Se o diretor José Padilha (Tropa de Elite) estava com a intenção de fazer um ótimo filme de ação: ele conseguiu. Comparado ao RoboCop de 1987, de Paul Verhoeven o remake deixa claro que “o inimigo agora é outro”, como já dizia o cineasta em Tropa de Elite - a grande ameaça não são mais as corporações internacionais, e sim a própria política interna do país.
No ano de 2028, os Estados Unidos passam por um grande dilema sobre essa nova tecnologia com robôs. A história começa com o detetive Alex Murphy, vivido por Joel Kinnaman, um pai de família tradicional americana. Em uma de suas investigações, Murphy acaba sendo vítima de um crime, e para salvar a sua vida a Omnicorp – que vê a tragédia como grande oportunidade, acaba tirando proveito da fragilidade de sua mulher, Clara Murphy (Abbie Cornish) para conseguir transformar Alex em um robô.
Raymond Sellars (Michael Keaton) é o CEO da Omnicorp, um cara sangue frio que não tem escrúpulos. Sellars conta com a ajuda do Dr. Dennett Norton (Gary Oldman), onde juntos irão colocar o homem dentro da máquina.
O novo RoboCop traz um clima muito menos agressivo, como por exemplo, a troca de uma arma de fogo por uma de choque, fato que mostra que o seu objetivo não é simplesmente matar o inimigo, e sim prendê-lo. Fato que também ajuda a diminuir a classificação etária do filme.
Padilha relembrou um dos valores mais importantes e antigos da humanidade: família em primeiro lugar, algo que não era visto no primeiro filme. Apesar de ser uma máquina, o diretor deixou acesa a parte humana dentro do Alex, passando uma maior emoção às cenas.
O filme também traz fatos recentes que são discutidos na sociedade diariamente, como o programa de TV tedencioso e de extrema direita, apresentado por Pat Novak (Samuel L. Jackson) que ao invés de informar, forma opiniões criando um grande circo em rede nacional.
Todos esses problemas relatados em RoboCop, nos faz sentir muito próximos ao filme, pois são dramas que vivemos em nosso dia a dia. O que muda o olhar do longa é que agora temos a consciência que o futuro relatado no remake pode estar muito mais próximo do que em 1987. Toda a utopia que as pessoas tinham em relação ao destino da nação no século 20, se tornou uma distopia para nós.
Raymond Sellars utilizou a fraqueza da população que teme o que desconhece para fazer algo que elas já conheciam: um herói. A partir disso percebemos como a humanidade mudou desde os anos 80, a máquina deixar de ser tão aceita pela sociedade, dando espaço para dúvidas e objeções.
RoboCop não é só mais um remake ou um filme de ação, Padilha nos mostrou como nós evoluímos tão rápido em um curto espaço de tempo.A trama se tornou um filme totalmente novo somente utilizando o mesmo personagem.
Caroline Venco