativa de recriação se tornou o maior problema do longa como um todo.
Michelle Williams faz um bom trabalho interpretando uma mulher doce e sensual, onde uma hora está feliz e sorridente e em outras extremamente depressiva e aos prantos. Eddie Redmayne me convence cada vez mais que é limitado a interpretar apenas a si mesmo. De resto o elenco se mantém bem e operante, nada tão marcante que te fará lembrar após dias do término do filme. Assim como sua direção que não tem brilho ou sagacidade.
Até que chegamos ao ponto levantado anteriormente, a tentativa de recriação. Basearei minhas críticas a dois aspectos, a recriação das cenas e da própria Marilyn. Como se trata de um filme de época, o cuidado para nos transportar para aquele período deveria ser minucioso, porém não o é feito, o aspecto clássico dos longas da época não se é sentido, vídeos no youtube mostram a diferença entre as cenas originais e as atuais, e as mudanças realizadas não melhoraram em nada.
Por fim tive problemas com a abordagem do filme em relação a Marilyn, acredito que hoje não nos interessamos mais em ver uma recriação de uma pessoa tão única e a falta de uma exploração da história da personagem e de sua personalidade criam uma lacuna narrativa que não se sustenta, pois o longa se mantém desinteressante pela falta de carisma e personalidade do protagonista, que nem mesmo interpretado por um dos atores mais carismáticos da atualidade, se manteve interessante ou relevante. Assim passando a mesma sensação para a história, tornando-a chata e irrelevante.
My Week with Marilyn é um filme sem sal que não traz nada de novo para o que já conhecíamos de Marilyn Monroe e não nos passa qualquer tipo de mensagem ou entretenimento. Dispensável.
O período de gravidez e pós-parto são os mais desafiadores na vida de uma mulher e de um casal, e retratar a essência disso com certa fidelidade não poderia vir de um roteiro que não fosse escrito por uma mulher, as sutilezas e as metáforas são de uma beleza e sensibilidade encantadoras. Não me recordo de ver uma obra que trabalhe este assunto desta maneira tão avassaladora, um retrato não romantizado é bom para nos tirar da zona de conforto e nos colocar para refletir.
Charlize Theron nos entrega uma personagem falha e humana, sentimos o cansaço e o desgaste físico e mental pelos quais a protagonista está passando, definitivamente não sendo um personagem fácil de se interpretar. Mackenzie Davis e Mark Duplass estão bem assim como todos do elenco, o material que eles têm para trabalhar é excelente e eles os entregam com perfeição.
Mas este é um filme de roteiro e é aqui onde o filme te ganha ou te perde, muitos podem ter percebido o twist antes mesmo dele ser revelado e confesso que não o percebi, o que causou a reação de decepção por pensar que o filme estava sendo ambicioso demais e incoerente com sua proposta, mas após um pouco de reflexão percebo o quão importante e o quão comum esta situação é, assim como o quão brilhante foi a inserção deste elemento na obra.
Costumamos mistificar as mães como seres fortes e infalíveis, mas assim como todos, elas se cansam, ficam nervosas, pensam em desistir e por cobrança própria ou até mesmo de uma construção social que força esses comportamentos idealizados nas mesma, se privam de pedir ajuda e colocam o fardo em suas costas e antes que seus familiares ou pessoas próximas possam perceber o quão maléfico esse comportamento pode ser para elas poderá ser tarde demais.
Mesmo com esta reviravolta bem construída, essa quebra no ritmo do filme não foi bem estabelecida sendo muito repentina e apressada, assim como diversos conflitos secundários que não possuem um desenvolvimento ou uma devida atenção por parte do roteiro, como também alguns clichês e personagens estereotipados. Isto sendo o máximo que consigo encontrar de “defeito” no longa.
Tully é um filme sobre um assunto pouco discutido e de extrema relevância, bem atuado e dirigido que definitivamente mexerá com sua visão sobre a gravidez e maternidade. Recomendo a todos.
Muitos consideram o combustível e o grande motivador para a vida como sendo a consciência da morte e sua inevitabilidade, mas para muitos o grande fator que os mobiliza é a busca pelo amor, existem diversos conceitos e tipos de amor, mas poucos são os que não se fascinam pelo mesmo. Não controlamos nossas paixões e ambas as abordagens possíveis para esta situação são mostradas no filme, ou nos jogamos e experimentamos aquilo com intensidade ou nos acovardamos e sacrificamos uma possibilidade por uma certeza em sua zona de conforto.
Como já diz o título do filme, a história se passa na cidade de Barcelona na Espanha e isso é relativamente bem explorado durante o longa, mostrando pontos turísticos e locações extremamente belas da cidade, mas tudo muito rapidamente. O ponto alto da obra são suas atuações, todos estão impecáveis em seus personagens, a química e a tensão sexual que todos emitem é palpável e crível, e o tom amarelado que permeia o filme nos passa essa sensação do calor e da paixão. Javier Bardem e Penélope Cruz roubam a cena sempre que aparecem e fico feliz pelo reconhecimento que receberam durante a época de lançamento do filme.
Como defeito significativo para mim sobre a obra, trago a falta de substância e de mais elementos na trama, o tema central do longa é interessante e traz bons momentos de reflexão e debate, porém não são suficientes para manter um ritmo dinâmico e trazer conflitos intrigantes ou melhor desenvolvidos. Apesar de um desenvolvimento perceptível em alguns personagens, na maioria dos casos tudo pareceu inacabado, como se fosse um ciclo que não alterou em nada a realidade ou a vida de nenhum deles, mostrando um olhar mais cético sobre a própria história da vida daquelas pessoas.
Vicky Cristina Barcelona é um excelente longa que trabalha questionamentos pontuais sobre o amor e o relacionamento das pessoas perante a sociedade e suas demais construções sociais, além de brilhantemente atuado com textos incríveis e naturais. Recomendo a todos.
Uma das maiores dificuldades das pessoas que assistem filmes, inclusive a mim, é separar expectativa e gostos pessoais, do que está sendo apresentado na tela. Querendo ou não, um filme é um retrato da visão pessoal de um artista, e assim como todas as outras artes, existem diversas formas de se interpretar algo e também representá-las. Darren Aronofsky definitivamente é um dos diretores mais autorais e excêntricos de Hollywood, assim sua visão sobre uma das histórias mais famosas da bíblia não seria como a de muitos, trazendo assim muitas críticas para sua obra.
O filme é tecnicamente impecável, a trilha sonora é excepcional, mesmo que em certos momentos tentasse criar uma atmosfera épica que ficou brega. A cinematografia é deslumbrante, criando cenas visualmente encantadoras com um ótimo trabalho de luz, passando muito essa sensação do aspecto fantasioso que esta história precisava. Há muito uso de câmera da mão, que não me incomodou, e de close-ups bem fechados nas expressões dos personagens.
Todos os atores estão ótimos, com grande destaque para Russell Crowe e Emma Watson. Este primeiro que entrega um Noé dúbio e conflitante, mas que continua devoto a sua missão passada pelo Criador mas que não deixa de ficar perturbado com as consequências dos acontecimentos, chegando a um momento na obra onde seu seu espírito está quase quebrado. Por outro lado, Emma está em um dos seus papéis que mais exigiu de suas capacidades de interpretação, durante grande parte do filme ela estava ok, sem muito com o que demonstrar, mas em determinado ponto quando é exigido uma maior devoção ao seu personagem, ela o entrega com maestria e genuidade.
O roteiro é o ponto que mais divide opiniões, pois aqui temos uma liberdade criativa tomada pelo diretor que altera completamente a história bíblica que todos estão acostumados a escutar. Sinceramente gostei de todos os elementos novos que foram inseridos na história, pois ao mesmo tempo em que elas trouxeram os personagens mais próximos de uma realidade, tornando-os mais “humanos”, também traz mais elementos fantasiosos criando assim um universo particular, realmente criando uma história épica de fantasia.
Como ponto negativo, aponto a inconsequência das ações de alguns personagens e a omissão de certos detalhes que seriam cruciais para entendermos como funcionava aquele mundo. Algumas decisões de certos personagens não possuem qualquer sentido lógico e servem apenas para inserir algum elemento a mais na história. A sociedade humana poderia ter sido mais explorada, em nenhum momento nos é mostrado como qualquer um dos dois lados sobrevive em meio a um ambiente adverso e corrompido.
Noah com certeza é um dos melhores filmes que tive o prazer de assistir recentemente, e apesar das ressalvas anteriormente feitas, consegui me entreter muito com o filme e realmente me peguei pensando nos questionamento propostos pelo mesmo. Recomendo a todos que assistam esta obra, mas lembre-se, o nome do filme é Noé e não Dilúvio, então não julgue a decisão do foco narrativo por causa de um engano seu.
O conceito de família e de sexualidade como todo são coisas complicadas e que não precisam estar limitadas a algum padrão ou nomenclatura, somos livres para formarmos nossas próprias versões e nos darmos o benefício da felicidade por estarmos realizados com nossas próprias decisões. E nisso o filme se sai muito bem, nos apresentando uma família diferente das mais convencionais, e a relação que esses familiares têm uns com os outros é bela e genuína.
Este não é um filme de técnica, mas sim de roteiro e atuação, e em ambos os quesitos o filmes se sai relativamente bem, os personagens são bem escritos e bem atuados, mas não entendi o por que das indicações ao Oscar, pois não as achei excepcionais. A história apesar de um pouco forçada, se mantém interessante durante toda a duração do longa, e um ponto positivo para isso é a sutileza do roteiro, não há nenhum momento de exagero emocional, tudo até que está bem dosado.
Mas apesar de tudo, está longe de ser um filme bom ou que merecia alguma premiação como o Oscar, pois apesar de bem atuados, não há química nenhuma entre os personagens, eles não pareciam uma família, mas sim pessoas que estavam interpretando uma família, nada soa natural nos diálogos e nas expressões deles, tirando assim a credibilidade passada pelo filme.
Além disso, o filme sofreu grandes críticas sobre a forma como retratou o relacionamento lésbico das protagonistas, fato que concordo. Faltou um pouco de sensibilidade e coerência na hora de criar e desenvolver esta relação, o roteiro estava livre para inserir qualquer elemento que quisesse em sua obra contanto que explicasse e tornasse crível para o público entender o porque daquelas decisões, mas isto não ocorre, tudo que acontece não possui lógica ou credibilidade, parecendo assim apenas artifícios para inflar a trama e estender o filme.
Apenas por esses dois motivos The Kids Are All Right desperdiçou um grande potencial que tinha em mãos, havia tanto o que ser explorado da personalidade de cada um dos personagens, assim como suas situações profissionais e emocionais, mas nada recebe tanta atenção. Desconforto é uma palavra que descreve muito bem minha experiência assistindo o longa, mais para o lado negativo da palavra do que para o positivo. Não recomendo, mas fica a seu cargo tirar suas próprias conclusões.
Bons filmes vão além de seus gêneros, eles tangenciam diversos assuntos e temas com naturalidade e dependendo do ponto do vista e do momento do filme podem ser considerados de gêneros diferentes. Assim como suas histórias que se mostram extremamente complexas e reflexivas, não se apegando a somente um assunto mas sim a diversos. Isto que é um roteiro bem realizado e executado.
As atuações do filme são excelentes, vemos os embates emocionais que os personagens enfrentam apenas com suas expressões e gestos, e assim como o título do filme sugere os olhos tem muita importância no longa, e isso é enfatizado nas atuações, onde os olhares de cada um tem muito poder, eles escondem muita coisa e dizem muitas coisas com o simples mover dos olhos. E muitos dos enquadramentos do filme ressaltam essa importância, muitas vezes os personagens da obra são enquadrados de uma forma em que haja algo entre nós e eles, obstruindo sua visão e a nossa visão sobre eles.
Tecnicamente o filme é impecável, os movimentos de câmera são precisos e inventivos. Há alguns planos sequências muito bem fotografados, como a cena de perseguição no estádio. Os cortes entre uma cena e outra ajudam muito a ditar um ritmo, mantendo a história fluida e dinâmica. Muitas pessoas reclamaram do ritmo lento do filme, mas não o vi dessa forma, tudo para mim estava no ritmo certo, as surpresas me mantinham imerso.
Acredito que o único defeito do filme para mim foi a falta de alguma cena marcante, mesmo que coisas chocantes acontecessem no decorrer da obra, nada parecia ser aprofundado ou melhor explorado, como se os acontecimentos fossem apenas para movimentar o filme e não para acrescentar algo na personalidade dos personagens ou para aumentar o investimento emocional do público com o longa. O final da obra foi perfeito, era exatamente o que eu esperava ver e foi muito prazeroso assistir, porém não senti o peso devido daquela situação, consequência deste fato que acabo de citar.
El Secreto de Sus Ojos é um excelente filme de mistério e suspense, que trabalha certos questionamentos muito pertinentes até os dias atuais. Com um roteiro intrigante e personagens bem escritos e atuados. Recomendo a todos.
A vingança cria um ciclo de ódio quase que inquebrável, onde sempre haverá alguém buscando se vingar por alguma perda e para que isso se encerre, ou todos terão que morrer ou em prol do bem de seus familiares e amigos você desiste deste banho de sangue. Mas aqui vemos a jornada de um homem que não parou pra pensar nas consequências de seus atos, e agindo por impulso acabou colocando a vida de alguém querido para ele em perigo.
O longa possui momentos de grande tensão, com cenas bem construídas e gradativas, explorando a inexperiência do protagonista com este universo de violência e morte, assim como o público tudo, para ele é inédito. O filme é bem pé no chão, não há muito invenção ou exageros por parte do roteiro, a violência gráfica em alguns momentos ressalta esse ponto, algo que me agradou bastante.
Mas o filme possui muitos erros que atrapalharam minha experiência, começando pela falta de uma história mais elaborada e profunda, não conhecemos ninguém que nos é apresentado e assim não nos importamos com nada que aconteça a eles e com os que estão ao redor deles. Até mesmo entender quem são os personagens e o que eles são para outros se torna uma tarefa complicada.
Porém o ponto principal que me tirou muito do filme foram os facilitadores de roteiro, todos seus personagens parecem completamente estúpidos, situações não ocorrem de uma maneira natural. Tudo acontece de uma maneira que não haja erros, acontece por que o seu realizador pensou que tinha que ser daquela maneira, mesmo que não soasse como orgânico.
Blue Ruin é um filme de suspense ok mas que peca muito em sua história e sua realização, para fãs do gênero pode até ser uma experiência válida, mas para o resto se torna dispensável.
Comédias negras são difíceis de me agradar, pois é muito complexo e difícil transitar entre a “seriedade” e o humor. Quando um não atropela o outro, a qualidade de um dos dois nunca é balanceada, pecando em manter o equilíbrio narrativo. Fico contente que este filme conseguiu achar o equilíbrio quase perfeito entre esses dois elementos, e realizou uma tarefa extremamente complicada, já que mesmo se baseando em um evento tenso e pesado da história russa nos apresenta um filme divertido e consciente.
E como ponto mais forte da obra, cito as atuações, o casting para esse filme não poderia ser melhor, todos estão impecáveis em seus papéis. Nenhum parece ser uma caricatura debochada, com a leve exceção do personagem interpretado por Jeffrey Tambor que sinceramente ficou meio exagerada (como um homem desses chegou em um cargo tão alto?). Mas mesmo com esse exagero, a nossa experiência não é estragada em nenhum momento.
O roteiro também nos ajuda a manter nossa imersão no contexto da obra, mesmo com a dinamicidade, em nenhum momento nos perdemos no que está acontecendo. Todas as estratégias que foram boladas, as traições feitas, as alianças formadas e desfeitas. Além de demonstrar uma sensibilidade enorme com os horrores de um regime totalitário que prendeu, matou e torturou, nenhuma piada é feita com este atos horrendos, fazendo que o filme não perdesse força, tudo foi bem dosado e na medida certa sem que pendesse para qualquer lado em excesso.
Não consigo apontar um erro grotesco que tenha afetado minha experiência com o filme, além do fato de eu não ter gargalhado em nenhum momento, apenas um sorriso me foi tirado, não considero o filme sem graça, mas falhou em fazer rir. Assim como a falta de uma substância maior para a história, para mim o longa começa e deixa de existir, não houve nenhuma mensagem passada que eu tenha captado, tornando-o até que esquecível.
The Death of Stalin é uma comédia ácida e bem construída, com excelentes atuações e trama bem movimentada, não lhe fará gargalhar de rir, mas definitivamente vale o tempo assistido. Recomendo a todos.
A felicidade não é duradoura, isto é um fato, uma hora ela acaba e quando você menos espera, se encontra em sua solidão buscando um meio de contornar essa situação. O sentimento melancólico que isto traz é muito bem retratado pelo filme, com um clima bem pesado que realmente pode abalar o emocional de uma pessoa que está assistindo a obra despreparada para a viagem que o mesmo propõe.
Kirsten Dunst faz um trabalho excepcional, não à toa recebeu o prêmio de melhor atuação em Cannes, os momentos de silêncio da atriz são extremamente poderosos, apenas com sua expressão vemos a tristeza que sua personagem carrega. Em contraponto a esta personagem vemos também um ótimo trabalho de Charlotte Gainsbourg representando uma mulher que tem de se manter forte cuidando de sua irmã depressiva e da sua própria ansiedade em se deparar com a morte iminente. Este definitivamente foram os pontos fortes do longa para mim.
O filme é belamente fotografado, muita câmera na mão é utilizada para realmente mergulharmos na experiência cinematográfica que é esta obra. Há um grande uso de close ups ostentando o poderio de seus atores e potencializando nosso senso de claustrofobia e ansiedade, fazendo-nos sentir o mesmo que os personagens estão sentindo. Realmente houveram momentos em que simplesmente paramos e apreciamos a beleza estética que a obra tem, e isto é algo que não falta no filme.
Como pontos negativos, aponto a falta de um roteiro melhor elaborado, havia muito o que ser explorado, porém nada é abordado e aprofundado. Parecendo que a técnica empregada no filme sobrepunha sua história, algo que é negativo para uma obra que deseja mexer com a emoção do espectador. Geralmente crio antipatia por filmes que me passam essa impressão, mas todos os pontos anteriormente citados me impediram de criar esta aversão.
Melancholia é uma excelente obra sobre a melancolia e a tristeza que decorrerem da iminência da morte, da solidão que todos enfrentam e da futilidade das relações. Para aqueles que têm problemas com filmes mais contemplativos e introspectivos, este não é um filme para você, caso contrário recomendo fortemente.
Yorgos Lanthimos definitivamente não faz filmes fáceis, impossível assistir a um de seus filmes e não ficar no mínimo incomodado com o que está sendo mostrado. E o exercício mental proposto pelo diretor é para acompanharmos a realidade de uma família onde a superproteção parental é elevada ao extremo e seus integrantes são privados de tudo que é externo à sua própria casa, como filmes, televisão e telefones. Esta realidade é chocante e bem verossímil, acreditamos que o que estamos vendo realmente pode acontecer.
Começando pelas atuações desse filme que são magníficas, não há nenhum overacting de Oscar, mas todos dão tanta vida a retratação de seus personagens que é impossível não ver a dedicação dos atores. Os filhos foram privados de tudo durante suas vidas, logo a idade mental deles não batia com a idade de seus corpos, e para tornar isso no mínimo crível já era de se esperar um trabalho complexo e complicado, mas tudo isso conseguiu ser alcançado muito naturalmente pelos atores.
Yorgos ao procurar um local para a gravação do filme, buscou a maior casa disponível para contrapor o clima claustrofóbico do longa, e fazendo isso ele potencializou a angústia e a estranheza do público com a obra. A casa em que o filme se passa é lotada de janelas e é extremamente clara, mostrando como o ambiente que o patriarca queria foi alcançado para seus filhos, onde não há nenhuma “impureza” ou “maldade” sob os integrantes da família.
Os únicos pontos que realmente afetaram minha experiência com o filme, foram as cenas de sexo que ao meu ver não tinham nenhuma necessidade narrativa de se estar no filme, principalmente aquela mais perto do final do longa, assim como a falta de uma direção mais inspirada do diretor, que poderia ter chocado muito mais com ainda menos artifícios que foram utilizados, tornando a obra muito mais intangível para o público.
Dogtooth é um filme incômodo e difícil de se digerir, definitivamente não é uma obra para todos. Aqueles que curtem história estranhas e angustiantes terão um prato cheio. Recomendo.
Novamente assisto mais uma comédia que marcou época e a infância de muitas pessoas, consigo até entender como este longa consegue fazer um certo sucesso com um público menos exigente para não dizer infantil, mas não consigo entender como pessoas em sã consciência venham a gostar desse filme atroz. Confesso que alguns elementos me surpreenderam, mas nada disso afetou minha reação ou satisfação com o produto final.
A violência mais “gráfica” foi realmente um ponto que não esperava, assim como o tema mais pesado que o roteiro aborda e o uso de palavrões, não tornando nada muito clean. Mas isto é o máximo que consegui enxergar de qualidade na obra. O roteiro é de se espantar, nenhum personagem tem profundidade, todos são basicamente caricaturas de estereótipos adolescentes, os planos dos protagonistas não fazem o menor sentido, os diálogos são tão ruins quanto, assim como as inconsistências das decisões e ações de todos os personagens.
Tudo isso poderia ser deixado de lado se o tom que o filme passasse fosse o de deboche, o que claramente não parecia ser o caso, ao mesmo tempo em que queria ser uma comédia, falhando miseravelmente em me fazer rir ou ao menos me divertir, também queria ser um drama com alguma mensagem por trás da sua história absurda, mas falha nesse aspecto também pois o tema é abordado de uma maneira completamente despreocupada. Suicídio é um assunto sério, e tudo que o filme tentou relacionar a este acontecimento soava como sátira e desmerecimento, como se fosse patético fazer tal coisa.
Heathers é uma atrocidade, com certeza um dos piores filmes adolescente que tive o desprazer de assistir, poucas coisas são elogiáveis que me fizeram dar alguma nota, de resto se torna dispensável. Não recomendo a ninguém.
A mente feminina para a maioria dos homens sempre foi um mistério e junto a isso, a idealização e a aura mística que é posta sobre as mesmas interfere muito nas relações que deveriam ser normais entre duas pessoas e pode levar a algumas consequências que são irreversíveis. Ao contrário do que o título sugere, o longa é mais sobre o olhos dos rapazes que eram vizinhos das meninas em questão, do que sobre as mesmas, e assim como muitos narradores de outras obras, estes não podem ser considerados confiáveis, pois somos apresentados a história pelas suas perspectivas que não são 100% claras.
E nisto o roteiro se sai extremamente bem, pois assim como os garotos ficamos com uma sensação de desorientação sobre quem são essas irmãs e o que elas tem em mente em cada uma de suas ações. Mas ao público mais atento, tudo está nos detalhes, suas personalidades são complexas e muito se pode dizer sobre elas apenas por alguns diálogos e gestos. Elas não são seres extraordinários, são apenas adolescentes que querem aproveitar seus dias como pessoas normais.
A cinematografia esfumaçada junto aos figurinos sem cor enfatizam a melancolia da rotina das irmãs, e como falta vida naquela família, que contrariando a fala da mãe delas no final do filme, demonstrando não possuir amor naquela casa. O longa é bem dinâmico, com uma curta duração sempre instigando-nos a ficar atento ao que é mostrado. As atuações são bem operantes, ninguém se destaca e ninguém está completamente deslocado em seu papel.
Se existe realmente algo que me incomodou na obra, seria a duração, tudo poderia ter sido melhor explorado, a rapidez com que algumas coisas aconteciam e certas inverossimilhanças acabaram realmente tirando meu envolvimento com a história. Acho que o longa se beneficiaria mais de um choque maior no espectador, uma carga dramática mais pesada no acontecimento em que o filme se constrói, afinal por que eu me impactaria com algo que acontece a pessoas que mal conheço. E mesmo essa sendo a intenção do filme, mostrar como as negligências das pessoas por outras que podem não ser próximas a elas, podem ser fatais, discordo da abordagem utilizada na troca de perspectiva do roteiro. A mensagem seria potencializada com a inversão dessa perspectiva.
The Virgin Suicides é um ótimo retrato de como elementos externos podem influenciar negativamente a mente das pessoas, ainda mais adolescentes que são mais suscetíveis a essas influências, assim como a negligência dos que estão ao redor de se envolver e se esforçar para poder ajudar alguém que não pode gritar socorro por palavras, mas que grita por ações e gestos. Recomendo a todos.
É sempre uma boa surpresa quando um filme lhe vende uma ideia e em sua execução, te surpreende com algo completamente diferente. Nada aqui é como esperamos que normalmente aconteça, quanto mais vamos adentrando na história, mais percebemos o quão problemáticos todos seus personagens são e como sua relações também acabam sendo afetadas.
O longa é muito bem fotografado, com muita câmera na mão evocando um intimismo maior do espectador com o que é mostrado, com planos longos e com poucos cortes, que mantém uma atmosfera consistente e um tom que dificilmente é quebrado. A paleta de cores é escura e sem vida, refletindo assim os sentimentos de todos que são apresentados.
As atuações estão impecáveis com destaque para Isabelle Huppert, que traz uma retratação de uma personagem complexa, sobre uma mulher que não possui sentimentos e tem que conviver em sociedade e interagir com outras pessoas que são tão quebradas quanto ela. Michèle é uma mulher perturbada pelo passado e isso ditou a forma como se comporta, tornando-a realmente como uma psicopata, foi preciso muita sensibilidade da atriz para interpretar algo tão difícil sem cair em uma caricatura.
O roteiro realmente é o ponto forte, tudo é tratado com calma e sutileza, a construção foi planejada e ao fim a obra tem um sentido completo, nem tudo está de graça, cada cena e diálogo tem um sentido maior por trás. Mas sinceramente, me pergunto se as duas horas de duração foram realmente necessárias para explorar o que o roteiro necessitava, senti que o filme ficou meio inflado, com muitos personagens e subtramas, que não possuem muito tempo em tela para serem desenvolvidos parecendo coisas jogadas para tornar tudo mais complicado, como se fossem artifícios baratos para contar a história.
A trilha sonora chegou a incomodar em alguns momentos, precisava de uma atenção maior do que a que foi devida, pois em muitos momentos onde o terror precisava ser potencializado acabava sendo estragado por sons que não combinavam com a atmosfera. Levando assim ao principal ponto que me decepcionou no longa, a falta de uma mão mais pesada do diretor para explorar o terror da situação da protagonista e dos personagens secundários, deixando tudo sem emoção e distante do público.
Elle é uma diferente e interessante abordagem de uma mente psicopata, e como suas interações acontecem e sobrevivem, sempre em busca de emoções que não tem, em prol de seus benefício próprio. A experiência não foi lá das mais agradáveis, definitivamente não é um filme para todos, fica a seu cargo se deseja ou não passar por esse longa.
É incrível quando um filme consegue falar sobre vários assuntos sem que necessariamente um atropele o outro, e ainda mais incrível que isso somente uma atuação que carregue a obra nas costas mesmo interpretando uma pessoa com uma personalidade complexa e insana. O quão difícil pode ser a adaptação de alguém que uma vez já esteve no topo e agora tem que se acostumar com o completo inverso disso. Ou pior, o quão difícil é deixar o passado para trás e seguir em frente com sua vida.
Impossível falar desse filme, e não comentar a atuação magistral de Cate Blanchett, já entrou na lista das melhores interpretações femininas que tive o prazer de ver. Sua entrega a personagem é algo único, toda sua fisicalidade e tom de voz ressaltam ainda mais os problemas mentais que a protagonista está enfrentando. O olhar e os maneirismo dizem muito também sobre seus pensamentos, isto não é algo simples de se fazer, o Oscar foi merecidíssmo.
O elenco de apoio está bem operante, Sally Hawkins em minha opinião não fez algo digno de uma premiação, mas também não está deslocada. A direção de Woody Allen não é muito inspirada, mas vejo o cuidado que ele teve com sua obra, a edição dela foi bem planejada, transitando bem entre o passado e o presente sem que o espectador se perca, e sem usar artifícios baratos subestimando a capacidade do público de se situar no tempo.
Mas para o público mais atento os detalhes da cinematografia ajudam muito a se localizar, pois o dourado e tons mais amarelados são usados nos momentos do passado remetendo a vida luxuosa que a Jasmine levava, com planos bem abertos, ao contrário de quando se situa no presente, onde tudo é fechado, claustrofóbico, muitos close-ups são usados ajudando assim a nos sentirmos como a protagonista, presa.
Não sou muito fã do tipo de filme que o diretor faz, mas não os considero filmes ruins, apenas desinteressantes, e este não se prova diferente, muita coisa é forçada e quando abordada, logo em seguida é abandonada. Por que deveríamos nos importar com algum personagem se nem o roteiro mesmo se importa com eles. A falta também desses momentos mais emocionalmente carregados com os personagens secundários fazem falta, muita emoção não é transmitida pelos mesmos, tornando-os meros coadjuvantes do brilhantismo de Cate.
Um bom filme não se é feito apenas de uma atriz, e é nisso que Blue Jasmine se sobressai e ao mesmo tempo se afunda, as cenas mais longas proporcionam momentos em que a atriz vira sua personagem e a linha que as divide se ofusca criando os momentos mais brilhantes do longa. Vale o tempo apenas para ver este trabalho maestral, mas como obra completa este filme está longe de ser algo marcante.
Muitas animações prezam pelo público infantil ao adulto, priorizando seus esforços basicamente ao seu público alvo não se dando a oportunidade de tornar a experiência mais prazerosa para ambos. Considero que uma boa animação, mesmo que o público alvo seja claramente o infantil, traga o espectador com idades mais elevadas ao mesmo sentimento que é proporcionado às crianças, fazendo-os se sentir como tais. Felizmente isso é realizado muito bem por este filme.
O roteiro mesmo sendo previsível, consegue entregar uma obra redonda e divertida, e o ritmo dinâmico decorrido da curta duração do longa, não nos deixa pensar na previsibilidade da trama e sim nos concentrar no que está acontecendo, assim evitando entediar o público. Os personagens também são bem carismáticos e bem escritos, cada uma com sua personalidades e características únicas. O universo apresentado é bem construído e dotado de certa criatividade, principalmente com relação aos dragões, muita coisa pode ser explorada.
Poucas coisas chegaram a me incomodar, como exemplo cito, a antes comentada, falta de elementos surpresa na história, tornando-a bem “infantil” e previsível, a falta de uma letalidade torna tudo muito plástico. Assim como a incoerência na personalidade de alguns personagens que mudam de postura de uma hora para outra, sem qualquer tipo de desenvolvimento que mostrasse essa mudança.
How to Train Your Dragon é uma ótima animação, divertida e dinâmica, que mesmo falhando no quesito dramático e surpreendente, continua sendo recomendável. Um ótimo entretenimento para quem procura relaxar.
Mais um filme em que o forte são seus personagens e as atuações que dão vida a eles, característica muito presente nas obras dos irmãos Cohen, e logo somos apresentados a uma protagonista incomum aos filmes do gênero Faroeste. Não se perde tempo com flashbacks ou com coisas desnecessárias, o plot do filme já é estabelecido rapidamente para partirmos na jornada da vingança de nossa protagonista.
Jeff Bridges é de longe o maior destaque do filme, apresentado um personagem bruto e descontraído, trazendo uma simpatia do público com o mesmo, nos fazendo gostar e torcer por ele. Matt Damon e Josh Brolin entregam boas interpretações, mas não possuem muito tempo em tela ou desenvolvimento. Falando nisso, o casting desse filme foi extremamente preciso, todos parecem realmente viver naquele universo, os figurinos também ajudam ainda mais nessa imersão.
A cinematografia do filme é excelente assim como em todos os outros trabalhos desses diretores, dando um aspecto de sujeira decorrente da poeira dos locais, assim como belos planos bem abertos. O roteiro do filme é bem direto e movimentado, não sobra tempo para se entediar e não é rápido o bastante para nos perdermos no que está acontecendo, a duração do filme é perfeita.
Mas essa precisão na história tira um aspecto importante das histórias de vingança, a simpatização com a causa e a luta dos personagens, como a relação da protagonista com seu pai não é em nenhum momento explorada, não sentimos o peso da sua perda e muito menos ficamos desesperados pela vingança. E isso se aplica a todos os outros personagens, que possuem apenas alguns diálogos expondo algum momento de suas vidas, mas nada realmente profundo.
O final do filme também é péssimo e anticlimático, não entendi a necessidade de contratar uma outra atriz apenas para aquele 1 minuto em tela. A protagonista do obra é irritante e desinteressante, mesmo possuindo uma personalidade forte e até mesmo divertida de se ver, a incoerência com sua idade nos faz questionar e pensar o quão irritante suas ações são. O que me faltou nesse filme foi emoção e envolvimento.
True Grit é belamente dirigido e atuado pela maioria de seus atores, mas falha ao estabelecer uma premissa ou personagens pelos quais tememos seu futuro ou nos importamos com suas decisões, algo que deveria ser essencial em filmes de Faroeste. Não foi um desperdício de tempo, mas não foi gravado em minha mente, fica a seu cargo querer assistir ou não.
Sem dúvidas Joaquin Phoenix é um dos meus atores favoritos, a vivacidade e a riqueza que ele traz para cada um dos personagens que interpreta é de se aplaudir, e aqui não temos algo diferente, Joaquin nos apresenta um protagonista extremamente perturbado por traumas do passado e encontra dificuldade em diferenciar a realidade de sua paranoia constante. E assim como ele, ficamos perdidos em muitos momentos da história sem saber diferenciar os mesmos.
A violência e a brutalidade permeiam o cotidiano do protagonista, porém a diretora opta por abordar esses aspectos da vida do personagem de uma forma mais “escondida”, focando mais em suas consequências logo após seu término.O elenco de apoio entra para contrapor essa realidade, servindo em grande parte para mostrar outras facetas do protagonista, realmente os momentos onde ele se encontra mais em paz consigo mesmo, e ambas as atrizes femininas entregam boas performances.
A trilha sonora do filme é excelente, bem dura e marcante, que junto aos ambientes escuros de Nova Iorque criam uma composição interessante com o tema do filme. Mas com tantas qualidades o longa em minha opinião acabou pecando em optar por um foco maior na psique do seu protagonista do que realmente desenvolver uma história para ser foco narrativo, algo que facilitaria ainda mais nossa identificação e compreensão do perturbação e personalidade do personagem.
A sutileza da história também se aplica a mostrar o mínimo possível sobre o passado ou sobre qualquer personagem do filme, logo não temos que nos contentar com informações mais vagas, algo que não chegou a me incomodar, mas que fez falta e poderia ter elevado o filme. Assim como muitas cenas minimalistas que não acrescentam muito a narrativa e acontecimentos muito apressados, que poderiam ter um tempo melhor para serem abordados.
You Were Never Really Here é um ótimo retrato de uma mente perturbada, mas como entretenimento não chega a ser uma obra excelente. Novamente fica a seu cargo decidir se vale a pena ou não dar uma chance ao longa.
Deadpool 2
3.8 1,3K Assista AgoraContinuações de filmes extremamente populares, que foram subversivos e inovadores possuem um grande peso da cobrança por parte de público e produtora, se manter no mesmo nível ou superar essas expectativas é sempre uma tarefa complicada. Este filme não tinha motivo para existir e isso era um desafio a ser superado para começo de tudo, e como sempre a arte é relativa, e muitos podem comprar o plot central quanto muitos podem achar fraco e forçado.
A relatividade deste filme se torna ainda maior por conta do humor que é o seu foco principal, e nesta parte acabei me decepcionando pois em quase nenhum momento me peguei gargalhando como no filme anterior, com algumas piadas sendo bem ruins e pouco inspiradas, tendo sua cena pós-crédito como uma das partes mais engraçadas do longa. Com relação a sua história e trama central, fico feliz por conseguir ver mais um filme de um dos meus personagens favoritos do universo de filmes de heróis, mas sinto que tudo poderia ter sido um pouco mais redondo e profundo, tudo foi bem previsível, apesar da surpresa do início, e brega em certos momentos.
As coreografias e as cenas de ação deixam a desejar em algumas partes mesmo com a criatividade impressionante de algumas composições e da utilização dos poderes. A maioria dos personagens são carismáticos e interessantes, suas motivações e ações são um pouco questionáveis, mas nada que chegue a incomodar ou atrapalhar a experiência, e acho que é isto que o filme nos propõe a fazer, nos entreter sem complexidade ou epicidade, apesar de isso ter me incomodado desta vez.
Deadpool 2 é um boa sequência mas não excelente, é difícil não comparar ambas as obras, mas isto é inevitável, quanto mais você conseguir distanciar ambas, mais prazerosa será sua experiência, mesmo com todos os defeitos citados consegui me divertir assistindo-o e o tempo passou voando. Recomendo.
O Plano Perfeito
3.8 658 Assista AgoraFilmes sobre assaltos a bancos já se tornou um gênero saturado e é difícil sair das fórmulas já estabelecidas e surpreender o público com planos engenhosos e personagens carismáticos ou intrigantes, e quando alguém consegue entregar essas características se torna digno de ser apreciado e comentado. E apesar de algumas coincidências forçadas e detalhes omitidos que não explicam grande parte da trama, conseguimos nos divertir e nos entreter com a obra.
No quesito de atuações o longa se sai ok, todos estão operantes em seus papéis, mas a caricatura de alguns personagens como principalmente o desempenhado por Denzel Washington chegaram a me irritar. O filme é muito bem filmado, com tomadas aéreas e planos mais longos que demonstram um grande domínio do local por parte do diretor, tudo foi bem planejado neste obra.
Acredito que o motivo pelo qual o filme se tornou tão popular foi devido ao final do plano que se provou bem criativo e inovador, mesmo que improvável. Mesmo com todos os clichês você se mantém curioso sobre a confiança do protagonista e como ele sairá ileso daquela situação, mas não foi o suficiente para tornar o filme grandioso tornando-o bem brega em algumas situações além de algumas subtramas desnecessárias e que não agregam em nada a história do filme.
Inside Man é um filme genérico de ação e assalto a banco, que não se diferencia muito dos milhares de outros semelhantes ao mesmo, mas que diverte e entretém durante sua duração, para quem gosta de filmes deste tipo pode ter um prato cheio.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraDramas bem construídos são aqueles que com pouca manipulação ou até mesmo nenhuma manipulação emocional do público com artifícios cinematográficos, mexe com seus sentimentos e te transporta para a realidade dos seus personagens se identificando com a dor deles e o mais importante, entendendo o motivo deles estarem daquela maneira e simpatizarmos com eles. A naturalidade é algo complexo de se trazer para a um filme, e obras que conseguem fazer isso são jóias raras que devem ser apreciadas.
Acredito que o que mais atraiu as pessoas a este filme foram as incríveis atuações nele presente e com certeza este é o seu ponto mais alto, Casey Affleck traz a vida um homem amargurado e desiludido com sua realidade e passado com tanta perfeição que seu Oscar foi mais do que justo, o peso que a expressão do seu personagem carrega é visível e real. Lucas Hedges e Michelle Williams também dão um show de atuação, cada um com seu momento de fragilidade emocional que transmitem uma verdade desmoronante e dolorosa, justificando e muito suas indicações. Como um todo o elenco está excelente.
A direção é bem concisa e consciente do ritmo e do estilo do filme, as transições do presente para o passado por meio dos flashbacks é utilizado de uma maneira brilhante e excepcional, não fiquei perdido em nenhum momento. A trilha sonora reforça muito esse sentimento pesaroso que permeia o ambiente da cidade e da realidade dos protagonistas, todos mantém a calma e a postura, mas basta um pequeno momento para que suas máscaras caiam e mostrem sua fragilidade emocional.
A história dos personagens é tão bem construída e as atuações são tão imersivas que ao final do filme, queremos mais, nos sentimos como parte daquela realidade, nos identificamos e torcemos por eles, por isso queremos continuar em sua jornada e os ver superar seus traumas. Tudo é muito real e muito palpável, difícil não emocionar com este filme. Para mim foi quase perfeito, é difícil pensar em algo que mudaria neste filme, e como incômodo cito apenas algumas cenas que poderiam ser facilmente cortadas e outra que poderiam ser mais desenvolvidas.
Manchester by the Sea é um dos dramas únicos que não devem ser perdidos por ninguém, para os fãs do gênero como eu, é um prato cheio. Chorar é a menor das reações que tu irá sentir assistindo este filme. Recomendo a todos. Entrou pros favoritos com toda a certeza.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraExistem filmes que transitam sobre diversos aspectos e é difícil ditar um tema central único, e este é o caso de Shame. Quanto mais um filme se aproxima da realidade do dia a dia, mais visceral e multigênero se torna, característica inerente ao estilo dessas obras. Autodestruição, vício e superação são só alguns dos muitos assuntos trabalhados no decorrer do longa.
Michael Fassbender faz um bom trabalho retratando um homem fechado e indisposto emocionalmente, algo que não exige muitos overactings, com exceção de apenas um bem contido, mas que também não o torna digno de um oscar. O elenco de apoio está operante, com uma única participação significativa de Carey Mulligan.
Tudo é trabalhado com muita sutileza e calma, as cenas são longas, característica do diretor, tudo que nos é necessário para entender um pouco sobre os personagens nos é fornecido sem qualquer exposição barata. Tornando isto sua glória e sua ruína, não há qualquer exploração do passado, só teorizamos sobre o que os fizeram daquela maneira mas seria muito melhor se nos fosse mostrado.
Shame é um filme redondo e com um final que testa sua crença e sua visão sobre o que molda uma pessoa e o quanto podemos mudar nossas vidas e nossas vontades. Cautelosamente dirigido e atuado, algo para se apreciar mas não para se entreter. Fica a seu cargo assisti-lo ou não.
Sinédoque, Nova York
4.0 477Existem muitos filmes que propõe viagens malucas para o seu público e isso gera muitas vezes aquele sentimento de “gostei mas não entendi” ou “ta, mas sobre o que foi tudo isso?”, e acho que não existe exemplo melhor do que este filme para se encaixar em ambos este sentimentos. Amor, tempo, depressão, solidão e morte, tudo está presente e tudo é representado, logo acredito que posso afirmar que esta é uma obra sobre a vida e as suas características e adversidades.
Aqui existem diversos personagens, e todos estão bem em seus personagens, mas não há como não destacar o trabalho de Philip Seymour Hoffman que traz vida um homem inseguro, infeliz e peculiar com maestria. A complexidade moral e das personalidades na obra são extremas, todos tem seus problemas e tem seus “infernos” para superar, ficamos tentados a jogar a culpa em todos menos no personagem do Hoffman, mas será que isso é necessariamente o correto?
O filme é uma viagem sobre a psique de seus personagens e para gostarmos desta obra, devemos embarcar em sua proposta, mas mesmo 100% entregue ainda sim tive momentos onde me pegava desorientado e até mesmo entediado, pois a trama algumas horas transitava do complexo para o confuso, tirando assim meu entendimento e o meu envolvimento com a história. O longa requer uma atenção para que não se perca com a quantidade de personagens e seus respectivos nomes.
Synecdoche, New York é mais uma obra do brilhante roteirista Charlie Kaufman e aqueles que gostam do seu estilo terão um prato cheio aqui. Não me propus a dialogar muito sobre os simbolismos e o conteúdo da obra pois além da sua subjetividade, é praticamente impossível discutir tudo em um formato de texto. Recomendo a todos essa grande experiência, que não me esquecerei durante um tempo.
Mogli: O Menino Lobo
3.8 1,0K Assista AgoraTudo que esperamos ao assistir um filme da Disney, é ver personagens carismáticos e interessantes, uma história interessante e divertida, e roteiros que desafiem tanto crianças quanto mentes adultas em uma escala menor é claro. Fico contente que na maioria destes aspectos a obra conseguiu se sair muito bem e como não tenho memórias do anterior, não fiz comparações em minha mente e assim pude assistir como se fosse uma obra única e separada.
Os personagens como dito anteriormente são interessantes e o trabalho de voz dos atores é magnífico com destaque para Ben Kingsley, com um tom de voz grave e ameaçador, e Bill Murray que consegue injetar humor em seu personagem sem ao menos aparecer em tela. Além de muitas outras participações, assista ao filme em seu idioma original que será uma experiência muito mais valiosa.
O longa é ágil e dinâmico, o tempo passa voando pois não temos momentos de tédio ou de diálogos cafonas, tudo acontece no momento que tem que acontecer sem qualquer lentidão ou enrolamento para encher o roteiro com cenas sem conteúdo e vazias apenas para aumentar a duração da obra. O CG é de alta qualidade, a inserção do Neel Sethi em todos os cenários é quase imperceptível, os animais realmente parecem palpáveis e a floresta emana vida.
Como defeito percebi apenas a infantilidade de grande parte da história, que mesmo com alguns elementos mais “dark” logo se acovarda e torna tudo muito clean, os comportamentos e os diálogos são muito artificiais, não se sente sentimento ou verdade naquilo que se é dito, não se espera que uma história sobre uma criança criada na selva por uma alcateia de lobos seja realista, mas uma profundidade das relações e de uma visceralidade nos acontecimentos não faria nenhum mal.
The Jungle Book cumpre os maiores requisitos que um bom filme da Disney deve ter, diverte e até emociona (o que não foi o meu caso), com personagens interessantes e um ótimo CG. Recomendo aos que são fãs dos filmes desse gênero.
Dúvida
3.9 1,0K Assista AgoraDividir aquilo que é certo daquilo que é errado, do que pode ser benéfico ou do que pode ser maléfico é de uma complexidade tremenda, e diversos fatores internos ou externos podem influenciar nossos julgamentos perante os fatos ou as alegações. Nunca sabemos a inteira verdade e nunca compreenderemos por completo o próximo, tudo que temos em nossas mentes e concepções são dúvidas e é disto que o filme se trata e discorre.
Começo falando sobre as atuações presentes no longa que são realmente de se encantar os olhos, quando qualquer um dos atores está em cena não conseguimos desviar nossa atenção deles. Philip Seymour Hoffman e Meryl Streep mostram aqui porque são considerados um dos melhores atores que hollywood já apresentou, dando muita verdade e profundidade ao seus personagens, um simples olhar, uma expressão e até mesmo sua presença são de extremo poder e dizem muito.
A forma como a câmera é posicionada em algumas cenas propõe um jogo muito interessante de poder entre os personagens da história e trazem um simbolismo em outros momentos, um trabalho minucioso e bem planejado. O filme como um todo é trabalhado em cima da sutileza para reforçar a mensagem que ele estava propondo, não temos conclusões corretas sobre nada e nunca as teremos, juntamos tudo que nos foi mostrado e a partir disso concluímos nosso pensamento mas isto não o tornara valido ou invalido.
Porém a este filme faltou ritmo, não há vigor narrativo como em outras obras do mesmo gênero, tudo demora para acontecer e quando acontece se estende demais, tudo poderia ser melhor explorado e mais aprofundado. Os diálogos também poderiam ser mais inspirados, o texto é forte mas pouco sagaz, não senti a acidez que o tema do filme precisava para funcionar plenamente, a sutileza ganhou espaço onde deveria haver o escrachado e o filme poderia ter se beneficiado muito de ambas as abordagens trabalhando em conjunto.
Doubt é um excelente longa que trabalha conceitos morais e sobre o quão certos estamos de nossos julgamento e o quão longe estamos dispostos a ir por aquilo que consideramos certo, com atuações de alto calibre e uma direção cuidadosa. Recomendo.
Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraMarilyn Monroe com certeza é uma das figuras públicas mais místicas e populares da história de hollywood, tudo que a envolve é de extremo fascínio para o público e aqui vemos uma tentativa de recriar a insanidade que era tentar gravar um filme com esta pessoa tão volátil, sensível e impulsiva. E para mim esta tentativa de recriação se tornou o maior problema do longa como um todo.
Michelle Williams faz um bom trabalho interpretando uma mulher doce e sensual, onde uma hora está feliz e sorridente e em outras extremamente depressiva e aos prantos. Eddie Redmayne me convence cada vez mais que é limitado a interpretar apenas a si mesmo. De resto o elenco se mantém bem e operante, nada tão marcante que te fará lembrar após dias do término do filme. Assim como sua direção que não tem brilho ou sagacidade.
Até que chegamos ao ponto levantado anteriormente, a tentativa de recriação. Basearei minhas críticas a dois aspectos, a recriação das cenas e da própria Marilyn. Como se trata de um filme de época, o cuidado para nos transportar para aquele período deveria ser minucioso, porém não o é feito, o aspecto clássico dos longas da época não se é sentido, vídeos no youtube mostram a diferença entre as cenas originais e as atuais, e as mudanças realizadas não melhoraram em nada.
Por fim tive problemas com a abordagem do filme em relação a Marilyn, acredito que hoje não nos interessamos mais em ver uma recriação de uma pessoa tão única e a falta de uma exploração da história da personagem e de sua personalidade criam uma lacuna narrativa que não se sustenta, pois o longa se mantém desinteressante pela falta de carisma e personalidade do protagonista, que nem mesmo interpretado por um dos atores mais carismáticos da atualidade, se manteve interessante ou relevante. Assim passando a mesma sensação para a história, tornando-a chata e irrelevante.
My Week with Marilyn é um filme sem sal que não traz nada de novo para o que já conhecíamos de Marilyn Monroe e não nos passa qualquer tipo de mensagem ou entretenimento. Dispensável.
Tully
3.9 562 Assista AgoraO período de gravidez e pós-parto são os mais desafiadores na vida de uma mulher e de um casal, e retratar a essência disso com certa fidelidade não poderia vir de um roteiro que não fosse escrito por uma mulher, as sutilezas e as metáforas são de uma beleza e sensibilidade encantadoras. Não me recordo de ver uma obra que trabalhe este assunto desta maneira tão avassaladora, um retrato não romantizado é bom para nos tirar da zona de conforto e nos colocar para refletir.
Charlize Theron nos entrega uma personagem falha e humana, sentimos o cansaço e o desgaste físico e mental pelos quais a protagonista está passando, definitivamente não sendo um personagem fácil de se interpretar. Mackenzie Davis e Mark Duplass estão bem assim como todos do elenco, o material que eles têm para trabalhar é excelente e eles os entregam com perfeição.
Mas este é um filme de roteiro e é aqui onde o filme te ganha ou te perde, muitos podem ter percebido o twist antes mesmo dele ser revelado e confesso que não o percebi, o que causou a reação de decepção por pensar que o filme estava sendo ambicioso demais e incoerente com sua proposta, mas após um pouco de reflexão percebo o quão importante e o quão comum esta situação é, assim como o quão brilhante foi a inserção deste elemento na obra.
Costumamos mistificar as mães como seres fortes e infalíveis, mas assim como todos, elas se cansam, ficam nervosas, pensam em desistir e por cobrança própria ou até mesmo de uma construção social que força esses comportamentos idealizados nas mesma, se privam de pedir ajuda e colocam o fardo em suas costas e antes que seus familiares ou pessoas próximas possam perceber o quão maléfico esse comportamento pode ser para elas poderá ser tarde demais.
Mesmo com esta reviravolta bem construída, essa quebra no ritmo do filme não foi bem estabelecida sendo muito repentina e apressada, assim como diversos conflitos secundários que não possuem um desenvolvimento ou uma devida atenção por parte do roteiro, como também alguns clichês e personagens estereotipados. Isto sendo o máximo que consigo encontrar de “defeito” no longa.
Tully é um filme sobre um assunto pouco discutido e de extrema relevância, bem atuado e dirigido que definitivamente mexerá com sua visão sobre a gravidez e maternidade. Recomendo a todos.
Vicky Cristina Barcelona
3.8 2,1KMuitos consideram o combustível e o grande motivador para a vida como sendo a consciência da morte e sua inevitabilidade, mas para muitos o grande fator que os mobiliza é a busca pelo amor, existem diversos conceitos e tipos de amor, mas poucos são os que não se fascinam pelo mesmo. Não controlamos nossas paixões e ambas as abordagens possíveis para esta situação são mostradas no filme, ou nos jogamos e experimentamos aquilo com intensidade ou nos acovardamos e sacrificamos uma possibilidade por uma certeza em sua zona de conforto.
Como já diz o título do filme, a história se passa na cidade de Barcelona na Espanha e isso é relativamente bem explorado durante o longa, mostrando pontos turísticos e locações extremamente belas da cidade, mas tudo muito rapidamente. O ponto alto da obra são suas atuações, todos estão impecáveis em seus personagens, a química e a tensão sexual que todos emitem é palpável e crível, e o tom amarelado que permeia o filme nos passa essa sensação do calor e da paixão. Javier Bardem e Penélope Cruz roubam a cena sempre que aparecem e fico feliz pelo reconhecimento que receberam durante a época de lançamento do filme.
Como defeito significativo para mim sobre a obra, trago a falta de substância e de mais elementos na trama, o tema central do longa é interessante e traz bons momentos de reflexão e debate, porém não são suficientes para manter um ritmo dinâmico e trazer conflitos intrigantes ou melhor desenvolvidos. Apesar de um desenvolvimento perceptível em alguns personagens, na maioria dos casos tudo pareceu inacabado, como se fosse um ciclo que não alterou em nada a realidade ou a vida de nenhum deles, mostrando um olhar mais cético sobre a própria história da vida daquelas pessoas.
Vicky Cristina Barcelona é um excelente longa que trabalha questionamentos pontuais sobre o amor e o relacionamento das pessoas perante a sociedade e suas demais construções sociais, além de brilhantemente atuado com textos incríveis e naturais. Recomendo a todos.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraUma das maiores dificuldades das pessoas que assistem filmes, inclusive a mim, é separar expectativa e gostos pessoais, do que está sendo apresentado na tela. Querendo ou não, um filme é um retrato da visão pessoal de um artista, e assim como todas as outras artes, existem diversas formas de se interpretar algo e também representá-las. Darren Aronofsky definitivamente é um dos diretores mais autorais e excêntricos de Hollywood, assim sua visão sobre uma das histórias mais famosas da bíblia não seria como a de muitos, trazendo assim muitas críticas para sua obra.
O filme é tecnicamente impecável, a trilha sonora é excepcional, mesmo que em certos momentos tentasse criar uma atmosfera épica que ficou brega. A cinematografia é deslumbrante, criando cenas visualmente encantadoras com um ótimo trabalho de luz, passando muito essa sensação do aspecto fantasioso que esta história precisava. Há muito uso de câmera da mão, que não me incomodou, e de close-ups bem fechados nas expressões dos personagens.
Todos os atores estão ótimos, com grande destaque para Russell Crowe e Emma Watson. Este primeiro que entrega um Noé dúbio e conflitante, mas que continua devoto a sua missão passada pelo Criador mas que não deixa de ficar perturbado com as consequências dos acontecimentos, chegando a um momento na obra onde seu seu espírito está quase quebrado. Por outro lado, Emma está em um dos seus papéis que mais exigiu de suas capacidades de interpretação, durante grande parte do filme ela estava ok, sem muito com o que demonstrar, mas em determinado ponto quando é exigido uma maior devoção ao seu personagem, ela o entrega com maestria e genuidade.
O roteiro é o ponto que mais divide opiniões, pois aqui temos uma liberdade criativa tomada pelo diretor que altera completamente a história bíblica que todos estão acostumados a escutar. Sinceramente gostei de todos os elementos novos que foram inseridos na história, pois ao mesmo tempo em que elas trouxeram os personagens mais próximos de uma realidade, tornando-os mais “humanos”, também traz mais elementos fantasiosos criando assim um universo particular, realmente criando uma história épica de fantasia.
Como ponto negativo, aponto a inconsequência das ações de alguns personagens e a omissão de certos detalhes que seriam cruciais para entendermos como funcionava aquele mundo. Algumas decisões de certos personagens não possuem qualquer sentido lógico e servem apenas para inserir algum elemento a mais na história. A sociedade humana poderia ter sido mais explorada, em nenhum momento nos é mostrado como qualquer um dos dois lados sobrevive em meio a um ambiente adverso e corrompido.
Noah com certeza é um dos melhores filmes que tive o prazer de assistir recentemente, e apesar das ressalvas anteriormente feitas, consegui me entreter muito com o filme e realmente me peguei pensando nos questionamento propostos pelo mesmo. Recomendo a todos que assistam esta obra, mas lembre-se, o nome do filme é Noé e não Dilúvio, então não julgue a decisão do foco narrativo por causa de um engano seu.
Minhas Mães e Meu Pai
3.4 1,3K Assista grátisO conceito de família e de sexualidade como todo são coisas complicadas e que não precisam estar limitadas a algum padrão ou nomenclatura, somos livres para formarmos nossas próprias versões e nos darmos o benefício da felicidade por estarmos realizados com nossas próprias decisões. E nisso o filme se sai muito bem, nos apresentando uma família diferente das mais convencionais, e a relação que esses familiares têm uns com os outros é bela e genuína.
Este não é um filme de técnica, mas sim de roteiro e atuação, e em ambos os quesitos o filmes se sai relativamente bem, os personagens são bem escritos e bem atuados, mas não entendi o por que das indicações ao Oscar, pois não as achei excepcionais. A história apesar de um pouco forçada, se mantém interessante durante toda a duração do longa, e um ponto positivo para isso é a sutileza do roteiro, não há nenhum momento de exagero emocional, tudo até que está bem dosado.
Mas apesar de tudo, está longe de ser um filme bom ou que merecia alguma premiação como o Oscar, pois apesar de bem atuados, não há química nenhuma entre os personagens, eles não pareciam uma família, mas sim pessoas que estavam interpretando uma família, nada soa natural nos diálogos e nas expressões deles, tirando assim a credibilidade passada pelo filme.
Além disso, o filme sofreu grandes críticas sobre a forma como retratou o relacionamento lésbico das protagonistas, fato que concordo. Faltou um pouco de sensibilidade e coerência na hora de criar e desenvolver esta relação, o roteiro estava livre para inserir qualquer elemento que quisesse em sua obra contanto que explicasse e tornasse crível para o público entender o porque daquelas decisões, mas isto não ocorre, tudo que acontece não possui lógica ou credibilidade, parecendo assim apenas artifícios para inflar a trama e estender o filme.
Apenas por esses dois motivos The Kids Are All Right desperdiçou um grande potencial que tinha em mãos, havia tanto o que ser explorado da personalidade de cada um dos personagens, assim como suas situações profissionais e emocionais, mas nada recebe tanta atenção. Desconforto é uma palavra que descreve muito bem minha experiência assistindo o longa, mais para o lado negativo da palavra do que para o positivo. Não recomendo, mas fica a seu cargo tirar suas próprias conclusões.
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraBons filmes vão além de seus gêneros, eles tangenciam diversos assuntos e temas com naturalidade e dependendo do ponto do vista e do momento do filme podem ser considerados de gêneros diferentes. Assim como suas histórias que se mostram extremamente complexas e reflexivas, não se apegando a somente um assunto mas sim a diversos. Isto que é um roteiro bem realizado e executado.
As atuações do filme são excelentes, vemos os embates emocionais que os personagens enfrentam apenas com suas expressões e gestos, e assim como o título do filme sugere os olhos tem muita importância no longa, e isso é enfatizado nas atuações, onde os olhares de cada um tem muito poder, eles escondem muita coisa e dizem muitas coisas com o simples mover dos olhos. E muitos dos enquadramentos do filme ressaltam essa importância, muitas vezes os personagens da obra são enquadrados de uma forma em que haja algo entre nós e eles, obstruindo sua visão e a nossa visão sobre eles.
Tecnicamente o filme é impecável, os movimentos de câmera são precisos e inventivos. Há alguns planos sequências muito bem fotografados, como a cena de perseguição no estádio. Os cortes entre uma cena e outra ajudam muito a ditar um ritmo, mantendo a história fluida e dinâmica. Muitas pessoas reclamaram do ritmo lento do filme, mas não o vi dessa forma, tudo para mim estava no ritmo certo, as surpresas me mantinham imerso.
Acredito que o único defeito do filme para mim foi a falta de alguma cena marcante, mesmo que coisas chocantes acontecessem no decorrer da obra, nada parecia ser aprofundado ou melhor explorado, como se os acontecimentos fossem apenas para movimentar o filme e não para acrescentar algo na personalidade dos personagens ou para aumentar o investimento emocional do público com o longa. O final da obra foi perfeito, era exatamente o que eu esperava ver e foi muito prazeroso assistir, porém não senti o peso devido daquela situação, consequência deste fato que acabo de citar.
El Secreto de Sus Ojos é um excelente filme de mistério e suspense, que trabalha certos questionamentos muito pertinentes até os dias atuais. Com um roteiro intrigante e personagens bem escritos e atuados. Recomendo a todos.
Ruína Azul
3.5 130A vingança cria um ciclo de ódio quase que inquebrável, onde sempre haverá alguém buscando se vingar por alguma perda e para que isso se encerre, ou todos terão que morrer ou em prol do bem de seus familiares e amigos você desiste deste banho de sangue. Mas aqui vemos a jornada de um homem que não parou pra pensar nas consequências de seus atos, e agindo por impulso acabou colocando a vida de alguém querido para ele em perigo.
O longa possui momentos de grande tensão, com cenas bem construídas e gradativas, explorando a inexperiência do protagonista com este universo de violência e morte, assim como o público tudo, para ele é inédito. O filme é bem pé no chão, não há muito invenção ou exageros por parte do roteiro, a violência gráfica em alguns momentos ressalta esse ponto, algo que me agradou bastante.
Mas o filme possui muitos erros que atrapalharam minha experiência, começando pela falta de uma história mais elaborada e profunda, não conhecemos ninguém que nos é apresentado e assim não nos importamos com nada que aconteça a eles e com os que estão ao redor deles. Até mesmo entender quem são os personagens e o que eles são para outros se torna uma tarefa complicada.
Porém o ponto principal que me tirou muito do filme foram os facilitadores de roteiro, todos seus personagens parecem completamente estúpidos, situações não ocorrem de uma maneira natural. Tudo acontece de uma maneira que não haja erros, acontece por que o seu realizador pensou que tinha que ser daquela maneira, mesmo que não soasse como orgânico.
Blue Ruin é um filme de suspense ok mas que peca muito em sua história e sua realização, para fãs do gênero pode até ser uma experiência válida, mas para o resto se torna dispensável.
A Morte de Stalin
3.6 134 Assista AgoraComédias negras são difíceis de me agradar, pois é muito complexo e difícil transitar entre a “seriedade” e o humor. Quando um não atropela o outro, a qualidade de um dos dois nunca é balanceada, pecando em manter o equilíbrio narrativo. Fico contente que este filme conseguiu achar o equilíbrio quase perfeito entre esses dois elementos, e realizou uma tarefa extremamente complicada, já que mesmo se baseando em um evento tenso e pesado da história russa nos apresenta um filme divertido e consciente.
E como ponto mais forte da obra, cito as atuações, o casting para esse filme não poderia ser melhor, todos estão impecáveis em seus papéis. Nenhum parece ser uma caricatura debochada, com a leve exceção do personagem interpretado por Jeffrey Tambor que sinceramente ficou meio exagerada (como um homem desses chegou em um cargo tão alto?). Mas mesmo com esse exagero, a nossa experiência não é estragada em nenhum momento.
O roteiro também nos ajuda a manter nossa imersão no contexto da obra, mesmo com a dinamicidade, em nenhum momento nos perdemos no que está acontecendo. Todas as estratégias que foram boladas, as traições feitas, as alianças formadas e desfeitas. Além de demonstrar uma sensibilidade enorme com os horrores de um regime totalitário que prendeu, matou e torturou, nenhuma piada é feita com este atos horrendos, fazendo que o filme não perdesse força, tudo foi bem dosado e na medida certa sem que pendesse para qualquer lado em excesso.
Não consigo apontar um erro grotesco que tenha afetado minha experiência com o filme, além do fato de eu não ter gargalhado em nenhum momento, apenas um sorriso me foi tirado, não considero o filme sem graça, mas falhou em fazer rir. Assim como a falta de uma substância maior para a história, para mim o longa começa e deixa de existir, não houve nenhuma mensagem passada que eu tenha captado, tornando-o até que esquecível.
The Death of Stalin é uma comédia ácida e bem construída, com excelentes atuações e trama bem movimentada, não lhe fará gargalhar de rir, mas definitivamente vale o tempo assistido. Recomendo a todos.
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraA felicidade não é duradoura, isto é um fato, uma hora ela acaba e quando você menos espera, se encontra em sua solidão buscando um meio de contornar essa situação. O sentimento melancólico que isto traz é muito bem retratado pelo filme, com um clima bem pesado que realmente pode abalar o emocional de uma pessoa que está assistindo a obra despreparada para a viagem que o mesmo propõe.
Kirsten Dunst faz um trabalho excepcional, não à toa recebeu o prêmio de melhor atuação em Cannes, os momentos de silêncio da atriz são extremamente poderosos, apenas com sua expressão vemos a tristeza que sua personagem carrega. Em contraponto a esta personagem vemos também um ótimo trabalho de Charlotte Gainsbourg representando uma mulher que tem de se manter forte cuidando de sua irmã depressiva e da sua própria ansiedade em se deparar com a morte iminente. Este definitivamente foram os pontos fortes do longa para mim.
O filme é belamente fotografado, muita câmera na mão é utilizada para realmente mergulharmos na experiência cinematográfica que é esta obra. Há um grande uso de close ups ostentando o poderio de seus atores e potencializando nosso senso de claustrofobia e ansiedade, fazendo-nos sentir o mesmo que os personagens estão sentindo. Realmente houveram momentos em que simplesmente paramos e apreciamos a beleza estética que a obra tem, e isto é algo que não falta no filme.
Como pontos negativos, aponto a falta de um roteiro melhor elaborado, havia muito o que ser explorado, porém nada é abordado e aprofundado. Parecendo que a técnica empregada no filme sobrepunha sua história, algo que é negativo para uma obra que deseja mexer com a emoção do espectador. Geralmente crio antipatia por filmes que me passam essa impressão, mas todos os pontos anteriormente citados me impediram de criar esta aversão.
Melancholia é uma excelente obra sobre a melancolia e a tristeza que decorrerem da iminência da morte, da solidão que todos enfrentam e da futilidade das relações. Para aqueles que têm problemas com filmes mais contemplativos e introspectivos, este não é um filme para você, caso contrário recomendo fortemente.
Dente Canino
3.8 1,2K Assista AgoraYorgos Lanthimos definitivamente não faz filmes fáceis, impossível assistir a um de seus filmes e não ficar no mínimo incomodado com o que está sendo mostrado. E o exercício mental proposto pelo diretor é para acompanharmos a realidade de uma família onde a superproteção parental é elevada ao extremo e seus integrantes são privados de tudo que é externo à sua própria casa, como filmes, televisão e telefones. Esta realidade é chocante e bem verossímil, acreditamos que o que estamos vendo realmente pode acontecer.
Começando pelas atuações desse filme que são magníficas, não há nenhum overacting de Oscar, mas todos dão tanta vida a retratação de seus personagens que é impossível não ver a dedicação dos atores. Os filhos foram privados de tudo durante suas vidas, logo a idade mental deles não batia com a idade de seus corpos, e para tornar isso no mínimo crível já era de se esperar um trabalho complexo e complicado, mas tudo isso conseguiu ser alcançado muito naturalmente pelos atores.
Yorgos ao procurar um local para a gravação do filme, buscou a maior casa disponível para contrapor o clima claustrofóbico do longa, e fazendo isso ele potencializou a angústia e a estranheza do público com a obra. A casa em que o filme se passa é lotada de janelas e é extremamente clara, mostrando como o ambiente que o patriarca queria foi alcançado para seus filhos, onde não há nenhuma “impureza” ou “maldade” sob os integrantes da família.
Os únicos pontos que realmente afetaram minha experiência com o filme, foram as cenas de sexo que ao meu ver não tinham nenhuma necessidade narrativa de se estar no filme, principalmente aquela mais perto do final do longa, assim como a falta de uma direção mais inspirada do diretor, que poderia ter chocado muito mais com ainda menos artifícios que foram utilizados, tornando a obra muito mais intangível para o público.
Dogtooth é um filme incômodo e difícil de se digerir, definitivamente não é uma obra para todos. Aqueles que curtem história estranhas e angustiantes terão um prato cheio. Recomendo.
Atração Mortal
3.7 318 Assista AgoraNovamente assisto mais uma comédia que marcou época e a infância de muitas pessoas, consigo até entender como este longa consegue fazer um certo sucesso com um público menos exigente para não dizer infantil, mas não consigo entender como pessoas em sã consciência venham a gostar desse filme atroz. Confesso que alguns elementos me surpreenderam, mas nada disso afetou minha reação ou satisfação com o produto final.
A violência mais “gráfica” foi realmente um ponto que não esperava, assim como o tema mais pesado que o roteiro aborda e o uso de palavrões, não tornando nada muito clean. Mas isto é o máximo que consegui enxergar de qualidade na obra. O roteiro é de se espantar, nenhum personagem tem profundidade, todos são basicamente caricaturas de estereótipos adolescentes, os planos dos protagonistas não fazem o menor sentido, os diálogos são tão ruins quanto, assim como as inconsistências das decisões e ações de todos os personagens.
Tudo isso poderia ser deixado de lado se o tom que o filme passasse fosse o de deboche, o que claramente não parecia ser o caso, ao mesmo tempo em que queria ser uma comédia, falhando miseravelmente em me fazer rir ou ao menos me divertir, também queria ser um drama com alguma mensagem por trás da sua história absurda, mas falha nesse aspecto também pois o tema é abordado de uma maneira completamente despreocupada. Suicídio é um assunto sério, e tudo que o filme tentou relacionar a este acontecimento soava como sátira e desmerecimento, como se fosse patético fazer tal coisa.
Heathers é uma atrocidade, com certeza um dos piores filmes adolescente que tive o desprazer de assistir, poucas coisas são elogiáveis que me fizeram dar alguma nota, de resto se torna dispensável. Não recomendo a ninguém.
As Virgens Suicidas
3.8 1,4K Assista AgoraA mente feminina para a maioria dos homens sempre foi um mistério e junto a isso, a idealização e a aura mística que é posta sobre as mesmas interfere muito nas relações que deveriam ser normais entre duas pessoas e pode levar a algumas consequências que são irreversíveis. Ao contrário do que o título sugere, o longa é mais sobre o olhos dos rapazes que eram vizinhos das meninas em questão, do que sobre as mesmas, e assim como muitos narradores de outras obras, estes não podem ser considerados confiáveis, pois somos apresentados a história pelas suas perspectivas que não são 100% claras.
E nisto o roteiro se sai extremamente bem, pois assim como os garotos ficamos com uma sensação de desorientação sobre quem são essas irmãs e o que elas tem em mente em cada uma de suas ações. Mas ao público mais atento, tudo está nos detalhes, suas personalidades são complexas e muito se pode dizer sobre elas apenas por alguns diálogos e gestos. Elas não são seres extraordinários, são apenas adolescentes que querem aproveitar seus dias como pessoas normais.
A cinematografia esfumaçada junto aos figurinos sem cor enfatizam a melancolia da rotina das irmãs, e como falta vida naquela família, que contrariando a fala da mãe delas no final do filme, demonstrando não possuir amor naquela casa. O longa é bem dinâmico, com uma curta duração sempre instigando-nos a ficar atento ao que é mostrado. As atuações são bem operantes, ninguém se destaca e ninguém está completamente deslocado em seu papel.
Se existe realmente algo que me incomodou na obra, seria a duração, tudo poderia ter sido melhor explorado, a rapidez com que algumas coisas aconteciam e certas inverossimilhanças acabaram realmente tirando meu envolvimento com a história. Acho que o longa se beneficiaria mais de um choque maior no espectador, uma carga dramática mais pesada no acontecimento em que o filme se constrói, afinal por que eu me impactaria com algo que acontece a pessoas que mal conheço. E mesmo essa sendo a intenção do filme, mostrar como as negligências das pessoas por outras que podem não ser próximas a elas, podem ser fatais, discordo da abordagem utilizada na troca de perspectiva do roteiro. A mensagem seria potencializada com a inversão dessa perspectiva.
The Virgin Suicides é um ótimo retrato de como elementos externos podem influenciar negativamente a mente das pessoas, ainda mais adolescentes que são mais suscetíveis a essas influências, assim como a negligência dos que estão ao redor de se envolver e se esforçar para poder ajudar alguém que não pode gritar socorro por palavras, mas que grita por ações e gestos. Recomendo a todos.
Elle
3.8 886É sempre uma boa surpresa quando um filme lhe vende uma ideia e em sua execução, te surpreende com algo completamente diferente. Nada aqui é como esperamos que normalmente aconteça, quanto mais vamos adentrando na história, mais percebemos o quão problemáticos todos seus personagens são e como sua relações também acabam sendo afetadas.
O longa é muito bem fotografado, com muita câmera na mão evocando um intimismo maior do espectador com o que é mostrado, com planos longos e com poucos cortes, que mantém uma atmosfera consistente e um tom que dificilmente é quebrado. A paleta de cores é escura e sem vida, refletindo assim os sentimentos de todos que são apresentados.
As atuações estão impecáveis com destaque para Isabelle Huppert, que traz uma retratação de uma personagem complexa, sobre uma mulher que não possui sentimentos e tem que conviver em sociedade e interagir com outras pessoas que são tão quebradas quanto ela. Michèle é uma mulher perturbada pelo passado e isso ditou a forma como se comporta, tornando-a realmente como uma psicopata, foi preciso muita sensibilidade da atriz para interpretar algo tão difícil sem cair em uma caricatura.
O roteiro realmente é o ponto forte, tudo é tratado com calma e sutileza, a construção foi planejada e ao fim a obra tem um sentido completo, nem tudo está de graça, cada cena e diálogo tem um sentido maior por trás. Mas sinceramente, me pergunto se as duas horas de duração foram realmente necessárias para explorar o que o roteiro necessitava, senti que o filme ficou meio inflado, com muitos personagens e subtramas, que não possuem muito tempo em tela para serem desenvolvidos parecendo coisas jogadas para tornar tudo mais complicado, como se fossem artifícios baratos para contar a história.
A trilha sonora chegou a incomodar em alguns momentos, precisava de uma atenção maior do que a que foi devida, pois em muitos momentos onde o terror precisava ser potencializado acabava sendo estragado por sons que não combinavam com a atmosfera. Levando assim ao principal ponto que me decepcionou no longa, a falta de uma mão mais pesada do diretor para explorar o terror da situação da protagonista e dos personagens secundários, deixando tudo sem emoção e distante do público.
Elle é uma diferente e interessante abordagem de uma mente psicopata, e como suas interações acontecem e sobrevivem, sempre em busca de emoções que não tem, em prol de seus benefício próprio. A experiência não foi lá das mais agradáveis, definitivamente não é um filme para todos, fica a seu cargo se deseja ou não passar por esse longa.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraÉ incrível quando um filme consegue falar sobre vários assuntos sem que necessariamente um atropele o outro, e ainda mais incrível que isso somente uma atuação que carregue a obra nas costas mesmo interpretando uma pessoa com uma personalidade complexa e insana. O quão difícil pode ser a adaptação de alguém que uma vez já esteve no topo e agora tem que se acostumar com o completo inverso disso. Ou pior, o quão difícil é deixar o passado para trás e seguir em frente com sua vida.
Impossível falar desse filme, e não comentar a atuação magistral de Cate Blanchett, já entrou na lista das melhores interpretações femininas que tive o prazer de ver. Sua entrega a personagem é algo único, toda sua fisicalidade e tom de voz ressaltam ainda mais os problemas mentais que a protagonista está enfrentando. O olhar e os maneirismo dizem muito também sobre seus pensamentos, isto não é algo simples de se fazer, o Oscar foi merecidíssmo.
O elenco de apoio está bem operante, Sally Hawkins em minha opinião não fez algo digno de uma premiação, mas também não está deslocada. A direção de Woody Allen não é muito inspirada, mas vejo o cuidado que ele teve com sua obra, a edição dela foi bem planejada, transitando bem entre o passado e o presente sem que o espectador se perca, e sem usar artifícios baratos subestimando a capacidade do público de se situar no tempo.
Mas para o público mais atento os detalhes da cinematografia ajudam muito a se localizar, pois o dourado e tons mais amarelados são usados nos momentos do passado remetendo a vida luxuosa que a Jasmine levava, com planos bem abertos, ao contrário de quando se situa no presente, onde tudo é fechado, claustrofóbico, muitos close-ups são usados ajudando assim a nos sentirmos como a protagonista, presa.
Não sou muito fã do tipo de filme que o diretor faz, mas não os considero filmes ruins, apenas desinteressantes, e este não se prova diferente, muita coisa é forçada e quando abordada, logo em seguida é abandonada. Por que deveríamos nos importar com algum personagem se nem o roteiro mesmo se importa com eles. A falta também desses momentos mais emocionalmente carregados com os personagens secundários fazem falta, muita emoção não é transmitida pelos mesmos, tornando-os meros coadjuvantes do brilhantismo de Cate.
Um bom filme não se é feito apenas de uma atriz, e é nisso que Blue Jasmine se sobressai e ao mesmo tempo se afunda, as cenas mais longas proporcionam momentos em que a atriz vira sua personagem e a linha que as divide se ofusca criando os momentos mais brilhantes do longa. Vale o tempo apenas para ver este trabalho maestral, mas como obra completa este filme está longe de ser algo marcante.
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista AgoraMuitas animações prezam pelo público infantil ao adulto, priorizando seus esforços basicamente ao seu público alvo não se dando a oportunidade de tornar a experiência mais prazerosa para ambos. Considero que uma boa animação, mesmo que o público alvo seja claramente o infantil, traga o espectador com idades mais elevadas ao mesmo sentimento que é proporcionado às crianças, fazendo-os se sentir como tais. Felizmente isso é realizado muito bem por este filme.
O roteiro mesmo sendo previsível, consegue entregar uma obra redonda e divertida, e o ritmo dinâmico decorrido da curta duração do longa, não nos deixa pensar na previsibilidade da trama e sim nos concentrar no que está acontecendo, assim evitando entediar o público. Os personagens também são bem carismáticos e bem escritos, cada uma com sua personalidades e características únicas. O universo apresentado é bem construído e dotado de certa criatividade, principalmente com relação aos dragões, muita coisa pode ser explorada.
Poucas coisas chegaram a me incomodar, como exemplo cito, a antes comentada, falta de elementos surpresa na história, tornando-a bem “infantil” e previsível, a falta de uma letalidade torna tudo muito plástico. Assim como a incoerência na personalidade de alguns personagens que mudam de postura de uma hora para outra, sem qualquer tipo de desenvolvimento que mostrasse essa mudança.
How to Train Your Dragon é uma ótima animação, divertida e dinâmica, que mesmo falhando no quesito dramático e surpreendente, continua sendo recomendável. Um ótimo entretenimento para quem procura relaxar.
Bravura Indômita
3.9 1,4K Assista AgoraMais um filme em que o forte são seus personagens e as atuações que dão vida a eles, característica muito presente nas obras dos irmãos Cohen, e logo somos apresentados a uma protagonista incomum aos filmes do gênero Faroeste. Não se perde tempo com flashbacks ou com coisas desnecessárias, o plot do filme já é estabelecido rapidamente para partirmos na jornada da vingança de nossa protagonista.
Jeff Bridges é de longe o maior destaque do filme, apresentado um personagem bruto e descontraído, trazendo uma simpatia do público com o mesmo, nos fazendo gostar e torcer por ele. Matt Damon e Josh Brolin entregam boas interpretações, mas não possuem muito tempo em tela ou desenvolvimento. Falando nisso, o casting desse filme foi extremamente preciso, todos parecem realmente viver naquele universo, os figurinos também ajudam ainda mais nessa imersão.
A cinematografia do filme é excelente assim como em todos os outros trabalhos desses diretores, dando um aspecto de sujeira decorrente da poeira dos locais, assim como belos planos bem abertos. O roteiro do filme é bem direto e movimentado, não sobra tempo para se entediar e não é rápido o bastante para nos perdermos no que está acontecendo, a duração do filme é perfeita.
Mas essa precisão na história tira um aspecto importante das histórias de vingança, a simpatização com a causa e a luta dos personagens, como a relação da protagonista com seu pai não é em nenhum momento explorada, não sentimos o peso da sua perda e muito menos ficamos desesperados pela vingança. E isso se aplica a todos os outros personagens, que possuem apenas alguns diálogos expondo algum momento de suas vidas, mas nada realmente profundo.
O final do filme também é péssimo e anticlimático, não entendi a necessidade de contratar uma outra atriz apenas para aquele 1 minuto em tela. A protagonista do obra é irritante e desinteressante, mesmo possuindo uma personalidade forte e até mesmo divertida de se ver, a incoerência com sua idade nos faz questionar e pensar o quão irritante suas ações são. O que me faltou nesse filme foi emoção e envolvimento.
True Grit é belamente dirigido e atuado pela maioria de seus atores, mas falha ao estabelecer uma premissa ou personagens pelos quais tememos seu futuro ou nos importamos com suas decisões, algo que deveria ser essencial em filmes de Faroeste. Não foi um desperdício de tempo, mas não foi gravado em minha mente, fica a seu cargo querer assistir ou não.
Você Nunca Esteve Realmente Aqui
3.6 521 Assista AgoraSem dúvidas Joaquin Phoenix é um dos meus atores favoritos, a vivacidade e a riqueza que ele traz para cada um dos personagens que interpreta é de se aplaudir, e aqui não temos algo diferente, Joaquin nos apresenta um protagonista extremamente perturbado por traumas do passado e encontra dificuldade em diferenciar a realidade de sua paranoia constante. E assim como ele, ficamos perdidos em muitos momentos da história sem saber diferenciar os mesmos.
A violência e a brutalidade permeiam o cotidiano do protagonista, porém a diretora opta por abordar esses aspectos da vida do personagem de uma forma mais “escondida”, focando mais em suas consequências logo após seu término.O elenco de apoio entra para contrapor essa realidade, servindo em grande parte para mostrar outras facetas do protagonista, realmente os momentos onde ele se encontra mais em paz consigo mesmo, e ambas as atrizes femininas entregam boas performances.
A trilha sonora do filme é excelente, bem dura e marcante, que junto aos ambientes escuros de Nova Iorque criam uma composição interessante com o tema do filme. Mas com tantas qualidades o longa em minha opinião acabou pecando em optar por um foco maior na psique do seu protagonista do que realmente desenvolver uma história para ser foco narrativo, algo que facilitaria ainda mais nossa identificação e compreensão do perturbação e personalidade do personagem.
A sutileza da história também se aplica a mostrar o mínimo possível sobre o passado ou sobre qualquer personagem do filme, logo não temos que nos contentar com informações mais vagas, algo que não chegou a me incomodar, mas que fez falta e poderia ter elevado o filme. Assim como muitas cenas minimalistas que não acrescentam muito a narrativa e acontecimentos muito apressados, que poderiam ter um tempo melhor para serem abordados.
You Were Never Really Here é um ótimo retrato de uma mente perturbada, mas como entretenimento não chega a ser uma obra excelente. Novamente fica a seu cargo decidir se vale a pena ou não dar uma chance ao longa.