Com certeza deve haver aí metáforas e referências aos montes, mas as imagens e sons (bonitos, obviamente, pois hoje em dia não existem mais filmes feios, a tecnologia está toda à disposição. Só faz filme tosco quem quer) não vão bastar para animar aqueles sem muita criatividade para enxergar um grande filme por trás de dois homens isolados/beberrões/xaropes trocando ofensas espertalhonas até demais.
Se a Bruxa ainda guardava algum desenvolvimento mais ou menos avançado - isso não quer dizer necessariamente que seja algo satisfatório - para o final, aqui fica tudo à nossa imaginação mesmo. Ainda bem que nem todos nos vemos obrigados a cultuar qualquer homenagem a outros filmes, movimentos/escolas de cinema ou paradas literárias.
Essa nomenclatura bosta de pós-horror tenta classificar determinadas fitas e ao mesmo tempo parece servir como película de isenção: não vai ter filme ruim, apenas não captamos todas suas essências, tampouco a mensagem que o diretor quis passar. Sempre haverá um espertalhão pra nos alertar, pois somos os privilegiados nascidos na geração que descobriu que o horror, como o cinema em geral, é crítica social e todo o escambau.
Pós-terror. Uau. Puta que pariu, como não pensamos nisso antes?
Clint Eastwood mais uma vez nos presenteia com seu cinema, utilizando suas fórmulas novamente em A Mula.
Desta vez, acompanhamos a odisseia de um senhor no ciclo final de sua vida, num momento de autorreflexão. O filme é uma jornada de descoberta pessoal, não do ser humano para si próprio, mas para com aqueles que o rodeiam, sobretudo entes queridos. É saber dedicar o tempo a quem o merece, priorizar quem e o que realmente importa. Mesmo que isso leve quase uma vida inteira para ser entendido.
Acostumado a nos entregar obras sensíveis, com temas delicados, mas sem cair na pieguice extrema, Clint continua contando suas histórias de maneira sutil. Ainda sobra tempo para rir de si mesmo e tirar onda com nossa geração atual, que mal sabe descascar uma fruta sem consultar na internet antes.
Talvez menos denso do que suas principais obras-primas desse século - que não são poucas-, mas o básico do cineasta já vale mais do que a grande maioria do que é produzido atualmente. O homem que deixou de ser apenas o caçador de recompensas implacável e sem nome, mas que amadureceu como ator e autor, vindo a se tornar o mais elegante diretor americano desse milênio. Talvez seja seu filme testamento, talvez não. Mas sua obra está aí para ser revista eternamente.
Uma das maiores (se não A MAIOR) lendas da história de Hollywood.
Durante um momento do filme, o protagonista, pai da criatura monstruosa, comenta que, quando criança, via aquele monstro gigante, Frankenstein, e achava ser este o nome da criatura. Mais tarde viria a descobrir que na verdade o famoso nome pertencia ao criador/doutor/cientista.
Ou seja, uma troca de identidade (pela qual, creio, quase todos passaram exatamente assim). Uma espécie de metonímia. E ocorre algo similar com este filme. Aparentemente o vilão, o monstro, o perigo para todos reside na aberração recém-nascida. Mas – como em muitos grandes filmes do tipo – a sociedade é quem causa o maior mal. Poucos se importam com os pais. A ordem é matar a criatura. Policiais, a mídia, o governo, até uma enfermeira particular, todos se tornam parasitas.
Resta ao pai, então, tentar proteger seu primogênito de ser contaminado por esses parasitas. Ao mesmo tempo em que lida com o rebuliço ao redor. A mãe, ainda atordoada pelo acontecimento, só quer seu mais novo filho de volta. E é nas feições do pai que se encontra o grande mistério do filme: desde o início ele concorda que o bebê deve ser exterminado, mas ficamos sem saber se é realmente isso que se passa por sua cabeça. Qual seu pensamento, durante o par de cenas em que lágrimas caem de sua face? Quer ele o seu filho de volta? Quer o seu fim? Não o fim pelos seus atos assassinos, mas poupar-lhe do mundo cruel com os que fogem dos padrões.
É difícil analisar de maneira crítica isso aqui devido ao fato de eu ter carinho pela franquia.
No começo, várias dúvidas foram me surgindo, sobretudo relacionadas ao sexto filme, que eu deveria ter revisto. E também me fez lembrar e ter saudades da trilogia original e até de rever o "a noiva" - é o que menos gosto (e também o que vi uma vez só há muito tempo).
E a história, bem, deixa tudo curioso por tantas pontas soltas e algumas situações que não aconteceram em nenhum filme anterior. É possível dizer que o espectador um pouco só familiarizado com a saga vai ser prendido pela curiosidade do que tá realmente acontecendo dentro daquele hospital psiquiátrico.
Nos dois primeiros terços tava achando um dos melhores dos 7. Mas o terço final, quando tudo se "revela", não curti tanto. Principalmente a maneira como termina.
Aí vem a cena pós-crédito, que deixa praticamente claro que vai haver outro filme. Agora a vontade é de ver todos de novo.
Chucky não é tão icônico quanto Michael Myers, Jason ou Freddy, mas a franquia é a mais regular entre todos. gostou de uns três, já vai ter valido a pena ver todo o restante hahaha
Seja encarado como refilmagem ou não, contém os elementos que se esperam de um 'terror' estadunidense recente: efeitos, violência gráfica, um ou outro jumpscare (sem excesso, mais um ponto positivo) e doses de sangue.
Como fã do filme original, eu não conseguiria ver o lançamento de maneira independente, sem remeter a seu antecessor. Entretanto, é inegável admitir que It - A Coisa funcione sozinho e que manteve o espírito da obra. Com uma adequação válida: situando a infância do 'Clube dos Otários' nos anos 80, para que possamos olhar para os 27 anos atrás como se fôssemos nós mesmos. Daí, com diálogos mais descolados e referências ao período. Justo. Apresentar obras antigas a novas gerações é sempre bom.
O palhaço aqui, ao contrário de 1990, não será carregado como símbolo cult e do filme em si. Impressiona mais pelas suas transformações físicas, mas, com mais recursos visuais e sem restrições para uma minissérie, era óbvio que a nova versão seria mais visceral. Será lembrado somente como o vilão do filme. Acredito que nem o mais detrator da versão antiga (que de acordo com alguns é tosca e não dá medo) negará que Tim Curry foi superior.
Pessoalmente, continuo preferindo o original. É mais denso e melancólico (no bom sentido). O cinema em si permite que uns prefiram a intuição e as entrelinhas. O que não quer dizer que esteja errado quem se diverte mais com o impacto, com a imagem por si só.
O mais importante é que a releitura de A Coisa não fere enquanto cinema e carrega personalidade, ainda que a história não seja inédita. Dada a falta de criatividade de Hollywood e o declínio do cinema americano, é algo a se comemorar.
Martin, de George A. Romero, já entra em seu primeiro plano sem uma apresentação com créditos iniciais, sem nome de atores ou o que o figurino manda, o que pode até estranhar o espectador com o mesmo pensando que algo foi cortado - se bem que a versão primária teria 2h45, então vai saber, né?
Pois é exatamente este espírito sem explicações ou satisfações que permeia todo o filme, ao menos no que diz respeito ao protagonista: um jovem com alguns problemas psicológicos que se muda para a casa de parentes seus, onde há um velho supersticioso que acusa o primo/sobrinho recém-chegado de ser um vampiro, devido a uma maldita herança familiar. Ou seja, antes mesmo de se elaborar qualquer julgamento, deve-se aceitar o fato de que o rapaz é um ~Nosferatu~.
Só que não temos certezas durante o filme de Romero. Há toda uma necessidade visceral de derramamento de sangue vinda do rapaz, mas será ele de fato uma das criaturas míticas ou simplesmente imposição? As imagens e flashs em preto e branco são imaginação? Eventos passados de outras épocas? Ora, o próprio jovem é convencido de que tem seus oitenta e tantos anos, além de dificuldades sociais, desabafa seus atos violentos, mas, acima de tudo, está rodeado pela mulher que tem problemas conjugais, a parente cansada de sua vida, um membro autoritário sob o mesmo teto, pessoas que expelem maldade e indiferença a terceiros, adultério, entre outras situações.
O pai dos zumbis, que nos deixou esse ano, mesmo em seus outros filmes brinca bastante com o terror que nada mais é que a vida em sociedade. Somos vítimas e fazemos vítimas, na maioria das vezes sem a mínima percepção de nossos atos. Vemos nossos vizinhos, conhecidos e tantos outros e também ouvimos falar a respeito deles, e passaremos a acreditar sem a necessidade de verificar a veracidade do que nos chega à mente.
É por isso que Romero não precisa de trilha-sonora bombástica, efeitos (só as maquiagens feitas por Savini já são de ótimo tamanho), jumpscares para que seus zumbis, vampiros ou quaisquer outras metáforas para o ser humano ataquem. O assustador está nas entrelinhas.
A cada conferida e revisão de Martin pode-se obter uma interpretação diferente. Você assimila a tela e teu subconsciente se encarrega do restante. Por isso não há arte como o cinema.
Esqueçam a imagem de ser um filme sobre estupro. Elle é muito mais que isso. Há toda uma gama de personagens, nenhum aleatório ou mal desenvolvido, que enriquecem a história e formam um filme diferente de tudo, que mistura um tema relativamente pesado (relativamente porque o diretor sempre foi de mostrar paradas que soam mais como naturais do que como escandalosas), humor, drama e tudo mais.
Verhoeven já fazia filmes americanos que os americanos não tinham o costume de ter. Agora faz o mesmo na França.
Assim como o primeiro, não inova em nada, é verdade. Mas quem disse que usufruir de elementos 'clichês' é defeito? James Wan sabe dirigir uma cena de terror e vai nos dar calafrios várias vezes.
Às vezes exagera na trilha barulhenta na hora de assustar. Ele poderia diminuir isso, tem talento. Mas não estou achando ruim, não. Tem cara que usa dos mesmos artifícios (apelativos?) e não consegue nos entregar um terror recente.
O gênero não vive seus melhores dias, ao menos nos EUA. Dentro dessa situação, enquanto não surge aquele filme definitivo, que marca época (será que teremos mais algum assim?), Wan continuará se destacando fazendo seu feijão com arroz.
Com a ausência de Kevin Williamson no roteiro, toda a metalinguagem que marcou a saga de Ghostface se enfraqueceu muito. Daí fica fácil entender os detratores desta terceira parte. Toda a continuidade de eventos e as ligações entre as tramas que compõem o trio de filmes são por conta da riqueza deixada pelos anteriores, e não por méritos deste aqui.
Só que a história certamente vai prender quem se propuser a ver. Sidney, a vítima principal, retorna à cidade grande, fica mais próxima da polícia, de seus conhecidos, da equipe do filme. Afinal, pra que ficar sozinha quando o assassino já te localizou? Então os atrativos são jogados como isca para os espectadores: descobrimos que Maureen Prescott, a mãe de Sid, não era realmente o que aparentava. E com certeza vamos assistir até ao último minuto para saber: o que realmente houve com ela? Quem é o malfeitor mascarado desta vez?
Tirando a triste e infeliz escolha por inserir sonhos, algo que nunca foi preciso nos antecessores, para nos dar certos sustos, não podemos culpar o roteirista (alguém lembra seu nome?) de não ter se esforçado para manter certo equilíbrio para que esse filho bastardo da trilogia não destoasse muito de seus irmãos. Ora, se o primeiro era um terror falando de terrores, e o segundo uma sequência falando sobre sequências, aqui temos o fechamento de uma trilogia, e numa trilogia as regras são bem diferentes. É aí que aparece Randy. O personagem que melhor representa os jovens aficionados por filmes de terror, a grande alma do recurso autorreferencial desde o começo de tudo, volta, mesmo que por poucos minutos, para ditar o que podemos esperar agora. Uma saída covarde do roteiro? Talvez sim. Mas não creio que os fãs acharam ruim.
Com isso, caio na mesma questão dos fãs, até por ser um deles: não vamos renegar, de forma alguma, esse terceiro filme. Numa análise individual de cada um dos três, ou até dos quatro, sim, é gritante que este pareça diferente. Mas não, nós vamos analisar a franquia como um todo. Vamos lembrar dos quatro filmes em geral.
Por que vamos? Porque até chegar o terceiro filme, evoluímos, tal como Sidney também evoluiu. Suas experiências enquanto jovem a deixaram mais segura, mais confiante, menos inocente, mais madura, como todos nós ficamos com relação ao gênero de terror após os Pânicos, que foi desconstruído com muito humor e ainda assim sem perdermos o mínimo de interesse nele. Ao presenciarmos a simulação da antiga casa de Sidney em Woodsboro, ou ao vermos as fantasias do assassino nos estúdios, estamos totalmente imersos no mundo ficcional e não queremos que ele acabe. Queremos mais mortes, mais filmes, mais tiros errados de Dewey, mais malandragens de Gale, mais referências. Imagine você ficar órfão durante mais de uma década de algo que você tanto admirou?
É por isso que quem cresceu amando Pânico e aprendendo com as histórias perdoa os erros de Pânico 3, e perdoariam com ainda mais prazer a quarta parte, com sua fórmula previsível, ainda que atualizada, e com algumas tosquices. Essa quarta parte sim viria fechar com chave de ouro a maior franquia do terror no cinema até os dias de hoje.
Há filmes nos quais você termina de assistir sem ter entendido alguns eventos. Podemos colocar como exemplo Cidade dos Sonhos ou Donnie Darko, que são casos em que são necessárias revisões e leituras de teorias interpretativas.
Já em De Olhos Bem Fechados, por mais que você compreenda, ao menos num ponto de vista concreto e linear, tudo que passou, a assimilação do que transcorreu nas 2h30 de duração dificilmente satisfará a todos em uma única vista. É possível dizer isso tanto lendo as opiniões alheias quanto por experiência própria. Eu pelo menos não curti nas duas primeiras vezes que vi, mas agora sou mais um que foi contagiado por esse thriller dramático. E vou precisar futuramente de mais uma revisão.
Não é um filme de fácil digestão e tampouco será admirado numa sessão descompromissada. Pode muito bem dar uma impressão de que não há clímax, não há soluções e que no fim a história não foi levada a lugar algum. Ao sermos absorvidos pela jornada do Dr. Bill, algumas peças do quebra-cabeça não se encaixam, e a importância, os destinos de alguns personagens podem ser colocados em xeque.
Mas será que em Eyes Wide Shut são as explicações que importam? Acho meio difícil que seja, quando você percebe os vários pontos de vista acerca da obra, os vários questionamentos que podem ser levantados. Uma trama onde há traições, desejos, morte, segredos, mas como saber se são concretos ou somente paranoias? Que lição podemos tirar dos diálogos finais do casal? Do tal baile de fantasias?
As máscaras usadas durante a projeção representam as máscaras que todos nós temos, e temos medo não só de que elas sejam descobertas como também de descobrir as dos outros, ainda mais de alguém tão próximo.
Enfim, fica até difícil escrever uma opinião sem ter o receio de que fique uma bobagem. Mas o último trabalho de Stanley Kubrick talvez se assemelhe em uma coisa com 2001, seu filme mais enigmático: pode não haver certo ou errado. O que cada um interpretar fica como o sentido de tudo. No fim das contas, é uma jornada de dúvidas, sentimentos, mistério, angústia, banhada por uma técnica belíssima e uma trilha sonora que martela insistentemente na sua cabeça.
A parte ruim de ler comentários acerca de um filme baseado num livro de sucesso é que, às vezes, as pessoas parecem unicamente se preocupar com questões de fidelidade na adaptação. Só ler alguns que logo dá para sacar isso. Não que não tenham esse direito, muito pelo contrário, mas pelo menos eu procuro sempre que possível analisar cada obra dentro do que faz parte. Afinal, literatura e cinema são bem diferentes, não?
Mas acho que eu tenha ficado meio "imune" com relação a isso porque vi esse filme muito antes de ler (ou assistir ao remake), o que me permitiu olhar tudo de maneira limpa. E o que encontrei aqui foi uma história de degradação progressiva de um homem por uma menina muito nova, que mostra aos poucos como se desenvolveu sua obsessão e tudo mais, com Mason e Sellers dando shows de atuação.
É pedofilia o sentimento dentro do Humbert? Sim, mas será que isso é justificativa para descer a lenha? Então não é possível gostar de uma obra ficcional devido ao seu conteúdo violento, criminoso, sexual? Coloquemos então cineastas como Tarantino, Verhoeven, De Palma na lata de lixo cinematográfica, se é esse o caso.
Outra coisa: por mais que haja duas versões, é covardia compará-las simplesmente pelo motivo das épocas: 1962 não dava para fazer nada devido à censura, então com o pouco que dava Kubrick fez de maneira sutil, mas ainda assim provocante.
Se querem saber, como versão cinematográfica, focando somente no cinema (de novo vem o fato de eu ter visto essa e a de 97 antes da leitura), essa daqui é superior. Pode não ser mais fiel, mas tem uma técnica e trilha sonora mais belas, Mason interpreta um Humbert que consegue ser engraçado e frustrado, enquanto Irons na versão de Lyne permanece a película toda com feições de velho-babão; Sellers demonstra um sarcasmo invejável e nos faz sentir sua presença em todos os seus disfarces, ao contrário de Langella, que parece mais os personagens humanos de Tom & Jerry, que a gente só conhece da cintura para baixo.
Kubrick permanecerá sendo um cineasta cuja qualidade de seus filmes superou tudo: a capacidade crítica de especialistas, os outros diretores, e, por que não, até mesmo a maioria, se não todas, dos escritos literários que lhe serviram de inspiração.
"- Como você pode estar sozinho? Eu pedi vários reforços. - Você pareceu estar bêbado no rádio. ... Daqui a pouco vai me dizer que viu esqueletos. - Nós vimos, mais cedo. - Agora eu sei que você está louco."
Tem tanto diálogo genial no filme que fica difícil escolher. hahahaha
Mas falando sério, Ed Wood vem, num filme B da década de 50, criticar o ser humano, com toda sua sede de destruição e egoísmo. Brilhantes tanto os discurso dos alienígenas na nave quanto o final, do narrador:
"Nós rimos uma vez da carruagem sem cavalo, do avião, do telefone, da luz elétrica, vitaminas, rádio, e até da televisão. E agora alguns de nós rimos do Espaço Sideral."
É meu primeiro contato com o Wood, logo, não sei se ele acreditava em alienígenas ou não, mas achei sensacional a mensagem que ele passa durante o filme. Como por exemplo, ser necessário destruir uma civilização que age de maneira primitiva, evitando o progresso muitas vezes.
Aí lembrei que muitos dizem ser esse o pior filme de todos os tempos. Absurdo. Ou que Wood é o pior diretor da história. Não parece. Quem afirma isso sim merece ser destruído como bem falam da humanidade em geral, durante o filme, que adora atrapalhar bastante coisa. :p
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista Agoraler os comentários é uma experiência melhor que o filme em si
Drive
3.9 3,5K Assista Agorarapaz, um dos personagens mais "gado demais" da história do cinema :p
O Farol
3.8 1,6K Assista AgoraCom certeza deve haver aí metáforas e referências aos montes, mas as imagens e sons (bonitos, obviamente, pois hoje em dia não existem mais filmes feios, a tecnologia está toda à disposição. Só faz filme tosco quem quer) não vão bastar para animar aqueles sem muita criatividade para enxergar um grande filme por trás de dois homens isolados/beberrões/xaropes trocando ofensas espertalhonas até demais.
Se a Bruxa ainda guardava algum desenvolvimento mais ou menos avançado - isso não quer dizer necessariamente que seja algo satisfatório - para o final, aqui fica tudo à nossa imaginação mesmo. Ainda bem que nem todos nos vemos obrigados a cultuar qualquer homenagem a outros filmes, movimentos/escolas de cinema ou paradas literárias.
Essa nomenclatura bosta de pós-horror tenta classificar determinadas fitas e ao mesmo tempo parece servir como película de isenção: não vai ter filme ruim, apenas não captamos todas suas essências, tampouco a mensagem que o diretor quis passar. Sempre haverá um espertalhão pra nos alertar, pois somos os privilegiados nascidos na geração que descobriu que o horror, como o cinema em geral, é crítica social e todo o escambau.
Pós-terror. Uau. Puta que pariu, como não pensamos nisso antes?
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista Agoraalguém me tira uma dúvida a respeito do Pennywise:
ele é um palhaço de verdade ou uma pessoa vestida de palhaço?
A Mula
3.6 354 Assista AgoraClint Eastwood mais uma vez nos presenteia com seu cinema, utilizando suas fórmulas novamente em A Mula.
Desta vez, acompanhamos a odisseia de um senhor no ciclo final de sua vida, num momento de autorreflexão. O filme é uma jornada de descoberta pessoal, não do ser humano para si próprio, mas para com aqueles que o rodeiam, sobretudo entes queridos. É saber dedicar o tempo a quem o merece, priorizar quem e o que realmente importa. Mesmo que isso leve quase uma vida inteira para ser entendido.
Acostumado a nos entregar obras sensíveis, com temas delicados, mas sem cair na pieguice extrema, Clint continua contando suas histórias de maneira sutil. Ainda sobra tempo para rir de si mesmo e tirar onda com nossa geração atual, que mal sabe descascar uma fruta sem consultar na internet antes.
Talvez menos denso do que suas principais obras-primas desse século - que não são poucas-, mas o básico do cineasta já vale mais do que a grande maioria do que é produzido atualmente. O homem que deixou de ser apenas o caçador de recompensas implacável e sem nome, mas que amadureceu como ator e autor, vindo a se tornar o mais elegante diretor americano desse milênio. Talvez seja seu filme testamento, talvez não. Mas sua obra está aí para ser revista eternamente.
Uma das maiores (se não A MAIOR) lendas da história de Hollywood.
https://www.youtube.com/watch?v=yc5AWImplfE
Nós
3.8 2,3K Assista Agoraain essas notas falsas de quem não viu vai atrapalhar minha experiência de ver o filme
kkkkkkk
A Casa Que Jack Construiu
3.5 788 Assista AgoraNos créditos finais, temos uma versão mais "turbinada" da canção Hit the Road Jack. Embora não contenha a voz de Ray Charles, é muito boa também.
É a melhor parte do filme, podem pular direto pra ela sem medo :)
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista Agoraa galera na página desse filme chamando as semelhanças dessa ficção com a nossa realidade de mimimi, chororô e tudo mais.
isso só mostra o quanto filmes como esse são cada dia mais necessários.
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraEwan McGregor para interpretar um cinquentão perturbado?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Nasce um Monstro
3.2 95Durante um momento do filme, o protagonista, pai da criatura monstruosa, comenta que, quando criança, via aquele monstro gigante, Frankenstein, e achava ser este o nome da criatura. Mais tarde viria a descobrir que na verdade o famoso nome pertencia ao criador/doutor/cientista.
Ou seja, uma troca de identidade (pela qual, creio, quase todos passaram exatamente assim). Uma espécie de metonímia. E ocorre algo similar com este filme. Aparentemente o vilão, o monstro, o perigo para todos reside na aberração recém-nascida. Mas – como em muitos grandes filmes do tipo – a sociedade é quem causa o maior mal. Poucos se importam com os pais. A ordem é matar a criatura. Policiais, a mídia, o governo, até uma enfermeira particular, todos se tornam parasitas.
Resta ao pai, então, tentar proteger seu primogênito de ser contaminado por esses parasitas. Ao mesmo tempo em que lida com o rebuliço ao redor. A mãe, ainda atordoada pelo acontecimento, só quer seu mais novo filho de volta. E é nas feições do pai que se encontra o grande mistério do filme: desde o início ele concorda que o bebê deve ser exterminado, mas ficamos sem saber se é realmente isso que se passa por sua cabeça. Qual seu pensamento, durante o par de cenas em que lágrimas caem de sua face? Quer ele o seu filho de volta? Quer o seu fim? Não o fim pelos seus atos assassinos, mas poupar-lhe do mundo cruel com os que fogem dos padrões.
Um suspense de horror autenticamente triste.
Corra Que a Polícia Vem Aí 33 1/3: O Insulto …
3.4 176 Assista AgoraA melhor cerimônia do Oscar de todos os tempos!
O Culto de Chucky
2.3 611 Assista AgoraÉ difícil analisar de maneira crítica isso aqui devido ao fato de eu ter carinho pela franquia.
No começo, várias dúvidas foram me surgindo, sobretudo relacionadas ao sexto filme, que eu deveria ter revisto. E também me fez lembrar e ter saudades da trilogia original e até de rever o "a noiva" - é o que menos gosto (e também o que vi uma vez só há muito tempo).
E a história, bem, deixa tudo curioso por tantas pontas soltas e algumas situações que não aconteceram em nenhum filme anterior. É possível dizer que o espectador um pouco só familiarizado com a saga vai ser prendido pela curiosidade do que tá realmente acontecendo dentro daquele hospital psiquiátrico.
Nos dois primeiros terços tava achando um dos melhores dos 7. Mas o terço final, quando tudo se "revela", não curti tanto. Principalmente a maneira como termina.
Aí vem a cena pós-crédito, que deixa praticamente claro que vai haver outro filme. Agora a vontade é de ver todos de novo.
Chucky não é tão icônico quanto Michael Myers, Jason ou Freddy, mas a franquia é a mais regular entre todos. gostou de uns três, já vai ter valido a pena ver todo o restante hahaha
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraSeja encarado como refilmagem ou não, contém os elementos que se esperam de um 'terror' estadunidense recente: efeitos, violência gráfica, um ou outro jumpscare (sem excesso, mais um ponto positivo) e doses de sangue.
Como fã do filme original, eu não conseguiria ver o lançamento de maneira independente, sem remeter a seu antecessor. Entretanto, é inegável admitir que It - A Coisa funcione sozinho e que manteve o espírito da obra. Com uma adequação válida: situando a infância do 'Clube dos Otários' nos anos 80, para que possamos olhar para os 27 anos atrás como se fôssemos nós mesmos. Daí, com diálogos mais descolados e referências ao período. Justo. Apresentar obras antigas a novas gerações é sempre bom.
O palhaço aqui, ao contrário de 1990, não será carregado como símbolo cult e do filme em si. Impressiona mais pelas suas transformações físicas, mas, com mais recursos visuais e sem restrições para uma minissérie, era óbvio que a nova versão seria mais visceral. Será lembrado somente como o vilão do filme. Acredito que nem o mais detrator da versão antiga (que de acordo com alguns é tosca e não dá medo) negará que Tim Curry foi superior.
Pessoalmente, continuo preferindo o original. É mais denso e melancólico (no bom sentido). O cinema em si permite que uns prefiram a intuição e as entrelinhas. O que não quer dizer que esteja errado quem se diverte mais com o impacto, com a imagem por si só.
O mais importante é que a releitura de A Coisa não fere enquanto cinema e carrega personalidade, ainda que a história não seja inédita. Dada a falta de criatividade de Hollywood e o declínio do cinema americano, é algo a se comemorar.
Martin
3.8 102Martin, de George A. Romero, já entra em seu primeiro plano sem uma apresentação com créditos iniciais, sem nome de atores ou o que o figurino manda, o que pode até estranhar o espectador com o mesmo pensando que algo foi cortado - se bem que a versão primária teria 2h45, então vai saber, né?
Pois é exatamente este espírito sem explicações ou satisfações que permeia todo o filme, ao menos no que diz respeito ao protagonista: um jovem com alguns problemas psicológicos que se muda para a casa de parentes seus, onde há um velho supersticioso que acusa o primo/sobrinho recém-chegado de ser um vampiro, devido a uma maldita herança familiar. Ou seja, antes mesmo de se elaborar qualquer julgamento, deve-se aceitar o fato de que o rapaz é um ~Nosferatu~.
Só que não temos certezas durante o filme de Romero. Há toda uma necessidade visceral de derramamento de sangue vinda do rapaz, mas será ele de fato uma das criaturas míticas ou simplesmente imposição? As imagens e flashs em preto e branco são imaginação? Eventos passados de outras épocas? Ora, o próprio jovem é convencido de que tem seus oitenta e tantos anos, além de dificuldades sociais, desabafa seus atos violentos, mas, acima de tudo, está rodeado pela mulher que tem problemas conjugais, a parente cansada de sua vida, um membro autoritário sob o mesmo teto, pessoas que expelem maldade e indiferença a terceiros, adultério, entre outras situações.
O pai dos zumbis, que nos deixou esse ano, mesmo em seus outros filmes brinca bastante com o terror que nada mais é que a vida em sociedade. Somos vítimas e fazemos vítimas, na maioria das vezes sem a mínima percepção de nossos atos. Vemos nossos vizinhos, conhecidos e tantos outros e também ouvimos falar a respeito deles, e passaremos a acreditar sem a necessidade de verificar a veracidade do que nos chega à mente.
É por isso que Romero não precisa de trilha-sonora bombástica, efeitos (só as maquiagens feitas por Savini já são de ótimo tamanho), jumpscares para que seus zumbis, vampiros ou quaisquer outras metáforas para o ser humano ataquem. O assustador está nas entrelinhas.
A cada conferida e revisão de Martin pode-se obter uma interpretação diferente. Você assimila a tela e teu subconsciente se encarrega do restante. Por isso não há arte como o cinema.
Elle
3.8 885um filme do Tarantino apoia a cultura da violência?
um filme de terror apoia a cultura da violência?
se formos diminuir Elle pela sua temática, 95% dos filmes deverão perder seu valor também...
Elle
3.8 885Esqueçam a imagem de ser um filme sobre estupro. Elle é muito mais que isso. Há toda uma gama de personagens, nenhum aleatório ou mal desenvolvido, que enriquecem a história e formam um filme diferente de tudo, que mistura um tema relativamente pesado (relativamente porque o diretor sempre foi de mostrar paradas que soam mais como naturais do que como escandalosas), humor, drama e tudo mais.
Verhoeven já fazia filmes americanos que os americanos não tinham o costume de ter. Agora faz o mesmo na França.
Um pecado estar trabalhando tão pouco.
O Último Grande Herói
3.3 205 Assista AgoraPor que tão subestimado?
Que Deus perdoe essas pessoas ruins.
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraAssim como o primeiro, não inova em nada, é verdade. Mas quem disse que usufruir de elementos 'clichês' é defeito? James Wan sabe dirigir uma cena de terror e vai nos dar calafrios várias vezes.
Às vezes exagera na trilha barulhenta na hora de assustar. Ele poderia diminuir isso, tem talento. Mas não estou achando ruim, não. Tem cara que usa dos mesmos artifícios (apelativos?) e não consegue nos entregar um terror recente.
O gênero não vive seus melhores dias, ao menos nos EUA. Dentro dessa situação, enquanto não surge aquele filme definitivo, que marca época (será que teremos mais algum assim?), Wan continuará se destacando fazendo seu feijão com arroz.
Feijão com arroz bem gostoso, vale dizer.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista Agoragente, qualidade de um filme de terror não é sinônimo de sustos e medo, não, tá?
2001: Uma Odisseia no Espaço
4.2 2,4K Assista Agoranão é meu filme preferido, e provavelmente também não é o seu.
mas o cinema enquanto imagem, som, sensorialismo, enquanto ARTE, atingiu seu ápice aqui.
não é para caçar explicações, é para se sentir (e se maravilhar).
Pânico 3
3.0 775 Assista AgoraCom a ausência de Kevin Williamson no roteiro, toda a metalinguagem que marcou a saga de Ghostface se enfraqueceu muito. Daí fica fácil entender os detratores desta terceira parte. Toda a continuidade de eventos e as ligações entre as tramas que compõem o trio de filmes são por conta da riqueza deixada pelos anteriores, e não por méritos deste aqui.
Só que a história certamente vai prender quem se propuser a ver. Sidney, a vítima principal, retorna à cidade grande, fica mais próxima da polícia, de seus conhecidos, da equipe do filme. Afinal, pra que ficar sozinha quando o assassino já te localizou? Então os atrativos são jogados como isca para os espectadores: descobrimos que Maureen Prescott, a mãe de Sid, não era realmente o que aparentava. E com certeza vamos assistir até ao último minuto para saber: o que realmente houve com ela? Quem é o malfeitor mascarado desta vez?
Tirando a triste e infeliz escolha por inserir sonhos, algo que nunca foi preciso nos antecessores, para nos dar certos sustos, não podemos culpar o roteirista (alguém lembra seu nome?) de não ter se esforçado para manter certo equilíbrio para que esse filho bastardo da trilogia não destoasse muito de seus irmãos. Ora, se o primeiro era um terror falando de terrores, e o segundo uma sequência falando sobre sequências, aqui temos o fechamento de uma trilogia, e numa trilogia as regras são bem diferentes. É aí que aparece Randy. O personagem que melhor representa os jovens aficionados por filmes de terror, a grande alma do recurso autorreferencial desde o começo de tudo, volta, mesmo que por poucos minutos, para ditar o que podemos esperar agora. Uma saída covarde do roteiro? Talvez sim. Mas não creio que os fãs acharam ruim.
Com isso, caio na mesma questão dos fãs, até por ser um deles: não vamos renegar, de forma alguma, esse terceiro filme. Numa análise individual de cada um dos três, ou até dos quatro, sim, é gritante que este pareça diferente. Mas não, nós vamos analisar a franquia como um todo. Vamos lembrar dos quatro filmes em geral.
Por que vamos? Porque até chegar o terceiro filme, evoluímos, tal como Sidney também evoluiu. Suas experiências enquanto jovem a deixaram mais segura, mais confiante, menos inocente, mais madura, como todos nós ficamos com relação ao gênero de terror após os Pânicos, que foi desconstruído com muito humor e ainda assim sem perdermos o mínimo de interesse nele. Ao presenciarmos a simulação da antiga casa de Sidney em Woodsboro, ou ao vermos as fantasias do assassino nos estúdios, estamos totalmente imersos no mundo ficcional e não queremos que ele acabe. Queremos mais mortes, mais filmes, mais tiros errados de Dewey, mais malandragens de Gale, mais referências. Imagine você ficar órfão durante mais de uma década de algo que você tanto admirou?
É por isso que quem cresceu amando Pânico e aprendendo com as histórias perdoa os erros de Pânico 3, e perdoariam com ainda mais prazer a quarta parte, com sua fórmula previsível, ainda que atualizada, e com algumas tosquices. Essa quarta parte sim viria fechar com chave de ouro a maior franquia do terror no cinema até os dias de hoje.
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraHá filmes nos quais você termina de assistir sem ter entendido alguns eventos. Podemos colocar como exemplo Cidade dos Sonhos ou Donnie Darko, que são casos em que são necessárias revisões e leituras de teorias interpretativas.
Já em De Olhos Bem Fechados, por mais que você compreenda, ao menos num ponto de vista concreto e linear, tudo que passou, a assimilação do que transcorreu nas 2h30 de duração dificilmente satisfará a todos em uma única vista. É possível dizer isso tanto lendo as opiniões alheias quanto por experiência própria. Eu pelo menos não curti nas duas primeiras vezes que vi, mas agora sou mais um que foi contagiado por esse thriller dramático. E vou precisar futuramente de mais uma revisão.
Não é um filme de fácil digestão e tampouco será admirado numa sessão descompromissada. Pode muito bem dar uma impressão de que não há clímax, não há soluções e que no fim a história não foi levada a lugar algum. Ao sermos absorvidos pela jornada do Dr. Bill, algumas peças do quebra-cabeça não se encaixam, e a importância, os destinos de alguns personagens podem ser colocados em xeque.
Mas será que em Eyes Wide Shut são as explicações que importam? Acho meio difícil que seja, quando você percebe os vários pontos de vista acerca da obra, os vários questionamentos que podem ser levantados. Uma trama onde há traições, desejos, morte, segredos, mas como saber se são concretos ou somente paranoias? Que lição podemos tirar dos diálogos finais do casal? Do tal baile de fantasias?
As máscaras usadas durante a projeção representam as máscaras que todos nós temos, e temos medo não só de que elas sejam descobertas como também de descobrir as dos outros, ainda mais de alguém tão próximo.
Enfim, fica até difícil escrever uma opinião sem ter o receio de que fique uma bobagem. Mas o último trabalho de Stanley Kubrick talvez se assemelhe em uma coisa com 2001, seu filme mais enigmático: pode não haver certo ou errado. O que cada um interpretar fica como o sentido de tudo. No fim das contas, é uma jornada de dúvidas, sentimentos, mistério, angústia, banhada por uma técnica belíssima e uma trilha sonora que martela insistentemente na sua cabeça.
Troco qualquer cineasta existente por Kubrick.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraA parte ruim de ler comentários acerca de um filme baseado num livro de sucesso é que, às vezes, as pessoas parecem unicamente se preocupar com questões de fidelidade na adaptação. Só ler alguns que logo dá para sacar isso. Não que não tenham esse direito, muito pelo contrário, mas pelo menos eu procuro sempre que possível analisar cada obra dentro do que faz parte. Afinal, literatura e cinema são bem diferentes, não?
Mas acho que eu tenha ficado meio "imune" com relação a isso porque vi esse filme muito antes de ler (ou assistir ao remake), o que me permitiu olhar tudo de maneira limpa. E o que encontrei aqui foi uma história de degradação progressiva de um homem por uma menina muito nova, que mostra aos poucos como se desenvolveu sua obsessão e tudo mais, com Mason e Sellers dando shows de atuação.
É pedofilia o sentimento dentro do Humbert? Sim, mas será que isso é justificativa para descer a lenha? Então não é possível gostar de uma obra ficcional devido ao seu conteúdo violento, criminoso, sexual? Coloquemos então cineastas como Tarantino, Verhoeven, De Palma na lata de lixo cinematográfica, se é esse o caso.
Outra coisa: por mais que haja duas versões, é covardia compará-las simplesmente pelo motivo das épocas: 1962 não dava para fazer nada devido à censura, então com o pouco que dava Kubrick fez de maneira sutil, mas ainda assim provocante.
Se querem saber, como versão cinematográfica, focando somente no cinema (de novo vem o fato de eu ter visto essa e a de 97 antes da leitura), essa daqui é superior. Pode não ser mais fiel, mas tem uma técnica e trilha sonora mais belas, Mason interpreta um Humbert que consegue ser engraçado e frustrado, enquanto Irons na versão de Lyne permanece a película toda com feições de velho-babão; Sellers demonstra um sarcasmo invejável e nos faz sentir sua presença em todos os seus disfarces, ao contrário de Langella, que parece mais os personagens humanos de Tom & Jerry, que a gente só conhece da cintura para baixo.
Kubrick permanecerá sendo um cineasta cuja qualidade de seus filmes superou tudo: a capacidade crítica de especialistas, os outros diretores, e, por que não, até mesmo a maioria, se não todas, dos escritos literários que lhe serviram de inspiração.
Plano 9 do Espaço Sideral
3.1 227 Assista Agora"- Como você pode estar sozinho? Eu pedi vários reforços.
- Você pareceu estar bêbado no rádio.
...
Daqui a pouco vai me dizer que viu esqueletos.
- Nós vimos, mais cedo.
- Agora eu sei que você está louco."
Tem tanto diálogo genial no filme que fica difícil escolher. hahahaha
Mas falando sério, Ed Wood vem, num filme B da década de 50, criticar o ser humano, com toda sua sede de destruição e egoísmo. Brilhantes tanto os discurso dos alienígenas na nave quanto o final, do narrador:
"Nós rimos uma vez da carruagem sem cavalo, do avião, do telefone, da luz elétrica, vitaminas, rádio, e até da televisão. E agora alguns de nós rimos do Espaço Sideral."
É meu primeiro contato com o Wood, logo, não sei se ele acreditava em alienígenas ou não, mas achei sensacional a mensagem que ele passa durante o filme. Como por exemplo, ser necessário destruir uma civilização que age de maneira primitiva, evitando o progresso muitas vezes.
Aí lembrei que muitos dizem ser esse o pior filme de todos os tempos. Absurdo. Ou que Wood é o pior diretor da história. Não parece. Quem afirma isso sim merece ser destruído como bem falam da humanidade em geral, durante o filme, que adora atrapalhar bastante coisa. :p