A premissa me soou muito clichê, a principio (mais um filme sobre mulheres e suas intrigas na época colonial?), mas Lanthimos é um diretor muito inteligente, que consegue lidar com três personagens difíceis, e extraindo delas performances clássicas. A Favorita é um novo tipo de clássico. E mesmo em alguns momentos, onde tudo parece estar mastigado, uma impressão mais comercial, talvez, sensação que logo passa, por que é óbvia, a singularidade do cinema de Lanthimos.
Von Trier que já explorou todo tipo de universo, obscuro do ser humano, com uma lista de personagens sádicos, e completos em tudo, traz Jack como o seu sociopata assumido. Ok, o filme é todo sobre Jack e ele é superestimado. Mas se Von Trier resolve entrar na mente de um insano, as cenas perturbadoras, angustiantes, são óbvias e maravilhosas. É um horror sofisticado, com direito a discussões sobre religião, arte, moral. Há uma critica aqui e outra acolá, sobre racismo, até machismo. Ah, a participação da Uma Thurman é essencial, as sequências com ela são muito curiosas.
Bem, eu gosto quando o Von Trier resolve fazer um espetáculo sobre a insanidade.
Velvet B. é muito bem sucedido, em retratar uma sociedade com pouca ou quase nenhuma moral, e o universo da arte funciona bem como complemento disso. As cenas de horror são apenas uma analogia a todo o caos, daquelas pessoas, ai gente...
Lanthimos orquestra muito bem o horror, com uma história que embrulha, pela esquisitice mas também, genialidade. A busca por uma explicação óbvia me parece patético, por que o mise-en-scène que muito importa tá aqui, e dialoga com simbolismos, pontos de vistas. Além de ser muito bom ver a Nicole Kidman em um projeto tão transgressor como O sacrifício do cervo sagrado.
Como Nossos Pais é um dos maiores filmes de representatividade feminina dos últimos tempos... Não é somente sobre a mulher moderna, e os seus problemas de hoje. Laís Bodanzky mexe com passado, presente e futuro, da figura feminina, que aqui é frágil e poderosa, numa Maria Ribeiro/Rosa que esmiúça, questiona, duvida e quer.
Acredito que esse é o filme mais realista, já realizado, sobre esse assunto tão polêmico. Somos apresentados a vários ângulos, inúmeras verdades, incontáveis mentiras... Laura Dern conduz a sua Jenni num tipo de campo minado, ou areia movediça, onde não sobra pra nenhum personagem. Pontos de vistas, opiniões, traumas... Tudo engole, destroça. Caótico.
A principio, Tully não diz muita coisa. Há aquelas piadas rápidas e burras em muitos dialogos, como se tudo ali fosse um talk show, além daquela superficialidade do irmão rico e sua mulher fútil... Bem descartável. Fora esses escorregões, Reitman personifica de modo singular e aprimorado: passado, presente e futuro, usando a maternidade como fio condutor. A sensação agridoce, que é a que fica, talvez seja a mesma que temos sobre a vida.
O grande trunfo desse filme, está sem dúvidas na atuação revelante de Marine Vacth. Ela segura o roteiro desestabilizado - que aqui funciona -, completamente a seu favor. Sua Chloé é neurótica, dúbia, complexa. A direção de Ozon é marcante, é clara a sua intenção em criar uma atmosfera erótica, perturbadora, mística, com direito até pra os gatos e seus charmes, assim como a fascinação por gêmeos. Uma orquestra afinada sobre a mente, o horror do passado, o caos das relações humanas. Sublime.
Tem o Garrel interpretando um Godard ácido, louco e agradável, é verdade. Mas a Stacy é um brilho a parte, ou melhor, que está em cada parte do filme. Sua personagem é confusa, charmosa, inteligente. Não á toa escolheram essa época específica da vida do cineasta.
Um filme denso, com olhar triste sobre as relações humanas. Perry faz dos diálogos o seu trunfo, num jogo esquisito, onde os personagens são expostos, desmascarados. Grande Saída é um sopro de entusiasmo a essa cena americana independente.
Menos enigmático e metafórico, Haneke parece atirar para todos os lados, afim de contar as duras histórias que marcam seus personagens. Sem resoluções fáceis, melodramas e maniqueísmos, Haneke pinta um quadro difícil sobre aquelas pessoas, que parecem estar a espera de um possível final feliz.
PTA vai até a requintada Londres, dos anos 50, pra nos contar uma história de obsessão. Mas aqui, a obsessão é humanizada, destrinchada. Os personagens são construídos e desconstruídos, a todo momento, a cada cena, numa busca que parece querer expor, o mais íntimo deles. Mesmo que seja impossível romantizar esse íntimo.
Esse viés europeu, com narrativa e estética minimalista, visando construir um filme atmosférico, enquanto os personagens são sutilmente lapidados, funciona. As personagens Irenes são o clímax, a catarse de tudo.
Esse filme merece toda a atenção do mundo. Lady Bird retrata as relações humanas com tamanha naturalidade e empatia, em cenas que fluem e emocionam em muitos momentos, tamanha a identificação. Greta tem um olhar especial, como se estivesse contando a vida dela em 2002. Acredito que ela sabia que a Saoirse desempenharia muito bem, esse possível alter ego de suas memórias.
O cinema do Baumbach é um e o do Allen, completamente outro. Meyerowitz pode soar verborrágico e falastrão, mas há um retrato bonito, delineado e sarcástico, sobre todos os demônios que rondam um nucleo familiar.
Sofia Coppola literalmente pinta, um retrato difícil sobre a feminilidade. O verdadeiro horror da guerra encontra-se no controverso universo dessas mulheres.
Muito medo e receio por ter a plena certeza de que mesmo após 16 anos de lançado, O Bicho de Sete Cabeças consegue ser ainda tão atual e pungente. A mídia continua alienadora, o vicio da maconha ainda é muito demonizado, apesar de toda a comprovação cientifica da erva (coisa que em 2001 ninguém sabia), e a inversão do conhecimento do que é sanidade. Estamos passando por regressos.
Nossa... Os personagens e as situações entre eles, são tão bem construídos, que a sucessão de cenas bizarras (ou absurdas) ficam aceitáveis e compreensíveis. O filme da estreante diretora Julia Ducornau, tem um quê de Lars Von Trier, mas sem o lirismo, apenas carregado daquele cinema francês expressionista e frio. Caótico.
Quem conhece a filmografia do Jim, sabe que Paterson foi o seu filme de maior orçamento. Isso é nítido. Apesar de todo esse investimento da indústria norte americana, Jamursch não deixa de lado o seu cinema autoral... Sim, ele está menos sombrio, sem aquele tom quase que esquisito. Mas seu olhar delicado acerca de tudo, inclusive sobre a rotina de um homem que mora numa cidade interiorana, é de uma simplicidade grandiosa. É um filme que consegue dizer até mais do que poesias escritas. É a poesia em movimento. Lindo!
Por trás de todo esse simbolismo materialista e as analogias constantes no filme, sobre espiritismo, e fantasmas... Há uma critica social. E a Kristen, como atriz, como pessoa, representa bem esse desespero em que vivemos. A atriz está tão sublime e bem dirigida por Assayas, que consegue transformar, cenas triviais entre trocas de mensagens por celular, em admiráveis planos. Assayas quis apontar o dedo pra a sociedade, talvez da forma mais abstrata (rs!) possível. Mas conseguiu.
Marion Cotillard está debruçada nessa personagem... Isso é nítido desde a primeira cena. Mas quando eu vi, essa maravilhosa atriz em um plano, deitada sob as águas, chorando, sofrendo por Gabrielle, eu pude sentir o quão grande ela é. Maravilhosa.
O cinema mundial PRECISA de filmes assim... que retratem as mulheres e suas várias facetas emocionais, na sua forma mais pura e simples. Uma homenagem a esse sexo nada frágil.
A Favorita
3.9 1,2K Assista AgoraA premissa me soou muito clichê, a principio (mais um filme sobre mulheres e suas intrigas na época colonial?), mas Lanthimos é um diretor muito inteligente, que consegue lidar com três personagens difíceis, e extraindo delas performances clássicas. A Favorita é um novo tipo de clássico. E mesmo em alguns momentos, onde tudo parece estar mastigado, uma impressão mais comercial, talvez, sensação que logo passa, por que é óbvia, a singularidade do cinema de Lanthimos.
a Emma Stone interpretava uma sociopata?
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraVon Trier que já explorou todo tipo de universo, obscuro do ser humano, com uma lista de personagens sádicos, e completos em tudo, traz Jack como o seu sociopata assumido. Ok, o filme é todo sobre Jack e ele é superestimado. Mas se Von Trier resolve entrar na mente de um insano, as cenas perturbadoras, angustiantes, são óbvias e maravilhosas. É um horror sofisticado, com direito a discussões sobre religião, arte, moral. Há uma critica aqui e outra acolá, sobre racismo, até machismo. Ah, a participação da Uma Thurman é essencial, as sequências com ela são muito curiosas.
Bem, eu gosto quando o Von Trier resolve fazer um espetáculo sobre a insanidade.
Toda Arte é Perigosa
2.6 496 Assista AgoraVelvet B. é muito bem sucedido, em retratar uma sociedade com pouca ou quase nenhuma moral, e o universo da arte funciona bem como complemento disso. As cenas de horror são apenas uma analogia a todo o caos, daquelas pessoas, ai gente...
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraLanthimos orquestra muito bem o horror, com uma história que embrulha, pela esquisitice mas também, genialidade. A busca por uma explicação óbvia me parece patético, por que o mise-en-scène que muito importa tá aqui, e dialoga com simbolismos, pontos de vistas. Além de ser muito bom ver a Nicole Kidman em um projeto tão transgressor como O sacrifício do cervo sagrado.
Como Nossos Pais
3.8 444Como Nossos Pais é um dos maiores filmes de representatividade feminina dos últimos tempos... Não é somente sobre a mulher moderna, e os seus problemas de hoje. Laís Bodanzky mexe com passado, presente e futuro, da figura feminina, que aqui é frágil e poderosa, numa Maria Ribeiro/Rosa que esmiúça, questiona, duvida e quer.
O Conto
4.1 339 Assista AgoraAcredito que esse é o filme mais realista, já realizado, sobre esse assunto tão polêmico. Somos apresentados a vários ângulos, inúmeras verdades, incontáveis mentiras... Laura Dern conduz a sua Jenni num tipo de campo minado, ou areia movediça, onde não sobra pra nenhum personagem. Pontos de vistas, opiniões, traumas... Tudo engole, destroça. Caótico.
Tully
3.9 562 Assista AgoraA principio, Tully não diz muita coisa. Há aquelas piadas rápidas e burras em muitos dialogos, como se tudo ali fosse um talk show, além daquela superficialidade do irmão rico e sua mulher fútil... Bem descartável. Fora esses escorregões, Reitman personifica de modo singular e aprimorado: passado, presente e futuro, usando a maternidade como fio condutor. A sensação agridoce, que é a que fica, talvez seja a mesma que temos sobre a vida.
O Amante Duplo
3.3 107O grande trunfo desse filme, está sem dúvidas na atuação revelante de Marine Vacth. Ela segura o roteiro desestabilizado - que aqui funciona -, completamente a seu favor. Sua Chloé é neurótica, dúbia, complexa. A direção de Ozon é marcante, é clara a sua intenção em criar uma atmosfera erótica, perturbadora, mística, com direito até pra os gatos e seus charmes, assim como a fascinação por gêmeos. Uma orquestra afinada sobre a mente, o horror do passado, o caos das relações humanas. Sublime.
O Formidável
3.7 66 Assista AgoraTem o Garrel interpretando um Godard ácido, louco e agradável, é verdade. Mas a Stacy é um brilho a parte, ou melhor, que está em cada parte do filme. Sua personagem é confusa, charmosa, inteligente. Não á toa escolheram essa época específica da vida do cineasta.
Grande Saída
3.1 10 Assista AgoraUm filme denso, com olhar triste sobre as relações humanas. Perry faz dos diálogos o seu trunfo, num jogo esquisito, onde os personagens são expostos, desmascarados. Grande Saída é um sopro de entusiasmo a essa cena americana independente.
Happy End
3.5 93 Assista AgoraMenos enigmático e metafórico, Haneke parece atirar para todos os lados, afim de contar as duras histórias que marcam seus personagens. Sem resoluções fáceis, melodramas e maniqueísmos, Haneke pinta um quadro difícil sobre aquelas pessoas, que parecem estar a espera de um possível final feliz.
Trama Fantasma
3.7 803 Assista AgoraPTA vai até a requintada Londres, dos anos 50, pra nos contar uma história de obsessão. Mas aqui, a obsessão é humanizada, destrinchada. Os personagens são construídos e desconstruídos, a todo momento, a cada cena, numa busca que parece querer expor, o mais íntimo deles. Mesmo que seja impossível romantizar esse íntimo.
As Duas Irenes
3.7 111 Assista AgoraEsse viés europeu, com narrativa e estética minimalista, visando construir um filme atmosférico, enquanto os personagens são sutilmente lapidados, funciona. As personagens Irenes são o clímax, a catarse de tudo.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraEsse filme merece toda a atenção do mundo. Lady Bird retrata as relações humanas com tamanha naturalidade e empatia, em cenas que fluem e emocionam em muitos momentos, tamanha a identificação. Greta tem um olhar especial, como se estivesse contando a vida dela em 2002. Acredito que ela sabia que a Saoirse desempenharia muito bem, esse possível alter ego de suas memórias.
Os Meyerowitz: Família Não se Escolhe (Histórias Novas e Selecionadas)
3.4 257 Assista AgoraO cinema do Baumbach é um e o do Allen, completamente outro. Meyerowitz pode soar verborrágico e falastrão, mas há um retrato bonito, delineado e sarcástico, sobre todos os demônios que rondam um nucleo familiar.
O Estranho que Nós Amamos
3.2 615 Assista AgoraSofia Coppola literalmente pinta, um retrato difícil sobre a feminilidade. O verdadeiro horror da guerra encontra-se no controverso universo dessas mulheres.
Bicho de Sete Cabeças
4.0 1,1K Assista AgoraMuito medo e receio por ter a plena certeza de que mesmo após 16 anos de lançado, O Bicho de Sete Cabeças consegue ser ainda tão atual e pungente. A mídia continua alienadora, o vicio da maconha ainda é muito demonizado, apesar de toda a comprovação cientifica da erva (coisa que em 2001 ninguém sabia), e a inversão do conhecimento do que é sanidade. Estamos passando por regressos.
Grave
3.4 1,1KNossa... Os personagens e as situações entre eles, são tão bem construídos, que a sucessão de cenas bizarras (ou absurdas) ficam aceitáveis e compreensíveis. O filme da estreante diretora Julia Ducornau, tem um quê de Lars Von Trier, mas sem o lirismo, apenas carregado daquele cinema francês expressionista e frio. Caótico.
Paterson
3.9 353 Assista AgoraQuem conhece a filmografia do Jim, sabe que Paterson foi o seu filme de maior orçamento. Isso é nítido. Apesar de todo esse investimento da indústria norte americana, Jamursch não deixa de lado o seu cinema autoral... Sim, ele está menos sombrio, sem aquele tom quase que esquisito. Mas seu olhar delicado acerca de tudo, inclusive sobre a rotina de um homem que mora numa cidade interiorana, é de uma simplicidade grandiosa. É um filme que consegue dizer até mais do que poesias escritas. É a poesia em movimento. Lindo!
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraPor trás de todo esse simbolismo materialista e as analogias constantes no filme, sobre espiritismo, e fantasmas... Há uma critica social. E a Kristen, como atriz, como pessoa, representa bem esse desespero em que vivemos. A atriz está tão sublime e bem dirigida por Assayas, que consegue transformar, cenas triviais entre trocas de mensagens por celular, em admiráveis planos.
Assayas quis apontar o dedo pra a sociedade, talvez da forma mais abstrata (rs!) possível. Mas conseguiu.
Um Instante de Amor
3.6 93 Assista AgoraArrebatador!
Marion Cotillard está debruçada nessa personagem... Isso é nítido desde a primeira cena. Mas quando eu vi, essa maravilhosa atriz em um plano, deitada sob as águas, chorando, sofrendo por Gabrielle, eu pude sentir o quão grande ela é. Maravilhosa.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraMuito atmosférico e bem arquitetado, mesmo que no fim das contas, tenha se perdido em ficção cientifica, maniqueísmo e aquele final óbvio.
Na Vertical
3.2 55Utópico. Sujo. Imoral.
Nunca mais assistirei cenas de parto com a mesma emoção, depois desse filme...
Mulheres do Século XX
4.0 415 Assista AgoraO cinema mundial PRECISA de filmes assim... que retratem as mulheres e suas várias facetas emocionais, na sua forma mais pura e simples. Uma homenagem a esse sexo nada frágil.