Uma curiosidade sobre PLANETA DOS MACACOS - A ORIGEM que eu só percebi ao rever hoje: na cena em que o Tom Felton reclama o sumiço dos biscoitos, na televisão é noticiado que a primeira nave tripulada (Icarus) entrou na atmosfera de Marte - oito meses depois de deixar a Terra. Depois, na manhã da rebelião dos macacos, temos um close do jornal 'San Francisco Chronicle' com a seguinte manchete LOST IN SPACE?
A Icarus é a nave que se perde no espaço no filme de 1968, levando Charlton Heston para o Planeta dos Macacos - ou seja, para a Terra no futuro.
A cena em que Lars (Ryan Gosling) apresenta a namorada Bianca para a família é de constranger a alma do espectador. O que parece uma comédia de uma piada só, ganha contornos dramáticos à medida que a cidade inteira embarca na fantasia de Lars - despertando um dos mais nobres aspectos da natureza humana, a bondade.
Esse delírio coletivo, proposto pelo diretor é muito parecido com o que acontece em uma sala de cinema, quando o espectador suspende a descrença para se conectar emocionalmente com alguém (ou algo) do qual ele sabe que não existe de verdade. Não é exatamente isso que buscamos sempre?
De bom só a lembrança de ser o primeiro filme do 'bátima' que acompanhei e assisti no cinema, com 11 anos. Tudo é ruim no filme: a Gotham City menos gótica e muito mais colorida; o Robin mimado e burro; e, principalmente, a dupla de antagonistas - cadê aquela máxima do crie um grande vilão que terás um grande herói que o Tim Burton aplicou tão bem nos dois primeiros filmes - o Duas-Caras e o Charada juntos não dão um capanga do Coringa.
Se em BATMAN ETERNAMENTE o estilo 'galhofa' lembra um pouco a série clássica dos anos 60, em BATMAN E ROBIN a brincadeira passou do ponto. O filme é tão bizarro e medonho que até diverte entre um bocejo e outro.
Entre as cenas memoráveis estão: logo nos créditos iniciais o close do Batman girando e contraindo a bundinha; o homem morcego surfando num dinossauro; o Bane de cachorrinho mascote da Hera Venenosa; os diálogos inspiradores do Batman com seus dois sidekicks adolescentes - Robin e Batgirl; e, o melhor, o batcard seguido da frase 'não saia de casa sem ele'
Pra não dizer que tudo é ridículo, a Uma Thurman está linda (e venenosa). Enfim, o diretor Joe Schumacher não só enterrou a franquia do 'bátima' por 8 anos nos cinemas, como também cagou dentro do batitraje - só pra dificultar o trabalho do próximo diretor.
Chorei de tanto rir! Um espetáculo de stand-up comedy, de 1983, apresentado por um Eddie Murphy, de 22 anos, cheio de energia e com o botão do 'foda-se' ligado para falar de gays, negros, governo Reagan, pênis, sorvete e a habilidade de um western das mães ao arremessar um sapato nos filhos. Simplesmente fantástico :)
Gostei A CULPA É DAS ESTRELAS não é um filme que te agride. É leve, honesto e simpático. Feito para chorar, claro, mas isso não é demérito algum. É bem superior aos romances adaptados do Nicolas Sparks - isso é um p#t@ elogio, eu acho o_O
O roteiro tem um ritmo legal até o final do segundo ato. Poderia, inclusive acabar em Amsterdã. O arco dramático da personagem termina ali e o que acontece depois é um tanto gratuito e só serve para levar os adolescentes as lágrimas - claro que aí o filme já te ganhou, daí é fácil abstrair um terceiro ato super mastigadinho e de muitos finais.
Shailene Woodley é muito boa atriz e consegue trazer verdade para uma jovem que aprendeu a lidar com a promessa da morte. A química do casal também ajuda a disfarçar as limitações de Ansel Elgort como ator. Já Laura Dern está ótima! Uma mãe em pedaços, de olhar impotente e um sorriso cheio de carinho. Enfim "não é o drama pelo drama que emociona em A CULPA É DAS ESTRELAS, mas a sua capacidade de gerar empatia."
P.S: o filme tem um ou dois momentos "vergonha alheia" profunda (tipo, quando o 'casalzinho fofo' se beija e todos batem palmas), mas no geral o filme se esforça para não se perder em clichês do gênero.
Sinto saudade desses grandes épicos, longos, contemplativos e repletos de belas imagens - nem lembro qual foi o último filme que assisti no cinema com aquele famoso intervalo no meio da sessão. Com quase quatro horas, DANÇA COM LOBOS é uma obra de muitas conquistas: ressuscitou o mais norte-americano dos gêneros (o western); marcou a estreia de Kevin Costner (na época, o maior astro de Hollywood) na direção; ganhou sete Oscar, inclusive de melhor filme e diretor; e faturou nada menos que 420 milhões de dólares pelo mundo.
O longa resgata elementos importantes dos faroestes revisionistas dos anos 70: o herói solitário que busca uma vida mais simples e próxima da natureza e a tentativa de tirar dos índios o papel tradicional de vilões. Com uma narrativa mais lenta, poucas cenas de ação (a caçada a uma manada de búfalos é sensacional) o diretor encontrou o tom certo para contar a sua história, só pecando um pouco no terceiro ato - onde o uso de clichês e convenções do gênero tornam os militares todos idiotas e os índios criaturas de coração puro. Enfim, DANÇA COM LOBOS é um lindo espetáculo para os saudosistas, como eu, do cinema clássico de Hollywood.
Para os mais sensíveis que estão abandonado as sessões de PRAIA DO FUTURO por causa do conteúdo gay. Cuidado, o reembolso será com pirocadas na cara e dedinho no brioco. AVISADO :-)
MONSTERS é um filme de monstro? Sim, mas calma! É um filme de monstro que custou 500 mil dólares – baixa um pouco a expectativa aí, pois com essa grana fica um pouco difícil entregar um espetáculo pirotécnico cheio de caos e destruição. Então o filme é ruim? Não, pelo contrário! É um bom filme que na falta de recursos técnicos, busca no drama humano e no poder da sugestão uma alternativa de prender a atenção do espectador - e funciona :)
Se inicialmente somos guiados pelo romance é no registro quase documental do diretor Gareth Edwards que o filme realmente acontece. Raramente vemos os monstros por inteiro, apenas os efeitos de sua passagem e muito da informação chega pela televisão. O subtexto político, a estética realista e suja, tudo casa muito bem com aquele cenário onde todos parecem acostumados com os conflitos entre humanos e aliens – com carroceiros levando turbinas de jatos, cascos de navios inexplicavelmente sobre copas de árvores, cidades em ruínas, murais desbotados com ilustrações dos ETs. É no poder da sugestão que o diretor constrói o seu universo e nos conta muitas histórias. É mais inteligente que gastar os 500 mil em uma única cena espetacular, não acham?
Antes de começar quero expressar a minha frustração com a participação do Bryan Cranston em GODZILLA. É ridícula, ele ficou limitado ao velho maluco das conspirações - sabe aquele que fica gritando 'ele está vindo' e ninguém acredita? É ele. Já Juliette Binoche, coitada, até os créditos iniciais ficam mais tempo em cena do que ela.
Superado isso, GODZILLA é um baita filme de monstro :) Uma grande preparação, construída sem pressa, que encontra seu ápice em uma batalha monstruosa de proporções épicas e de efeitos inacreditáveis. Há claro, tem os humanos - tinha esquecido! Eles existem, estão lá, se fazem presentes com a significância de uma formiga em meio a patadas de elefantes. Se não podem fazer muito durante o filme, no terceiro ato então, simplesmente retiram a sua insignificância e deixam a natureza fazer o trabalho. Porque o filme é sobre isso: a natureza buscando equilíbrio. Só não faça como eu que fui pensando que o Bryan Cranston, ou qualquer outro humano, seria o herói. Godzilla (com cara de ursinho judiado) é o verdadeiro dono do filme - e sem dúvida o melhor em cena. Eu curti!
Acho engraçado quando as pessoas fazem piada com o Godzilla do Roland Emmerich. Com exceção do original de 1954, o monstrengo sessentão nunca se levou a sério - alias, mais errou do que acertou nos cinemas. O Godzilla de 1998 é tão bizarro e sem noção quanto as versões japonesas. É tão ruim, tosco (e porque não DIVERTIDO) quanto os outros 28 filmes lançados. Eu tinha 13 anos quando assisti no cinema e curti pra c#r@lho.
SOUND OF MY VOICE é uma mistura indie/sci-fi, bem ousada (quase experimental) que usa do natural fascínio humano pela maluquice alheia; do ceticismo; e daquela curiosidade que corrói por dentro para nos prender na poltrona. O diretor Zal Batmanglij faz com que o expectador se agarre em um elemento 'chave' do filme. Um macGuffin que vai carregá-lo fácil até o final. Com 10 minutos, o diretor já tem a sua atenção e pode, com a tranquilidade de um monge, contar a sua história - simples, mas de uma profundidade assustadora.
Claro, que no final o mistério pouco importa e o que fica mesmo é a monstruosa crítica social que "levanta questões sobre o poder da persuasão e até onde alguém é capaz de chegar guiado pela confiança cega num líder religioso" - como se o expectador fosse um pouquinho de cada um daqueles personagens. Bom, dizer mais só vai enfraquecer o impacto da obra. Assistam!
Acabei de assistir ADAM, um filme muito simpático de 2009 que estava a algum tempo na minha lista de filmes para ver! É irônico como um filme que trata de uma síndrome, como a de Asperger, seja tão sutil e profundo nas entrelinhas. O diretor soube traduzir muito bem a fragilidade de uma relação quando a sinceridade e a verdade não podem ser disfarçadas... ou fantasiadas. Hugh Dancy e Rose Byrne, muito bem juntos :)
Em 1998 quando surgiram as primeiras notícias de que estavam regravando PSICOSE, eu até sabia quem era Hitchcock, mas nunca tinha assistindo nenhum dos seus filmes. No auge da maturidade dos meus 13 anos, ou eu locava aquele VHS mofado ou esperava para ser apresentado a história do Norman Bates nos cinemas, afinal esse era exatamente o propósito do diretor Gus Van Sant: apresentar o clássico do Hitchcock para toda uma nova geração.
Em janeiro de 1999 quando o filme finalmente estreou nos cinemas, nada era novidade, os programas de televisão já tinham explorado as principais cenas do original a exaustão e eu já sabia tudo - do assassinato no chuveiro ao cadáver empalhado da mãe. Mesmo assim, eu fui para o cinema e o resultado foi muito, muito, muito estranho - aquilo tudo que eu tinha acabado de ver não fazia sentido nenhum. Só alguns anos depois, em DVD, que eu fui conhecer o original - mas aí já tinha se perdido o encanto da novidade. Em resumo, Gus Van Sant não só protagonizou uma das situações mais bizarras da industria do cinema como também conseguiu destruir o impacto de toda uma geração que de qualquer forma iria descobrir o original em DVD alguns anos depois.
Q-U-E-P-O-R-R-A-É-E-S-S-A Tchê! Eu sabia que era ruim, mas não imaginava que era tanto. Sério, qual o propósito de um filme desses existir? O Mr. Lanterna Verde eu até entendo, esse tem o dedo podre para escolher roteiros. Mas o Sr. Lebowski, que papelão em heim!
Que NOAH seria uma obra questionadora, disso eu não tenho dúvida, mas que o diretor Darren Aronofsky (nascido judeu e hoje declarado ateu) atiraria para todos os lados isso foi novidade. Porra, tem de tudo neste balaio, digo arca: criacionismo, evolucionismo, ambientalismo (tem ismo saindo pelas orelhas) tudo costurado com contornos fantásticos a la middle earth (com guardiões de pedra) e momentos new age. Só com muito chá de cogumelo na cabeça pra aguentar as quase três horas de filme.
O filme demora para mostrar a que veio e o Noé do Aronofsky deve ser o herói mais boring dos épicos bíblicos - eu não consegui me importar em nenhum momento com a causa dele. Tipo, falta alguma coisa naquela jornada do herói... Acho que é carne! Putz, o "Bob Construtor" da arca é um vegetariano metido a ativista. Sério, segundo o diretor, "o criador" quer recomeçar a humanidade com um ativista vegano... aaaaah, larguei de mão esse post, tchau! P.S: a arca de Noé do Roland Emmerich, no filme 2012, é muito mais atual e verdadeira: só sobrevive aqueles que podem pagar para entrar o_O
Estava ouvindo o nerdcast sobre os finais f#d@s do cinema e um maluco (que eu não lembro o nome) apareceu com uma teoria que faz muito sentido sobre o final polêmico do filme. Bom, para quem não lembra, o filme é sobre os monstros e a situação improvável em que os personagens se encontram, mas foca também no desenvolvimento da relação do grupo que está dentro do supermercado. A tensão que se forma entre essas pessoas é proporcional ao medo dos monstros que estão do lado de fora. Até aí, tudo bem!
A situação piora quando forma-se um grupo religioso fundamentalista liderado por uma velha louca que o tempo todo afirma que aquilo tudo é um castigo de Deus. O caos acontece quando ela chega a conclusão que é preciso fazer um sacrifício de sangue puro, no caso o filho do protagonista. Por causa disso, eles fogem e acontece tudo aquilo que vocês viram no filme. Segundo esse maluco do nerdcast, o que vocês não perceberam é que o exército só aparece quando o protagonista mata seu filho. Ou seja, ele fez o sacrifício de sangue. Ele grita no final não somente por ter matado aquelas pessoas, mas por ter percebido que a velha louca estava certa. Boooom! Sua mente explodiu neste momento né?
O diretor brasileiro Carlos Saldanha é bem feijão com arroz! Como principal criativo da Blue Sky, ele até faz o básico bem feito, mas ousadia não é o seu forte. Tenho a sensação que todos os filmes do estúdio são iguais, mudam os cenários, a paleta de cores, mas os personagens são sempre os mesmos, as piadas então, nem se fala! ERA DO GELO 1-4, ROBÔS (esse é o mais medonho), RIO, todos iguais e com o mesmo problema: roteiro.
Com exceção do primeiro ERA DO GELO é difícil entender quem realmente se importa com todas aquelas sequências boring. Com RIO é a mesma coisa! Tirando o fator novidade, o espetáculo de ver o nosso país representado em uma animação tecnicamente impecável, não resta muita coisa. O roteiro é fraco, o lance do desmatamento da Amazônia e a extinção das espécies (principais mensagens do filme) são tão superficiais quando o senso de urgência em fazer caber tudo e todos em uma hora e meia de filme – e sem perder a atenção da criançada. Já a cena de abertura em Copacabana; a viagem das araras do Rio para a Amazônia; os números musicais cheios de ritmo, são bem interessantes. Resumindo, RIO 2 é tecnicamente é lindo, mas o conteúdo, uma pena!
Quem acompanhou as notícias de produção da adaptação do game NEED FOR SPEED já sabia o tipo de filme que assistiria no cinema. Bom, eu sabia! E foi exatamente o que eu vi na telona. Um road movie divertido, sincero, despretensioso e com bons atores. Aaron Paul, sem comentários - já gastei todos os meus elogios com ele em BREAKING BAD. Dominic Cooper (baita ator britânico), Rami Malek, Harrison Gilbertson, todos já tinham chamado a atenção em produções menores. Pena que Michael Keaton esteja tão insuportável em cena - certo que o seu personagem (um locutor de corridas clandestinas) fez escola com o nosso Galvão Bueno.
O fato das corridas usarem mais efeitos mecânicos (e menos digitais) ajuda a aproximar o longa das séries de perseguição setentista - de onde vem (claro!) a maior parte das referências. A estrutura narrativa de road movie também facilita a aproximação com os personagens. Outra coisa legal é que sai as periguetes se esfregando nos carros (tão comum neste tipo de filme) para dar espaço a sensualidade moleca de Imogen Poots - sempre mostrada em longos closes que favorecem os belos olhos azuis e o sorriso doce. Como bem disse a crítica do omelete "NEED FOR SPEED ostenta seus carros e paisagens, não os pilotos e habilidades ao volante" - isso é bom, porque ajuda a distanciar o longa do Scott Waugh do veterano e agora, principal adversário VELOZES & FURIOSOS.
AZUL É A COR MAIS QUENTE é só mais um exemplo do quanto o cinema francês é superior e evoluído - não a toa foi o berço dessa arte que domina tão bem. O diretor tunisiano Abdellatif Kechiche desmistifica o corpo, o sexo e a intimidade para falar da interdependência do indivíduo que causa efeito direto no coletivo, mas que também sofre forte influência do todo. O diretor foi muito além do romance ao explorar essa relação de outridade que nos faz enxergar na cultura do outro a nossa própria identidade cultural. Ah, Adèle Exarchopoulosm, sua linda... e talentosa. P.S: almoço de hoje: macarrão.
O ROBOCOP de 1987 é incrível - um produto de sua época, ponto! O ROBOCOP do José Padilha é outra coisa - o que não faz dele um filme ruim. Pelo contrário, é um filmaço! Se for pra fazer comparações que seja com TROPA DE ELITE.
O longa tem um trio de coadjuvantes (Samuel L. Jackson, Gary Oldman e Michael Keaton) muito bem desenvolvidos que levantam uma série de questões sociais sobre corrupção, ética, poder e política em torno do Frankenstein robótico - algo muito marcante na filmografia do cineasta que sempre se cercou de bons coadjuvantes para expor os muitos pontos de vista que quase se anulam no final. Já Alex Murphy tem muito do Capitão Nascimento, o policial incorruptível que vai perdendo a humanidade durante o processo.
Sem spoilers, eu digo o que ROBOCOP não é: não é um filme do Paul Verhoeven e passa longe de querer ser; não tem aquela violência gore oitentista, e nem precisa. Tem ação? Quando necessário! O ROBOCOP do Padilha é o BATMAN BEGINS do Nolan - pode causar estranheza no início; é ~diferente~, e não se propõe a substituir a obra anterior (a sagrada do Tim Burton, neste caso). ROBOCOP é original? Não. Mas se você não for armado até os dentes com pré julgamentos para a sala de cinema, talvez consiga enxergar as qualidades desse blockbuster com muito mais conteúdo do que aparenta ter, feito com competência por um brasileiro.
P.S: antes de encher a boca pra dizer que o filme é ruim. Lembre-se do último remake de um filme do Verhoeven, O VINGADOR DO FUTURO de 2012. Aquilo sim foi ruim e desnecessário! Um produto enlatado e sem personalidade feito só pra tirar umas verdinhas. O ROBOCOP do Padilha (que foi teimoso o suficiente para não deixar isso acontecer) está anos luz a frente desse resultado medíocre - só por isso já merece o nosso respeito.
UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA é dividido em quatro épocas distintas: três no passado e uma no futuro. O roteiro é bom, mas os três primeiros trechos parecem bater na mesma tecla ao dizer que "viver sem conhecer o passado é viver no escuro". Uma gigantesca introdução para aquele Rio de Janeiro distópico e vertical de 2096 - de longe a melhor coisa do filme. Sem mentira nenhuma, até a animação fica mais fluída e harmoniosa no trecho final. Não sei se é carência minha por mais filmes nacionais de ficção científica, mas talvez o diretor fosse mais bem-sucedido se tivesse se concentrado a imaginar o futuro.
É fácil entender quem olhe com desconfiança para o cartaz de UMA AVENTURA LEGO. Afinal, as chances eram grandes do longa ser só mais um comercial gigante para vender mais do brinquedo. Confesso que pensei isso no início, mas foi só assistir o primeiro trailer que a minha percepção mudou. Sim, UMA AVENTURA LEGO é bom demais! E tem aquele magnetismo de unir um bloquinho no outro.
A animação que simula um stop motion só enriquece ainda mais essa produção que já é um encanto. As ondas, as explosões, os tiros, a areia do deserto, até a fumaça do trem, tudo é feito com pecinhas de Lego - uma riqueza de detalhes que produz um efeito impressionante. O roteiro que está muito bem amarrado com a filosofia da marca, tem ritmo, é envolvente, engraçado e carregado de figuras licenciadas do universo Lego. Tem Star Wars, O Senhor dos Anéis, Tartarugas Ninja, antigos astros da NBA e até os heróis da DC - destaque para o Batman que tem as melhores piadas do longa. Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o final é surpreendente e mexe com a imaginação de adultos e crianças. Não se sinta uma bobo ao sair cantarolando a música tema no final da sessão, afinal: ♪ tudo é incrível ♫
Aclamado em festivais nacionais e escolhido pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores filmes de 2012 - além de receber elogios de outras publicações como Los Angeles Times e Village Voice - O SOM AO REDOR é um crônica bem brasileira que se propõe a comentar a vida no país a partir de uma rua de classe média do Recife. Cheio de humor e suspense, o longa de estreia do diretor Kleber Mendonça Filho é uma reflexão sobre história, violência e barulho.
O filme por si só já é um presente, mas a edição em DVD e Blu-ray dupla - cheia de extras - vem ainda com os curtas-metragens do diretor: A MENINA DE ALGODÃO (2003), VINIL VERDE (2004), ELETRODOMÉSTICA (2005), NOITE DE SEXTA, MANHÃ DE SÁBADO (2006), LUZ INDUSTRIAL MÁGICA (2008) e RECIFE FRIO (2009). É um prazer acompanhar a evolução do trabalho desse diretor que consegue fugir da estética “cabeça”, pouco palatável e experimental demais e mesmo assim fazer do seu estilo uma assinatura própria. Não a toa, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Filme Estrangeiro 2014.
Planeta dos Macacos: A Origem
3.8 3,2K Assista AgoraUma curiosidade sobre PLANETA DOS MACACOS - A ORIGEM que eu só percebi ao rever hoje: na cena em que o Tom Felton reclama o sumiço dos biscoitos, na televisão é noticiado que a primeira nave tripulada (Icarus) entrou na atmosfera de Marte - oito meses depois de deixar a Terra. Depois, na manhã da rebelião dos macacos, temos um close do jornal 'San Francisco Chronicle' com a seguinte manchete LOST IN SPACE?
A Icarus é a nave que se perde no espaço no filme de 1968, levando Charlton Heston para o Planeta dos Macacos - ou seja, para a Terra no futuro.
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraA cena em que Lars (Ryan Gosling) apresenta a namorada Bianca para a família é de constranger a alma do espectador. O que parece uma comédia de uma piada só, ganha contornos dramáticos à medida que a cidade inteira embarca na fantasia de Lars - despertando um dos mais nobres aspectos da natureza humana, a bondade.
Esse delírio coletivo, proposto pelo diretor é muito parecido com o que acontece em uma sala de cinema, quando o espectador suspende a descrença para se conectar emocionalmente com alguém (ou algo) do qual ele sabe que não existe de verdade. Não é exatamente isso que buscamos sempre?
Batman Eternamente
2.6 721 Assista AgoraDe bom só a lembrança de ser o primeiro filme do 'bátima' que acompanhei e assisti no cinema, com 11 anos. Tudo é ruim no filme: a Gotham City menos gótica e muito mais colorida; o Robin mimado e burro; e, principalmente, a dupla de antagonistas - cadê aquela máxima do crie um grande vilão que terás um grande herói que o Tim Burton aplicou tão bem nos dois primeiros filmes - o Duas-Caras e o Charada juntos não dão um capanga do Coringa.
Batman & Robin
2.3 993 Assista AgoraSe em BATMAN ETERNAMENTE o estilo 'galhofa' lembra um pouco a série clássica dos anos 60, em BATMAN E ROBIN a brincadeira passou do ponto. O filme é tão bizarro e medonho que até diverte entre um bocejo e outro.
Entre as cenas memoráveis estão: logo nos créditos iniciais o close do Batman girando e contraindo a bundinha; o homem morcego surfando num dinossauro; o Bane de cachorrinho mascote da Hera Venenosa; os diálogos inspiradores do Batman com seus dois sidekicks adolescentes - Robin e Batgirl; e, o melhor, o batcard seguido da frase 'não saia de casa sem ele'
Pra não dizer que tudo é ridículo, a Uma Thurman está linda (e venenosa). Enfim, o diretor Joe Schumacher não só enterrou a franquia do 'bátima' por 8 anos nos cinemas, como também cagou dentro do batitraje - só pra dificultar o trabalho do próximo diretor.
Eddie Murphy: Delírio
4.0 49Chorei de tanto rir! Um espetáculo de stand-up comedy, de 1983, apresentado por um Eddie Murphy, de 22 anos, cheio de energia e com o botão do 'foda-se' ligado para falar de gays, negros, governo Reagan, pênis, sorvete e a habilidade de um western das mães ao arremessar um sapato nos filhos. Simplesmente fantástico :)
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraGostei A CULPA É DAS ESTRELAS não é um filme que te agride. É leve, honesto e simpático. Feito para chorar, claro, mas isso não é demérito algum. É bem superior aos romances adaptados do Nicolas Sparks - isso é um p#t@ elogio, eu acho o_O
O roteiro tem um ritmo legal até o final do segundo ato. Poderia, inclusive acabar em Amsterdã. O arco dramático da personagem termina ali e o que acontece depois é um tanto gratuito e só serve para levar os adolescentes as lágrimas - claro que aí o filme já te ganhou, daí é fácil abstrair um terceiro ato super mastigadinho e de muitos finais.
Shailene Woodley é muito boa atriz e consegue trazer verdade para uma jovem que aprendeu a lidar com a promessa da morte. A química do casal também ajuda a disfarçar as limitações de Ansel Elgort como ator. Já Laura Dern está ótima! Uma mãe em pedaços, de olhar impotente e um sorriso cheio de carinho. Enfim "não é o drama pelo drama que emociona em A CULPA É DAS ESTRELAS, mas a sua capacidade de gerar empatia."
P.S: o filme tem um ou dois momentos "vergonha alheia" profunda (tipo, quando o 'casalzinho fofo' se beija e todos batem palmas), mas no geral o filme se esforça para não se perder em clichês do gênero.
Dança com Lobos
4.0 495Sinto saudade desses grandes épicos, longos, contemplativos e repletos de belas imagens - nem lembro qual foi o último filme que assisti no cinema com aquele famoso intervalo no meio da sessão. Com quase quatro horas, DANÇA COM LOBOS é uma obra de muitas conquistas: ressuscitou o mais norte-americano dos gêneros (o western); marcou a estreia de Kevin Costner (na época, o maior astro de Hollywood) na direção; ganhou sete Oscar, inclusive de melhor filme e diretor; e faturou nada menos que 420 milhões de dólares pelo mundo.
O longa resgata elementos importantes dos faroestes revisionistas dos anos 70: o herói solitário que busca uma vida mais simples e próxima da natureza e a tentativa de tirar dos índios o papel tradicional de vilões. Com uma narrativa mais lenta, poucas cenas de ação (a caçada a uma manada de búfalos é sensacional) o diretor encontrou o tom certo para contar a sua história, só pecando um pouco no terceiro ato - onde o uso de clichês e convenções do gênero tornam os militares todos idiotas e os índios criaturas de coração puro. Enfim, DANÇA COM LOBOS é um lindo espetáculo para os saudosistas, como eu, do cinema clássico de Hollywood.
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraPara os mais sensíveis que estão abandonado as sessões de PRAIA DO FUTURO por causa do conteúdo gay. Cuidado, o reembolso será com pirocadas na cara e dedinho no brioco. AVISADO :-)
Monstros
3.0 315 Assista AgoraMONSTERS é um filme de monstro? Sim, mas calma! É um filme de monstro que custou 500 mil dólares – baixa um pouco a expectativa aí, pois com essa grana fica um pouco difícil entregar um espetáculo pirotécnico cheio de caos e destruição. Então o filme é ruim? Não, pelo contrário! É um bom filme que na falta de recursos técnicos, busca no drama humano e no poder da sugestão uma alternativa de prender a atenção do espectador - e funciona :)
Se inicialmente somos guiados pelo romance é no registro quase documental do diretor Gareth Edwards que o filme realmente acontece. Raramente vemos os monstros por inteiro, apenas os efeitos de sua passagem e muito da informação chega pela televisão. O subtexto político, a estética realista e suja, tudo casa muito bem com aquele cenário onde todos parecem acostumados com os conflitos entre humanos e aliens – com carroceiros levando turbinas de jatos, cascos de navios inexplicavelmente sobre copas de árvores, cidades em ruínas, murais desbotados com ilustrações dos ETs. É no poder da sugestão que o diretor constrói o seu universo e nos conta muitas histórias. É mais inteligente que gastar os 500 mil em uma única cena espetacular, não acham?
Godzilla
3.1 2,1K Assista AgoraAntes de começar quero expressar a minha frustração com a participação do Bryan Cranston em GODZILLA. É ridícula, ele ficou limitado ao velho maluco das conspirações - sabe aquele que fica gritando 'ele está vindo' e ninguém acredita? É ele. Já Juliette Binoche, coitada, até os créditos iniciais ficam mais tempo em cena do que ela.
Superado isso, GODZILLA é um baita filme de monstro :) Uma grande preparação, construída sem pressa, que encontra seu ápice em uma batalha monstruosa de proporções épicas e de efeitos inacreditáveis. Há claro, tem os humanos - tinha esquecido! Eles existem, estão lá, se fazem presentes com a significância de uma formiga em meio a patadas de elefantes. Se não podem fazer muito durante o filme, no terceiro ato então, simplesmente retiram a sua insignificância e deixam a natureza fazer o trabalho. Porque o filme é sobre isso: a natureza buscando equilíbrio. Só não faça como eu que fui pensando que o Bryan Cranston, ou qualquer outro humano, seria o herói. Godzilla (com cara de ursinho judiado) é o verdadeiro dono do filme - e sem dúvida o melhor em cena. Eu curti!
Godzilla
2.6 430 Assista AgoraAcho engraçado quando as pessoas fazem piada com o Godzilla do Roland Emmerich. Com exceção do original de 1954, o monstrengo sessentão nunca se levou a sério - alias, mais errou do que acertou nos cinemas. O Godzilla de 1998 é tão bizarro e sem noção quanto as versões japonesas. É tão ruim, tosco (e porque não DIVERTIDO) quanto os outros 28 filmes lançados. Eu tinha 13 anos quando assisti no cinema e curti pra c#r@lho.
A Seita Misteriosa
3.4 205SOUND OF MY VOICE é uma mistura indie/sci-fi, bem ousada (quase experimental) que usa do natural fascínio humano pela maluquice alheia; do ceticismo; e daquela curiosidade que corrói por dentro para nos prender na poltrona. O diretor Zal Batmanglij faz com que o expectador se agarre em um elemento 'chave' do filme. Um macGuffin que vai carregá-lo fácil até o final. Com 10 minutos, o diretor já tem a sua atenção e pode, com a tranquilidade de um monge, contar a sua história - simples, mas de uma profundidade assustadora.
Claro, que no final o mistério pouco importa e o que fica mesmo é a monstruosa crítica social que "levanta questões sobre o poder da persuasão e até onde alguém é capaz de chegar guiado pela confiança cega num líder religioso" - como se o expectador fosse um pouquinho de cada um daqueles personagens. Bom, dizer mais só vai enfraquecer o impacto da obra. Assistam!
Adam
3.9 825Acabei de assistir ADAM, um filme muito simpático de 2009 que estava a algum tempo na minha lista de filmes para ver! É irônico como um filme que trata de uma síndrome, como a de Asperger, seja tão sutil e profundo nas entrelinhas. O diretor soube traduzir muito bem a fragilidade de uma relação quando a sinceridade e a verdade não podem ser disfarçadas... ou fantasiadas. Hugh Dancy e Rose Byrne, muito bem juntos :)
Psicose
3.1 467 Assista AgoraEm 1998 quando surgiram as primeiras notícias de que estavam regravando PSICOSE, eu até sabia quem era Hitchcock, mas nunca tinha assistindo nenhum dos seus filmes. No auge da maturidade dos meus 13 anos, ou eu locava aquele VHS mofado ou esperava para ser apresentado a história do Norman Bates nos cinemas, afinal esse era exatamente o propósito do diretor Gus Van Sant: apresentar o clássico do Hitchcock para toda uma nova geração.
Em janeiro de 1999 quando o filme finalmente estreou nos cinemas, nada era novidade, os programas de televisão já tinham explorado as principais cenas do original a exaustão e eu já sabia tudo - do assassinato no chuveiro ao cadáver empalhado da mãe. Mesmo assim, eu fui para o cinema e o resultado foi muito, muito, muito estranho - aquilo tudo que eu tinha acabado de ver não fazia sentido nenhum. Só alguns anos depois, em DVD, que eu fui conhecer o original - mas aí já tinha se perdido o encanto da novidade. Em resumo, Gus Van Sant não só protagonizou uma das situações mais bizarras da industria do cinema como também conseguiu destruir o impacto de toda uma geração que de qualquer forma iria descobrir o original em DVD alguns anos depois.
R.I.P.D.:Agentes do Além
2.7 592 Assista AgoraQ-U-E-P-O-R-R-A-É-E-S-S-A Tchê! Eu sabia que era ruim, mas não imaginava que era tanto. Sério, qual o propósito de um filme desses existir? O Mr. Lanterna Verde eu até entendo, esse tem o dedo podre para escolher roteiros. Mas o Sr. Lebowski, que papelão em heim!
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraQue NOAH seria uma obra questionadora, disso eu não tenho dúvida, mas que o diretor Darren Aronofsky (nascido judeu e hoje declarado ateu) atiraria para todos os lados isso foi novidade. Porra, tem de tudo neste balaio, digo arca: criacionismo, evolucionismo, ambientalismo (tem ismo saindo pelas orelhas) tudo costurado com contornos fantásticos a la middle earth (com guardiões de pedra) e momentos new age. Só com muito chá de cogumelo na cabeça pra aguentar as quase três horas de filme.
O filme demora para mostrar a que veio e o Noé do Aronofsky deve ser o herói mais boring dos épicos bíblicos - eu não consegui me importar em nenhum momento com a causa dele. Tipo, falta alguma coisa naquela jornada do herói... Acho que é carne! Putz, o "Bob Construtor" da arca é um vegetariano metido a ativista. Sério, segundo o diretor, "o criador" quer recomeçar a humanidade com um ativista vegano... aaaaah, larguei de mão esse post, tchau! P.S: a arca de Noé do Roland Emmerich, no filme 2012, é muito mais atual e verdadeira: só sobrevive aqueles que podem pagar para entrar o_O
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraEstava ouvindo o nerdcast sobre os finais f#d@s do cinema e um maluco (que eu não lembro o nome) apareceu com uma teoria que faz muito sentido sobre o final polêmico do filme. Bom, para quem não lembra, o filme é sobre os monstros e a situação improvável em que os personagens se encontram, mas foca também no desenvolvimento da relação do grupo que está dentro do supermercado. A tensão que se forma entre essas pessoas é proporcional ao medo dos monstros que estão do lado de fora. Até aí, tudo bem!
A situação piora quando forma-se um grupo religioso fundamentalista liderado por uma velha louca que o tempo todo afirma que aquilo tudo é um castigo de Deus. O caos acontece quando ela chega a conclusão que é preciso fazer um sacrifício de sangue puro, no caso o filho do protagonista. Por causa disso, eles fogem e acontece tudo aquilo que vocês viram no filme. Segundo esse maluco do nerdcast, o que vocês não perceberam é que o exército só aparece quando o protagonista mata seu filho. Ou seja, ele fez o sacrifício de sangue. Ele grita no final não somente por ter matado aquelas pessoas, mas por ter percebido que a velha louca estava certa. Boooom! Sua mente explodiu neste momento né?
Rio 2
3.3 606 Assista AgoraO diretor brasileiro Carlos Saldanha é bem feijão com arroz! Como principal criativo da Blue Sky, ele até faz o básico bem feito, mas ousadia não é o seu forte. Tenho a sensação que todos os filmes do estúdio são iguais, mudam os cenários, a paleta de cores, mas os personagens são sempre os mesmos, as piadas então, nem se fala! ERA DO GELO 1-4, ROBÔS (esse é o mais medonho), RIO, todos iguais e com o mesmo problema: roteiro.
Com exceção do primeiro ERA DO GELO é difícil entender quem realmente se importa com todas aquelas sequências boring. Com RIO é a mesma coisa! Tirando o fator novidade, o espetáculo de ver o nosso país representado em uma animação tecnicamente impecável, não resta muita coisa. O roteiro é fraco, o lance do desmatamento da Amazônia e a extinção das espécies (principais mensagens do filme) são tão superficiais quando o senso de urgência em fazer caber tudo e todos em uma hora e meia de filme – e sem perder a atenção da criançada. Já a cena de abertura em Copacabana; a viagem das araras do Rio para a Amazônia; os números musicais cheios de ritmo, são bem interessantes. Resumindo, RIO 2 é tecnicamente é lindo, mas o conteúdo, uma pena!
Need for Speed - O Filme
3.2 875Quem acompanhou as notícias de produção da adaptação do game NEED FOR SPEED já sabia o tipo de filme que assistiria no cinema. Bom, eu sabia! E foi exatamente o que eu vi na telona. Um road movie divertido, sincero, despretensioso e com bons atores. Aaron Paul, sem comentários - já gastei todos os meus elogios com ele em BREAKING BAD. Dominic Cooper (baita ator britânico), Rami Malek, Harrison Gilbertson, todos já tinham chamado a atenção em produções menores. Pena que Michael Keaton esteja tão insuportável em cena - certo que o seu personagem (um locutor de corridas clandestinas) fez escola com o nosso Galvão Bueno.
O fato das corridas usarem mais efeitos mecânicos (e menos digitais) ajuda a aproximar o longa das séries de perseguição setentista - de onde vem (claro!) a maior parte das referências. A estrutura narrativa de road movie também facilita a aproximação com os personagens. Outra coisa legal é que sai as periguetes se esfregando nos carros (tão comum neste tipo de filme) para dar espaço a sensualidade moleca de Imogen Poots - sempre mostrada em longos closes que favorecem os belos olhos azuis e o sorriso doce. Como bem disse a crítica do omelete "NEED FOR SPEED ostenta seus carros e paisagens, não os pilotos e habilidades ao volante" - isso é bom, porque ajuda a distanciar o longa do Scott Waugh do veterano e agora, principal adversário VELOZES & FURIOSOS.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraAZUL É A COR MAIS QUENTE é só mais um exemplo do quanto o cinema francês é superior e evoluído - não a toa foi o berço dessa arte que domina tão bem. O diretor tunisiano Abdellatif Kechiche desmistifica o corpo, o sexo e a intimidade para falar da interdependência do indivíduo que causa efeito direto no coletivo, mas que também sofre forte influência do todo. O diretor foi muito além do romance ao explorar essa relação de outridade que nos faz enxergar na cultura do outro a nossa própria identidade cultural. Ah, Adèle Exarchopoulosm, sua linda... e talentosa. P.S: almoço de hoje: macarrão.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraO ROBOCOP de 1987 é incrível - um produto de sua época, ponto! O ROBOCOP do José Padilha é outra coisa - o que não faz dele um filme ruim. Pelo contrário, é um filmaço! Se for pra fazer comparações que seja com TROPA DE ELITE.
O longa tem um trio de coadjuvantes (Samuel L. Jackson, Gary Oldman e Michael Keaton) muito bem desenvolvidos que levantam uma série de questões sociais sobre corrupção, ética, poder e política em torno do Frankenstein robótico - algo muito marcante na filmografia do cineasta que sempre se cercou de bons coadjuvantes para expor os muitos pontos de vista que quase se anulam no final. Já Alex Murphy tem muito do Capitão Nascimento, o policial incorruptível que vai perdendo a humanidade durante o processo.
Sem spoilers, eu digo o que ROBOCOP não é: não é um filme do Paul Verhoeven e passa longe de querer ser; não tem aquela violência gore oitentista, e nem precisa. Tem ação? Quando necessário! O ROBOCOP do Padilha é o BATMAN BEGINS do Nolan - pode causar estranheza no início; é ~diferente~, e não se propõe a substituir a obra anterior (a sagrada do Tim Burton, neste caso). ROBOCOP é original? Não. Mas se você não for armado até os dentes com pré julgamentos para a sala de cinema, talvez consiga enxergar as qualidades desse blockbuster com muito mais conteúdo do que aparenta ter, feito com competência por um brasileiro.
P.S: antes de encher a boca pra dizer que o filme é ruim. Lembre-se do último remake de um filme do Verhoeven, O VINGADOR DO FUTURO de 2012. Aquilo sim foi ruim e desnecessário! Um produto enlatado e sem personalidade feito só pra tirar umas verdinhas. O ROBOCOP do Padilha (que foi teimoso o suficiente para não deixar isso acontecer) está anos luz a frente desse resultado medíocre - só por isso já merece o nosso respeito.
Uma História de Amor e Fúria
4.0 657UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA é dividido em quatro épocas distintas: três no passado e uma no futuro. O roteiro é bom, mas os três primeiros trechos parecem bater na mesma tecla ao dizer que "viver sem conhecer o passado é viver no escuro". Uma gigantesca introdução para aquele Rio de Janeiro distópico e vertical de 2096 - de longe a melhor coisa do filme. Sem mentira nenhuma, até a animação fica mais fluída e harmoniosa no trecho final. Não sei se é carência minha por mais filmes nacionais de ficção científica, mas talvez o diretor fosse mais bem-sucedido se tivesse se concentrado a imaginar o futuro.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraÉ fácil entender quem olhe com desconfiança para o cartaz de UMA AVENTURA LEGO. Afinal, as chances eram grandes do longa ser só mais um comercial gigante para vender mais do brinquedo. Confesso que pensei isso no início, mas foi só assistir o primeiro trailer que a minha percepção mudou. Sim, UMA AVENTURA LEGO é bom demais! E tem aquele magnetismo de unir um bloquinho no outro.
A animação que simula um stop motion só enriquece ainda mais essa produção que já é um encanto. As ondas, as explosões, os tiros, a areia do deserto, até a fumaça do trem, tudo é feito com pecinhas de Lego - uma riqueza de detalhes que produz um efeito impressionante. O roteiro que está muito bem amarrado com a filosofia da marca, tem ritmo, é envolvente, engraçado e carregado de figuras licenciadas do universo Lego. Tem Star Wars, O Senhor dos Anéis, Tartarugas Ninja, antigos astros da NBA e até os heróis da DC - destaque para o Batman que tem as melhores piadas do longa. Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o final é surpreendente e mexe com a imaginação de adultos e crianças. Não se sinta uma bobo ao sair cantarolando a música tema no final da sessão, afinal: ♪ tudo é incrível ♫
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraAclamado em festivais nacionais e escolhido pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores filmes de 2012 - além de receber elogios de outras publicações como Los Angeles Times e Village Voice - O SOM AO REDOR é um crônica bem brasileira que se propõe a comentar a vida no país a partir de uma rua de classe média do Recife. Cheio de humor e suspense, o longa de estreia do diretor Kleber Mendonça Filho é uma reflexão sobre história, violência e barulho.
O filme por si só já é um presente, mas a edição em DVD e Blu-ray dupla - cheia de extras - vem ainda com os curtas-metragens do diretor: A MENINA DE ALGODÃO (2003), VINIL VERDE (2004), ELETRODOMÉSTICA (2005), NOITE DE SEXTA, MANHÃ DE SÁBADO (2006), LUZ INDUSTRIAL MÁGICA (2008) e RECIFE FRIO (2009). É um prazer acompanhar a evolução do trabalho desse diretor que consegue fugir da estética “cabeça”, pouco palatável e experimental demais e mesmo assim fazer do seu estilo uma assinatura própria. Não a toa, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Filme Estrangeiro 2014.