Impressionei-me com a capacidade de abstração do personagem Léon, é bem à frente das crianças comuns: na cena em que a professora pede para ele analisar a frase que estava no quadro, ele realmente levou a fundo o sentido da palavra "interpretar", em vez da mera análise gramatical. Foi nessa cena que eu fiquei fã do menino.
A profunda angústia consecutiva do costume de representar (ou ser) várias pessoas, de ter várias personalidades e, mesmo tempo não ser ninguém. Ter uma vida não linear, supostamente feliz por não seguir uma rotina, até que se percebe que segue a rotina da não-rotina. Assim como no filme "Macunaíma (1969)", Holy Motors pode ser considerado, por exemplo, como uma metáfora para a identidade do povo brasileiro, que não é concisa por ser muito diversificada. Monsieur Oscar também é uma metáfora para pessoas com distúrbios de personalidade, e a grande angústia de pessoas com tal característica é a de não encontrar o cerne da própria existência, aliás, nesse caso se torna quase impossível. Holy Motors também remete à "Persona" de Bergman, pois o distúrbio de personalidade se mantém através do constante uso de "máscaras" para adaptar-se a novos ambientes e ciclos sociais. Como uma ferramente de defesa. O mais, é teatro invisível de Augusto Boal.
A mãe de Krista acaba criando pra si a ilusão de que a filha é atriz na Califórnia, como esta sempre sonhou. Com isso, a mãe se tranquiliza, pois tudo indicava que o que acontecera à filha fosse algo bem pior. Nesse ponto a gente vê "o grande poder moral de uma ilusão", como disse Machado de Assis em "O Alienista". Sendo assim, não sei se seria muita pretensão qualificar a mãe como psicótica, já que ela "construiu uma casa sobre a areia - sem sustentação - e foi morar dentro dela", diferente do neurótico, que apenas constrói a casa. É uma espécie bem distinta de desequilíbrio mental. No entanto, a mãe precisava criar essa "verdade" para poder dar continuidade à vida, supõe-se que não seja fácil apagar facilmente os grandes traumas que sofremos. Reparem que todos nós estamos sempre fazendo isso, só que em uma dimensão menor; criamos pequenas ilusões que nos aliviam dores de curta duração, diferente da dor de perder uma filha e talvez nunca saber onde ela está. Nunca se sabe como reagiríamos se acontecesse algo semelhante conosco. Talvez se possa dizer que, quanto maior o problema maior o desequilíbrio consecutivo.
No mais, fiquei impressionado com a atuação de Brittany Murphy (acho que ela se destacou bastante) e também as de Rose Byrne e James Franco. Estavam todos ótimos. Também achei que o clima de suspense fora muito bem criado. Ótimo filme.
, por aí... Achei que Brasília ficou bem caracterizada como uma cidade parada, sem nada pra fazer, como Renato Russo dizia. Aliás, acho que por isso tinha a música Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você). Detalhe para a ótima trilha sonora com músicas de Legião, Pistols e até Nancy Sinatra, só senti falta de Smiths, já que Renato gostava tanto.
Ao ver esse filme, lembrei de um diálogo de "Holy Motors" (Leos Carax) que é mais ou menos assim: "Morrer é bom, mas na morte não existe amor". É algo associável a um dos pensamentos de Paloma já próximo do fim do filme:
"É isto que é a morte? Você não vê mais aqueles que ama, não vê mais aqueles que te amam. Se morrer é assim, é realmente trágico como as pessoas dizem."
A ideia inicial é bacana, os objetivos do grupo são instigantes, as cenas em que eles realizam as performances são ótimas, mas faltou sentido em algumas partes. Acho que poderia ter sido bem melhor tecnicamente.
as modelos, o velho da loja de antiguidades, os mímicos, a platéia no show do Yardbirds, as pessoas que realmente estavam chapadas na casa onde Ron estava, Verushka dizendo que estava em Paris, até o cadáver estava. Tudo é muito subaquático!
Todos nós temos um albergue dentro da nossa cabeça. Um abrigo de várias pessoas com diferentes personalidades, cada uma tomando o direito de falar ou agir em algum momento, às vezes, várias ao mesmo tempo.
Esse filme é uma ótima metáfora para mostrar isso.
O álbum "Transformer" é incrível, Lou Reed também, esse doc também. Goodnight Ladies é realmente uma música genial e me lembra muito a "Alabama Song", gravada por the Doors. E Walk on the wild side é o sentido da vida! uhauahuaha (Só uma opinião)
A intenção do diretor, ao fazer esse filme, não era criar suspense ou terror, está longe disso. A proposta é algo muito maior do que um mero suspense. Esta história é uma alternativa de como levar uma vida agradável isolando-se da sociedade. Uma alternativa, o que incluiu os meios de consegui-la e mantê-la. Na vila existe um conselho de anciões, os quais são responsáveis pela manutenção da lenda de que na floresta que os cerca existem criaturas conhecidas como “aqueles de quem não falamos”. Essas criaturas são o “modo” pelo qual as pessoas se mantêm sempre na vila, nunca saem para dentro da floresta, pois as criaturas que lá estão irão atacar aquele que se atrever a tal ato. Alguns dos moradores da vila, antes de irem viver lá, moravam na cidade, onde aconteceram certas tragédias com parentes deles: o estupro e assassinato da filha de uma das mulheres, o seqüestro do marido de outra, outro parente que foi morto com um tiro no olho por um drogado. Acontecimentos como estes motivou essas pessoas a buscarem uma vida isolada das cidades, em outras palavras, da sociedade (o que não elimina o fato de a vila ser uma "mini-sociedade"). Encontraram um refúgio perfeito na vila cercada pela floresta. A história em nenhum momento parte para a fantasia ou para o absurdo, exceto pelo comportamento dos anciões que mantém o segredo da floresta, mas mesmo assim, não os considero loucos ou algo do tipo. Eles estão protegendo uma teoria, uma forma de convívio passada de gerações em gerações. Mas inevitavelmente fica a questão: os anciões se mantêm isolados por vontade própria, isso é fato, mas é eticamente ou moralmente legal impor essa “teoria” aos mais jovens que ainda estão formando sua opinião ou forma de pensar? Não seria sensato mostrar a verdadeira história e deixar que os mais jovens decidissem onde e de que forma querem viver? Até que ponto vai o direito de um pai em relação ao controle que este tem sobre o filho? Já perto do fim do filme, o diretor indiano deixou um rastro de esperança quando, ao cruzar o muro e encontrar o jovem guarda florestal, Ivy diz a este: “Você tem bondade na voz. Eu não esperava isso”. A surpresa contida neste diálogo é fruto da concepção que Ivy havia formado sobre as pessoas da cidade. De forma alguma ela esperava esse tipo de comportamento vindo das pessoas que ela encontraria. Provavelmente o diretor quis passar ao espectador a mensagem de que ainda acontecem coisas boas na sociedade, do mesmo que também acontecem coisas ruins na vila, como a morte da criança de sete anos (cena inicial). “Somos movidos por esperança, mas não podemos evitar o sofrimento”. Além disso, num dos diálogos dos anciões, o pai de Ivy diz: “o mundo se move por amor”.
Sete Vidas
4.1 14 Assista AgoraAquela situação meio Kafka de amanhecer transformado sem maiores esclarecimentos kkkkkk
Não Sou Eu, Eu Juro!
4.4 579Impressionei-me com a capacidade de abstração do personagem Léon, é bem à frente das crianças comuns: na cena em que a professora pede para ele analisar a frase que estava no quadro, ele realmente levou a fundo o sentido da palavra "interpretar", em vez da mera análise gramatical. Foi nessa cena que eu fiquei fã do menino.
Holy Motors
3.9 651 Assista AgoraA profunda angústia consecutiva do costume de representar (ou ser) várias pessoas, de ter várias personalidades e, mesmo tempo não ser ninguém. Ter uma vida não linear, supostamente feliz por não seguir uma rotina, até que se percebe que segue a rotina da não-rotina. Assim como no filme "Macunaíma (1969)", Holy Motors pode ser considerado, por exemplo, como uma metáfora para a identidade do povo brasileiro, que não é concisa por ser muito diversificada. Monsieur Oscar também é uma metáfora para pessoas com distúrbios de personalidade, e a grande angústia de pessoas com tal característica é a de não encontrar o cerne da própria existência, aliás, nesse caso se torna quase impossível. Holy Motors também remete à "Persona" de Bergman, pois o distúrbio de personalidade se mantém através do constante uso de "máscaras" para adaptar-se a novos ambientes e ciclos sociais. Como uma ferramente de defesa.
O mais, é teatro invisível de Augusto Boal.
Léo e Bia
4.2 146"Se o homem se controla, a mulher não engravida". Vai nessa. uhauhauahauha
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraTô aprendendo de vez a não confiar demais nas médias gerais do filmow
A Garota Morta
3.2 133 Assista AgoraApós ler os comentários abaixo, quero dizer que acho que a mensagem deste filme está sendo subestimada.
A mãe de Krista acaba criando pra si a ilusão de que a filha é atriz na Califórnia, como esta sempre sonhou. Com isso, a mãe se tranquiliza, pois tudo indicava que o que acontecera à filha fosse algo bem pior. Nesse ponto a gente vê "o grande poder moral de uma ilusão", como disse Machado de Assis em "O Alienista". Sendo assim, não sei se seria muita pretensão qualificar a mãe como psicótica, já que ela "construiu uma casa sobre a areia - sem sustentação - e foi morar dentro dela", diferente do neurótico, que apenas constrói a casa. É uma espécie bem distinta de desequilíbrio mental. No entanto, a mãe precisava criar essa "verdade" para poder dar continuidade à vida, supõe-se que não seja fácil apagar facilmente os grandes traumas que sofremos. Reparem que todos nós estamos sempre fazendo isso, só que em uma dimensão menor; criamos pequenas ilusões que nos aliviam dores de curta duração, diferente da dor de perder uma filha e talvez nunca saber onde ela está. Nunca se sabe como reagiríamos se acontecesse algo semelhante conosco. Talvez se possa dizer que, quanto maior o problema maior o desequilíbrio consecutivo.
No mais, fiquei impressionado com a atuação de Brittany Murphy (acho que ela se destacou bastante) e também as de Rose Byrne e James Franco. Estavam todos ótimos. Também achei que o clima de suspense fora muito bem criado. Ótimo filme.
O Sanduíche
4.1 66Seria ótimo!
http://portacurtas.org.br/filme/?name=o_sanduiche
O Artista
4.2 2,1K Assista AgoraNa dúvida, não brinque com armas e tenha sempre um cachorro por perto. =]
Filme lindo!!!
Faroeste Caboclo
3.2 2,4KAchei que tinha um pouco de "Scarface" (De Palma), "Romeu e Julieta"
(porque eles morrem juntos)
(Muuuuuita droga uhauahuah)
Achei que Brasília ficou bem caracterizada como uma cidade parada, sem nada pra fazer, como Renato Russo dizia. Aliás, acho que por isso tinha a música Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você).
Detalhe para a ótima trilha sonora com músicas de Legião, Pistols e até Nancy Sinatra, só senti falta de Smiths, já que Renato gostava tanto.
O Cangaceiro
3.8 78Uma mistura de Tarantino com Rachel de Queiroz e Guimarães Rosa
Em Busca de Deus
2.1 42Tem um pequeno toque de amadorismo nesse filme, mas bem pequeno. kkkkkkk
Em Busca de Deus
2.1 42Esse filme é baseado no conto "O cara", de Woody Allen. Tá no livro "Cuca Fundida".
Porta dos Fundos: Cocaina
3.5 2esse medicamento causa um milhão de problemas... e coriza. uhauhauahuahauah
O Pulso
3.8 6"morto para sempre"
O Porco Espinho
4.3 366Ao ver esse filme, lembrei de um diálogo de "Holy Motors" (Leos Carax) que é mais ou menos assim: "Morrer é bom, mas na morte não existe amor". É algo associável a um dos pensamentos de Paloma já próximo do fim do filme:
"É isto que é a morte? Você não vê mais aqueles que ama, não vê mais aqueles que te amam. Se morrer é assim, é realmente trágico como as pessoas dizem."
Achei o roteiro desse filme genial!
O Som do Ruído
3.8 70A ideia inicial é bacana, os objetivos do grupo são instigantes, as cenas em que eles realizam as performances são ótimas, mas faltou sentido em algumas partes. Acho que poderia ter sido bem melhor tecnicamente.
O Amor aos Vinte Anos
4.1 47Eu daria nota 5 para Antoine e Colette, 4,5 para os curtas de Varsovie e Münich, e 4 para os demais. Todos são belas histórias!
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraCara, parece que todo mundo nesse filme tá chapado:
as modelos, o velho da loja de antiguidades, os mímicos, a platéia no show do Yardbirds, as pessoas que realmente estavam chapadas na casa onde Ron estava, Verushka dizendo que estava em Paris, até o cadáver estava. Tudo é muito subaquático!
Inside
4.4 120Todos nós temos um albergue dentro da nossa cabeça. Um abrigo de várias pessoas com diferentes personalidades, cada uma tomando o direito de falar ou agir em algum momento, às vezes, várias ao mesmo tempo.
Lou Reed: Transformer
4.4 7O álbum "Transformer" é incrível, Lou Reed também, esse doc também.
Goodnight Ladies é realmente uma música genial e me lembra muito a "Alabama Song", gravada por the Doors.
E Walk on the wild side é o sentido da vida! uhauahuaha (Só uma opinião)
O Profissional
4.3 2,2K Assista Agora"he said: go back inside"
http://www.youtube.com/watch?v=DdbatVq_E0k&list=FLCkrAItPn8pqBA3JBEgcE_g&index=1
Mister Lonely
3.8 104Cena memorável de Buckwheat:
http://www.youtube.com/watch?v=RsdB8QpE17c&list=FLCkrAItPn8pqBA3JBEgcE_g&index=1
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraGostei muuuito de ver o sotaque de Recife (que inclusive parece com o meu) nesse filme!
A Vila
3.3 1,6KA intenção do diretor, ao fazer esse filme, não era criar suspense ou terror, está longe disso. A proposta é algo muito maior do que um mero suspense. Esta história é uma alternativa de como levar uma
vida agradável isolando-se da sociedade. Uma alternativa, o que incluiu os
meios de consegui-la e mantê-la. Na vila existe um conselho de anciões, os
quais são responsáveis pela manutenção da lenda de que na floresta que os cerca existem criaturas conhecidas como “aqueles de quem não falamos”. Essas criaturas são o “modo” pelo qual as pessoas se mantêm sempre na vila, nunca saem para dentro da floresta, pois as criaturas que lá estão irão atacar aquele que se atrever a tal ato.
Alguns dos moradores da vila, antes de irem viver lá, moravam na cidade, onde aconteceram certas tragédias com parentes deles: o estupro e assassinato da filha de uma das mulheres, o seqüestro do marido de
outra, outro parente que foi morto com um tiro no olho por um drogado.
Acontecimentos como estes motivou essas pessoas a buscarem uma vida isolada das cidades, em outras palavras, da sociedade (o que não elimina o fato de a vila ser uma "mini-sociedade"). Encontraram um refúgio perfeito na vila cercada pela floresta. A história em nenhum momento parte para a fantasia ou para o absurdo, exceto pelo comportamento dos anciões que mantém o segredo da floresta, mas mesmo assim, não os considero loucos ou algo do tipo. Eles estão protegendo uma teoria, uma forma de convívio passada de gerações em gerações. Mas inevitavelmente fica a questão: os anciões se mantêm isolados por vontade própria, isso é fato, mas é eticamente ou moralmente legal impor essa “teoria” aos mais jovens que ainda estão formando sua opinião ou forma de pensar? Não seria sensato mostrar a verdadeira história e deixar que os mais jovens decidissem onde e de que forma querem viver? Até que ponto vai o direito de um pai em relação ao controle que este tem sobre o filho?
Já perto do fim do filme, o diretor indiano deixou um rastro de esperança quando, ao cruzar o muro e encontrar o jovem guarda florestal, Ivy
diz a este: “Você tem bondade na voz. Eu não esperava isso”. A surpresa contida neste diálogo é fruto da concepção que Ivy havia formado sobre as pessoas da cidade. De forma alguma ela esperava esse tipo de comportamento vindo das pessoas que ela encontraria. Provavelmente o diretor quis passar ao espectador a mensagem de que ainda acontecem coisas boas na sociedade, do mesmo que também acontecem coisas ruins na vila, como a morte da criança de sete anos (cena inicial). “Somos movidos por esperança, mas não podemos evitar o sofrimento”.
Além disso, num dos diálogos dos anciões, o pai de Ivy diz: “o mundo se move por amor”.