Difícil conseguir escrever algo logo depois de rever esse filme. O cinema deve servir pra isso: questionar, criticar, provocar e ensinar. É uma obra de arte... um roteiro que vai da beleza mais singela, como num simples ato de consolo a uma camareira que perdeu o pai, até a insanidade mais cruel, como o sacrifício de vidas em prol de uma crença. Emociona sem perder a função social. Alguém pra escrever uma história assim - e sobretudo pra criar um personagem como Gavin - só pode ter um coração enorme e muita vontade de melhorar o mundo.
Obrigado ao diretor, obrigado aos atores e a toda equipe. Obrigado ao cinema por nos salvar dessa loucura que é a vida real. De novo, e de novo, e de novo...
Sei que não é uma técnica nova, mas eu adoro essa coisa de contar o filme sob cronologias distintas numa narração paralela (alternando lembranças do passado com os acontecimentos presentes). Dá pra ver que Oliver, já adulto, repete muita coisa que fazia na infância ou que via suas pais fazendo. De certa forma, o personagem está eternamente preso no passado, tem sempre como referência o relacionamento falso dos seus pais. Isso fica claro quando ele faz um desenho com o passado esmagando o presente; ou quando narra os fatos sempre se remetendo a datas e lembranças de imagens daquele período.
Entretanto, o personagem se mostra interessante na sua personalidade. Um cara com senso crítico, politicamente atuante, sem preconceitos e sensível a tudo que se passa ao seu redor. A solidão de Oliver faz parte da personalidade dele, e nem mesmo quando estava com Anna - por mais que eles se gostassem - Oliver ficava completamente feliz. O mundo não é um lugar fácil... algumas pessoas infelizmente não conseguem resumir suas vidas a um relacionamento.
Filme simples, sem grandes inovações, mas com certeza um bom entretenimento.
Muito criativo e um pouco engraçado em alguns momentos. Mas convenhamos: criar problemas e sair solucionando-os com base no mero acaso é fácil demais. Não é assim que se faz um bom suspense policial. Mil reviravoltas e quase nenhum méritos dos personagens, somente sorte ou azar do destino, e sempre de maneiras BEM improváveis. Prefiro algo mais perto da realidade, mas nem por isso deixa de ser um filme interessante.
Um filme que há anos tava se oferecendo pra mim no Netflix e eu sempre desprezando. Quando resolvi assistir, me surpreendi pela qualidade do roteiro, que é baseado numa história real e consegue mesmo assim surpreender em alguns momentos pela boa construção psíquica dos personagens. O filme mostra o outro lado das investigações. Mostra que as vezes a máfia pode ser mais 'ética' e fiel do que a própria polícia. O profissionalismo que exalava de Donnie/Joe no começo da narrativa começa a se diluir na amizade inesperada com o velho Lefty (um cara que, apesar de mafioso, demonstra ser uma pessoa comum, com seus momentos de fragilidade, crises e peculiaridades até certo ponto encantadoras).
Achei que no meio da trama a direção pecou um pouco tentando inserir algumas cenas mais leves, mas que mais pareciam comédia pastelão de sessão da tarde, e quase quebraram o clima de suspense policial. Como já disseram embaixo, "Donnie Brasco" trata-se de uma homenagem ao cinema noir da década de 70.
Como alguém pode, dentro de tão pouco tempo, nos fazer rir tanto, nos dar aulas sobre o comportamento humano (amorosamente, profissionalmente e existencialmente) e ainda emocionar no final da história, sem precisar distorcer o roteiro? Coisas de Woody Allen.
O filme mostra o quão somos frágeis ao confundirmos admiração intelectual com amor. Mostra também que muitas vezes o clichê é verdadeiro: só damos valor quando não temos mais. Mostra, sobretudo, o quão inseguros e neuróticos são os seres humanos, ao ponto de querermos o sucesso da pessoa e a posse dela, mesmo que sejam opções opostas no momento.
Roteiro bom, atuações boas, direção brilhante e fotografia impecável. Uma das obras primas de Woody Allen, além de ser um típico retrato do diretor, com suas películas tragicômicas de personagens que espelham um reflexo dele mesmo.
Não achei o filme tão bom, sobretudo porque esse tipo de roteiro muito "fantasioso" não costuma me agradar. Mas uma coisa tenho que dizer: o que são as fotografias nos filmes de Spike Jonze? Muito foda...
Mergulhou na completa loucura e se tornou um dos maiores ARTISTAS (em sentido amplo) da história desse país. Não se apega a convenções, moralismos, politicagem, crenças. Tom Zé só segue a própria cabeça e vive num mundo que não faz por merecer alguém como ele. Rústico, matuto e ao mesmo tempo visionário, atemporal. Um dos mais injustiçados pela mídia. E daí? Tom Zé é sua própria mídia.
Subam as mangas, peguem suas pedras e mirem-nas contra mim:Não gostei do filme.
Os cortes secos, rápidos e constantes no desenvolvimento da trama me deram uma sensação de que a história perdia continuidade entre as cenas, como se fosse um thriller mal justificado. Entendo que a intenção é causar inquietação no espectador, dar uma acelerada na tensão, mas pra mim particularmente isso não colou.
Outro ponto negativo foi a inconstância dos personagens. Em que pese a existência de pessoas reais um tanto quanto indecisas, o filme baseia toda a imprevisibilidade da narrativa na falta de coerência - aparentemente injustificada - dos seus personagens.
Sei que a temática e alguns diálogos foram inovadores pra época. Abordar sexo com tanta espontaneidade e tocar no ponto da 'libertação feminina' era um tabu no cinema até a década de 60. Por isso o filme é tão lembrado dentre os grandes da história. E quebra também o esteriótipo de que o cinema francês é arrastado/lento e poético.
Extremamente bem feito! Nunca vi uma animação tão bem feita assim. A história é focada, sobretudo, no amadurecimento do personagem principal; na passagem da infância pra vida adulta, tanto no aspecto amoroso como profissional. O romance serve pra ilustrar o surgimento de um sentimento mais 'maduro' no personagem, pela primeira vez, e sobretudo por se tratar de uma mulher mais velha, que serve - ironicamente - como uma 'professora da vida' pro garoto. É interessante... a cultura e o cinema japonês tratam muito disso.
Sou suspeito pra falar, porque todo filme sobre nostalgia me pega de jeito. Ainda mais sendo cinema europeu, que costuma trazer roteiros e direção mais melancólicos, usando a imagem pra mexer com o espectador.
De toda forma, fiquei com uma dúvida: qual era o 'ofício secreto' (trabalho) do pai, além de costureiro?
Privilégio enorme rever esse filme no cinema. Quando o filme é diferenciado, a gente gosta mais a cada vez que assiste. As características mais perceptíveis se mantêm espetaculares. Roteiro típico de Scorsese, nos contando um drama psicológico do personagem principal: um trabalhador urbano que inicia a história como um cidadão honesto e até certo ponto ingênuo; capaz, por exemplo, de se apaixonar pelos olhos de uma mulher, de ignorar o forte racismo existente na época (ao prestar serviço de táxi para negros, homossexuais e prostitutas) e de ter como passatempo ir ao cinema ver pornô. Entretanto, com o passar do tempo, a violência social, o capitalismo desenfreado (excesso de trabalho) e a solidão acabam fazendo de Travis um psicopata. Isso fica claro ao vermos ele tendo algumas alucinações - com mafiosos - no meio da narrativa. A frustração amorosa se torna mais um potencializador para a insanidade do protagonista. Travis não é agente do caos, muito pelo contrário: ele é vítima do caos. A banalização da violência fica evidente
quando Travis mata o assaltante, no mercadinho, e o dono do estabelecimento diz que já era o quinto a morrer ali (tendo, ele próprio, uma arma escondida ali).
Trilha sonora MAGNÍFICA! Na minha opinião, a melhor trilha de todos os tempos, junto com os Faroestes de Sergio Leone e Enio Morricone. Robert de Niro no seu auge, numa atuação ao nível de Touro Indomável.
quando Travis sai do cinema pornô com Betsy, ele diz que não conhece nenhum outro cinema de estilo diferente por ali e os dois começam a discutir na calçada. Já no final da cena, a câmera abre e mostra o estabelecimento da frente com uma placa anunciando um filme de Clint Eastwood. Ou seja: nosso personagem, naquele momento, estava completamente bitolado na sua metódica rotina que nem se dava conta das opções diferentes existentes tão perto dele.
a analogia sensacional - e bem 'Scorsesiana' - com o retrovisor na cena final do filme. Travis em momento algum se vira pra olhar pra Betsy, só fala com ela pelo retrovisor. Naquele momento, depois de tudo que o personagem passou, Betsy era só uma lembrança do passado, havia ficado pra trás, e o retrovisor simboliza bem isso. O mesmo pra cidade: aquela imundice toda ficou pra trás. Na minha interpretação, o filme termina com ele decidindo sair dali e fazer outra coisa (como ele próprio havia levantado a hipótese conversando com seu amigo taxista e como ele próprio sugeriu à jovem prostituta).
Até a crítica à política é notável, quando vemos os diálogos sarcásticos de Travis sobre o senador candidato a presidente. É um humor crítico sempre presente nos filmes de Scorsese. O mesmo vale para a cena da menina falando sobre os signos; fato este tratado por Travis como cômico e quase irrelevante. Preconceito, violência, política, astrologia... nada escapa!
A obra é um marco do cinema moderno. Não é à toa. Palmas, palmas, palmas!
Absolutamente encantado! Não sabia das nuances políticas (nos governos conservadores norte americanos) que tanto pesaram na construção desse dogma negativo perante os psicotrópicos. Em uma hora e meia pude aprender um pouquinho sobre psiquiatria, política e comportamento social nas décadas de 50 e 60.
Mas muito além: pude me emocionar e viajar nas imagens e depoimentos de pessoas que experimentaram o LSD, seja por puro prazer ou por tratamento clínico. É surreal a transparência de bem estar que as pessoas demonstram, o desejo por libertação, a desnecessidade de ser algo melhor ou diferente do restante do mundo. Caminhamos aos poucos para a deturpação completa dos conceitos de lícito e ilícito, moral e imoral, útil e prejudicial. Uma pena...
Nunca achei que um tema assim me agradaria, mas me rendi ao filme. Excepcional a forma como a crítica é feita: sem precisar usar argumentos diretos, mas simplesmente demonstrando o comportamento dos 'pais' com a filha. Em paralelo, o nascimento do afeto da menina com pessoas até então desconhecidas por ela.
Muita coisa a gente consegue captar pelo comportamento dos personagens, mas fica visível a confusão na cabeça da menina. Como já falaram abaixo, o uso da câmera de baixo pra cima reforça ainda melhor a ideia da narrativa pelos olhos da inocência de Maisie.
Sensacionalista até o talo. E pontualmente bem clichê também, em alguns diálogos. Achei que a trama seria boa, pela descrição do filmow, mas é o típico suspense que resolve os problemas com justificativas irracionais, mentirosas ou abusando da sorte dos personagens. Assim é fácil: cria-se uma situação de tensão e se resolve com planos megalomaníacos e irreais. Quase um filme de super héroi/ficção, eu diria. Fraquinho...
Poucos filmes conseguem melhorar com o tempo. Este é um deles. A cada vez que assisto, me identifico mais, capto mais piadas, mais críticas, mais referências a obras literárias e cinematográficas que marcaram a juventude de Woody Allen. Durante mais de 90 minutos temos uma metralhadora de informações, sacadas quase imperceptíveis de tão sutis e naturais que surgem na nossa tela. De fato, o humor tragicômico de Woody Allen não é pra qualquer um. De fato, a visão racional e as neuras tão peculiares dele soam como devaneio para a maioria das pessoas.
Mas quem se vê no personagem de Alvy, com certeza entende todos os momentos da narrativa. Da angustia mais profunda à esperança passageira; da melancólica solidão aos risos do casal; da insegurança profissional ao conforto de fazer sexo chapado. Pra quem se vê dentro do filme, sente que o filme foi feito pra você ou por você... esses concordam comigo: Annie Hall mudou a história do cinema contemporâneo. Com lágrimas nos olhos pelo teor dramático que inunda o final da película - mesmo depois de rir dezenas de vezes - aplaudo de pé, pela quarta vez, um dos maiores filmes da história. Woody Allen está imortalizado.
De bom: algumas lembranças de tramas épicas de Martin Scorsese. Mas apenas LAMPEJOS mesmo. E a atuação de Christian Bale, o que é até pleonasmo dizer, pois quem acompanha sabe que ele é um dos melhores atores da atualidade. Dá um toque especial ao personagem quando, por exemplo, insere a mania de pegar/ajeitar sempre o óculos enquanto está mentindo ou manipulando alguém na narrativa. Faz um personagem inicialmente bizarro (pelo aspecto físico e pela falta de escrúpulos) ser posteriormente admirado por sua inteligência.
De ruim: o desfecho corrido, pulando propositalmente alguns detalhes para não escorregar e aparentar ser coerente. Também duas ou três cenas totalmente desnecessárias, trazendo um humor forçado e deslocado da história principal. Além de alguns diálogos/frases clichês.
No geral, filme assistível, na média. Supervalorizado pela academia (se é que indicação ao Oscar ainda é critério pra algum cinéfilo hehehe)
Com certeza absoluta um dos melhores filmes brasileiros já produzidos. Porra... em meio ao caos em que é o nosso país, uma obra dessa dá um orgulho quase contraditório, mas aliviante!
Suspense é o gênero predominante, pois o filme é narrado em retalhos, alternando presente (na cadeia) e passado (como cozinheiro), deixando claro desde o início que o objetivo final é mostrar como Nonato chegou á prisão. Mas tem pitadas de humor e romance, o que tornam a história mais leve. Além do sotaque e gírias do povo nordestino, sem precisar deixar os diálogos caricatas como acontece em alguns filmes daqui. Roteiro simples, mas extremamente bem construído, sem deixar nenhuma lacuna sem explicação ou contraditória. Nunca tinha visto um filme nacional nesse estilo, e o diretor até então era um desconhecido por mim. Vou recomendar demais!
A mecanização do homem moderno. O consumismo desenfreado. A sede por capital. As convenções, o tradicionalismo, as superstições. O medo de não conseguir dinheiro para comprar sem se vender.
A rotina de uma típica família de classe média-alta, religiosa, ocupada, socialmente presente e afetivamente ausente. Desde o começo da película, pelo ritmo lento e melancólico e pelas repetições de cena rotineiras já fica claro: Haneke vai nos dar mais uma pancada. O espectador se prepara, mas é inútil. O desfecho assume uma forma tão crua e real que nos sentimos capazes de fazer o mesmo que a família decidiu fazer. Como eles, sentimos pavor; contudo, assim como eles, também sentimos o desejo de não ser, de terminar o quanto antes.
Os planos detalhe em excesso (mãos, pés, xícaras, talheres, sapatos, despertadores, etc) podem ser uma mensagem sobre o quanto valorizamos os objetos, sobre o quanto nossa sociedade coloca as COISAS acima da individualidade de cada um como ser humano - tema este que posteriormente foi explorado novamente por Haneke em "Tempos do lobo". Mas todos esses closes em objetos pode ser simplesmente para nos alertar: não interessa os rostos dessa família, porque eles podem ser qualquer um, inclusive nós mesmos.
Não sei quanto ao resto dos cinéfilos, mas ao ver um filme desse diretor, tenho sempre duas certezas: que a minha noite de sono vai ser terrível e que a minha cabeça nunca mais será o que era antes.
Sério que teve gente achando o filme chato e cansativo? Pois eu achei a história interessante, realista e muito 'progressiva', no sentido de que vai sempre avançando, evoluindo. Roteiro bem amarrado (não foi à toa que concorreu como Melhor Roteiro adaptado ao Oscar), tudo bem explicadinho... melhor do que muita trama que tenta inventar demais e foge da realidade ou deixa lacunas. Atuações muito boas também, sobretudo de Ryan Gosling, que cada dia mais se firma entre os grandes atores do cinema contemporâneo. Direção mediana, mas dentro do esperado pra um iniciante na condução de filmes, como é o caso de George Clooney.
A Tentação
3.5 361 Assista AgoraDifícil conseguir escrever algo logo depois de rever esse filme. O cinema deve servir pra isso: questionar, criticar, provocar e ensinar. É uma obra de arte... um roteiro que vai da beleza mais singela, como num simples ato de consolo a uma camareira que perdeu o pai, até a insanidade mais cruel, como o sacrifício de vidas em prol de uma crença. Emociona sem perder a função social. Alguém pra escrever uma história assim - e sobretudo pra criar um personagem como Gavin - só pode ter um coração enorme e muita vontade de melhorar o mundo.
Obrigado ao diretor, obrigado aos atores e a toda equipe. Obrigado ao cinema por nos salvar dessa loucura que é a vida real. De novo, e de novo, e de novo...
Toda Forma de Amor
4.0 1,0K Assista AgoraSei que não é uma técnica nova, mas eu adoro essa coisa de contar o filme sob cronologias distintas numa narração paralela (alternando lembranças do passado com os acontecimentos presentes). Dá pra ver que Oliver, já adulto, repete muita coisa que fazia na infância ou que via suas pais fazendo. De certa forma, o personagem está eternamente preso no passado, tem sempre como referência o relacionamento falso dos seus pais. Isso fica claro quando ele faz um desenho com o passado esmagando o presente; ou quando narra os fatos sempre se remetendo a datas e lembranças de imagens daquele período.
Entretanto, o personagem se mostra interessante na sua personalidade. Um cara com senso crítico, politicamente atuante, sem preconceitos e sensível a tudo que se passa ao seu redor. A solidão de Oliver faz parte da personalidade dele, e nem mesmo quando estava com Anna - por mais que eles se gostassem - Oliver ficava completamente feliz. O mundo não é um lugar fácil... algumas pessoas infelizmente não conseguem resumir suas vidas a um relacionamento.
Filme simples, sem grandes inovações, mas com certeza um bom entretenimento.
Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes
4.2 580 Assista AgoraMuito criativo e um pouco engraçado em alguns momentos. Mas convenhamos: criar problemas e sair solucionando-os com base no mero acaso é fácil demais. Não é assim que se faz um bom suspense policial. Mil reviravoltas e quase nenhum méritos dos personagens, somente sorte ou azar do destino, e sempre de maneiras BEM improváveis. Prefiro algo mais perto da realidade, mas nem por isso deixa de ser um filme interessante.
Donnie Brasco
3.8 326 Assista AgoraUm filme que há anos tava se oferecendo pra mim no Netflix e eu sempre desprezando. Quando resolvi assistir, me surpreendi pela qualidade do roteiro, que é baseado numa história real e consegue mesmo assim surpreender em alguns momentos pela boa construção psíquica dos personagens. O filme mostra o outro lado das investigações. Mostra que as vezes a máfia pode ser mais 'ética' e fiel do que a própria polícia. O profissionalismo que exalava de Donnie/Joe no começo da narrativa começa a se diluir na amizade inesperada com o velho Lefty (um cara que, apesar de mafioso, demonstra ser uma pessoa comum, com seus momentos de fragilidade, crises e peculiaridades até certo ponto encantadoras).
Achei que no meio da trama a direção pecou um pouco tentando inserir algumas cenas mais leves, mas que mais pareciam comédia pastelão de sessão da tarde, e quase quebraram o clima de suspense policial. Como já disseram embaixo, "Donnie Brasco" trata-se de uma homenagem ao cinema noir da década de 70.
"Passei a vida toda tentando ser um cara bonzinho. Pra quê? Pra nada. Não estou me tornando um deles; eu sou um deles."
Há Tanto Tempo Que Te Amo
4.0 290Que pancada, meu amigo.....
Manhattan
4.1 596 Assista AgoraComo alguém pode, dentro de tão pouco tempo, nos fazer rir tanto, nos dar aulas sobre o comportamento humano (amorosamente, profissionalmente e existencialmente) e ainda emocionar no final da história, sem precisar distorcer o roteiro? Coisas de Woody Allen.
O filme mostra o quão somos frágeis ao confundirmos admiração intelectual com amor. Mostra também que muitas vezes o clichê é verdadeiro: só damos valor quando não temos mais. Mostra, sobretudo, o quão inseguros e neuróticos são os seres humanos, ao ponto de querermos o sucesso da pessoa e a posse dela, mesmo que sejam opções opostas no momento.
Roteiro bom, atuações boas, direção brilhante e fotografia impecável. Uma das obras primas de Woody Allen, além de ser um típico retrato do diretor, com suas películas tragicômicas de personagens que espelham um reflexo dele mesmo.
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraNão achei o filme tão bom, sobretudo porque esse tipo de roteiro muito "fantasioso" não costuma me agradar. Mas uma coisa tenho que dizer: o que são as fotografias nos filmes de Spike Jonze? Muito foda...
Fabricando Tom Zé
4.3 77Mergulhou na completa loucura e se tornou um dos maiores ARTISTAS (em sentido amplo) da história desse país. Não se apega a convenções, moralismos, politicagem, crenças. Tom Zé só segue a própria cabeça e vive num mundo que não faz por merecer alguém como ele. Rústico, matuto e ao mesmo tempo visionário, atemporal. Um dos mais injustiçados pela mídia. E daí? Tom Zé é sua própria mídia.
"VÁ PRA PORRA!"
Acossado
4.1 510 Assista AgoraSubam as mangas, peguem suas pedras e mirem-nas contra mim:Não gostei do filme.
Os cortes secos, rápidos e constantes no desenvolvimento da trama me deram uma sensação de que a história perdia continuidade entre as cenas, como se fosse um thriller mal justificado. Entendo que a intenção é causar inquietação no espectador, dar uma acelerada na tensão, mas pra mim particularmente isso não colou.
Outro ponto negativo foi a inconstância dos personagens. Em que pese a existência de pessoas reais um tanto quanto indecisas, o filme baseia toda a imprevisibilidade da narrativa na falta de coerência - aparentemente injustificada - dos seus personagens.
Sei que a temática e alguns diálogos foram inovadores pra época. Abordar sexo com tanta espontaneidade e tocar no ponto da 'libertação feminina' era um tabu no cinema até a década de 60. Por isso o filme é tão lembrado dentre os grandes da história. E quebra também o esteriótipo de que o cinema francês é arrastado/lento e poético.
Questão de gosto. Eu esperava muito mais.
O Jardim das Palavras
4.0 363Extremamente bem feito! Nunca vi uma animação tão bem feita assim. A história é focada, sobretudo, no amadurecimento do personagem principal; na passagem da infância pra vida adulta, tanto no aspecto amoroso como profissional. O romance serve pra ilustrar o surgimento de um sentimento mais 'maduro' no personagem, pela primeira vez, e sobretudo por se tratar de uma mulher mais velha, que serve - ironicamente - como uma 'professora da vida' pro garoto. É interessante... a cultura e o cinema japonês tratam muito disso.
Um Bairro Distante
3.9 37Sou suspeito pra falar, porque todo filme sobre nostalgia me pega de jeito. Ainda mais sendo cinema europeu, que costuma trazer roteiros e direção mais melancólicos, usando a imagem pra mexer com o espectador.
De toda forma, fiquei com uma dúvida: qual era o 'ofício secreto' (trabalho) do pai, além de costureiro?
Taxi Driver
4.2 2,6K Assista AgoraPrivilégio enorme rever esse filme no cinema. Quando o filme é diferenciado, a gente gosta mais a cada vez que assiste. As características mais perceptíveis se mantêm espetaculares. Roteiro típico de Scorsese, nos contando um drama psicológico do personagem principal: um trabalhador urbano que inicia a história como um cidadão honesto e até certo ponto ingênuo; capaz, por exemplo, de se apaixonar pelos olhos de uma mulher, de ignorar o forte racismo existente na época (ao prestar serviço de táxi para negros, homossexuais e prostitutas) e de ter como passatempo ir ao cinema ver pornô. Entretanto, com o passar do tempo, a violência social, o capitalismo desenfreado (excesso de trabalho) e a solidão acabam fazendo de Travis um psicopata. Isso fica claro ao vermos ele tendo algumas alucinações - com mafiosos - no meio da narrativa. A frustração amorosa se torna mais um potencializador para a insanidade do protagonista. Travis não é agente do caos, muito pelo contrário: ele é vítima do caos. A banalização da violência fica evidente
quando Travis mata o assaltante, no mercadinho, e o dono do estabelecimento diz que já era o quinto a morrer ali (tendo, ele próprio, uma arma escondida ali).
Trilha sonora MAGNÍFICA! Na minha opinião, a melhor trilha de todos os tempos, junto com os Faroestes de Sergio Leone e Enio Morricone. Robert de Niro no seu auge, numa atuação ao nível de Touro Indomável.
Alguns detalhes que notei dessa vez:
1-
quando Travis sai do cinema pornô com Betsy, ele diz que não conhece nenhum outro cinema de estilo diferente por ali e os dois começam a discutir na calçada. Já no final da cena, a câmera abre e mostra o estabelecimento da frente com uma placa anunciando um filme de Clint Eastwood. Ou seja: nosso personagem, naquele momento, estava completamente bitolado na sua metódica rotina que nem se dava conta das opções diferentes existentes tão perto dele.
2-
a analogia sensacional - e bem 'Scorsesiana' - com o retrovisor na cena final do filme. Travis em momento algum se vira pra olhar pra Betsy, só fala com ela pelo retrovisor. Naquele momento, depois de tudo que o personagem passou, Betsy era só uma lembrança do passado, havia ficado pra trás, e o retrovisor simboliza bem isso. O mesmo pra cidade: aquela imundice toda ficou pra trás. Na minha interpretação, o filme termina com ele decidindo sair dali e fazer outra coisa (como ele próprio havia levantado a hipótese conversando com seu amigo taxista e como ele próprio sugeriu à jovem prostituta).
Até a crítica à política é notável, quando vemos os diálogos sarcásticos de Travis sobre o senador candidato a presidente. É um humor crítico sempre presente nos filmes de Scorsese. O mesmo vale para a cena da menina falando sobre os signos; fato este tratado por Travis como cômico e quase irrelevante. Preconceito, violência, política, astrologia... nada escapa!
A obra é um marco do cinema moderno. Não é à toa. Palmas, palmas, palmas!
A Descoberta do LSD
4.1 31Absolutamente encantado! Não sabia das nuances políticas (nos governos conservadores norte americanos) que tanto pesaram na construção desse dogma negativo perante os psicotrópicos. Em uma hora e meia pude aprender um pouquinho sobre psiquiatria, política e comportamento social nas décadas de 50 e 60.
Mas muito além: pude me emocionar e viajar nas imagens e depoimentos de pessoas que experimentaram o LSD, seja por puro prazer ou por tratamento clínico. É surreal a transparência de bem estar que as pessoas demonstram, o desejo por libertação, a desnecessidade de ser algo melhor ou diferente do restante do mundo. Caminhamos aos poucos para a deturpação completa dos conceitos de lícito e ilícito, moral e imoral, útil e prejudicial. Uma pena...
Pelos Olhos de Maisie
4.1 470 Assista AgoraNunca achei que um tema assim me agradaria, mas me rendi ao filme. Excepcional a forma como a crítica é feita: sem precisar usar argumentos diretos, mas simplesmente demonstrando o comportamento dos 'pais' com a filha. Em paralelo, o nascimento do afeto da menina com pessoas até então desconhecidas por ela.
Muita coisa a gente consegue captar pelo comportamento dos personagens, mas fica visível a confusão na cabeça da menina. Como já falaram abaixo, o uso da câmera de baixo pra cima reforça ainda melhor a ideia da narrativa pelos olhos da inocência de Maisie.
À Beira do Abismo
3.5 915 Assista AgoraSensacionalista até o talo. E pontualmente bem clichê também, em alguns diálogos. Achei que a trama seria boa, pela descrição do filmow, mas é o típico suspense que resolve os problemas com justificativas irracionais, mentirosas ou abusando da sorte dos personagens. Assim é fácil: cria-se uma situação de tensão e se resolve com planos megalomaníacos e irreais. Quase um filme de super héroi/ficção, eu diria. Fraquinho...
Quero Viver
4.3 23Onde baixo?
Conflito das Águas
4.0 94 Assista Agora"A escravidão não foi abolida, apenas se expandiu até incluir nove décimos da população mundial." - Charles Bukowski
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraPoucos filmes conseguem melhorar com o tempo. Este é um deles. A cada vez que assisto, me identifico mais, capto mais piadas, mais críticas, mais referências a obras literárias e cinematográficas que marcaram a juventude de Woody Allen. Durante mais de 90 minutos temos uma metralhadora de informações, sacadas quase imperceptíveis de tão sutis e naturais que surgem na nossa tela. De fato, o humor tragicômico de Woody Allen não é pra qualquer um. De fato, a visão racional e as neuras tão peculiares dele soam como devaneio para a maioria das pessoas.
Mas quem se vê no personagem de Alvy, com certeza entende todos os momentos da narrativa. Da angustia mais profunda à esperança passageira; da melancólica solidão aos risos do casal; da insegurança profissional ao conforto de fazer sexo chapado. Pra quem se vê dentro do filme, sente que o filme foi feito pra você ou por você... esses concordam comigo: Annie Hall mudou a história do cinema contemporâneo. Com lágrimas nos olhos pelo teor dramático que inunda o final da película - mesmo depois de rir dezenas de vezes - aplaudo de pé, pela quarta vez, um dos maiores filmes da história. Woody Allen está imortalizado.
Janela da Alma
4.3 192 Assista AgoraSaramago e Wim Wenders: mais aulas, por favor!
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraDe bom: algumas lembranças de tramas épicas de Martin Scorsese. Mas apenas LAMPEJOS mesmo. E a atuação de Christian Bale, o que é até pleonasmo dizer, pois quem acompanha sabe que ele é um dos melhores atores da atualidade. Dá um toque especial ao personagem quando, por exemplo, insere a mania de pegar/ajeitar sempre o óculos enquanto está mentindo ou manipulando alguém na narrativa. Faz um personagem inicialmente bizarro (pelo aspecto físico e pela falta de escrúpulos) ser posteriormente admirado por sua inteligência.
De ruim: o desfecho corrido, pulando propositalmente alguns detalhes para não escorregar e aparentar ser coerente. Também duas ou três cenas totalmente desnecessárias, trazendo um humor forçado e deslocado da história principal. Além de alguns diálogos/frases clichês.
No geral, filme assistível, na média. Supervalorizado pela academia (se é que indicação ao Oscar ainda é critério pra algum cinéfilo hehehe)
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraCom certeza absoluta um dos melhores filmes brasileiros já produzidos. Porra... em meio ao caos em que é o nosso país, uma obra dessa dá um orgulho quase contraditório, mas aliviante!
Suspense é o gênero predominante, pois o filme é narrado em retalhos, alternando presente (na cadeia) e passado (como cozinheiro), deixando claro desde o início que o objetivo final é mostrar como Nonato chegou á prisão. Mas tem pitadas de humor e romance, o que tornam a história mais leve. Além do sotaque e gírias do povo nordestino, sem precisar deixar os diálogos caricatas como acontece em alguns filmes daqui. Roteiro simples, mas extremamente bem construído, sem deixar nenhuma lacuna sem explicação ou contraditória. Nunca tinha visto um filme nacional nesse estilo, e o diretor até então era um desconhecido por mim. Vou recomendar demais!
O Sétimo Continente
4.0 175 Assista AgoraA mecanização do homem moderno. O consumismo desenfreado. A sede por capital. As convenções, o tradicionalismo, as superstições. O medo de não conseguir dinheiro para comprar sem se vender.
A rotina de uma típica família de classe média-alta, religiosa, ocupada, socialmente presente e afetivamente ausente. Desde o começo da película, pelo ritmo lento e melancólico e pelas repetições de cena rotineiras já fica claro: Haneke vai nos dar mais uma pancada. O espectador se prepara, mas é inútil. O desfecho assume uma forma tão crua e real que nos sentimos capazes de fazer o mesmo que a família decidiu fazer. Como eles, sentimos pavor; contudo, assim como eles, também sentimos o desejo de não ser, de terminar o quanto antes.
Os planos detalhe em excesso (mãos, pés, xícaras, talheres, sapatos, despertadores, etc) podem ser uma mensagem sobre o quanto valorizamos os objetos, sobre o quanto nossa sociedade coloca as COISAS acima da individualidade de cada um como ser humano - tema este que posteriormente foi explorado novamente por Haneke em "Tempos do lobo". Mas todos esses closes em objetos pode ser simplesmente para nos alertar: não interessa os rostos dessa família, porque eles podem ser qualquer um, inclusive nós mesmos.
Não sei quanto ao resto dos cinéfilos, mas ao ver um filme desse diretor, tenho sempre duas certezas: que a minha noite de sono vai ser terrível e que a minha cabeça nunca mais será o que era antes.
Trainspotting: Sem Limites
4.2 1,9K Assista Agorasó uma coisa:
https://www.youtube.com/watch?v=QYEC4TZsy-Y&hd=1
Tudo pelo Poder
3.8 764 Assista AgoraSério que teve gente achando o filme chato e cansativo? Pois eu achei a história interessante, realista e muito 'progressiva', no sentido de que vai sempre avançando, evoluindo. Roteiro bem amarrado (não foi à toa que concorreu como Melhor Roteiro adaptado ao Oscar), tudo bem explicadinho... melhor do que muita trama que tenta inventar demais e foge da realidade ou deixa lacunas. Atuações muito boas também, sobretudo de Ryan Gosling, que cada dia mais se firma entre os grandes atores do cinema contemporâneo. Direção mediana, mas dentro do esperado pra um iniciante na condução de filmes, como é o caso de George Clooney.