Mesmo não sendo um filme imperdível e inovador e ter inúmeras situações inverossímeis, "Águas Rasas" é uma obra com um bom valor de entretenimento, que segura bem seus quase 90min de duração, com uma direção competente e a atuação segura da Blake Lively (que eu tenho admirado cada vez mais). É inevitável fazer comparações com "Tubarão", principalmente em decorrência dos vários planos do ponto de vista do animal, embaixo d'água. As imagens paradisíacas e tomadas abertas mostrando uma natureza maravilhosa também são boas e, apesar do final meio que (totalmente) impossível, é uma obra que consegue ser acima da média.
Por mais que "Café Society" mostre Woody Allen em sua zona de conforto, com uma trama que lembra muito filmes anteriores seus e situações já bastante debatidas, como a família de judeus, o triângulo amoroso e o protagonista neurótico (Jesse Eisenberg é o alter ego do Woody Allen), a obra é encantadora visualmente, nos mostrando a Era de Ouro de Hollywood com um design de produção impecável e uma fotografia magnífica, além de atuações competentes, onde eu destacaria além do Eisenberg, a Kristen Stewart, bastante segura em seu papel e que cada vez mais vem evoluindo como atriz (até esquecemos que ela fez a péssima trilogia "Crepúsculo"). Por mais que não seja um Woody Allen marcante, um filme mediano seu é sempre bastante superior a grande maioria do que é produzido atualmente.
"Aquarius" renova meu amor pelo cinema nacional, com um dos melhores filmes atuais de nosso cinema. O cerne da obra é basicamente o afeto que Clara tem com seu apartamento, cheio de memórias de uma vida feliz, em um espaço que tem um significado especial para essa mulher, que vale mais do que uma boa indenização ou um novo apartamento moderno. O filme trata sobre essa resistência, em não deixar seus valores e crenças de lado e em lutar pelo que se acha certo, diante de um capitalismo avassalador, que nos mostra um mercado imobiliário cruel, que sepulta a história das pessoas e da cidade em nome do lucro.
E não tem como falar de "Aquarius" sem citar a fenomenal interpretação de Sônia Braga (provavelmente a melhor de sua carreira - e isso não é pouca coisa), cheia de sutilezas, onde muitas vezes gestos e olhares dizem mais que diálogos e o filme funciona justamente em função dela, que é o corpo e a alma do filme e que nos emociona em várias passagens.
Apesar de todas as discussões políticas (muito mais pela posição de Kleber Mendonça Filho e de parte do elenco em Cannes), em "Aquarius" não há nenhuma discussão entre direita e esquerda ou de qualquer forma panfletária. O filme fala muito da resistência de seu povo, das desigualdades sociais, da construção de caráter que independe de onde você estudou e quanto dinheiro você tem (e a discussão de Clara e Diego no estacionamento é maravilhosa nesse sentido) e da importância que devemos dar ao espaço em que vivemos. Todos temas abordados de forma maravilhosa e eu espero muito que seja a obra que represente o Brasil no Oscar (mais que merecido).
Outro detalhe muito bem explorado é a trilha sonora excelente, onde nenhuma música está ali de graça e faz parte de um contexto, dialoga com os personagens e as situações vividas. Escutar no filme Queen, Altemar Dutra, Gilberto Gil, Taiguara, Mateus Alves, Maria Bethânia, Reginaldo Rossi, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Alcione foi ainda mais engrandecedor.
Não acho que o final seja problemático. Filmes não precisam ser enfadonhos e diretos ao ponto de esmiuçar tudo e muitas coisas podem ficar subentendidas pelo telespectador (que tem essa capacidade) e o corte final é perfeito. Enfim, mais um clássico de nosso cinema!
Apesar de todas as reflexões, sempre presentes nos filmes do Bergman, "Uma Lição de Amor" é um filme leve, com vários alívios cômicos e que é bem agradável de se assistir. A química entre Eva Dahlbeck e Gunnar Björnstrand é muito grande e isso faz com que a obra flua bem, entre discussões, flashbacks e reflexões sobre a manutenção de um relacionamento longo, mesmo com episódios de infidelidade. Por mais que não seja um Bergman marcante, não deixa de ser um Bergman indispensável.
"Julieta" traz um Almodóvar mais contido nas extravagâncias, apesar de seu visual marcante estar ali, com a estética kirsch e a grande utilização do vermelho em praticamente todas as cenas. O roteiro é simples e a obra está longe de ser uma das melhores do diretor, mas a direção eficiente, a história cativante e as boas atuações de Emma Suárez e Adriana Ugarte, além da pequena e sensacional participação de Rossy de Palma, são alguns dos pontos fortes.
"Julieta" me tocou especificamente por sua abordagem em lidar com as consequências do passado, com culpas e aprender a seguir em frente, apesar das intempéries. Como Antia
sempre buscamos culpados por algo que aconteceu e não conseguimos superar, o que muitas vezes acaba se resolvendo quando temos empatia para estar na pele do outro e entender melhor suas dores, o que só aconteceu quando a Antia perdeu um filho e sentiu a dor de sua mãe.
Dá um pouco de incômodo por "Julieta" ter terminado quando ainda restava fôlego, quando queríamos ver um momento marcante, mas apesar disso, todas as resoluções já tinham sido feitas e era desnecessário ser clichê ao ponto de mostrar um provável "happy ending" (que a gente nem sabe se acontece). O difícil agora é esperar por um próximo filme do diretor, que eu espero que não demore muito para nos deixar admirados com seu cinema singular.
"Vicky Cristina Barcelona" é fruto de um momento de inovação do Woody Allen, não só por deixar Nova Yorke um pouco de lado e começar a gravar por vários países da Europa, mas por fazer abordagens de gêneros diferentes do que havia feito até então e talvez o mais marcante desse período seja "Match Point", que é completamente diferente de tudo o que diretor já tinha feito (apesar de já ter feito algumas abordagens sobre as consequências do assassinato e impunidade antes).
Aqui, temos definitivamente o filme mais sexy de sua carreira, mas é sensual de uma foma que não precisa mostrar sexo ou nudez, mas insinuar (como o Woody gosta de fazer) e abordar o sexo e relacionamentos sobre diferentes ângulos. Foi um dos primeiros filmes do diretor/roteirista que assisti e de cara gostei bastante e me motivou a "devorar" toda sua filmografia. Gosto de todos os elementos: o narrador sempre presente, a trilha sonora, a fotografia e cenários deslumbrantes de Barcelona, e claro, o fantástico quarteto Rebecca Hall/Scarlett Johansson/Javier Bardem/Penélope Cruz, que transpiram sensualidade e nos deixam interessados em todos os dilemas de seus personagens. Adoro as diferentes personalidades da Vicky e da Cristina e me identifico muito com essa última e toda sua sensibilidade e como se sente deslocada do mundo procurando sentido e que tem um diálogo que me representa muito e que não tem como não destacar aqui:
"Eu só tenho que encarar o fato de que não sou talentosa, sabe? Eu consigo apreciar a arte e adoro música, mas... É triste, realmente, porque eu sinto que tenho muito a expressar e não tenho talento".
O filme, em resumo é leve, tem um ritmo delicioso e acompanhar a personagem surtada da Penélope falando em espanhol é uma maravilha. E claro, o Allen sempre se preocupa em deixar clichês de lado e o final pode não agradar alguns, mas com certeza é inesperado, já que
a Vicky, com sua mania de estabilidade, não vai agir impulsivamente e destruir seu futuro casamento e vida planejada, mesmo que anteveja seu futuro infeliz e a Cristina vai se cansar do poliamor e descobrir que apesar de não ter certeza do que quer da vida e ter se aprofundado naquele relacionamento que a fez uma pessoa melhor, não é o que quer da vida a partir de então.
Enfim, um dos meus favoritos do Woody Allen. E isso não é pouca coisa, diante da sua extensa filmografia.
"O Filho da Noiva" poderia facilmente ser um drama clichê, protagonizado por alguém totalmente desconectado das pessoas que ama e que, após sofrer um problema de saúde, passa a prestar atenção as pessoas à sua volta. Mas o filme é muito mais do que isso, sem melodramas baratos, com uma pitada de humor, diálogos afiados e atuações eficientes, principalmente por parte de Norma Aleandro. A obra trata de renovação, de ressignificação e de dar a devida importância às pessoas que amamos, além de nos fazer encarar o problema do Alzheimer, que apesar de ser bastante grave, não pode impossibilitar que nutramos amor pela pessoa vítima da doença.
Apesar de parecer uma novela tipo Rebelde, Malhação ou Chiquititas em formato de slasher, com todos os personagens clichês e ter atuações e diálogos bem ruins (sério, as atuações são bastante forçadas e os atores tem a expressividade de um boneco de posto), "Acampamento Sinistro" é um filme divertido, com alguns momentos bons, algumas cenas de assassinato interessantes e um plot twist inusitado, mesmo pra quem já está acostumado com todas as previsibilidades do gênero. É um bom entretenimento.
O primeiro "Halloween" é um clássico que solidificou os filmes do gênero e muita coisa que veio em seguida na seara terror/slasher tem sua grande influência. Em decorrência do sucesso desse primeiro filme e de algumas pontas soltas, uma sequência era inevitável e essa, apesar de não ser tão boa quanto o clássico, consegue ser uma sequência coerente com o universo estabelecido e manter todo aquele clima de tensão que a presença do Michael Myers causa.
"Prelúdio Para Matar" é o primeiro filme do Dario Argento que assisto e já me deixa com uma ótima impressão sobre o diretor/roteirista. Está longe de ser um filme nos moldes americanos de serial killers e se distingue muito pela sua estética singular, que se preocupa muito com a composição de cores (o vermelho predomina), os enquadramentos diferentes, alguns diálogos reflexivos e uma trilha sonora excelente e bastante diferente para um filme de investigação/terror.
Sim, há algumas falhas de ritmo, alguns cortes abruptos e o tom cômico entre os protagonistas em vários momentos destoa do filme, mas no geral é uma obra de destaque, com um roteiro bem elaborado e com uma ótima resolução e reviravoltas (ainda que não tenha me surpreendido totalmente e que, em alguns momentos, pareça confuso), que parece ser uma grande homenagem ao cinema de Hitchcock (inclusive o pôster nos remete muito ao ótimo pôster de "Um Corpo Que Cai") e me deixou muito interessado em conhecer mais filmes seus.
O primeiro "Cemitério Maldito" é tão bom que dispensa qualquer sequência. Aqui, apesar da sequência dispensável e da reprodução de todos os elementos que deram certo, é um filme agradável de se assistir, que muito mais diverte do que assusta ou nos deixa apreensivos. ___ Ps.: Fiquei surpreso de ver o "John Connor" no elenco.
"Acusados" é um filme importante sobre uma realidade que infelizmente ainda é imensamente presente. O filme coloca em xeque uma série de temas muito importantes à respeito do estupro, que valem a pena pontuar: 1. Culpabilização da vítima: a culpa do estupro é SEMPRE do estuprador e NUNCA da vítima, não importa que ela use roupas curtas, beba, use drogas ou se insunue, pelo simples fato de que não há consentimento. Há sempre a tentativa de tentar desqualificar a mulher pelas suas atitudes, mas isso não pode justificar um crime tão perverso como o estupro. 2. Há uma cultura de estupro e machismo, pelo fato de
vários homens presenciarem o que sabiam ser um estupro, mas serem coniventes com aquilo, pois na cabeça deles a Sarah estava pedindo e nenhum deles poderia deixar a oportunidade de ressaltar sua masculinidade incitando e participando do ato.
3. O sistema legal ainda dificulta a apuração dos crimes em vários aspectos. Desde a apuração do crime na delegacia, aos exames médicos, a mulher é vista com desconfianças e depois tida como uma louca que sabia o que estava fazendo, mas que quer se vingar ou consentiu e facilitou que aquilo tivesse acontecido.
Então é um filme necessário de ser assistido, com um tema sempre atual (há pouco tempo tivemos um caso de estupro coletivo com grandes repercussões). Por mais que tenha suas falhas de roteiro e direção e perca fôlego em determinados momentos, a obra funciona muito em função da atuação excelente da Jodie Foster, assim como da atuação competente da Kelly McGillis.
No gênero policial, "Dia de Treinamento" é um dos melhores filmes, mostrando o submundo dos bairros periféricos de Los Angeles, a corrupção policial e o alastramento do tráfico de drogas. Impossível não se colocar na pele do Jake e sentir nojo de todas as atitudes ilegais e antiéticas de Alonzo, que parece ter começado na carreira querendo fazer justiça, mas o meio foi o corrompendo ao ponto de se tornar tão criminoso quanto as pessoas que investiga/prende. E claro, Denzel Washington está sensacional, assim como a parceria com o também ótimo Ethan Hawke, que é fundamental como o bom desenvolvimento da obra.
"No Coração do Mar" é um filme mediano, com bons momentos e outros um pouco enfadonhos, mas que cumpre sua função de contar uma história interessante. A princípio, me incomodava a abordagem da caça às baleias, principalmente por mostrar uma como vilã por acabar com o navio e quase matar toda a tripulação. Mas ao final, a baleia acaba sendo mostrada como vítima da cobiça humana (o homem é o real vilão na história), por mais que seja mostrado de uma forma um pouco piegas.
Em suas duas horas de duração, o filme se torna um pouco cansativo até chegar as ações em alto mar (as cenas de ação são muito boas, por sinal) e após a catástrofe e busca pela sobrevivência da tripulação, a obra se torna, em certos momentos, entediante. E apesar dos efeitos especiais nas baleias e em suas interações com as pessoas e o ambiente serem muito bem feitos, na concepção de cenários de fundo dos Estados Unidos do século XIX eles são visivelmente falsos, o que me incomodou um pouco. Em resumo, está longe de ser um filme memorável, mas que cumpre seu papel de entretenimento em nos mostrar uma história de sobrevivência interessante, com atuações louváveis e bons efeitos especiais.
"Possessão" é muito mais um filme de tensão psicológica e surrealismo do que terror, apesar de algumas imagens bizarras que ficam em nossas mentes por um bom tempo. A obra basicamente aborda o fim de um relacionamento com todas as suas consequências para as duas partes envolvidas e somos totalmente imersos naquela ambiente conflituoso, que nos deixa apreensivos do início ao fim. Isabelle Adjani tem uma atuação sensacional e a cena do metrô é linda, aterrorizante, apreensiva e um verdadeiro clássico, que eu provavelmente nunca irei esquecer.
"Esquadrão Suicida" passa rapidamente de filme mais aguardado de 2016 para maior decepção de 2016 e vários fatores contribuem pra isso. Se você considerar a obra como um puro entretenimento, ele cumpre seu papel, distrai e diverti, apesar de ser esquecível. Porém, como a Warner e DC querem construir um universo coeso e uma continuação é algo que pode acontecer, todas as falhas de roteiro e edição são cruéis.
O primeiro grande problema é o roteiro, que vai jogando os personagens principais no filme e não desenvolve bem a maioria a ponto de nos importarmos com eles, com exceção da Arlequina, Pistoleiro e El Diablo, que conhecemos bem em suas introduções e por meio de flashbacks. Os outros vilões são extremamente mal explorados nesse sentido. Porém, o que mais me incomoda é o plot de reunião desses supervilões, que é forçado e não parece se justificar, o que piora ainda mais na construção da antagonista, que é muito genérica (sério, esse ponto é muito ruim). Outra questão ruim é a edição, que deixa o filme saturado, não flui seu desenvolvimento e não coloca "alívios"; é uma série de montagens de cenas aparentemente legais,mas que não ficam coesas, principalmente diante de alguns erros de continuação; isso funcionava bem nos trailers, mas não funciona de forma alguma em um filme de duas horas de duração.
E provavelmente a grande decepção é o Coringa do Jared Leto, que não nos passa apreensão, muito menos toda a loucura do personagem, mas talvez isso se deva ao seu pouco desenvolvimento. Ele foi vendido como um dos personagens principais e é totalmente secundário e caricato, o que se torna um grande desperdício. Os pontos fortes mesmo são a trilha sonora (que é boa, mas às vezes cansa pela necessidade de nos mostrar músicas conhecidas) e a reunião de um elenco muito bom de forma geral, com destaque para Viola Davis (essa mulher é maravilhosa), Will Smith e Margot Robbie, que rouba a cena com sua Arlequina sensual, cômica e neurada de uma forma que o filme funciona muito em função dessa personagem sensacional.
Em resumo, é um filme bem mediano, com vários problemas técnicos e que não encontra seu tom, mas que funciona muito em decorrência de seu bom elenco. É cinema pipocão pra ir se distrair e nada mais, daqui há um mês todos já esqueceram. Não faço questão alguma de uma continuação, mas ficaria extremamente feliz de ver a Arlequina explorada em outros filmes.
Wes Craven ainda tava no início da carreira, mas já mostrava um bom desempenho no gênero terror, onde temos alguns momentos bastante tensos e apreensivos, com uma boa dose de humor e um clímax interessante, pecando apenas por terminar de forma extremamente abrupta, quando ainda se tinham elementos a serem desenvolvidos. De qualquer forma, é um filme que merece ser visto.
Apesar de ser bem menos conhecido do que as franquias de "Halloween" e "Sexta-Feira 13", "Chamas da Morte" é um slasher acima da média, com uma história legal de vingança e uma arma inovadora para o assassino. E mesmo não tendo tanta originalidade, há um suspense interessante, uma tensão bem construída e mortes inspiradas. E ah, esse pôster do filme é ótimo!
"Cemitério Maldito" é deses clássicos dos anos 80 que revivem mesmo com o passar do tempo, provavelmente pela trama ter sido baseada em um livro do Stephen King que é bastante interessante e se sustenta na premissa real do desejo de reviver animais ou pessoas queridas nossas, ao invés de aceitar a morte. Toda a concepção visual do filme, além da trilha sonora, são bem trabalhados e o elenco (até o gato) se sai muito bem, com destaque para a criança que faz o Gage.
"Shivers" ainda nos mostra um Cronenberg em maturação, mas as marcas que identificam seus filmes já estão ali, como a obsessão humana, o horror psicológico e os tão bem abordados comportamentos sexuais, que ao invés de criticarem uma certa promiscuidade, servem muito mais como uma crítica à repressão sexual de uma sociedade elitista. A doença contagiosa relacionada ao sexo parece antever um pouco a AIDS e o flerte com George Romero no que aparentam ser zumbis é uma ideia interessante. Tecnicamente o filme tem alguns defeito (provavelmente por causa de um baixo orçamento) e o roteiro poderia ser melhor lapidado, mas se formos considerar um dos primeiros trabalhos de um grande diretor, o resultado é bem satisfatório.
Sim, "Thanatomorphose" é bem ruim e tenta se sustentar apenas na polêmica do uso excessivo do teor escatológico e gore, em contrapartida a um roteiro que pode até ter uma premissa interessante, mas não passa de uma sucessão de cenas enfadonhas, sem sentido e nojentas. E antes de tudo, é preciso deixar de lado qualquer senso de realidade, já que
não há uma explicação clara do porquê a protagonista está apodrecendo; ela aparenta ser da área da saúde, mas ao menor de sintoma de que algo não vai bem, não procura ajuda médica, muito menos seus amigos se importam; é possível colar unhas e pedaços do corpo com fita isolante; a moça tá apodrecendo, mas o importante é se masturbar; e os homens que a tratam como objeto são facilmente mortos por uma mulher apodrecendo e com os movimentos limitados.
Em resumo, é um filme dispensável, que não verei novamente e que, apesar do choque por ter cenas realmente nojentas, não passa de um trabalho sensacionalista que pretende chocar. Não é exagero dizer que é um dos piores filmes que já assisti.
Não muito conhecido hoje em dia, "The Prowler" ainda é um dos primeiros slashers vindos na onda de "Halloween", então por mais que muita coisa pareça clichê hoje em dia, como a mocinha virgem, as safadinhas condenadas a morrer e o rapaz valente que acaba se ferindo, mas não morre, ainda estava tudo sendo estabelecido e o filme, além de possuir um bom suspense, com bons sustos e uma trilha sonora interessante, tem efeitos e maquiagens ótimos e acima da média no gênero. E por mais que conheça os vários clichês e monte minhas teorias, a identidade do assassino ainda me pegou de surpresa.
Do gênero investigativo, "Todos os Homens do Presidente" é um dos melhores filmes e é influência pra muitas obras posteriores, como o último vencedor do Oscar "Spotlight", além de ser uma obra necessária aos jornalistas. O filme em si consegue nos prender durante toda sua duração, apesar de em alguns momentos ficarmos confusos por haverem várias pessoas sendo investigadas, mas isso não o atrapalha de forma alguma seu desenvolvimento e muito da sua eficiência se deve à ótima dupla de protagonistas Robert Redford e Dustin Hoffman.
"Videodrome" é mais uma obra incrível do Cronenberg, cheio de simbolismos, surrealismo e uma crítica ferrenha tanto ao consumismo e alienação televisiva quanto à censura através do moralismo ao que era veiculado na TV. Como o filme é todo construído a partir das alucinações de Max
não sabemos exatamente o que realmente acontece e o que se passa somente em sua cabeça alucinada e isso é extremamente apreensivo. Acredito que ele realmente ficou transtornado com o Videodrome, matou diversas pessoas e depois se suicidou, mas essa é uma interpretação em aberto que o filme permite.
Em resumo, é um filme bastante significativo e um dos mais interessantes da carreira do Cronenbeerg (o que não é pouca coisa), que provavelmente faz mais sentido quando revisto.
Águas Rasas
3.4 1,4K Assista AgoraMesmo não sendo um filme imperdível e inovador e ter inúmeras situações inverossímeis, "Águas Rasas" é uma obra com um bom valor de entretenimento, que segura bem seus quase 90min de duração, com uma direção competente e a atuação segura da Blake Lively (que eu tenho admirado cada vez mais). É inevitável fazer comparações com "Tubarão", principalmente em decorrência dos vários planos do ponto de vista do animal, embaixo d'água. As imagens paradisíacas e tomadas abertas mostrando uma natureza maravilhosa também são boas e, apesar do final meio que (totalmente) impossível, é uma obra que consegue ser acima da média.
Café Society
3.3 531 Assista AgoraPor mais que "Café Society" mostre Woody Allen em sua zona de conforto, com uma trama que lembra muito filmes anteriores seus e situações já bastante debatidas, como a família de judeus, o triângulo amoroso e o protagonista neurótico (Jesse Eisenberg é o alter ego do Woody Allen), a obra é encantadora visualmente, nos mostrando a Era de Ouro de Hollywood com um design de produção impecável e uma fotografia magnífica, além de atuações competentes, onde eu destacaria além do Eisenberg, a Kristen Stewart, bastante segura em seu papel e que cada vez mais vem evoluindo como atriz (até esquecemos que ela fez a péssima trilogia "Crepúsculo").
Por mais que não seja um Woody Allen marcante, um filme mediano seu é sempre bastante superior a grande maioria do que é produzido atualmente.
Aquarius
4.2 1,9K Assista Agora"Aquarius" renova meu amor pelo cinema nacional, com um dos melhores filmes atuais de nosso cinema. O cerne da obra é basicamente o afeto que Clara tem com seu apartamento, cheio de memórias de uma vida feliz, em um espaço que tem um significado especial para essa mulher, que vale mais do que uma boa indenização ou um novo apartamento moderno. O filme trata sobre essa resistência, em não deixar seus valores e crenças de lado e em lutar pelo que se acha certo, diante de um capitalismo avassalador, que nos mostra um mercado imobiliário cruel, que sepulta a história das pessoas e da cidade em nome do lucro.
E não tem como falar de "Aquarius" sem citar a fenomenal interpretação de Sônia Braga (provavelmente a melhor de sua carreira - e isso não é pouca coisa), cheia de sutilezas, onde muitas vezes gestos e olhares dizem mais que diálogos e o filme funciona justamente em função dela, que é o corpo e a alma do filme e que nos emociona em várias passagens.
Apesar de todas as discussões políticas (muito mais pela posição de Kleber Mendonça Filho e de parte do elenco em Cannes), em "Aquarius" não há nenhuma discussão entre direita e esquerda ou de qualquer forma panfletária. O filme fala muito da resistência de seu povo, das desigualdades sociais, da construção de caráter que independe de onde você estudou e quanto dinheiro você tem (e a discussão de Clara e Diego no estacionamento é maravilhosa nesse sentido) e da importância que devemos dar ao espaço em que vivemos. Todos temas abordados de forma maravilhosa e eu espero muito que seja a obra que represente o Brasil no Oscar (mais que merecido).
Outro detalhe muito bem explorado é a trilha sonora excelente, onde nenhuma música está ali de graça e faz parte de um contexto, dialoga com os personagens e as situações vividas. Escutar no filme Queen, Altemar Dutra, Gilberto Gil, Taiguara, Mateus Alves, Maria Bethânia, Reginaldo Rossi, Roberto Carlos, Vinícius de Moraes, Alcione foi ainda mais engrandecedor.
Não acho que o final seja problemático. Filmes não precisam ser enfadonhos e diretos ao ponto de esmiuçar tudo e muitas coisas podem ficar subentendidas pelo telespectador (que tem essa capacidade) e o corte final é perfeito.
Enfim, mais um clássico de nosso cinema!
Uma Lição de Amor
3.8 17Apesar de todas as reflexões, sempre presentes nos filmes do Bergman, "Uma Lição de Amor" é um filme leve, com vários alívios cômicos e que é bem agradável de se assistir. A química entre Eva Dahlbeck e Gunnar Björnstrand é muito grande e isso faz com que a obra flua bem, entre discussões, flashbacks e reflexões sobre a manutenção de um relacionamento longo, mesmo com episódios de infidelidade. Por mais que não seja um Bergman marcante, não deixa de ser um Bergman indispensável.
Julieta
3.8 530 Assista Agora"Julieta" traz um Almodóvar mais contido nas extravagâncias, apesar de seu visual marcante estar ali, com a estética kirsch e a grande utilização do vermelho em praticamente todas as cenas. O roteiro é simples e a obra está longe de ser uma das melhores do diretor, mas a direção eficiente, a história cativante e as boas atuações de Emma Suárez e Adriana Ugarte, além da pequena e sensacional participação de Rossy de Palma, são alguns dos pontos fortes.
"Julieta" me tocou especificamente por sua abordagem em lidar com as consequências do passado, com culpas e aprender a seguir em frente, apesar das intempéries. Como Antia
sempre buscamos culpados por algo que aconteceu e não conseguimos superar, o que muitas vezes acaba se resolvendo quando temos empatia para estar na pele do outro e entender melhor suas dores, o que só aconteceu quando a Antia perdeu um filho e sentiu a dor de sua mãe.
Dá um pouco de incômodo por "Julieta" ter terminado quando ainda restava fôlego, quando queríamos ver um momento marcante, mas apesar disso, todas as resoluções já tinham sido feitas e era desnecessário ser clichê ao ponto de mostrar um provável "happy ending" (que a gente nem sabe se acontece).
O difícil agora é esperar por um próximo filme do diretor, que eu espero que não demore muito para nos deixar admirados com seu cinema singular.
Vicky Cristina Barcelona
3.8 2,1K"Vicky Cristina Barcelona" é fruto de um momento de inovação do Woody Allen, não só por deixar Nova Yorke um pouco de lado e começar a gravar por vários países da Europa, mas por fazer abordagens de gêneros diferentes do que havia feito até então e talvez o mais marcante desse período seja "Match Point", que é completamente diferente de tudo o que diretor já tinha feito (apesar de já ter feito algumas abordagens sobre as consequências do assassinato e impunidade antes).
Aqui, temos definitivamente o filme mais sexy de sua carreira, mas é sensual de uma foma que não precisa mostrar sexo ou nudez, mas insinuar (como o Woody gosta de fazer) e abordar o sexo e relacionamentos sobre diferentes ângulos. Foi um dos primeiros filmes do diretor/roteirista que assisti e de cara gostei bastante e me motivou a "devorar" toda sua filmografia. Gosto de todos os elementos: o narrador sempre presente, a trilha sonora, a fotografia e cenários deslumbrantes de Barcelona, e claro, o fantástico quarteto Rebecca Hall/Scarlett Johansson/Javier Bardem/Penélope Cruz, que transpiram sensualidade e nos deixam interessados em todos os dilemas de seus personagens. Adoro as diferentes personalidades da Vicky e da Cristina e me identifico muito com essa última e toda sua sensibilidade e como se sente deslocada do mundo procurando sentido e que tem um diálogo que me representa muito e que não tem como não destacar aqui:
"Eu só tenho que encarar o fato de que não sou talentosa, sabe? Eu consigo apreciar a arte e adoro música, mas... É triste, realmente, porque eu sinto que tenho muito a expressar e não tenho talento".
O filme, em resumo é leve, tem um ritmo delicioso e acompanhar a personagem surtada da Penélope falando em espanhol é uma maravilha. E claro, o Allen sempre se preocupa em deixar clichês de lado e o final pode não agradar alguns, mas com certeza é inesperado, já que
a Vicky, com sua mania de estabilidade, não vai agir impulsivamente e destruir seu futuro casamento e vida planejada, mesmo que anteveja seu futuro infeliz e a Cristina vai se cansar do poliamor e descobrir que apesar de não ter certeza do que quer da vida e ter se aprofundado naquele relacionamento que a fez uma pessoa melhor, não é o que quer da vida a partir de então.
Enfim, um dos meus favoritos do Woody Allen. E isso não é pouca coisa, diante da sua extensa filmografia.
O Filho da Noiva
4.1 297"O Filho da Noiva" poderia facilmente ser um drama clichê, protagonizado por alguém totalmente desconectado das pessoas que ama e que, após sofrer um problema de saúde, passa a prestar atenção as pessoas à sua volta. Mas o filme é muito mais do que isso, sem melodramas baratos, com uma pitada de humor, diálogos afiados e atuações eficientes, principalmente por parte de Norma Aleandro.
A obra trata de renovação, de ressignificação e de dar a devida importância às pessoas que amamos, além de nos fazer encarar o problema do Alzheimer, que apesar de ser bastante grave, não pode impossibilitar que nutramos amor pela pessoa vítima da doença.
Acampamento Sinistro
3.3 389Apesar de parecer uma novela tipo Rebelde, Malhação ou Chiquititas em formato de slasher, com todos os personagens clichês e ter atuações e diálogos bem ruins (sério, as atuações são bastante forçadas e os atores tem a expressividade de um boneco de posto), "Acampamento Sinistro" é um filme divertido, com alguns momentos bons, algumas cenas de assassinato interessantes e um plot twist inusitado, mesmo pra quem já está acostumado com todas as previsibilidades do gênero.
É um bom entretenimento.
Halloween 2: O Pesadelo Continua
3.4 481 Assista AgoraO primeiro "Halloween" é um clássico que solidificou os filmes do gênero e muita coisa que veio em seguida na seara terror/slasher tem sua grande influência. Em decorrência do sucesso desse primeiro filme e de algumas pontas soltas, uma sequência era inevitável e essa, apesar de não ser tão boa quanto o clássico, consegue ser uma sequência coerente com o universo estabelecido e manter todo aquele clima de tensão que a presença do Michael Myers causa.
Prelúdio Para Matar
4.0 258 Assista Agora"Prelúdio Para Matar" é o primeiro filme do Dario Argento que assisto e já me deixa com uma ótima impressão sobre o diretor/roteirista. Está longe de ser um filme nos moldes americanos de serial killers e se distingue muito pela sua estética singular, que se preocupa muito com a composição de cores (o vermelho predomina), os enquadramentos diferentes, alguns diálogos reflexivos e uma trilha sonora excelente e bastante diferente para um filme de investigação/terror.
Sim, há algumas falhas de ritmo, alguns cortes abruptos e o tom cômico entre os protagonistas em vários momentos destoa do filme, mas no geral é uma obra de destaque, com um roteiro bem elaborado e com uma ótima resolução e reviravoltas (ainda que não tenha me surpreendido totalmente e que, em alguns momentos, pareça confuso), que parece ser uma grande homenagem ao cinema de Hitchcock (inclusive o pôster nos remete muito ao ótimo pôster de "Um Corpo Que Cai") e me deixou muito interessado em conhecer mais filmes seus.
Cemitério Maldito 2
2.8 266 Assista AgoraO primeiro "Cemitério Maldito" é tão bom que dispensa qualquer sequência. Aqui, apesar da sequência dispensável e da reprodução de todos os elementos que deram certo, é um filme agradável de se assistir, que muito mais diverte do que assusta ou nos deixa apreensivos.
___
Ps.: Fiquei surpreso de ver o "John Connor" no elenco.
Acusados
3.9 202 Assista Agora"Acusados" é um filme importante sobre uma realidade que infelizmente ainda é imensamente presente. O filme coloca em xeque uma série de temas muito importantes à respeito do estupro, que valem a pena pontuar:
1. Culpabilização da vítima: a culpa do estupro é SEMPRE do estuprador e NUNCA da vítima, não importa que ela use roupas curtas, beba, use drogas ou se insunue, pelo simples fato de que não há consentimento. Há sempre a tentativa de tentar desqualificar a mulher pelas suas atitudes, mas isso não pode justificar um crime tão perverso como o estupro.
2. Há uma cultura de estupro e machismo, pelo fato de
vários homens presenciarem o que sabiam ser um estupro, mas serem coniventes com aquilo, pois na cabeça deles a Sarah estava pedindo e nenhum deles poderia deixar a oportunidade de ressaltar sua masculinidade incitando e participando do ato.
3. O sistema legal ainda dificulta a apuração dos crimes em vários aspectos. Desde a apuração do crime na delegacia, aos exames médicos, a mulher é vista com desconfianças e depois tida como uma louca que sabia o que estava fazendo, mas que quer se vingar ou consentiu e facilitou que aquilo tivesse acontecido.
Então é um filme necessário de ser assistido, com um tema sempre atual (há pouco tempo tivemos um caso de estupro coletivo com grandes repercussões). Por mais que tenha suas falhas de roteiro e direção e perca fôlego em determinados momentos, a obra funciona muito em função da atuação excelente da Jodie Foster, assim como da atuação competente da Kelly McGillis.
Dia de Treinamento
3.9 728 Assista AgoraNo gênero policial, "Dia de Treinamento" é um dos melhores filmes, mostrando o submundo dos bairros periféricos de Los Angeles, a corrupção policial e o alastramento do tráfico de drogas. Impossível não se colocar na pele do Jake e sentir nojo de todas as atitudes ilegais e antiéticas de Alonzo, que parece ter começado na carreira querendo fazer justiça, mas o meio foi o corrompendo ao ponto de se tornar tão criminoso quanto as pessoas que investiga/prende. E claro, Denzel Washington está sensacional, assim como a parceria com o também ótimo Ethan Hawke, que é fundamental como o bom desenvolvimento da obra.
No Coração do Mar
3.6 776 Assista Agora"No Coração do Mar" é um filme mediano, com bons momentos e outros um pouco enfadonhos, mas que cumpre sua função de contar uma história interessante. A princípio, me incomodava a abordagem da caça às baleias, principalmente por mostrar uma como vilã por acabar com o navio e quase matar toda a tripulação. Mas ao final, a baleia acaba sendo mostrada como vítima da cobiça humana (o homem é o real vilão na história), por mais que seja mostrado de uma forma um pouco piegas.
Em suas duas horas de duração, o filme se torna um pouco cansativo até chegar as ações em alto mar (as cenas de ação são muito boas, por sinal) e após a catástrofe e busca pela sobrevivência da tripulação, a obra se torna, em certos momentos, entediante. E apesar dos efeitos especiais nas baleias e em suas interações com as pessoas e o ambiente serem muito bem feitos, na concepção de cenários de fundo dos Estados Unidos do século XIX eles são visivelmente falsos, o que me incomodou um pouco.
Em resumo, está longe de ser um filme memorável, mas que cumpre seu papel de entretenimento em nos mostrar uma história de sobrevivência interessante, com atuações louváveis e bons efeitos especiais.
Possessão
3.9 592"Possessão" é muito mais um filme de tensão psicológica e surrealismo do que terror, apesar de algumas imagens bizarras que ficam em nossas mentes por um bom tempo. A obra basicamente aborda o fim de um relacionamento com todas as suas consequências para as duas partes envolvidas e somos totalmente imersos naquela ambiente conflituoso, que nos deixa apreensivos do início ao fim.
Isabelle Adjani tem uma atuação sensacional e a cena do metrô é linda, aterrorizante, apreensiva e um verdadeiro clássico, que eu provavelmente nunca irei esquecer.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista Agora"Esquadrão Suicida" passa rapidamente de filme mais aguardado de 2016 para maior decepção de 2016 e vários fatores contribuem pra isso. Se você considerar a obra como um puro entretenimento, ele cumpre seu papel, distrai e diverti, apesar de ser esquecível. Porém, como a Warner e DC querem construir um universo coeso e uma continuação é algo que pode acontecer, todas as falhas de roteiro e edição são cruéis.
O primeiro grande problema é o roteiro, que vai jogando os personagens principais no filme e não desenvolve bem a maioria a ponto de nos importarmos com eles, com exceção da Arlequina, Pistoleiro e El Diablo, que conhecemos bem em suas introduções e por meio de flashbacks. Os outros vilões são extremamente mal explorados nesse sentido. Porém, o que mais me incomoda é o plot de reunião desses supervilões, que é forçado e não parece se justificar, o que piora ainda mais na construção da antagonista, que é muito genérica (sério, esse ponto é muito ruim). Outra questão ruim é a edição, que deixa o filme saturado, não flui seu desenvolvimento e não coloca "alívios"; é uma série de montagens de cenas aparentemente legais,mas que não ficam coesas, principalmente diante de alguns erros de continuação; isso funcionava bem nos trailers, mas não funciona de forma alguma em um filme de duas horas de duração.
E provavelmente a grande decepção é o Coringa do Jared Leto, que não nos passa apreensão, muito menos toda a loucura do personagem, mas talvez isso se deva ao seu pouco desenvolvimento. Ele foi vendido como um dos personagens principais e é totalmente secundário e caricato, o que se torna um grande desperdício. Os pontos fortes mesmo são a trilha sonora (que é boa, mas às vezes cansa pela necessidade de nos mostrar músicas conhecidas) e a reunião de um elenco muito bom de forma geral, com destaque para Viola Davis (essa mulher é maravilhosa), Will Smith e Margot Robbie, que rouba a cena com sua Arlequina sensual, cômica e neurada de uma forma que o filme funciona muito em função dessa personagem sensacional.
Em resumo, é um filme bem mediano, com vários problemas técnicos e que não encontra seu tom, mas que funciona muito em decorrência de seu bom elenco. É cinema pipocão pra ir se distrair e nada mais, daqui há um mês todos já esqueceram. Não faço questão alguma de uma continuação, mas ficaria extremamente feliz de ver a Arlequina explorada em outros filmes.
Quadrilha de Sádicos
3.4 205Wes Craven ainda tava no início da carreira, mas já mostrava um bom desempenho no gênero terror, onde temos alguns momentos bastante tensos e apreensivos, com uma boa dose de humor e um clímax interessante, pecando apenas por terminar de forma extremamente abrupta, quando ainda se tinham elementos a serem desenvolvidos.
De qualquer forma, é um filme que merece ser visto.
Chamas da Morte
3.2 211Apesar de ser bem menos conhecido do que as franquias de "Halloween" e "Sexta-Feira 13", "Chamas da Morte" é um slasher acima da média, com uma história legal de vingança e uma arma inovadora para o assassino. E mesmo não tendo tanta originalidade, há um suspense interessante, uma tensão bem construída e mortes inspiradas.
E ah, esse pôster do filme é ótimo!
Cemitério Maldito
3.7 1,1K Assista Agora"Cemitério Maldito" é deses clássicos dos anos 80 que revivem mesmo com o passar do tempo, provavelmente pela trama ter sido baseada em um livro do Stephen King que é bastante interessante e se sustenta na premissa real do desejo de reviver animais ou pessoas queridas nossas, ao invés de aceitar a morte.
Toda a concepção visual do filme, além da trilha sonora, são bem trabalhados e o elenco (até o gato) se sai muito bem, com destaque para a criança que faz o Gage.
Calafrios
3.4 146 Assista Agora"Shivers" ainda nos mostra um Cronenberg em maturação, mas as marcas que identificam seus filmes já estão ali, como a obsessão humana, o horror psicológico e os tão bem abordados comportamentos sexuais, que ao invés de criticarem uma certa promiscuidade, servem muito mais como uma crítica à repressão sexual de uma sociedade elitista. A doença contagiosa relacionada ao sexo parece antever um pouco a AIDS e o flerte com George Romero no que aparentam ser zumbis é uma ideia interessante. Tecnicamente o filme tem alguns defeito (provavelmente por causa de um baixo orçamento) e o roteiro poderia ser melhor lapidado, mas se formos considerar um dos primeiros trabalhos de um grande diretor, o resultado é bem satisfatório.
Thanatomorphose
2.4 235Sim, "Thanatomorphose" é bem ruim e tenta se sustentar apenas na polêmica do uso excessivo do teor escatológico e gore, em contrapartida a um roteiro que pode até ter uma premissa interessante, mas não passa de uma sucessão de cenas enfadonhas, sem sentido e nojentas. E antes de tudo, é preciso deixar de lado qualquer senso de realidade, já que
não há uma explicação clara do porquê a protagonista está apodrecendo; ela aparenta ser da área da saúde, mas ao menor de sintoma de que algo não vai bem, não procura ajuda médica, muito menos seus amigos se importam; é possível colar unhas e pedaços do corpo com fita isolante; a moça tá apodrecendo, mas o importante é se masturbar; e os homens que a tratam como objeto são facilmente mortos por uma mulher apodrecendo e com os movimentos limitados.
Em resumo, é um filme dispensável, que não verei novamente e que, apesar do choque por ter cenas realmente nojentas, não passa de um trabalho sensacionalista que pretende chocar. Não é exagero dizer que é um dos piores filmes que já assisti.
Quem Matou Rosemary?
3.2 105Não muito conhecido hoje em dia, "The Prowler" ainda é um dos primeiros slashers vindos na onda de "Halloween", então por mais que muita coisa pareça clichê hoje em dia, como a mocinha virgem, as safadinhas condenadas a morrer e o rapaz valente que acaba se ferindo, mas não morre, ainda estava tudo sendo estabelecido e o filme, além de possuir um bom suspense, com bons sustos e uma trilha sonora interessante, tem efeitos e maquiagens ótimos e acima da média no gênero. E por mais que conheça os vários clichês e monte minhas teorias, a identidade do assassino ainda me pegou de surpresa.
Todos os Homens do Presidente
4.1 206 Assista AgoraDo gênero investigativo, "Todos os Homens do Presidente" é um dos melhores filmes e é influência pra muitas obras posteriores, como o último vencedor do Oscar "Spotlight", além de ser uma obra necessária aos jornalistas. O filme em si consegue nos prender durante toda sua duração, apesar de em alguns momentos ficarmos confusos por haverem várias pessoas sendo investigadas, mas isso não o atrapalha de forma alguma seu desenvolvimento e muito da sua eficiência se deve à ótima dupla de protagonistas Robert Redford e Dustin Hoffman.
Videodrome: A Síndrome do Vídeo
3.7 547 Assista Agora"Videodrome" é mais uma obra incrível do Cronenberg, cheio de simbolismos, surrealismo e uma crítica ferrenha tanto ao consumismo e alienação televisiva quanto à censura através do moralismo ao que era veiculado na TV. Como o filme é todo construído a partir das alucinações de Max
não sabemos exatamente o que realmente acontece e o que se passa somente em sua cabeça alucinada e isso é extremamente apreensivo. Acredito que ele realmente ficou transtornado com o Videodrome, matou diversas pessoas e depois se suicidou, mas essa é uma interpretação em aberto que o filme permite.
Em resumo, é um filme bastante significativo e um dos mais interessantes da carreira do Cronenbeerg (o que não é pouca coisa), que provavelmente faz mais sentido quando revisto.