A Andréa Beltrão está muito bem, mas é um típico filme biográfico chapa-branca que não vai muito além da ideia de fazer homenagens. Faltou um objetivo maior. Você não identifica um arco interessante da história e nem uma grande transformação ou jornada da Hebe, com as camadas e conflitos dela sendo exploradas de forma mais inteligente, como aconteceu no filme Bingo, que dá uma aula em todos esses quesitos.
O filme não é ruim, mas é muito "cartilha de choro", seguindo as fórmulas pra forçar o público a se emocionar.
Tinha tudo pra me pegar, até porque a história é bem parecida com a de À Espera de um Milagre, que é um dos meus filmes favoritos. Só que o dramalhão me incomodou um pouco, e eu prefiro os filmes que emocionam de forma mais fria e natural.
Mas a grande maioria das pessoas que assistirem a esse filme deve aprovar e se emocionar fácil, até porque foi feito pra isso mesmo.
Que pérola do cinema indiano. Me surpreendi! São tantos plot twists que chega a ser engraçado em alguns momentos, mas como o filme tem um certo tom de comédia, ele não parece se levar muito sério mesmo.
Achei a animação poética, mas sem uma grande história e apenas OK. Só me supreendi descobrindo que os militantes não descansam e já acharam motivo pra problematizar até essa animação e chamar o protagonista de "tóxico", como se as pessoas fossem se transformar em alguma coisa por causa desse filme. Impressionante como tem gente que encontra problema em praticamente tudo que assiste hoje em dia e julga de acordo com isso. Essa patrulha do politicamente correto é surreal!
Sempre desconfio de matérias que dizem que tal filme "está fazendo as pessoas passarem mal" assistindo. Quando você vai assistir, não tem nada demais e descobre que é puro marketing...
O início desse filme é perturbador. Assisti a outros longas cristãos da Pureflix e fiquei surpreso com o tom desse. Mas a intenção foi justamente essa, de chamar a atenção pro tema principal impressionando o público e tentando provocar o mesmo choque que a protagonista teve quando viu um aborto pela primeira vez, até porque, muita gente que defende isso, não tem noção real da crueldade que é.
Mas é essencial que esse filme seja visto por mais pessoas, pra provocar uma reflexão maior sobre o tema, até porque é raro ter produções que discutem o aborto pelo ponto de vista de quem é contra.
O filme levanta questões importantes, mas tem um estilo muito convencional e às vezes até meio caricato. Senti falta de mais sacadas inteligentes, principalmente por abordar temas tão pesados. A duração também é um pouco desproporcional. Poderia ter meia hora a menos. Bom filme, mas nada excepcional.
Não sou fã de filmes blockbusters, rasos, convencionais ou de super-heróis, mas sempre defendo que cinema é acima de tudo entretenimento. O filme é simples, faz com que você crie uma empatia com essa simplicidade do cotidiano; os personagens e os atores são carismáticos, e traz uma representatividade natural, sem panfletagem ou discurso forçado. Mas a estética é muito crua e a narrativa enfadonha.
Não arrancaria pedaço pelo menos criar um arco mais dinâmico, que ao mesmo tempo em que abordasse esse cotidiano e simplicidade, oferecesse um pouco mais de ação e emoção. Pra ver o que o filme mostrou, eu só preciso sair na rua.
Cada um tem seu gosto, mas eu busco mais do que o retrato cotidiano nu e cru num filme de ficção. Roma e Cafarnaum são bons exemplos recentes disso.
É o melhor filme que já vi até hoje! Vencedor de todas as principais categorias do Oscar e com justiça. Tudo aqui funciona: das atuações até a parte de roteiro e direção. É um filme cheio de significados, que te faz rir, chorar sentir ódio e apreensão. É cinema em alto nível!
É um absurdo que haja pessoas hoje que queiram menosprezar e problematizar o filme porque a enfermeira Ratched é considerada uma vilã sádica, sendo que ELA É uma vilã sádica, e aliás, uma das melhores vilãs da história do cinema. O que acontece é que o trabalho de roteiro e de interpretação da Louise Fletcher são tão sutis que pode deixar a impressão de que ela é apenas uma mulher rígida e fria que quer manter o controle daquela instituição, mas não. Isso é o superficial, a "camuflagem" que ela utiliza pra suas maldades. Há cenas onde isso fica mais claro, como:
- as das reuniões que ela faz com os internos e os desestabiliza aos poucos, fazendo perguntas indiscretas diante de todo mundo. Ela sabe que aquilo os afeta, e mesmo eles demonstrando incômodo, ela insiste. Não fica explicito, justamente pelo ótimo trabalho de roteiro e de atuação, mas há a sugestão de que ela sente uma espécie de prazer fazendo aquilo.
- isso sem falar no clímax do filme, quando ela sabe exatamente o problema do Billy, e mesmo assim o ameaça, provocando o seu suicídio. É revoltante, e a reação do McMurphy, ao pular no pescoço dela, também é o sentimento e a vontade que muita gente teve vendo ao filme naquele momento.
Acredito, aliás, que a personagem é uma personificação da relação de abuso, poder e manipulação que ocorria (ou ainda ocorre) em muitas dessas instituições para doentes mentais, onde os internos sofrem com maus tratos, que acabam sendo mascarados publicamente.
Jack Nicholson dá um show de atuação, a exemplo de Louise Fletcher. O elenco de apoio também está ótimo, bastante convivente e carismático na pele dos outros internos.
- Os jogos de basquete tem um significado bonito e bastante forte pra história. É ali onde o Chefe começa a criar um vínculo forte com o McMurphy e se sente confiante e útil pela primeira vez.
- A sequência em que o McMurphy leva os internos pra pescar num barco é hilariante. Me acabei de rir na cena em que a Candy pergunta se eles são loucos e o Cheswick faz que sim com a cabeça.
- Um Estranho no Ninho não é uma tradução literal do título, mas é uma das raras vezes em que a tradução para o Brasil ficou melhor do que o original. Porque Um Estranho no Ninho não faz referência só ao McMurphy, que se finge de louco entre os loucos, esse título faz referência a todos os internos, que individualmente são um estranho na sociedade.
- Na primeira vez em que assisti, o desfecho do McMurphy não me agradou muito. Mas pensando depois e revendo o filme, entendi que o papel dele foi cumprido. Porque no livro, no qual o filme é baseado, o protagonista é o Chefe. Então faz sentido o papel secundário do McMurphy de encorajá-lo e fazê-lo reconhecer sua força para finalmente enfrentar a sociedade. É uma cena bonita e muito simbólica.
Se está em dúvida sobre ver ou não o filme e encarar as mais de duas horas, digo que assista sem medo, pois mesmo que não aprove a história ou o ritmo dela, você vai no mínimo estar conferindo grandes atuações e um excelente roteiro. E para quem já viu e não gostou muito, sugiro que reveja, prestando atenção aos detalhes, as sutilezas e os significados da narrativa. Sem dúvidas, é um dos melhores filmes da história.
É uma mistura de True Detective com algum filme sobre Lampião e Maria Bonita.
Achei interessante a perspectiva do filme. Não é sobre os policiais e nem sobre os criminosos, é sobre o "fã clube" dos bandidos. Lampião e Maria Bonita também eram vistos como heróis por muita gente, e curiosamente nessa mesma época de Bonnie e Clyde.
Acho esse filme um pouco injustiçado. É clichê, previsível, o roteiro e as atuações são fracas e até irritantes, mas o filme entrega o que se propõe no sentindo de atmosfera. O sentimento de claustrofobia, labirinto e apreensão que ele te gera, com os personagens presos dentro do manicômio no escuro, é um negócio impressionante. Pra mim, pelo menos, valeu por isso.
(Pra quem pensa em assistir a sequência dele, esqueçam. É terrível. O conjunto é tão fraco e absurdo que nem a atmosfera consegue salvar o filme).
Quem é fã do terror ou do suspense mais tradicional e comercial, com jump scares a todo momento, pode se decepcionar com o ritmo mais cadenciado de Lake Mungo. Mas pra quem curte uma produção independente que foge do convencional, esse filme é um prato cheio.
E isso sem falar que ele traz uma das cenas MAIS ASSUSTADORAS que eu já vi em filmes de terror. E talvez ela funcione tão bem justamente por causa desse ritmo mais cadenciado do filme, então quando a cena é apresentada, você não está preparado para aquilo.
A direção não estava muito inspirada e roteiro não é lá grande coisa. Investe demais em clichês e torna a história previsível. Mas o filme ainda conseguiu me arrancar lágrimas e me fez lembrar do por que eu sou fã de Rocky, que é uma franquia sobre boxe, mas o boxe é o que menos importa. É inspirador e emocionante.
Quem não é fã da franquia ou pegou esse filme de forma avulsa, talvez não vá ser tocado e entender o que eu tô falando, mas quem for, tem grande chance de se emocionar.
E espero que em 2020 corrijam a injustiça e dêem logo o Oscar pro Stallone.
O Ricardo Darín é, definitivamente, um dos melhores atores que eu já vi. E a qualidade do cinema argentino me surpreende mais a cada filme que eu vejo. Como o Brasil conseguiu ficar tão pra trás?
Sobre o filme, os diálogos são incríveis, tem boas sacadas e consegue te prender bem. Mas o plot twist no final me incomodou um bocado. Quando você recapitula toda a história, depois da reviravolta, percebe que tem alguns furos (ou coisas que eu, pelo menos, não consegui entender até agora), situações mirabolantes demais ou que dão uma certa forçada.
Acredito que filmes com um bom plot twist no final não precisam de algo tão mirabolante, como O Sexto Sentido, que após a reviravolta, você percebe que tudo se encaixa perfeitamente nos detalhes, e que foi apenas uma mudança de perspectiva da história.
Visualmente, o filme é irretocável. A fotografia e ambientação são caprichadas. Mas infelizmente se resume a isso. A história é "fria" como o título. Não cativa, não traz grandes emoções, assim como os personagens, que têm conflitos extremamente intimistas. Chega a soar até pretensioso em alguns momentos.
Vi algumas pessoas falando que o diretor fez o filme com apenas 1h20 pra boa parte do público não dormir antes do desfecho ou porque não tinha história suficiente pra mais do que isso -- ou nem pra isso. Olha que estou quase concordando com essa teoria.
Sério que vai aparecer gente querendo militar em cima de um documentário sobre montanhismo, rebaixando o filme porque acha que o personagem central é um "sociopata" e "misógino"? Isso já virou um vício de problematização dessa geração de hoje.
É óbvio que um cara que tem obsessão em escalar uma montanha de mais de 3 mil pés sem cordas não é normal, e o documentário vai além disso, mas apenas registrou a história dele.
É um baita documentário! Uma fotografia impressionante, que registra imagens grandiosas e de pura tensão. É o principal favorito ao Oscar.
Agora se você prestou mais atenção e ficou preocupado em buscar elementos secundários pra querer "lacrar", sinto dizer que perdeu uma grande experiência.
Acredito que filmes como Green Book são muito mais eficientes em sua mensagem de alerta sobre o racismo do que outros como Infiltrado na Klan. Simplesmente porque Green Book é um filme que se preocupa primeiramente em atrair um público mais amplo, inclusive os racistas, fazendo com que eles criem uma empatia pela história e pelos personagens e só depois disso provocar uma reflexão e fazê-los mudar a percepção sobre isso de forma natural e imersiva, vendo o quão absurdo são aquelas situações.
Já Infiltrado na Klan é uma obra extremamente panfletária, feita pra ser aplaudida pra quem já é contra o racismo. É um filme que se preocupa demais com discursos prontos, que pode te tirar da história e não te deixar engajado. O público racista já começa a assistir ao filme pré-indisposto, ou simplesmente nem vê. Então de que vai adiantar a mensagem anti-racista se o filme não vai atingir os racistas como deveria?
Mas, infelizmente, muitos militantes de plantão pensam o contrário e ainda procuram problematizar situações sem nexo: "Ain, o filme é visto pelo ponto de vista de um branco"; "Ain o diretor é branco, então não pode falar de racismo"; "Ain o filme relativizou o racismo, era pra ser mais panfletário e incisivo..."
Pra mim, a proposta ideal para tentar acabar com o PRÉ-conceito e a discriminação, é justamente com obras simples e cativantes como Green Book, que são mais abertas e oferecem entretenimento e reflexão de forma equilibrada.
Sobre o filme em si, achei um pouco arrastado e repetitivo em alguns momentos. Mas no geral, é uma grande obra, com grandes atuações do Viggo Mortensen e do Mahershala Ali, que vai se tornando um dos melhores atores da nova geração. Um detalhe é que em vários momentos achei o Tony Lip uma reencarnação do Tony Soprano.
Hebe: A Estrela do Brasil
3.4 182A Andréa Beltrão está muito bem, mas é um típico filme biográfico chapa-branca que não vai muito além da ideia de fazer homenagens. Faltou um objetivo maior. Você não identifica um arco interessante da história e nem uma grande transformação ou jornada da Hebe, com as camadas e conflitos dela sendo exploradas de forma mais inteligente, como aconteceu no filme Bingo, que dá uma aula em todos esses quesitos.
Uma Vida Oculta
3.9 154Se alguém me dissesse que esse filme é do Tarkovsky eu acreditava.
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista AgoraO filme não é ruim, mas é muito "cartilha de choro", seguindo as fórmulas pra forçar o público a se emocionar.
Tinha tudo pra me pegar, até porque a história é bem parecida com a de À Espera de um Milagre, que é um dos meus filmes favoritos. Só que o dramalhão me incomodou um pouco, e eu prefiro os filmes que emocionam de forma mais fria e natural.
Mas a grande maioria das pessoas que assistirem a esse filme deve aprovar e se emocionar fácil, até porque foi feito pra isso mesmo.
Assassinato às Cegas
3.8 78Que pérola do cinema indiano. Me surpreendi! São tantos plot twists que chega a ser engraçado em alguns momentos, mas como o filme tem um certo tom de comédia, ele não parece se levar muito sério mesmo.
Mais um filmaço fora de Hollywood!
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraFinalmente vou ver o filme que o Chris falou!
Perdi Meu Corpo
3.8 351 Assista AgoraAchei a animação poética, mas sem uma grande história e apenas OK. Só me supreendi descobrindo que os militantes não descansam e já acharam motivo pra problematizar até essa animação e chamar o protagonista de "tóxico", como se as pessoas fossem se transformar em alguma coisa por causa desse filme. Impressionante como tem gente que encontra problema em praticamente tudo que assiste hoje em dia e julga de acordo com isso. Essa patrulha do politicamente correto é surreal!
As Ondas
3.9 164Trey Edward Shults. Guardem o nome desse diretor...
8½
4.3 409 Assista AgoraÉ um dos filmes mais insuportavelmente chatos, pretensiosos e superestimados que já vi.
Testemunha Fantasma
2.4 50 Assista AgoraSempre desconfio de matérias que dizem que tal filme "está fazendo as pessoas passarem mal" assistindo. Quando você vai assistir, não tem nada demais e descobre que é puro marketing...
40 Dias: O Milagre da Vida
3.5 42 Assista AgoraO início desse filme é perturbador. Assisti a outros longas cristãos da Pureflix e fiquei surpreso com o tom desse. Mas a intenção foi justamente essa, de chamar a atenção pro tema principal impressionando o público e tentando provocar o mesmo choque que a protagonista teve quando viu um aborto pela primeira vez, até porque, muita gente que defende isso, não tem noção real da crueldade que é.
Mas é essencial que esse filme seja visto por mais pessoas, pra provocar uma reflexão maior sobre o tema, até porque é raro ter produções que discutem o aborto pelo ponto de vista de quem é contra.
Tarde para la Ira
3.4 59O filme é um pouco arrastado em algumas partes. Tem bons momentos de tensão, mas o final, que poderia ser catártico, é meio broxante.
Tempo de Matar
4.1 568 Assista AgoraO filme levanta questões importantes, mas tem um estilo muito convencional e às vezes até meio caricato. Senti falta de mais sacadas inteligentes, principalmente por abordar temas tão pesados. A duração também é um pouco desproporcional. Poderia ter meia hora a menos. Bom filme, mas nada excepcional.
Cinema Paradiso
4.5 1,4K Assista AgoraEste filme é um exemplo literal da expressão "uma carta de amor ao cinema".
Temporada
3.9 145 Assista AgoraNão sou fã de filmes blockbusters, rasos, convencionais ou de super-heróis, mas sempre defendo que cinema é acima de tudo entretenimento. O filme é simples, faz com que você crie uma empatia com essa simplicidade do cotidiano; os personagens e os atores são carismáticos, e traz uma representatividade natural, sem panfletagem ou discurso forçado. Mas a estética é muito crua e a narrativa enfadonha.
Não arrancaria pedaço pelo menos criar um arco mais dinâmico, que ao mesmo tempo em que abordasse esse cotidiano e simplicidade, oferecesse um pouco mais de ação e emoção. Pra ver o que o filme mostrou, eu só preciso sair na rua.
Cada um tem seu gosto, mas eu busco mais do que o retrato cotidiano nu e cru num filme de ficção. Roma e Cafarnaum são bons exemplos recentes disso.
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista AgoraÉ o melhor filme que já vi até hoje! Vencedor de todas as principais categorias do Oscar e com justiça. Tudo aqui funciona: das atuações até a parte de roteiro e direção. É um filme cheio de significados, que te faz rir, chorar sentir ódio e apreensão. É cinema em alto nível!
É um absurdo que haja pessoas hoje que queiram menosprezar e problematizar o filme porque a enfermeira Ratched é considerada uma vilã sádica, sendo que ELA É uma vilã sádica, e aliás, uma das melhores vilãs da história do cinema. O que acontece é que o trabalho de roteiro e de interpretação da Louise Fletcher são tão sutis que pode deixar a impressão de que ela é apenas uma mulher rígida e fria que quer manter o controle daquela instituição, mas não. Isso é o superficial, a "camuflagem" que ela utiliza pra suas maldades. Há cenas onde isso fica mais claro, como:
- as das reuniões que ela faz com os internos e os desestabiliza aos poucos, fazendo perguntas indiscretas diante de todo mundo. Ela sabe que aquilo os afeta, e mesmo eles demonstrando incômodo, ela insiste. Não fica explicito, justamente pelo ótimo trabalho de roteiro e de atuação, mas há a sugestão de que ela sente uma espécie de prazer fazendo aquilo.
- isso sem falar no clímax do filme, quando ela sabe exatamente o problema do Billy, e mesmo assim o ameaça, provocando o seu suicídio. É revoltante, e a reação do McMurphy, ao pular no pescoço dela, também é o sentimento e a vontade que muita gente teve vendo ao filme naquele momento.
Acredito, aliás, que a personagem é uma personificação da relação de abuso, poder e manipulação que ocorria (ou ainda ocorre) em muitas dessas instituições para doentes mentais, onde os internos sofrem com maus tratos, que acabam sendo mascarados publicamente.
Jack Nicholson dá um show de atuação, a exemplo de Louise Fletcher. O elenco de apoio também está ótimo, bastante convivente e carismático na pele dos outros internos.
Coisas que merecem destaque:
- Os jogos de basquete tem um significado bonito e bastante forte pra história. É ali onde o Chefe começa a criar um vínculo forte com o McMurphy e se sente confiante e útil pela primeira vez.
- A sequência em que o McMurphy leva os internos pra pescar num barco é hilariante. Me acabei de rir na cena em que a Candy pergunta se eles são loucos e o Cheswick faz que sim com a cabeça.
- Um Estranho no Ninho não é uma tradução literal do título, mas é uma das raras vezes em que a tradução para o Brasil ficou melhor do que o original. Porque Um Estranho no Ninho não faz referência só ao McMurphy, que se finge de louco entre os loucos, esse título faz referência a todos os internos, que individualmente são um estranho na sociedade.
- Na primeira vez em que assisti, o desfecho do McMurphy não me agradou muito. Mas pensando depois e revendo o filme, entendi que o papel dele foi cumprido. Porque no livro, no qual o filme é baseado, o protagonista é o Chefe. Então faz sentido o papel secundário do McMurphy de encorajá-lo e fazê-lo reconhecer sua força para finalmente enfrentar a sociedade. É uma cena bonita e muito simbólica.
Se está em dúvida sobre ver ou não o filme e encarar as mais de duas horas, digo que assista sem medo, pois mesmo que não aprove a história ou o ritmo dela, você vai no mínimo estar conferindo grandes atuações e um excelente roteiro. E para quem já viu e não gostou muito, sugiro que reveja, prestando atenção aos detalhes, as sutilezas e os significados da narrativa. Sem dúvidas, é um dos melhores filmes da história.
Estrada Sem Lei
3.6 242 Assista AgoraÉ uma mistura de True Detective com algum filme sobre Lampião e Maria Bonita.
Achei interessante a perspectiva do filme. Não é sobre os policiais e nem sobre os criminosos, é sobre o "fã clube" dos bandidos. Lampião e Maria Bonita também eram vistos como heróis por muita gente, e curiosamente nessa mesma época de Bonnie e Clyde.
Fenômenos Paranormais
2.8 786Acho esse filme um pouco injustiçado. É clichê, previsível, o roteiro e as atuações são fracas e até irritantes, mas o filme entrega o que se propõe no sentindo de atmosfera. O sentimento de claustrofobia, labirinto e apreensão que ele te gera, com os personagens presos dentro do manicômio no escuro, é um negócio impressionante. Pra mim, pelo menos, valeu por isso.
(Pra quem pensa em assistir a sequência dele, esqueçam. É terrível. O conjunto é tão fraco e absurdo que nem a atmosfera consegue salvar o filme).
Lake Mungo
3.2 290Quem é fã do terror ou do suspense mais tradicional e comercial, com jump scares a todo momento, pode se decepcionar com o ritmo mais cadenciado de Lake Mungo. Mas pra quem curte uma produção independente que foge do convencional, esse filme é um prato cheio.
E isso sem falar que ele traz uma das cenas MAIS ASSUSTADORAS que eu já vi em filmes de terror. E talvez ela funcione tão bem justamente por causa desse ritmo mais cadenciado do filme, então quando a cena é apresentada, você não está preparado para aquilo.
Creed II
3.8 540A direção não estava muito inspirada e roteiro não é lá grande coisa. Investe demais em clichês e torna a história previsível. Mas o filme ainda conseguiu me arrancar lágrimas e me fez lembrar do por que eu sou fã de Rocky, que é uma franquia sobre boxe, mas o boxe é o que menos importa. É inspirador e emocionante.
Quem não é fã da franquia ou pegou esse filme de forma avulsa, talvez não vá ser tocado e entender o que eu tô falando, mas quem for, tem grande chance de se emocionar.
E espero que em 2020 corrijam a injustiça e dêem logo o Oscar pro Stallone.
Filhos da Esperança
3.9 940 Assista AgoraComo esse filme não conseguiu levar o Oscar de melhor fotografia? É um dos melhores trabalhos que eu já vi no cinema.
Nove Rainhas
4.2 463 Assista AgoraO Ricardo Darín é, definitivamente, um dos melhores atores que eu já vi. E a qualidade do cinema argentino me surpreende mais a cada filme que eu vejo. Como o Brasil conseguiu ficar tão pra trás?
Sobre o filme, os diálogos são incríveis, tem boas sacadas e consegue te prender bem. Mas o plot twist no final me incomodou um bocado. Quando você recapitula toda a história, depois da reviravolta, percebe que tem alguns furos (ou coisas que eu, pelo menos, não consegui entender até agora), situações mirabolantes demais ou que dão uma certa forçada.
Acredito que filmes com um bom plot twist no final não precisam de algo tão mirabolante, como O Sexto Sentido, que após a reviravolta, você percebe que tudo se encaixa perfeitamente nos detalhes, e que foi apenas uma mudança de perspectiva da história.
Guerra Fria
3.8 326 Assista AgoraVisualmente, o filme é irretocável. A fotografia e ambientação são caprichadas. Mas infelizmente se resume a isso. A história é "fria" como o título. Não cativa, não traz grandes emoções, assim como os personagens, que têm conflitos extremamente intimistas. Chega a soar até pretensioso em alguns momentos.
Vi algumas pessoas falando que o diretor fez o filme com apenas 1h20 pra boa parte do público não dormir antes do desfecho ou porque não tinha história suficiente pra mais do que isso -- ou nem pra isso. Olha que estou quase concordando com essa teoria.
Free Solo
4.1 157 Assista AgoraSério que vai aparecer gente querendo militar em cima de um documentário sobre montanhismo, rebaixando o filme porque acha que o personagem central é um "sociopata" e "misógino"? Isso já virou um vício de problematização dessa geração de hoje.
É óbvio que um cara que tem obsessão em escalar uma montanha de mais de 3 mil pés sem cordas não é normal, e o documentário vai além disso, mas apenas registrou a história dele.
É um baita documentário! Uma fotografia impressionante, que registra imagens grandiosas e de pura tensão. É o principal favorito ao Oscar.
Agora se você prestou mais atenção e ficou preocupado em buscar elementos secundários pra querer "lacrar", sinto dizer que perdeu uma grande experiência.
Green Book: O Guia
4.1 1,5K Assista AgoraAcredito que filmes como Green Book são muito mais eficientes em sua mensagem de alerta sobre o racismo do que outros como Infiltrado na Klan. Simplesmente porque Green Book é um filme que se preocupa primeiramente em atrair um público mais amplo, inclusive os racistas, fazendo com que eles criem uma empatia pela história e pelos personagens e só depois disso provocar uma reflexão e fazê-los mudar a percepção sobre isso de forma natural e imersiva, vendo o quão absurdo são aquelas situações.
Já Infiltrado na Klan é uma obra extremamente panfletária, feita pra ser aplaudida pra quem já é contra o racismo. É um filme que se preocupa demais com discursos prontos, que pode te tirar da história e não te deixar engajado. O público racista já começa a assistir ao filme pré-indisposto, ou simplesmente nem vê. Então de que vai adiantar a mensagem anti-racista se o filme não vai atingir os racistas como deveria?
Mas, infelizmente, muitos militantes de plantão pensam o contrário e ainda procuram problematizar situações sem nexo: "Ain, o filme é visto pelo ponto de vista de um branco"; "Ain o diretor é branco, então não pode falar de racismo"; "Ain o filme relativizou o racismo, era pra ser mais panfletário e incisivo..."
Pra mim, a proposta ideal para tentar acabar com o PRÉ-conceito e a discriminação, é justamente com obras simples e cativantes como Green Book, que são mais abertas e oferecem entretenimento e reflexão de forma equilibrada.
Sobre o filme em si, achei um pouco arrastado e repetitivo em alguns momentos. Mas no geral, é uma grande obra, com grandes atuações do Viggo Mortensen e do Mahershala Ali, que vai se tornando um dos melhores atores da nova geração. Um detalhe é que em vários momentos achei o Tony Lip uma reencarnação do Tony Soprano.