Como vi muitas sitcoms com risadas de fundo nos últimos tempos, devo admitir que levei um tempo pra pegar o ritmo de Veep. Nessa produção da HBO, cada comentário ácido e maldoso é dito com a maior naturalidade do mundo, é capaz até de perder alguns se der bobeira e ficar esperando alguma reação dos demais personagens. Então, durante a primeira metade da temporada não estava achando muito engraçado.
Só que em algum momento, entre as paranoias da Selina e ambição do Dan, eu consegui me encontrar. Entendi que Veep não é aquele tipo de comédia que te faz rolar de rir, e sim uma sátira crua da política americana. É tão cru que em certos momentos você chega a pensar que está vendo algo real. Não duvido que no Congresso e na Casa branca haja pessoas tão mesquinhas e vazias como Selina e sua equipe. A melhor definição que consegui encontrar é a de que Veep é a irmã mais velha, maldosa e interesseira de Parks and Recreation.
O ágil roteiro permite que Julia Louis-Dreyfus deite e role (literalmente, em alguns momentos) quando está em cena. Sua Selina Meyers consegue ser tão insegura que variar em questão de segundos entre uma raiva que a faz berrar a plenos pulmões com um subalterno a uma falsa humildade de dar nojo. É uma personagem patética que dá gosto de ver em cena.
Erroneamente classificado por um certo programa de rádio como um filme "AnTi-LaCrAçÃo", American Fiction é uma sátira sobre como a elite e indústria cultural enxergam e permitem que os negros sejam representados. Tem um momento de poucos segundos que resume perfeitamente a mensagem, que é quando o protagonista está vendo TV e passa uma propaganda sobre os filmes do Mês da Consciência Negra, com várias cenas de protagonistas em situações de escravidão e sofrimento.
Monk, o protagonista sagazmente vivido por Jeffrey Wright, se revolta e tece críticas ferrenhas à forma como seus iguais são retratados
, só que, assim como todo mundo, no fim do mês ele também tem contas para pagar e entes queridos para cuidar. As necessidades de conforto e admiração sempre vão falar mais alto. O destino de sua revolta é ser cooptada pelo sistema para ser usada como mais uma forma de lucrar. Assim como ele já fez com a culpa pela escravidão. Resta a Monk, Sintara e outros a ilusão de que vão conseguir mudar as coisas de dentro para fora, mesmo que na real eles sejam apenas mais uma engrenagem do sistema.
advogado tem um momento de ternura após e veredito do julgamento: ela encosta a cabeça no ombro do amigo e ambos ficam assim por um momento. Logo que vi a cena, pensei:
- Nossa, se alguém visse isso logo depois de tudo o que aconteceu, poderia ser muito mal interpretado.
E provavelmente foi justamente essa a intenção desse breve instante, pois a cena é filmada de longe e através de uma vidraça, como se estivéssemos invadindo a privacidade de ambos.
Foi só aí que entendi que o longa de Justine Triet tem o intuito de abordar a verdade e a percepção da realidade.
Ora, se Sandra e o falecido marido fossem vistos fazendo compras juntos, poderiam passar a impressão de que tinham uma relação saudável, o que não era o caso. Não dá para isolar trechos e pedaços da vida alguém e achar que a partir disso se tem uma compreensão total a respeito dela, mesmo porque somos muito mais complexos e cheios de camadas do que um vídeo ou áudio pode dar a entender.
E como muitos aqui, ao final também caí na armadilha de pensar "é só isso?", e é só depois fui começar a entender a dimensão do que havia assistido, em especial das atuações. É tudo tão natural e espontâneo que em alguns momentos até esqueci que não era um caso real, a cada hesitação da protagonista durante os depoimentos era possível identificar uma profusão de pensamentos passando por sua mente, como se realmente não quisesse ser mal interpretada naquilo que ia ser visto. E se isso não for uma boa interpretação, então eu não sei o que é.
Já a direção e edição são bastante sóbrias, nada grandioso ou cheio de planos estupendos. É uma condição competente em retratar o cotidiano e o banal.
Como adoro histórias de serial killers, fui de coração aberto querendo ver algo bom e disposto a dar uma chance pro Martin Lawrence fora de sua zona de conforto. Ainda assim, não rolou. É tudo muito ruim.
O filme consegue errar em cenas básicas, como duas pessoas conversando dentro de um carro. A iluminação na "rua" era uma e dentro do veículo era outra, sem falar no recorte tenebroso das cabeças em que fica evidente o contorno da tela azul.
Todo o resto segue esse mesmo padrão de qualidade: as atuações são inexpressivas (o ator que faz o namorado/marido da protagonista parece que está eternamente segurando um peido), a edição não consegue criar tensão nenhuma e o roteiro... Bom, falar daquele plot twist horrendo é chutar cachorro morto, então destaco aqui a cena
da mãe do vilão brigando com ele por desenhar e se interessar por figuras religiosas. É algo que eu esperaria ver numa dramatização do Fala que Eu Te Escuto, mas por algum motivo foi parar em um filme de suspense.
Mesmo que nos anos seguintes o Mel Gibson não tivesse se tornado um criminoso e persona non grata em Hollywood, seria bastante desnecessário fazer um 5º filme da franquia.
Esse daqui fecha com maestria as aventuras de Martin e Murtaugh, e ainda consegue concluir de forma bastante satisfatória alguns arcos, principalmente o do personagem vivido por Mel Gibson, que
finalmente supera o que aconteceu com sua falecida esposa e reconhece que pode ser feliz formando uma nova família.
Mesmo com todos os defeitos, como a participação exaustiva do personagem do Chris Rock, dá pra ver que todos os envolvidos tinham bastante carinho por aquilo que estavam fazendo. Os créditos finais não deixam dúvida alguma a respeito disso. Máquina Mortífera, tantos os filmes separadamente quanto a franquia como um todo, são aquela bagunça divertida de se assistir, tem piadinha fora de hora, claramente tem improvisação por parte dos atores, tem cenas de ação longuíssimas e ainda assim tudo isso, quando colocado junto, funciona com maestria. Palmas pro Richard Donner que, em meio a tudo isso, conseguiu adicionar boas doses de energia, humor e sentimentos.
E de todos os bons momentos que Máquina Mortífera 4 tem, entre eles a ótima luta na casa móvel e a cena com o gás do riso, o meu favorito é o Joe Pesci contando a história do sapo. Quando sentei pra assistir esse último longa, eu esperava de tudo, menos me emocionar com a história de um garoto com um sapo.
A ação, a comédia e principalmente o entrosamento entre o Mel Gibson e o Danny Glover estão ainda melhores que no primeiro. Dá pra ver que eles realmente se divertiram enquanto gravavam esse daqui. Em alguns momentos até fiquei com a impressão de que estava vendo as versões em carne e osso do Pernalonga e do Patolino. A edição do Joe Pesci vem para deixar essa dinâmica ainda melhor.
Os deslizes ficam por conta de algumas coincidências e explicações desnecessárias.
Precisava mesmo voltar pra questão da esposa morta do Riggs e ainda convenientemente dizer que ela havia sido assassinada por um dos suchefes do vilão?
Acredito que o filme funcionaria melhor sem essas gorduras. E nem vou comentar sobre a quantidade absurda de merchandising...
Ainda assim, não é nada que diminua diversão, por mim eu veria horas do Martin Riggs interagindo com a família do Murtaugh.
No final, descobrimos que o culpado pelos assassinatos ocorridos ao longo do filme foram cometidos por um ex-policial que se diz preso injustamente por conta do trabalho do protagonista vivido por Denzel Washington. Então, o vilão vai preso e sofre todos os tipos de abuso. Quando é solto, ele arranja tempo para se estudar e se formar em enfermagem, se especializar em manutenção de marca-passos e planejar toda uma série de assassinatos que ele não teria como imaginar se chamariam ou não a atenção do detetive que o levou para a cadeia. Inclusive, ao deixar um punhado de pistas sobre os trilhos do metrô, o assassino quase garantiu que os crimes seguintes não seriam descobertos.
Eu acho que existem formas mais simples e menos confusas de se vingar.
Maestro existe com um único propósito, mas engane-se quem pensa que é contar a história de Bernard Leonard Bernstein.
Nada disso, a razão do Oscar bait da Netflix existir é satisfazer o ego de Bradley Cooper. Até porque, quando os créditos finais começaram a rolar, percebi que sabia tanto sobre o protagonista quanto antes de dar o play. Já as cenas em que Cooper imitava Lenny, fazia closes demoradíssimos de sua face expressando todo tipo de emoções, a mudança de fotografia ao longo do filme... Isso, sim, tinha muito a dizer, ainda que não fossem coisas positivas.
Claro que qualidade técnica é sempre bem-vinda em qualquer produção. Porém, quando o filme é vazio, como é o caso de Maestro, tudo soa apenas como perfumaria. O roteiro é um apanhado de momentos da vida de Leonard Bernstein, que em nenhum momento apresenta qualquer conflito, desenvolvimento ou aprofundamento em nenhuma das pessoas retratadas. Ora, um filme é muito mais que um amontoado de cenas que não dizem nada entre si e não se conectam. É preciso contar uma história. Em vez disso, o longa de Bradley Cooper parece mais um Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão, feito ao nível hollywoodiano.
A cada cena grandiosa do protagonista, como o plano longo dele regendo uma orquestra numa catedral, só aumentava a minha impressão de que Bradley Cooper olhava para a câmera e falava: - Nossa, eu mandei bem demais nessa, hein. Como eu sou foda por atuar, dirigir e produzir um filme tão genial.
Inception foi claramente inspirado em Paprika, são diversas similaridades, desde cenas bem parecidas até a ideia de se implantar sonhos em outras pessoas. As diferenças ficam por conta das limitações e manias do Nolan como contador de histórias. Conhecendo a necessidade que ele tem de explicar TUDO que acontece em tela, duvido muito que ele conseguiria criar um obra surrealista como essa.
Foi de 100 a 0 em apenas 8 episódios. De momento não consigo me lembrar de uma série que me decepcionou tanto.
Os dois primeiros episódios apresentam um mistério intrigante e com vários suspeitos possíveis. Aí, com o passar da temporada, o tom de investigação vai se diluindo em meio a brigas de casal e arrependimentos, com direito a pistas caindo no colo dos personagens sem mais nem menos.
A resolução só não é mais preguiçosa que o final ambíguo deixa em aberto se o protagonista realmente encontrou a menina ou se tudo aquilo foi apenas um delírio da mente senil dele.
Sem falar nas várias subtramas que aparecem e são descartadas sem a menor explicação,
como o caso do filho do Hays com a jornalista (seria um jeito de dizer que ele vai cometer os mesmos erros do pai, que também se envolveu com uma mulher que investigava o caso?) ou o próprio documentário que simplesmente não serviu pra nada. Em determinado momento é dado a entender que o protagonista e sua filha se desentenderam, só que isso nunca mais é mencionado.
Outro ponto que deixa a desejar é a estrutura de flashbacks, além do vai e vem ser cansativo, ele ainda acentua a impressão de que a trama não evolui.
O que salva é o elenco. Elogiar o Mahershala Ali a essa altura do campeonato seria chover no molhado. O Purple Hays dele é provavelmente um dos personagens mais críveis e reais já apresentados numa série de TV. Mesmo no começo da temporada, quando ainda não sabemos toda a história, já podemos notar um quê de frustração no Hays dos anos 90 e notas de arrependimento em sua versão envelhecida. Stephen Dorff, um ator que sinceramente nunca chamou minha atenção, também não faz feio em alguns momentos tocantes pelos quais seu personagem passa. Para a nossa infelicidade, o restante desse 3º ano não estava à altura das atuações entregues por eles.
Diferente de todos os filmes sobre assassinos profissionais que vem sendo feitos nos últimos anos (e não são poucos), O Assassino tem apenas uma cena de ação. Ela nem dura muito e para piorar demora mais da metade do filme para acontecer. Ainda assim, ela é A Cena de Luta, algo que só um diretor com pleno domínio de suas habilidades seria capaz de realizar.
Para começar, ela se passa em um ambiente totalmente fechado e com todas as luzes apagadas, muito diferente das habituais luzes neon. A montagem dela também é extremamente competente, apesar dos cortes rápidos (indo na contramão dos inúmeros planos-sequência que vem sendo gravados) e da falta de iluminação, é possível acompanhar cada golpe desferido sem se perder. E, claro, os dois personagens em cena lutam de formas completamente distintas, se o protagonista vivido por Michael Fassbender é mais metódico e estrategista em seus golpes, o brucutu que é o alvo dele já parte para uma abordagem mais agressiva e com mais força bruta.
É algo que merece ser visto e revisto por todo diretor que pretende fazer sequências de luta daqui pra frente.
Mas não é só essa cena do filme que é boa, claro. Todo o restante dele é igualmente pensado para funcionar de forma tão pontual quanto um relógio suíço. Algo que me chamou atenção é paleta de cores escolhida, sempre podemos ver uma combinação de amarelo e verde, bastante usada para representar doença e podridão, principalmente nos cenários noturnos e internos, como se a corrupção tomasse seu lugar quando o sol se põe e quando ninguém está olhando.
Fico me perguntando como esse filme não se tornou um dos clássicos trashes de antigamente. . Tem todos os ingredientes necessários para alcançar o posto: atuações canastronas, nenhum compromisso em se levar a sério, cenas absurdas e sangue e humor na mesma medida. Na hora que a personagem da Vivica Fox puxa um relógio cheio de runas e diz que faltam 6 minutos para a meia-noite druida, eu tive que pausar pata bater palmas. . A cereja do bolo é a trilha sonora, com várias faixas que vão do hardcore ao pop punk, com direito a uma participação hilária do
Um passatempo que tem o seu charme, apesar das pataquadas da época. Catherine Zeta-Jones e Sean Connery funcionam surpreendentemente bem juntos, a ponto de me fazer deixar de estranhar o casal para começar a torcer para que eles ficassem juntos. As cenas de ação até que são bastante competentes, contanto que você deixe de prestar atenção nos dublês que nitidamente não são o ex-007.
Pouco antes dos créditos subirem tem uma cena que achei muito bonita pela simplicidade dela. É aquela em que
, logo após possibilitar a fuga Gin, Mac se senta num banco e a câmera se aproxima aos poucos mostrando a expressão dele ir de uma amarga frustração por ter deixado ir a única pessoa que o entendia para uma satisfação por ela ter se safado.
John Woo é John Woo, né? Você pode comprar o ingresso com a certeza de que vai ver cenas de ação no mais alto nível. O terço final é frenético como um bom filme do diretor deve ser. E ainda há o diferencial de que ele é todo sem diálogos, o que torna a experiência ainda mais diferenciada das demais produções do gênero.
E a ausência de falas não é só uma firula narrativa, é um elemento que serve para ressaltar e internalizar a raiva do protagonista visto que ele não consegue conversar com sua esposa. À medida que o personagem de Joel Kinnaman (excelente como é de costume) vai deixado-a de lado, sua raiva se torna maior.
E até por esse elemento a mais que sinto que o final acabou sendo corrido e talvez até limado por algum produtor. Já no final vemos que as ações do protagonista estão
prejudicando até mesmo os policiais, mortos no fogo cruzado de uma guerra de gangues (que, vale dizer, escalonou rápido demais e numa única noite). Logo, quando o protagonista finalmente consegue sua vingança e fica por isso mesmo, acaba dando uma impressão de vazio, como se faltasse uma estrela no topo dessa árvore-de-natal. Aquela cartinha antes dos créditos subirem... Sei não, aquilo tem cara de final feito às pressas.
De qualquer forma, é um belo filme de ação e um experimento válido dentro do gênero.
O que tinha tudo para ser mais uma história manjada de vingança, se mostra um filme bastante interessante graças aos envolvidos.
A direção sempre inspirada do James Wan garante impacto e bastante inventividade às sequências de tiroteio e perseguição. Gostei especialmente daquela do estacionamento, tem um plano-sequência ali que deve ter dado bastante trabalho de ser realizado. Kevin Bacon, por sua vez, adiciona umas boas camadas ao protagonista que nas mãos de outro ator poderia parecer forçado. É uma verdadeira transformação física e emocional que vemos acontecer bem diante dos nossos olhos. Podia não ter aquele diálogo expositivo no final
Porém, aqui a vingança só faz o protagonista descer mais fundo, igualando-o aos seus alvos e fazendo com que ele perca tudo que ainda lhe resta. O final do protagonista não podia ser mais apropriado: relembrado o passado em vez de aproveitar o que ainda lhe restava.
Pelo que li, muita gente lá nos EUA meio que desistiu da série após saírem com o TJ Miller e darem um final duvidoso pro Erlich. Pelo jeito os gringos curtiam bastante o humor babacão do personagem. Pra mim foi o contrário: foi a partir disso que a série começou a evoluir.
Apesar de ter seus momentos engraçados, o humor de maconheiro do personagem acabou destoando da série conforme a Pied Piper evoluía. A saída dele parece que serviu para os produtores e roteiristas se desapegarem de certas coisas que já não faziam mais sentido, como o cenário da casa-encubadora e eterna falta de verba da empresa. Chegou um ponto em que a série estava apenas se repetindo. Inclusive, considero a 5ª temporada uma evolução natural da segunda, uma vez que a 3ª e a 4ª temporada só fazem enrolar sem nunca levar nada adiante.
É a partir do 5º ano que Richard começa a ter que lidar com novos desafios, como gerenciar uma equipe maior e com as responsabilidades de estar à frente de uma gigante da tecnologia. Os desafios crescem junto com o valor de mercado da Pied Piper, e Richard, um jovem ensimesmado, nem sempre vai saber lidar com a situação. Mesmo o Gavin Belson, que estava perdido há tempos dentro da série, teve alguma serventia para o programa.
E apesar do final parecer esperançoso, Richard ainda guarda uma cópia do código da nova internet, assim como Monica parece ter contato com a NSA e Gilfoyle e Dinesh são donos de uma grande empresa de segurança digital. Ao que tudo indica, eles não conseguiram abrir mão da criação da Pied Piper. Ninguém abre mão do poder assim tão fácil, ainda mais um que está a um ENTER de distância.
Mussum - O Filmis sofre do mesmo problema que acomete boa parte das produções da Globo Filmes para o cinema: tem cara de algo feito para a televisão. Cenografia, figurinos, enquadramentos, é tudo muito típico de TV. Se fosse para apostar, diria que em algum mimento vão adicionar algumas cenas que foram cortadas e transformar numa minissérie para o Globoplay.
Nas cenas que se passam nos bastidores da Tupi e da própria Globo, faz sentido que seja assim, funciona até como um tipo de metalinguagem, mas no dia a dia do Carlinhos senti falta de algo mais cinematográfico. Mesmo a edição parece um pouco truncada, passando mais a impressão de estar alternando entre os núcleos de uma novela do que de dar continuidade à trama de um filme.
Não tem nada a ver com a suposta falta de qualidade do cinema nacional, o que tem de sobra por aí é filme brasileiro de baixo orçamento que sabe como usar a linguagem da sétima arte. Ainda assim, a cinebiografia tem seus momentos, ressalto a sequência da roda de samba em que vemos, ao fundo, o personagem título conhecendo sua primeira esposa e o breve instante em que o vemos ser ocultado pelas teclas de uma máquina de escrever, como se o talento dele ficasse escondido na Aeronáutica.
Mesmo assim, Mussum - O Filmis ainda é ótimo de ser visto, muito por conta do talento e da simpatia do Ailton Graça, um daqueles casos de escalação que não tinha como ser diferente. Em cada cena fica nítido o carinho e o respeito que ele tem pelo Mussum, interpretando-o sempre com muita humanidade e sem nunca soar caricatural e mostrando o lado Antônio Carlos que não aparecia na telinha. Por mim, ficaria mais duas horas só vendo ele encarnar o eterno trapalhão em momentos diversos de sua vida e carreira. A trilha, quase que inteiramente composta por batidas de samba, também merece ser mencionada.
Perde pontos por ser mais longo que o necessário e por aquele deus ex machina no final que mais parece saído de uma fanfic de uma fanfic adolescente. Complicaram e prolongaram demais algo que era para ser simples: um palhaço macabro barbarizando quem quer que fique no seu caminho. Nesse sentido, o primeiro é muito mais bem resolvido. Dava para cortar fácil uns 45 minutos ou mais, o que melhoraria até o ritmo dessa continuação
Apesar dos defeitos (e não são poucos), Art The Clown já pode ser considerado um novo ícone do horror, o mais assustador que surgiu nos últimos anos. Neste aqui ele volta ainda mais sádico e grotesco que no longa anterior, algo que eu achava ser impossível. Só dele estar em cena, já sabemos que tudo de ruim pode acontecer e que a vítima da vez vai sofrer muito antes de morrer.
Particularmente, vou demorar para esquecer a cena que ele
o idoso é covarde! A velha claramente se aproveitou de um estado de demência para tirar vantagem de uma situação que poderia ser facilmente resolvida por meio de agressão. Um simples socão na cara teria deixado a jovem modelo livre para abusar de todas as drogas que tivesse vontade.
Brincadeiras à parte, apesar de plot twist para lá de óbvio, A Avó é um terror muito bem feitinho. Aos poucos as peças vão se encaixando e tudo vai fazendo. As simbologias usadas pelo longa também são bem interessantes. O contraste do vermelho e azul,
óbvio num primeiro momento, faz todo sentido: o fogo, bastante presente várias cenas e em boa parte dos rituais nas mais diversas crenças, queima com uma chama azul quando está mais quente (ou seja, em sua juventude), muito diferente da chama vermelha que indica um fogo prestes a se extinguir.
Esse significado das cores nos leva para o pássaro-azul, um detalhe que pode ter passado despercebido por muitos.
Visto na gaiola ao longo do filme e livre nos momentos finais, o pássaro pode simbolizar a juventude que a avó e amiga não puderam aproveitar. A gaiola remete justamente a um amor que elas tiveram que reprimir e deixar preso por causa da época que viviam.
Claro que tenho que ressaltar a atuação de Vera Valdez. Em suas primeiras cenas, a atriz veterana se mostra frágil e desamparada,
bem diferente da presença amedrontadora que a personagem se torna perto do fim, tudo sem precisar dizer uma única palavra. Em cena em que Susana a vê na janela, logo após a cuidadora ser atropelada, é de arrepiar a espinha.
Apesar de continuar com momentos bem engraçados e críticas bastante acertadas sobre o cenário das big techs, isso não é o suficiente para manter essa temporada no mesmo nível das duas primeiras. Junto com a terceira, é praticamente uma temporada filler que não adiciona em nada à jornada da Pied Piper e nem na construção do Richard.
Só no último episódio temos um pequeno vislumbre do nosso protagonista se tornando
alguém inescrupuloso que é capaz de passar por cima de tudo e de todos para atingir seus objetivos, um típico gênio da tecnologia.
No mais, foi só mais uma sequência de episódios com a fórmula "surge problema, Pied Piper em risco de fechar, Richard tenta resolver e faz merda, Erlich também faz droga, Pied Piper é salva de uma forma mirabolante". Todo impacto de uma reviravolta se esvai quando se percebe que elas são usadas em excesso, sempre com o mesmo efeito: livrar os personagens de qualquer perigo.
Comédia metida a espertinha, do jeito que eu esperaria que seria uma comédia feita pelo John Stewart. Apesar de conter um comentário bastante válido a respeito do sistema eleitoral dos EUA, acredito que muita gente vai torcer o nariz por não ser o tipo de sátira que te deixa rolando de rir.
Repito o que disse no comentário da temporada anterior: gosto dos personagens e das interações entre eles, mas a série parece sem rumo e o ápice disse é nessa temporada. Talvez o cancelamento tenha sido um tiro de misericórdia, já que os roteiristas não sabiam o que fazer com a Christine.
Ao mesmo tempo que ela começa a fazer terapia (e desiste poucos episódios depois), também toma atitudes ainda mais estranhas. O mesmo vale pros outros personagens. O Matthew volta com a ex (que estava prestes a se casar) para terminar com ela no episódio seguinte! O Richard ficou noivo da Barb, uma relação que mal é citada ao longo dos episódios.
A impressão que eu tenho é que os roteiristas apenas pensavam um monte de situações malucas sem se preocupar em como isso afetaria os personagens.
Fui esperando um banho de sangue e recebi 90 minutos do protagonista tendo uma DR com ele mesmo. Me lembrou aqueles filmes feitos no começo dos anos 2000 que tentavam emular as obras do Tarantino, cheios de diálogos espertinhos e cenas violentas, só que sem 1/3 do talento que o Tarantino tem na direção e no roteiro.
Veep (1ª Temporada)
4.1 94 Assista AgoraComo vi muitas sitcoms com risadas de fundo nos últimos tempos, devo admitir que levei um tempo pra pegar o ritmo de Veep. Nessa produção da HBO, cada comentário ácido e maldoso é dito com a maior naturalidade do mundo, é capaz até de perder alguns se der bobeira e ficar esperando alguma reação dos demais personagens. Então, durante a primeira metade da temporada não estava achando muito engraçado.
Só que em algum momento, entre as paranoias da Selina e ambição do Dan, eu consegui me encontrar. Entendi que Veep não é aquele tipo de comédia que te faz rolar de rir, e sim uma sátira crua da política americana. É tão cru que em certos momentos você chega a pensar que está vendo algo real. Não duvido que no Congresso e na Casa branca haja pessoas tão mesquinhas e vazias como Selina e sua equipe. A melhor definição que consegui encontrar é a de que Veep é a irmã mais velha, maldosa e interesseira de Parks and Recreation.
O ágil roteiro permite que Julia Louis-Dreyfus deite e role (literalmente, em alguns momentos) quando está em cena. Sua Selina Meyers consegue ser tão insegura que variar em questão de segundos entre uma raiva que a faz berrar a plenos pulmões com um subalterno a uma falsa humildade de dar nojo. É uma personagem patética que dá gosto de ver em cena.
Ficção Americana
3.8 386 Assista AgoraErroneamente classificado por um certo programa de rádio como um filme "AnTi-LaCrAçÃo", American Fiction é uma sátira sobre como a elite e indústria cultural enxergam e permitem que os negros sejam representados. Tem um momento de poucos segundos que resume perfeitamente a mensagem, que é quando o protagonista está vendo TV e passa uma propaganda sobre os filmes do Mês da Consciência Negra, com várias cenas de protagonistas em situações de escravidão e sofrimento.
Monk, o protagonista sagazmente vivido por Jeffrey Wright, se revolta e tece críticas ferrenhas à forma como seus iguais são retratados
, só que, assim como todo mundo, no fim do mês ele também tem contas para pagar e entes queridos para cuidar. As necessidades de conforto e admiração sempre vão falar mais alto. O destino de sua revolta é ser cooptada pelo sistema para ser usada como mais uma forma de lucrar. Assim como ele já fez com a culpa pela escravidão. Resta a Monk, Sintara e outros a ilusão de que vão conseguir mudar as coisas de dentro para fora, mesmo que na real eles sejam apenas mais uma engrenagem do sistema.
Anatomia de uma Queda
4.0 828 Assista AgoraTalvez eu seja um pouco lerdo, porque só fui entender do que Anatomia de uma Queda se tratava bem perto do final. Foi naquela cena em que Sandra e seu
advogado tem um momento de ternura após e veredito do julgamento: ela encosta a cabeça no ombro do amigo e ambos ficam assim por um momento. Logo que vi a cena, pensei:
- Nossa, se alguém visse isso logo depois de tudo o que aconteceu, poderia ser muito mal interpretado.
E provavelmente foi justamente essa a intenção desse breve instante, pois a cena é filmada de longe e através de uma vidraça, como se estivéssemos invadindo a privacidade de ambos.
Ora, se Sandra e o falecido marido fossem vistos fazendo compras juntos, poderiam passar a impressão de que tinham uma relação saudável, o que não era o caso. Não dá para isolar trechos e pedaços da vida alguém e achar que a partir disso se tem uma compreensão total a respeito dela, mesmo porque somos muito mais complexos e cheios de camadas do que um vídeo ou áudio pode dar a entender.
E como muitos aqui, ao final também caí na armadilha de pensar "é só isso?", e é só depois fui começar a entender a dimensão do que havia assistido, em especial das atuações. É tudo tão natural e espontâneo que em alguns momentos até esqueci que não era um caso real, a cada hesitação da protagonista durante os depoimentos era possível identificar uma profusão de pensamentos passando por sua mente, como se realmente não quisesse ser mal interpretada naquilo que ia ser visto. E se isso não for uma boa interpretação, então eu não sei o que é.
Já a direção e edição são bastante sóbrias, nada grandioso ou cheio de planos estupendos. É uma condição competente em retratar o cotidiano e o banal.
Gaiola Mental
2.2 122Como adoro histórias de serial killers, fui de coração aberto querendo ver algo bom e disposto a dar uma chance pro Martin Lawrence fora de sua zona de conforto. Ainda assim, não rolou. É tudo muito ruim.
O filme consegue errar em cenas básicas, como duas pessoas conversando dentro de um carro. A iluminação na "rua" era uma e dentro do veículo era outra, sem falar no recorte tenebroso das cabeças em que fica evidente o contorno da tela azul.
Todo o resto segue esse mesmo padrão de qualidade: as atuações são inexpressivas (o ator que faz o namorado/marido da protagonista parece que está eternamente segurando um peido), a edição não consegue criar tensão nenhuma e o roteiro... Bom, falar daquele plot twist horrendo é chutar cachorro morto, então destaco aqui a cena
da mãe do vilão brigando com ele por desenhar e se interessar por figuras religiosas. É algo que eu esperaria ver numa dramatização do Fala que Eu Te Escuto, mas por algum motivo foi parar em um filme de suspense.
Máquina Mortífera 4
3.4 216 Assista AgoraMesmo que nos anos seguintes o Mel Gibson não tivesse se tornado um criminoso e persona non grata em Hollywood, seria bastante desnecessário fazer um 5º filme da franquia.
Esse daqui fecha com maestria as aventuras de Martin e Murtaugh, e ainda consegue concluir de forma bastante satisfatória alguns arcos, principalmente o do personagem vivido por Mel Gibson, que
finalmente supera o que aconteceu com sua falecida esposa e reconhece que pode ser feliz formando uma nova família.
Mesmo com todos os defeitos, como a participação exaustiva do personagem do Chris Rock, dá pra ver que todos os envolvidos tinham bastante carinho por aquilo que estavam fazendo. Os créditos finais não deixam dúvida alguma a respeito disso. Máquina Mortífera, tantos os filmes separadamente quanto a franquia como um todo, são aquela bagunça divertida de se assistir, tem piadinha fora de hora, claramente tem improvisação por parte dos atores, tem cenas de ação longuíssimas e ainda assim tudo isso, quando colocado junto, funciona com maestria. Palmas pro Richard Donner que, em meio a tudo isso, conseguiu adicionar boas doses de energia, humor e sentimentos.
E de todos os bons momentos que Máquina Mortífera 4 tem, entre eles a ótima luta na casa móvel e a cena com o gás do riso, o meu favorito é o Joe Pesci contando a história do sapo. Quando sentei pra assistir esse último longa, eu esperava de tudo, menos me emocionar com a história de um garoto com um sapo.
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Máquina Mortífera 2
3.5 190 Assista AgoraA ação, a comédia e principalmente o entrosamento entre o Mel Gibson e o Danny Glover estão ainda melhores que no primeiro. Dá pra ver que eles realmente se divertiram enquanto gravavam esse daqui. Em alguns momentos até fiquei com a impressão de que estava vendo as versões em carne e osso do Pernalonga e do Patolino. A edição do Joe Pesci vem para deixar essa dinâmica ainda melhor.
Os deslizes ficam por conta de algumas coincidências e explicações desnecessárias.
Precisava mesmo voltar pra questão da esposa morta do Riggs e ainda convenientemente dizer que ela havia sido assassinada por um dos suchefes do vilão?
Ainda assim, não é nada que diminua diversão, por mim eu veria horas do Martin Riggs interagindo com a família do Murtaugh.
O Colecionador de Ossos
3.7 664 Assista AgoraIsso que é ser alguém que se dedica a uma
vingança.
No final, descobrimos que o culpado pelos assassinatos ocorridos ao longo do filme foram cometidos por um ex-policial que se diz preso injustamente por conta do trabalho do protagonista vivido por Denzel Washington. Então, o vilão vai preso e sofre todos os tipos de abuso. Quando é solto, ele arranja tempo para se estudar e se formar em enfermagem, se especializar em manutenção de marca-passos e planejar toda uma série de assassinatos que ele não teria como imaginar se chamariam ou não a atenção do detetive que o levou para a cadeia. Inclusive, ao deixar um punhado de pistas sobre os trilhos do metrô, o assassino quase garantiu que os crimes seguintes não seriam descobertos.
Eu acho que existem formas mais simples e menos confusas de se vingar.
Maestro
3.1 261Maestro existe com um único propósito, mas engane-se quem pensa que é contar a história de Bernard Leonard Bernstein.
Nada disso, a razão do Oscar bait da Netflix existir é satisfazer o ego de Bradley Cooper. Até porque, quando os créditos finais começaram a rolar, percebi que sabia tanto sobre o protagonista quanto antes de dar o play. Já as cenas em que Cooper imitava Lenny, fazia closes demoradíssimos de sua face expressando todo tipo de emoções, a mudança de fotografia ao longo do filme... Isso, sim, tinha muito a dizer, ainda que não fossem coisas positivas.
Claro que qualidade técnica é sempre bem-vinda em qualquer produção. Porém, quando o filme é vazio, como é o caso de Maestro, tudo soa apenas como perfumaria. O roteiro é um apanhado de momentos da vida de Leonard Bernstein, que em nenhum momento apresenta qualquer conflito, desenvolvimento ou aprofundamento em nenhuma das pessoas retratadas. Ora, um filme é muito mais que um amontoado de cenas que não dizem nada entre si e não se conectam. É preciso contar uma história. Em vez disso, o longa de Bradley Cooper parece mais um Arquivo Confidencial, do Domingão do Faustão, feito ao nível hollywoodiano.
A cada cena grandiosa do protagonista, como o plano longo dele regendo uma orquestra numa catedral, só aumentava a minha impressão de que Bradley Cooper olhava para a câmera e falava:
- Nossa, eu mandei bem demais nessa, hein. Como eu sou foda por atuar, dirigir e produzir um filme tão genial.
Paprika
4.2 504 Assista AgoraInception foi claramente inspirado em Paprika, são diversas similaridades, desde cenas bem parecidas até a ideia de se implantar sonhos em outras pessoas. As diferenças ficam por conta das limitações e manias do Nolan como contador de histórias. Conhecendo a necessidade que ele tem de explicar TUDO que acontece em tela, duvido muito que ele conseguiria criar um obra surrealista como essa.
True Detective (3ª Temporada)
4.0 285Foi de 100 a 0 em apenas 8 episódios. De momento não consigo me lembrar de uma série que me decepcionou tanto.
Os dois primeiros episódios apresentam um mistério intrigante e com vários suspeitos possíveis. Aí, com o passar da temporada, o tom de investigação vai se diluindo em meio a brigas de casal e arrependimentos, com direito a pistas caindo no colo dos personagens sem mais nem menos.
A resolução só não é mais preguiçosa que o final ambíguo deixa em aberto se o protagonista realmente encontrou a menina ou se tudo aquilo foi apenas um delírio da mente senil dele.
Sem falar nas várias subtramas que aparecem e são descartadas sem a menor explicação,
como o caso do filho do Hays com a jornalista (seria um jeito de dizer que ele vai cometer os mesmos erros do pai, que também se envolveu com uma mulher que investigava o caso?) ou o próprio documentário que simplesmente não serviu pra nada. Em determinado momento é dado a entender que o protagonista e sua filha se desentenderam, só que isso nunca mais é mencionado.
O que salva é o elenco. Elogiar o Mahershala Ali a essa altura do campeonato seria chover no molhado. O Purple Hays dele é provavelmente um dos personagens mais críveis e reais já apresentados numa série de TV. Mesmo no começo da temporada, quando ainda não sabemos toda a história, já podemos notar um quê de frustração no Hays dos anos 90 e notas de arrependimento em sua versão envelhecida. Stephen Dorff, um ator que sinceramente nunca chamou minha atenção, também não faz feio em alguns momentos tocantes pelos quais seu personagem passa. Para a nossa infelicidade, o restante desse 3º ano não estava à altura das atuações entregues por eles.
O Assassino
3.3 515Diferente de todos os filmes sobre assassinos profissionais que vem sendo feitos nos últimos anos (e não são poucos), O Assassino tem apenas uma cena de ação. Ela nem dura muito e para piorar demora mais da metade do filme para acontecer. Ainda assim, ela é A Cena de Luta, algo que só um diretor com pleno domínio de suas habilidades seria capaz de realizar.
E por que essa cena merece tantos elogios?
Para começar, ela se passa em um ambiente totalmente fechado e com todas as luzes apagadas, muito diferente das habituais luzes neon. A montagem dela também é extremamente competente, apesar dos cortes rápidos (indo na contramão dos inúmeros planos-sequência que vem sendo gravados) e da falta de iluminação, é possível acompanhar cada golpe desferido sem se perder. E, claro, os dois personagens em cena lutam de formas completamente distintas, se o protagonista vivido por Michael Fassbender é mais metódico e estrategista em seus golpes, o brucutu que é o alvo dele já parte para uma abordagem mais agressiva e com mais força bruta.
Mas não é só essa cena do filme que é boa, claro. Todo o restante dele é igualmente pensado para funcionar de forma tão pontual quanto um relógio suíço. Algo que me chamou atenção é paleta de cores escolhida, sempre podemos ver uma combinação de amarelo e verde, bastante usada para representar doença e podridão, principalmente nos cenários noturnos e internos, como se a corrupção tomasse seu lugar quando o sol se põe e quando ninguém está olhando.
A Mão Assassina
3.0 223Fico me perguntando como esse filme não se tornou um dos clássicos trashes de antigamente.
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Tem todos os ingredientes necessários para alcançar o posto: atuações canastronas, nenhum compromisso em se levar a sério, cenas absurdas e sangue e humor na mesma medida. Na hora que a personagem da Vivica Fox puxa um relógio cheio de runas e diz que faltam 6 minutos para a meia-noite druida, eu tive que pausar pata bater palmas.
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A cereja do bolo é a trilha sonora, com várias faixas que vão do hardcore ao pop punk, com direito a uma participação hilária do
Offspring
Armadilha
3.2 169 Assista AgoraUm passatempo que tem o seu charme, apesar das pataquadas da época. Catherine Zeta-Jones e Sean Connery funcionam surpreendentemente bem juntos, a ponto de me fazer deixar de estranhar o casal para começar a torcer para que eles ficassem juntos. As cenas de ação até que são bastante competentes, contanto que você deixe de prestar atenção nos dublês que nitidamente não são o ex-007.
Pouco antes dos créditos subirem tem uma cena que achei muito bonita pela simplicidade dela. É aquela em que
, logo após possibilitar a fuga Gin, Mac se senta num banco e a câmera se aproxima aos poucos mostrando a expressão dele ir de uma amarga frustração por ter deixado ir a única pessoa que o entendia para uma satisfação por ela ter se safado.
O Silêncio da Vingança
2.8 61 Assista AgoraJohn Woo é John Woo, né? Você pode comprar o ingresso com a certeza de que vai ver cenas de ação no mais alto nível. O terço final é frenético como um bom filme do diretor deve ser. E ainda há o diferencial de que ele é todo sem diálogos, o que torna a experiência ainda mais diferenciada das demais produções do gênero.
E a ausência de falas não é só uma firula narrativa, é um elemento que serve para ressaltar e internalizar a raiva do protagonista visto que ele não consegue conversar com sua esposa. À medida que o personagem de Joel Kinnaman (excelente como é de costume) vai deixado-a de lado, sua raiva se torna maior.
E até por esse elemento a mais que sinto que o final acabou sendo corrido e talvez até limado por algum produtor. Já no final vemos que as ações do protagonista estão
prejudicando até mesmo os policiais, mortos no fogo cruzado de uma guerra de gangues (que, vale dizer, escalonou rápido demais e numa única noite). Logo, quando o protagonista finalmente consegue sua vingança e fica por isso mesmo, acaba dando uma impressão de vazio, como se faltasse uma estrela no topo dessa árvore-de-natal. Aquela cartinha antes dos créditos subirem... Sei não, aquilo tem cara de final feito às pressas.
Sentença de Morte
3.6 266 Assista AgoraO que tinha tudo para ser mais uma história manjada de vingança, se mostra um filme bastante interessante graças aos envolvidos.
A direção sempre inspirada do James Wan garante impacto e bastante inventividade às sequências de tiroteio e perseguição. Gostei especialmente daquela do estacionamento, tem um plano-sequência ali que deve ter dado bastante trabalho de ser realizado. Kevin Bacon, por sua vez, adiciona umas boas camadas ao protagonista que nas mãos de outro ator poderia parecer forçado. É uma verdadeira transformação física e emocional que vemos acontecer bem diante dos nossos olhos. Podia não ter aquele diálogo expositivo no final
, em que o vilão diz que o protagonista se transformou em um dos bandidos,
Quem der o play querendo assistir um herdeiro de Desejo de Matar, estará muito bem servido com as divertidíssimas cenas de gore e bastante sangue.
Porém, aqui a vingança só faz o protagonista descer mais fundo, igualando-o aos seus alvos e fazendo com que ele perca tudo que ainda lhe resta. O final do protagonista não podia ser mais apropriado: relembrado o passado em vez de aproveitar o que ainda lhe restava.
Lancelot, o Primeiro Cavaleiro
3.1 107 Assista AgoraTava até legal, mas na hora que chegou a parte da versão medieval das Olimpíadas do Faustão eu perdi o pouco respeito que ainda tinha pelo filme.
Silicon Valley (6ª Temporada)
3.8 42 Assista AgoraPelo que li, muita gente lá nos EUA meio que desistiu da série após saírem com o TJ Miller e darem um final duvidoso pro Erlich. Pelo jeito os gringos curtiam bastante o humor babacão do personagem. Pra mim foi o contrário: foi a partir disso que a série começou a evoluir.
Apesar de ter seus momentos engraçados, o humor de maconheiro do personagem acabou destoando da série conforme a Pied Piper evoluía. A saída dele parece que serviu para os produtores e roteiristas se desapegarem de certas coisas que já não faziam mais sentido, como o cenário da casa-encubadora e eterna falta de verba da empresa. Chegou um ponto em que a série estava apenas se repetindo. Inclusive, considero a 5ª temporada uma evolução natural da segunda, uma vez que a 3ª e a 4ª temporada só fazem enrolar sem nunca levar nada adiante.
É a partir do 5º ano que Richard começa a ter que lidar com novos desafios, como gerenciar uma equipe maior e com as responsabilidades de estar à frente de uma gigante da tecnologia. Os desafios crescem junto com o valor de mercado da Pied Piper, e Richard, um jovem ensimesmado, nem sempre vai saber lidar com a situação. Mesmo o Gavin Belson, que estava perdido há tempos dentro da série, teve alguma serventia para o programa.
E apesar do final parecer esperançoso, Richard ainda guarda uma cópia do código da nova internet, assim como Monica parece ter contato com a NSA e Gilfoyle e Dinesh são donos de uma grande empresa de segurança digital. Ao que tudo indica, eles não conseguiram abrir mão da criação da Pied Piper. Ninguém abre mão do poder assim tão fácil, ainda mais um que está a um ENTER de distância.
Mussum: O Filmis
3.7 170 Assista AgoraMussum - O Filmis sofre do mesmo problema que acomete boa parte das produções da Globo Filmes para o cinema: tem cara de algo feito para a televisão. Cenografia, figurinos, enquadramentos, é tudo muito típico de TV. Se fosse para apostar, diria que em algum mimento vão adicionar algumas cenas que foram cortadas e transformar numa minissérie para o Globoplay.
Nas cenas que se passam nos bastidores da Tupi e da própria Globo, faz sentido que seja assim, funciona até como um tipo de metalinguagem, mas no dia a dia do Carlinhos senti falta de algo mais cinematográfico. Mesmo a edição parece um pouco truncada, passando mais a impressão de estar alternando entre os núcleos de uma novela do que de dar continuidade à trama de um filme.
Não tem nada a ver com a suposta falta de qualidade do cinema nacional, o que tem de sobra por aí é filme brasileiro de baixo orçamento que sabe como usar a linguagem da sétima arte. Ainda assim, a cinebiografia tem seus momentos, ressalto a sequência da roda de samba em que vemos, ao fundo, o personagem título conhecendo sua primeira esposa e o breve instante em que o vemos ser ocultado pelas teclas de uma máquina de escrever, como se o talento dele ficasse escondido na Aeronáutica.
Mesmo assim, Mussum - O Filmis ainda é ótimo de ser visto, muito por conta do talento e da simpatia do Ailton Graça, um daqueles casos de escalação que não tinha como ser diferente. Em cada cena fica nítido o carinho e o respeito que ele tem pelo Mussum, interpretando-o sempre com muita humanidade e sem nunca soar caricatural e mostrando o lado Antônio Carlos que não aparecia na telinha. Por mim, ficaria mais duas horas só vendo ele encarnar o eterno trapalhão em momentos diversos de sua vida e carreira. A trilha, quase que inteiramente composta por batidas de samba, também merece ser mencionada.
Aterrorizante 2
2.9 426 Assista AgoraPerde pontos por ser mais longo que o necessário e por aquele deus ex machina no final que mais parece saído de uma fanfic de uma fanfic adolescente. Complicaram e prolongaram demais algo que era para ser simples: um palhaço macabro barbarizando quem quer que fique no seu caminho. Nesse sentido, o primeiro é muito mais bem resolvido. Dava para cortar fácil uns 45 minutos ou mais, o que melhoraria até o ritmo dessa continuação
Apesar dos defeitos (e não são poucos), Art The Clown já pode ser considerado um novo ícone do horror, o mais assustador que surgiu nos últimos anos. Neste aqui ele volta ainda mais sádico e grotesco que no longa anterior, algo que eu achava ser impossível. Só dele estar em cena, já sabemos que tudo de ruim pode acontecer e que a vítima da vez vai sofrer muito antes de morrer.
Particularmente, vou demorar para esquecer a cena que ele
faz o diabo com a amiga da protagonista e a deixa para ser encontrada pela mãe, com várias partes do corpo faltando, mas ainda viva.
A Avó
3.0 168 Assista AgoraHá tempos o Choque de Cultura já alertava:
o idoso é covarde! A velha claramente se aproveitou de um estado de demência para tirar vantagem de uma situação que poderia ser facilmente resolvida por meio de agressão. Um simples socão na cara teria deixado a jovem modelo livre para abusar de todas as drogas que tivesse vontade.
Brincadeiras à parte, apesar de plot twist para lá de óbvio, A Avó é um terror muito bem feitinho. Aos poucos as peças vão se encaixando e tudo vai fazendo. As simbologias usadas pelo longa também são bem interessantes. O contraste do vermelho e azul,
óbvio num primeiro momento, faz todo sentido: o fogo, bastante presente várias cenas e em boa parte dos rituais nas mais diversas crenças, queima com uma chama azul quando está mais quente (ou seja, em sua juventude), muito diferente da chama vermelha que indica um fogo prestes a se extinguir.
Esse significado das cores nos leva para o pássaro-azul, um detalhe que pode ter passado despercebido por muitos.
Visto na gaiola ao longo do filme e livre nos momentos finais, o pássaro pode simbolizar a juventude que a avó e amiga não puderam aproveitar. A gaiola remete justamente a um amor que elas tiveram que reprimir e deixar preso por causa da época que viviam.
Claro que tenho que ressaltar a atuação de Vera Valdez. Em suas primeiras cenas, a atriz veterana se mostra frágil e desamparada,
bem diferente da presença amedrontadora que a personagem se torna perto do fim, tudo sem precisar dizer uma única palavra. Em cena em que Susana a vê na janela, logo após a cuidadora ser atropelada, é de arrepiar a espinha.
Silicon Valley (4ª Temporada)
4.1 35 Assista AgoraApesar de continuar com momentos bem engraçados e críticas bastante acertadas sobre o cenário das big techs, isso não é o suficiente para manter essa temporada no mesmo nível das duas primeiras. Junto com a terceira, é praticamente uma temporada filler que não adiciona em nada à jornada da Pied Piper e nem na construção do Richard.
Só no último episódio temos um pequeno vislumbre do nosso protagonista se tornando
alguém inescrupuloso que é capaz de passar por cima de tudo e de todos para atingir seus objetivos, um típico gênio da tecnologia.
Irresistível
3.0 38 Assista AgoraComédia metida a espertinha, do jeito que eu esperaria que seria uma comédia feita pelo John Stewart. Apesar de conter um comentário bastante válido a respeito do sistema eleitoral dos EUA, acredito que muita gente vai torcer o nariz por não ser o tipo de sátira que te deixa rolando de rir.
P.S.:
inveja é um sentimento feio, e eu cheguei bastante perto de senti-lo quando o Steve Carell teve sua cara lambida pela Rose Byrne.
As Novas Aventuras da Velha Christine (5ª Temporada)
4.2 53Repito o que disse no comentário da temporada anterior: gosto dos personagens e das interações entre eles, mas a série parece sem rumo e o ápice disse é nessa temporada. Talvez o cancelamento tenha sido um tiro de misericórdia, já que os roteiristas não sabiam o que fazer com a Christine.
Ao mesmo tempo que ela começa a fazer terapia (e desiste poucos episódios depois), também toma atitudes ainda mais estranhas. O mesmo vale pros outros personagens. O Matthew volta com a ex (que estava prestes a se casar) para terminar com ela no episódio seguinte! O Richard ficou noivo da Barb, uma relação que mal é citada ao longo dos episódios.
A impressão que eu tenho é que os roteiristas apenas pensavam um monte de situações malucas sem se preocupar em como isso afetaria os personagens.
Inferno Sangrento
3.3 116 Assista AgoraFui esperando um banho de sangue e recebi 90 minutos do protagonista tendo uma DR com ele mesmo. Me lembrou aqueles filmes feitos no começo dos anos 2000 que tentavam emular as obras do Tarantino, cheios de diálogos espertinhos e cenas violentas, só que sem 1/3 do talento que o Tarantino tem na direção e no roteiro.