O filme te prende do início ao fim, a narrativa te conduz por vários caminhos diferentes e o final é completamente imprevisível. Os filmes do Oriol Paulo têm esse DNA de reviravoltas bem elaboradas, ao estilo Hitchcock. Recomendo ver também Um Contratempo.
Mas tem dois furos nesse final que faz o plot twist perder força:
Primeiro, que garantias o inspetor tinha de que o Álex ficaria tão apaixonado pela filha dele a ponto de querer matar a esposa? Até porque a ideia partiu do próprio Álex.
E segundo, se a intenção do inspetor também era de matar o Álex, pra que se preocupar em elaborar todo esse plano pra arrancar uma confissão dele e incriminá-lo pela morte da esposa, se depois não vai conseguir justificar a morte do Álex pra polícia?
O filme tem seus problemas, a trama ainda é mirabolante demais, mas o conceito da produção não é tão clichê como eu imaginava. Foge dos jumpscares gratuitos, e as atitudes dos protagonistas são mais coerentes comparadas com as de tantos outros suspenses/terror que tomam sempre decisões infantis.
O filme te deixa tonto com a quantidade de reviravoltas por minuto. Tem mais plot twists do que todas as novelas mexicanas e filmes do Shyamalan que já vi até hoje. Mas é interessante, manipulativo, intenso e bem estruturado. Hitchcock assinaria embaixo.
O filme é um clichê auto-contido. Tenta ser inovador no tom, mas no fim das contas não traz nada de novo para o gênero. É um passa tempo razoável pra quem curte suspense/terror, mas não vai muito além de uma obra genérica.
O filme vale a pena ser conferido somente pra ver como o Hitchcock era à frente do seu tempo. Mas o longa em si é arrastado. Você sente o tempo, e isso é sempre um ponto negativo.
O plot twist até funciona, mas o final é espalhafatoso e deslocado com a proposta geral do filme. Tô na dúvida até agora se foi um desfecho genial como quebra de expectativa, ou se foi uma ironia que deu errado... Por enquanto, fico com a segunda opção.
Pode até ganhar o Oscar pelas especulações, mas dos estrangeiros indicados é o pior, pelo menos pra mim. O filme é maçante demais, o tema abordado, sobre a relação dos pais com os filhos, é pertinente, mas longe de ser original. A fotografia com câmeras estáticas e excesso de contemplação contribui ainda mais pro tom enfadonho. O filme se apóia demais no tema abordado, mas não é auto suficiente como peça de 'entretenimento' para gerar emoções. Cinematograficamente e esteticamente não traz nenhuma novidade. Cru, frio e naturalista demais. Filme OK, não é uma produção que vai ser lembrada por muito tempo, e não me convenceu muito.
Que documentário fantástico. Sensível e criativo. A Agnès Varda e o JR formam uma dupla bem inusitada, mas carismática e com muita química. A fotografia também é caprichada. A única coisa que pesa contra é que o roteiro fica muito evidente em alguns momentos, principalmente no final, nitidamente artificial. Funcionaria melhor se fosse algo mais espontâneo e natural. Mas não chega a tirar o brilho da obra como um todo, até porque cinema também é manipulação de emoções, mesmo em documentários. A diferença é que isso fica mais evidente em uns do que em outros. Apesar disso, não deixa de ser uma ótima produção.
2017 foi o ano dos filmes ótimos tecnicamente, mas vazios narrativamente. Blade Runner está nessa lista.
Filme muito bom visualmente, mas melancólico demais, monótono e excessivamente longo. Até gosto de filmes mais contemplativos e defendo produções desse gênero de entretenimento com uma pegada mais profunda. Mas aqui a proposta não combinou. Cria-se a expectativa de que o filme vai te mostrar alguma coisa grandiosa e diferenciada em algum momento, mas esse momento nunca chega.
The Square é extremamente provocativo e com cenas de uma tensão absurda. A sequência da apresentação no jantar é icônica demais, te deixa até sem fôlego. Mas também é um filme em um nível elevado de complexidade, trabalha demais com metáforas e subtexto, e muitas coisas apresentadas precisam ser bem interpretadas pra que a trama faça sentido integralmente, caso contrário, pode deixar a impressão de que não passa de um filme desnecessariamente longo, monótono, com muitas cenas aleatórias e sem um propósito narrativo definido.
(P.S.: não sei não se Uma Mulher Fantástica não pode acabar tirando esse Oscar de melhor filme estrangeiro de The Square...)
Três Anúncios Para um Crime tem uma premissa original, bela fotografia, e termina com um saldo positivo. Mas também tem problemas que precisam ser levados em consideração. O filme investe demais no drama, se leva muito a sério, e isso faz com o que humor acabe ficando deslocando e criando situações bregas, forçadas e inverossímeis, com alguns personagens extremamente caricatos. O roteiro tem furos e diversos atalhos narrativos pra fazer a trama se desenvolver de forma fácil.
O incêndio da delegacia, que a polícia deixa por isso mesmo; a cena de flashback forçadíssima entre a mãe e a filha ('espero que você seja estuprada e morta', e é justamente o que acontece); a cena brega da protagonista com um veado nos outdoors (não vá me fazer acreditar em reencarnação...); o monólogo com o padre, usado unicamente pra fazer uma crítica sem contexto e generalizada contra a religião; personagens e algumas subtramas clichês e extremamente caricatas, e as críticas sociais manjadas sobre o governo pela "violência exagerada" da polícia contra os negros.
Se o filme tivesse um tom de humor e surrealismo que funcionasse, como acontece nos trabalhos dos Irmãos Coen, todas essas situações poderiam ser ignoradas, porque seriam aceitas dentro do contexto e do universo da história, mas não é o caso.
A Frances deve ganhar o Oscar, e não duvido que o filme também ganhe, por ter a cara da Academia, pelo atual momento político de Hollywood e por ter uma protagonista feminina forte. Mas a produção não é perfeita em todos os sentidos como estão pintando.
Um filme bom sobre um filme ruim, mas involuntariamente engraçado. Atuação de Oscar do James Franco. Pena que pode ter sido injustiçado pelas acusações de assédio sem provas que agora viraram moda em Hollywood. Conheci a história de Tommy Wiseau e de The Room através do Artista do Desastre e é sensacional. Uma metalinguagem fantástica e divertida. Talvez pudessem ter explorado mais o lado misterioso do Wiseau, mas mesmo assim, o personagem foi muito bem construído com as suas manias, excentricidade e obsessão que tem pela fama mesmo sem demonstrar talento. Artista do Desastre mostra que até um filme ruim dá trabalho pra se fazer. É uma obra obrigatória pra todos os fãs de cinema.
Muita gente tá levando o filme a sério demais e colocando questões políticas no meio na hora de fazer uma avaliação. Mas é uma comédia bem non sense e tem que ser encarada assim. A mensagem principal que o filme transmite, sobre a questão do estudo, pode ser um absurdo, mas como obra cinematográfica, é divertido, dinâmico e com ótima produção, considerando o nível do mercado nacional.
É um bom entretenimento pro público menos exigente e que assiste de mente aberta pra se divertir. Se o próprio filme não se leva a sério, por que o público tem que levar?
É a velha maldição dos filmes de terror e suspense: até começam bem, mas terminam muito mal. Ou são clichês ou querem ser inventivos demais, como é o caso desse. E aqui, não é nem questão de ser um filme complexo onde você tem que montar um quebra cabeça e ficar criando teorias. O final é vazio e a proposta do filme é bem clara: oferecer suspense por suspense e dane-se a lógica do enredo. O resultado é desastroso.
Psicose é um clássico, e pra época, sem dúvidas foi um filme inovador em vários sentidos, a começar pela direção do Hitchcock. É um bom suspense, a construção de personagem do Norman é muito boa, mas a produção ficou datada, até porque, se fosse feito nos dias de hoje por um diretor zé ninguém, diriam que é um suspense com final previsível, a cena do psiquiatra é expositiva demais, e as mortes parecem de teatro escolar de tão caricatas e surreais. Existem outros clássicos, até mesmo do Hitchcock, que resistiram melhor ao tempo.
O filme é um espetáculo visual e sonoro. Deve fazer a limpa no Oscar nas categorias técnicas (fotografia e som). Mas não vai muito além disso.O roteiro é praticamente insignificante, tanto que a primeira ideia do Nolan era gravar sem roteiro nenhum.
Não é um filme convencional sobre algum personagem da guerra, é um filme sobre a guerra. E isso torna o longa um pouco cansativo e disperso.
Depois de ser criticado por fazer alguns filmes explicativos demais, o Nolan resolveu fazer um pouco convencional e que não explica praticamente nada, apenas mostra e faz o público sentir. Mas o diretor pecou de novo pelo desequilíbrio. Fez um filme espetacular tecnicamente, mas vazio, sem emoção.
Creep subverte os elementos do suspense/terror e não apela pra jump scares, por isso muitos podem estar reclamando do tom e da falta de ritmo. Mas vale ser assistido só pelo personagem e atuação do Mark Duplass. Se o filme tivesse mais relevância comercial, não seria exagero ele ser indicado às principais premiações como melhor ator.
Não é um filme pra todo mundo porque não é convencional. Ele trabalha com a tensão através dos diálogos, com a sugestão e a imprevisibilidade do protagonista. E é justamente por fugir do clichê, tornando convincente um gênero que já está tão desgastado, que o filme vale a pena. É ideal pra quem procura uma obra de suspense com uma pegada mais complexa, e não uma produção de entretenimento convencional. É um dos melhores found footages já feitos e tem tudo pra se tornar um clássico cult no futuro.
Fonte da Vida é um filme supervalorizado no mesmo estilo de alguns trabalhos do Lynch. "Uma viagem louca" que é suficiente pra tornar uma obra genial. Pra mim não é por aí. Só a questão sensorial é muito pouco. O filme é exagerado em muitos sentidos. Tem uma filosofia que força a barra, a montagem é ruim, os efeitos especiais são meio toscos, o roteiro é confuso, e por aí vai... O diferente nem sempre é bom.
Um filme incrivelmente atemporal e com um roteiro fabuloso. A direção consegue manter o longa interessante do início ao fim, mesmo se passando em praticamente um único cenário. O crime não é o elemento principal aqui. Pouco importa se o garoto é culpado ou não. O importante para o filme é o julgamento em si (o debate dos jurados). Um retrato fiel do preconceito.
Isso é feito através do desenrolar do enredo, de como as idéias dos jurados são debatidas, persistem por puras questões pessoais ou mudam conforme têm um pensamento mais amplo do caso.
O momento em que um dos jurados tem um ataque de resistência e os outros saem da mesa é genial.
1922 é um filme sobre culpa, remorso, de um homem que se torna refém dos próprios atos. É um drama forte, que chega a ser tocante no final, por isso mesmo achei que o tom macabro em alguns momentos não combinou muito com a proposta como um todo. Faltou algo mais, mas é uma boa adaptação.
Apesar de toda tragédia envolvida, a ambientação, a tensão e as histórias da Segunda Guerra Mundial são fantásticas e muito ricas pro cinema, ganhando um peso maior justamente por serem reais. A Operação Antropoide é mais um desses casos.
A equipe de arte faz um trabalho muito bom de ambientação e reconstituição de época, ainda mais por ter muitas cenas externas na cidade. Mesmo sendo um filme de ação e de guerra, essa proposta de câmera na mão não me agrada muito. Pode não ser um problema pra muita gente, mas particularmente me incomoda. Não conhecia o Cillian Murphy e me surpreendi pela boa presença de cena que ele tem.
Não sei até que ponto isso é real, mas uma coisa me chamou atenção na história:
Como é que os dois soldados planejaram milimetricamente o assassinato do general, mas não planejaram com antecedência o que iriam fazer após a morte dele? Será mesmo que imaginaram que matariam um dos homens mais importantes do império nazista e não iria acontecer nada, nenhum tipo de represália, e eles sairiam da cidade numa boa? Simplesmente mataram o general e saíram se escondendo e planejando o que fazerem quando o cerco já estava se fechando. Tudo bem que eles tiveram que apressar o assassinato porque o general estava de saída da cidade, mas foi uma missão suicida e meio imatura.
De qualquer forma, é um bom filme. Tenso, mais focado no drama, e talvez um dos longas mais cults sobre a Segunda Guerra que eu já vi até agora.
Um filme mediano. Um primeiro ato interessante, direto, um desenvolvimento razoável e um desfecho atabalhoado e didático demais. A Carla Gugino vai bem.
A cena de violência explícita é angustiante, mesmo eu não tendo muita frescura com isso. Não chega a ser um erro do diretor porque o filme também se enquadra como terror (mesmo sendo muito mais um suspense dramático), mas particularmente achei desnecessária a explicidade pela proposta que vinha apresentando até ali.
Sou fã de muitas adaptações do Stephen King, mas essa é uma longe de ser brilhante e marcante pro cinema.
A Abigail Breslin tá muito fofa e carismática. O filme tem algumas situações inverossímeis, e a proposta até pode ser de que a história é uma sátira da sociedade e não deve ser levada a sério, mas a direção não cria um estilo único que deixa isso evidente. O filme acaba tendo um estilo muito mais parecido com os de comédias pastelões, e não de um filme satírico, como os dos irmãos Coen, por exemplo. Mas não deixa de ser divertido e tocante em algumas situações e o final não apela pro convencional. Vale a pena conferir.
O documentário é original e bem produzido, mas sem propósito definido. É limitado ao público que já está familiarizado com o caso, e se presta a oferecer informações dispersas através de teorias e opiniões dadas pelos atores. Acaba se tornando cansativo e deixando a audiência confusa em meio a um monte de opiniões distintas.
O Corpo
4.1 1,0KO filme te prende do início ao fim, a narrativa te conduz por vários caminhos diferentes e o final é completamente imprevisível. Os filmes do Oriol Paulo têm esse DNA de reviravoltas bem elaboradas, ao estilo Hitchcock. Recomendo ver também Um Contratempo.
Mas tem dois furos nesse final que faz o plot twist perder força:
Primeiro, que garantias o inspetor tinha de que o Álex ficaria tão apaixonado pela filha dele a ponto de querer matar a esposa? Até porque a ideia partiu do próprio Álex.
E segundo, se a intenção do inspetor também era de matar o Álex, pra que se preocupar em elaborar todo esse plano pra arrancar uma confissão dele e incriminá-lo pela morte da esposa, se depois não vai conseguir justificar a morte do Álex pra polícia?
The Watcher
2.7 74O filme tem seus problemas, a trama ainda é mirabolante demais, mas o conceito da produção não é tão clichê como eu imaginava. Foge dos jumpscares gratuitos, e as atitudes dos protagonistas são mais coerentes comparadas com as de tantos outros suspenses/terror que tomam sempre decisões infantis.
Um Contratempo
4.2 2,0KO filme te deixa tonto com a quantidade de reviravoltas por minuto. Tem mais plot twists do que todas as novelas mexicanas e filmes do Shyamalan que já vi até hoje. Mas é interessante, manipulativo, intenso e bem estruturado. Hitchcock assinaria embaixo.
O Ritual
3.2 476 Assista AgoraO filme é um clichê auto-contido. Tenta ser inovador no tom, mas no fim das contas não traz nada de novo para o gênero. É um passa tempo razoável pra quem curte suspense/terror, mas não vai muito além de uma obra genérica.
Um Corpo que Cai
4.2 1,3K Assista AgoraO filme vale a pena ser conferido somente pra ver como o Hitchcock era à frente do seu tempo. Mas o longa em si é arrastado. Você sente o tempo, e isso é sempre um ponto negativo.
O plot twist até funciona, mas o final é espalhafatoso e deslocado com a proposta geral do filme. Tô na dúvida até agora se foi um desfecho genial como quebra de expectativa, ou se foi uma ironia que deu errado... Por enquanto, fico com a segunda opção.
Sem Amor
3.8 319 Assista AgoraPode até ganhar o Oscar pelas especulações, mas dos estrangeiros indicados é o pior, pelo menos pra mim. O filme é maçante demais, o tema abordado, sobre a relação dos pais com os filhos, é pertinente, mas longe de ser original. A fotografia com câmeras estáticas e excesso de contemplação contribui ainda mais pro tom enfadonho. O filme se apóia demais no tema abordado, mas não é auto suficiente como peça de 'entretenimento' para gerar emoções. Cinematograficamente e esteticamente não traz nenhuma novidade. Cru, frio e naturalista demais. Filme OK, não é uma produção que vai ser lembrada por muito tempo, e não me convenceu muito.
Visages, Villages
4.4 161 Assista AgoraQue documentário fantástico. Sensível e criativo. A Agnès Varda e o JR formam uma dupla bem inusitada, mas carismática e com muita química. A fotografia também é caprichada. A única coisa que pesa contra é que o roteiro fica muito evidente em alguns momentos, principalmente no final, nitidamente artificial. Funcionaria melhor se fosse algo mais espontâneo e natural. Mas não chega a tirar o brilho da obra como um todo, até porque cinema também é manipulação de emoções, mesmo em documentários. A diferença é que isso fica mais evidente em uns do que em outros. Apesar disso, não deixa de ser uma ótima produção.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista Agora2017 foi o ano dos filmes ótimos tecnicamente, mas vazios narrativamente. Blade Runner está nessa lista.
Filme muito bom visualmente, mas melancólico demais, monótono e excessivamente longo. Até gosto de filmes mais contemplativos e defendo produções desse gênero de entretenimento com uma pegada mais profunda. Mas aqui a proposta não combinou. Cria-se a expectativa de que o filme vai te mostrar alguma coisa grandiosa e diferenciada em algum momento, mas esse momento nunca chega.
The Square - A Arte da Discórdia
3.6 318 Assista AgoraThe Square é extremamente provocativo e com cenas de uma tensão absurda. A sequência da apresentação no jantar é icônica demais, te deixa até sem fôlego. Mas também é um filme em um nível elevado de complexidade, trabalha demais com metáforas e subtexto, e muitas coisas apresentadas precisam ser bem interpretadas pra que a trama faça sentido integralmente, caso contrário, pode deixar a impressão de que não passa de um filme desnecessariamente longo, monótono, com muitas cenas aleatórias e sem um propósito narrativo definido.
(P.S.: não sei não se Uma Mulher Fantástica não pode acabar tirando esse Oscar de melhor filme estrangeiro de The Square...)
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraTrês Anúncios Para um Crime tem uma premissa original, bela fotografia, e termina com um saldo positivo. Mas também tem problemas que precisam ser levados em consideração. O filme investe demais no drama, se leva muito a sério, e isso faz com o que humor acabe ficando deslocando e criando situações bregas, forçadas e inverossímeis, com alguns personagens extremamente caricatos. O roteiro tem furos e diversos atalhos narrativos pra fazer a trama se desenvolver de forma fácil.
Por exemplo:
O incêndio da delegacia, que a polícia deixa por isso mesmo; a cena de flashback forçadíssima entre a mãe e a filha ('espero que você seja estuprada e morta', e é justamente o que acontece); a cena brega da protagonista com um veado nos outdoors (não vá me fazer acreditar em reencarnação...); o monólogo com o padre, usado unicamente pra fazer uma crítica sem contexto e generalizada contra a religião; personagens e algumas subtramas clichês e extremamente caricatas, e as críticas sociais manjadas sobre o governo pela "violência exagerada" da polícia contra os negros.
Se o filme tivesse um tom de humor e surrealismo que funcionasse, como acontece nos trabalhos dos Irmãos Coen, todas essas situações poderiam ser ignoradas, porque seriam aceitas dentro do contexto e do universo da história, mas não é o caso.
A Frances deve ganhar o Oscar, e não duvido que o filme também ganhe, por ter a cara da Academia, pelo atual momento político de Hollywood e por ter uma protagonista feminina forte. Mas a produção não é perfeita em todos os sentidos como estão pintando.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraO filme é bom, mas nada além disso. Pouco original e supervalorizado. É o Boyhood de 2018.
Artista do Desastre
3.8 554 Assista AgoraUm filme bom sobre um filme ruim, mas involuntariamente engraçado. Atuação de Oscar do James Franco. Pena que pode ter sido injustiçado pelas acusações de assédio sem provas que agora viraram moda em Hollywood. Conheci a história de Tommy Wiseau e de The Room através do Artista do Desastre e é sensacional. Uma metalinguagem fantástica e divertida. Talvez pudessem ter explorado mais o lado misterioso do Wiseau, mas mesmo assim, o personagem foi muito bem construído com as suas manias, excentricidade e obsessão que tem pela fama mesmo sem demonstrar talento. Artista do Desastre mostra que até um filme ruim dá trabalho pra se fazer. É uma obra obrigatória pra todos os fãs de cinema.
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola
2.5 340Muita gente tá levando o filme a sério demais e colocando questões políticas no meio na hora de fazer uma avaliação. Mas é uma comédia bem non sense e tem que ser encarada assim. A mensagem principal que o filme transmite, sobre a questão do estudo, pode ser um absurdo, mas como obra cinematográfica, é divertido, dinâmico e com ótima produção, considerando o nível do mercado nacional.
É um bom entretenimento pro público menos exigente e que assiste de mente aberta pra se divertir. Se o próprio filme não se leva a sério, por que o público tem que levar?
Vende-se Esta Casa
1.4 989 Assista AgoraÉ a velha maldição dos filmes de terror e suspense: até começam bem, mas terminam muito mal. Ou são clichês ou querem ser inventivos demais, como é o caso desse. E aqui, não é nem questão de ser um filme complexo onde você tem que montar um quebra cabeça e ficar criando teorias. O final é vazio e a proposta do filme é bem clara: oferecer suspense por suspense e dane-se a lógica do enredo. O resultado é desastroso.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraPsicose é um clássico, e pra época, sem dúvidas foi um filme inovador em vários sentidos, a começar pela direção do Hitchcock. É um bom suspense, a construção de personagem do Norman é muito boa, mas a produção ficou datada, até porque, se fosse feito nos dias de hoje por um diretor zé ninguém, diriam que é um suspense com final previsível, a cena do psiquiatra é expositiva demais, e as mortes parecem de teatro escolar de tão caricatas e surreais. Existem outros clássicos, até mesmo do Hitchcock, que resistiram melhor ao tempo.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraO filme é um espetáculo visual e sonoro. Deve fazer a limpa no Oscar nas categorias técnicas (fotografia e som). Mas não vai muito além disso.O roteiro é praticamente insignificante, tanto que a primeira ideia do Nolan era gravar sem roteiro nenhum.
Não é um filme convencional sobre algum personagem da guerra, é um filme sobre a guerra. E isso torna o longa um pouco cansativo e disperso.
Depois de ser criticado por fazer alguns filmes explicativos demais, o Nolan resolveu fazer um pouco convencional e que não explica praticamente nada, apenas mostra e faz o público sentir. Mas o diretor pecou de novo pelo desequilíbrio. Fez um filme espetacular tecnicamente, mas vazio, sem emoção.
Creep 2
3.1 261Creep subverte os elementos do suspense/terror e não apela pra jump scares, por isso muitos podem estar reclamando do tom e da falta de ritmo. Mas vale ser assistido só pelo personagem e atuação do Mark Duplass. Se o filme tivesse mais relevância comercial, não seria exagero ele ser indicado às principais premiações como melhor ator.
Não é um filme pra todo mundo porque não é convencional. Ele trabalha com a tensão através dos diálogos, com a sugestão e a imprevisibilidade do protagonista. E é justamente por fugir do clichê, tornando convincente um gênero que já está tão desgastado, que o filme vale a pena. É ideal pra quem procura uma obra de suspense com uma pegada mais complexa, e não uma produção de entretenimento convencional. É um dos melhores found footages já feitos e tem tudo pra se tornar um clássico cult no futuro.
Fonte da Vida
3.7 778 Assista AgoraFonte da Vida é um filme supervalorizado no mesmo estilo de alguns trabalhos do Lynch. "Uma viagem louca" que é suficiente pra tornar uma obra genial. Pra mim não é por aí. Só a questão sensorial é muito pouco. O filme é exagerado em muitos sentidos. Tem uma filosofia que força a barra, a montagem é ruim, os efeitos especiais são meio toscos, o roteiro é confuso, e por aí vai... O diferente nem sempre é bom.
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraUm filme incrivelmente atemporal e com um roteiro fabuloso. A direção consegue manter o longa interessante do início ao fim, mesmo se passando em praticamente um único cenário. O crime não é o elemento principal aqui. Pouco importa se o garoto é culpado ou não. O importante para o filme é o julgamento em si (o debate dos jurados). Um retrato fiel do preconceito.
Isso é feito através do desenrolar do enredo, de como as idéias dos jurados são debatidas, persistem por puras questões pessoais ou mudam conforme têm um pensamento mais amplo do caso.
O momento em que um dos jurados tem um ataque de resistência e os outros saem da mesa é genial.
1922
3.2 798 Assista Agora1922 é um filme sobre culpa, remorso, de um homem que se torna refém dos próprios atos. É um drama forte, que chega a ser tocante no final, por isso mesmo achei que o tom macabro em alguns momentos não combinou muito com a proposta como um todo. Faltou algo mais, mas é uma boa adaptação.
Operação Anthropoid
3.8 103Apesar de toda tragédia envolvida, a ambientação, a tensão e as histórias da Segunda Guerra Mundial são fantásticas e muito ricas pro cinema, ganhando um peso maior justamente por serem reais. A Operação Antropoide é mais um desses casos.
A equipe de arte faz um trabalho muito bom de ambientação e reconstituição de época, ainda mais por ter muitas cenas externas na cidade. Mesmo sendo um filme de ação e de guerra, essa proposta de câmera na mão não me agrada muito. Pode não ser um problema pra muita gente, mas particularmente me incomoda. Não conhecia o Cillian Murphy e me surpreendi pela boa presença de cena que ele tem.
Não sei até que ponto isso é real, mas uma coisa me chamou atenção na história:
Como é que os dois soldados planejaram milimetricamente o assassinato do general, mas não planejaram com antecedência o que iriam fazer após a morte dele? Será mesmo que imaginaram que matariam um dos homens mais importantes do império nazista e não iria acontecer nada, nenhum tipo de represália, e eles sairiam da cidade numa boa? Simplesmente mataram o general e saíram se escondendo e planejando o que fazerem quando o cerco já estava se fechando. Tudo bem que eles tiveram que apressar o assassinato porque o general estava de saída da cidade, mas foi uma missão suicida e meio imatura.
De qualquer forma, é um bom filme. Tenso, mais focado no drama, e talvez um dos longas mais cults sobre a Segunda Guerra que eu já vi até agora.
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraUm filme mediano. Um primeiro ato interessante, direto, um desenvolvimento razoável e um desfecho atabalhoado e didático demais. A Carla Gugino vai bem.
A cena de violência explícita é angustiante, mesmo eu não tendo muita frescura com isso. Não chega a ser um erro do diretor porque o filme também se enquadra como terror (mesmo sendo muito mais um suspense dramático), mas particularmente achei desnecessária a explicidade pela proposta que vinha apresentando até ali.
Sou fã de muitas adaptações do Stephen King, mas essa é uma longe de ser brilhante e marcante pro cinema.
Pequena Miss Sunshine
4.1 2,8K Assista AgoraA Abigail Breslin tá muito fofa e carismática. O filme tem algumas situações inverossímeis, e a proposta até pode ser de que a história é uma sátira da sociedade e não deve ser levada a sério, mas a direção não cria um estilo único que deixa isso evidente. O filme acaba tendo um estilo muito mais parecido com os de comédias pastelões, e não de um filme satírico, como os dos irmãos Coen, por exemplo. Mas não deixa de ser divertido e tocante em algumas situações e o final não apela pro convencional. Vale a pena conferir.
Quem é JonBenet
3.1 47 Assista AgoraO documentário é original e bem produzido, mas sem propósito definido. É limitado ao público que já está familiarizado com o caso, e se presta a oferecer informações dispersas através de teorias e opiniões dadas pelos atores. Acaba se tornando cansativo e deixando a audiência confusa em meio a um monte de opiniões distintas.