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14Número de Fãs

Nascimento: 29 de Maio de 1904 (44 years)

Falecimento: 26 de Setembro de 1948

Charleston, Illinois - Estados Unidos da América

Orson Welles ( em seu primeiro encontro com Toland): – Eu não sei nada sobre filmagens.

Gregg Toland: – É por isso que eu quero trabalhar com você. Essa é a única maneira de aprender alguma coisa nova: trabalhar com alguém que não sabe nada. (1)

O diálogo, com um “que” de Irmãos Marx, aconteceu de verdade, e deu início a uma das mais criativas colaborações entre um cineasta e um diretor de fotografia em toda a história do cinema. Para não embaraçar o novato em frente a equipe, Toland reunia-se a sós com Welles para instruí-lo a respeito de ângulos de câmera, objetivas, posicionamento de luzes, contrastes etc.

Toland nasceu em 1904 em Charleston, Illinois. Começou como office boy na Fox com 15 anos. Com 16 virou assistente de câmera trabalhando em comédias de dois rolos. No começo dos anos 20 já era segundo câmera de Arthur Edeson, que nesta época fotografava para Raoul Walsh e Alan Dwan.

Edeson dividiu os créditos com Toland em O Morcego 1926, filme em que segundo os especialistas, já apresenta o uso da profundidade de campo estendida. No final dos anos 20, trabalha em parceria com George Barnes, que insistiu junto a Samuel Goldwin para que seu nome constasse nos créditos como co-autor da fotografia. A partir de 1931, passa a atuar sozinho como DF.

A impressão que temos hoje de que a estética revolucionária de Cidadão Kane representa uma ruptura com o cinema feito até então, desaparece com um exame dos filmes fotografados por Toland antes da obra-prima de Welles.

Algumas das técnicas utilizadas em Kane (uso de objetivas grande angular em planos próximos, sets com teto aparente, altos níveis de iluminação nas cenas para aumentar a profundidade de campo, planos longos com movimentos complexos de câmera etc), podem ser vistos em obras anteriores como We Live Again 1934 de Rouben Mamoulian e The Wedding Night 1934, de King Vidor.

Em 35, recebe a primeira indicação para o Oscar com Os Miseráveis de Richard Boleslavsky, e em 39 recebe a estatueta por O Morro dos Ventos Uivantes de William Wyler onde impressiona pela variedade de estilos de que se utiliza para narrar o clássico romance de Emily Brontë.

Em fevereiro de 1941, Toland comentou numa entrevista ao American Cinematographer Magazine algumas das técnicas que vinha desenvolvendo:

“Nos últimos anos muita coisa foi dita e escrita a respeito das novas possibilidades técnicas e artísticas oferecidas pela objetivas com coating ante-reflexo, pelos filmes mais sensíveis, e pela utilização de cenários de proporções menores e com teto. Alguns diretores de fotografia tiveram, como eu mesmo tive em um ou dois filmes que fiz no ano passado, a oportunidade de realizar algumas experiências com estas inovações técnicas para criar efeitos fotográficos dramáticos. E eles como eu, sentiram que estavam indo em direção a algo muito significante e que ao invés de utilizá-las de forma conservadora em algumas cenas aqui e alí, deveriam experimentar livremente ao longo de todo o filme”. (2)

E isso foi exatamente o que ele fez em Cidadão Kane 1941.

O que impressiona no filme é superposição exaustiva dessas técnicas e a propriedade com que foram empregadas. Apresentado a truca por Linwood Dunn, Welles se apaixonou pelas possibilidades proporcionadas pelo instrumento. Toland entretando se opunha aos planos trucados: ” Não quero internegativos no meu filme”. O motivo, entenda-se , é que a definição e o contraste da imagem eram substancialmente alterados pela técnica de contratipagem então disponível. Mas Welles ficou fascinado pelo “brinquedo novo” e Toland não teve outra saída senão aceitar as trucagens. Welles tinha razão… (1)

Toland trabalhava com equipamento próprio, adaptado por ele às suas necessidades, e com a sua equipe, formada por Bert Shipman, operador de câmera, Eddie Garvin, primeiro assistente, W. J. McClellan gaffer e Ralph Hoge, chefe maquinista. Alugava a sua Mitchell BNC, com objetivas Cooke Speed Panchro e Astro que iam da grande angular de 24mm à tele de 150 mm, além de três motores, tripés, cabeças, mascaras, filtros e outros acessórios .

Toland usou a 24mm e diafragmas altos em quase todo o filme para obter a profundidade de campo que desejava. Para isso utilizou-se do negativo Kodak Super XX., o mais sensível na época (lançado em 1938 ainda com base de nitrato e com sensibilidade nominal de 100 ASA ). Suas objetivas eram tratadas com Vard Opticoat, uma camada anti-reflexo que diminuía a dispersão e aumentava a transmissão da luz no interior da objetiva. Potentes arcos-voltaicos projetados para serem usados com o Technicolor foram utilizados para se obter um nível de iluminação que permitisse filmar com diafragmas entre f:8 e f:16.

Depois de Cidadão Kane, Toland fotografou alguns filmes notáveis como: A Malvada 1941, O Fora da Lei 1943 e Os melhores Anos de Nossas Vidas 1946. Toland que tinha problemas cardíacos e bebia muito, faleceu aos 44 anos em 28 de setembro de 1948 de trombose coronária.

Cidadão Kane foi eleito o melhor filme de todos os tempos pelo American Film Institute e o filme mais bem filmado de todos os tempos pela American Society of Cinematographers. Toland foi o mais jovem diretor de fotografia a atuar em Hollywood (1927) e o primeiro diretor de fotografia nos EUA a merecer uma cartela só para si nos créditos de um filme. Foi indicado 6 vezes para o Oscar de melhor fotografia e venceu em 1939 com O Morro dos Ventos Uivantes.

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