O novo projeto da Disney, agora em live-action, conta a história de Cinderela, um dos maiores clássicos infantis que chega sem pretensão de inovação, como já apresentado em seus trailers. Dirigido por Kenneth Branagh (Thor), a trama retrata a jovem princesa desde sua infância até o encontro tão esperado com o seu príncipe encantado.
Alguns dos fatores indiscutíveis do filme são as cores bem utilizadas em conjunto com a bela fotografia. O figurino também expõe o que a obra tem de melhor a oferecer, cercado por pequenos detalhes. Porém, talvez este seja um dos maiores prazeres que o remake possa proporcionar. Dado que o conto de fadas todos já conhecem, essa insistência em mostrar mais uma vez o que já foi feito por tantas vezes, acaba inibindo o prestigio necessário para alcançar o sucesso, ao contrário do que foi apresentado em Malévola que conta a história por uma outra perspectiva.
"Tenha coragem e seja gentil", é possível que essa frase nunca mais saia de sua cabeça, pois em 90% dos diálogos, em algum momento, alguém irá dizer essas palavras. Esse bordão de auto-ajuda é dito pela mãe (Hayley Atwell) de Cinderela (Lily James) um pouco antes dela falecer, e segue como o lema da obra. Além disso, a trama se baseia em uma linguagem mais coloquial do que o normal, tendo neste, outro dos elementos interessantes que foram abordados na obra. Dessa forma, o espectador pode vivenciar a época mais de perto, fator este, pouco comum em filmes infantis.
Outro recurso muito bem trabalhado é a montagem feita por Martin Walsh, na qual consegue fluir a narrativa de forma sutil, mesmo com todos já sabendo o desfecho do conto. Com isso, alguns planos são captados para trazerem as nuances necessárias para trama, como a chegada da Madrasta (Cate Blanchett) à casa de Cinderela, quando seu rosto demora para aparecer por completo ao sermos apresentados a ela de um jeito ameno. Por outro lado, o filme peca nas cenas óbvias, como na última viagem do pai (Ben Chaplin) de Cinderela antes de morrer, fica claro que ele não irá voltar sendo uma das despedidas mais clássicas do cinema.
Em ritmo bem açucarado, o conto de fadas diverte com os animais, que possuem uma realidade admirável, além é claro, da Fada Madrinha (Helena Bonham Carter). Fada, que aliás, protagoniza uma das melhores e mais engraçadas cenas do longa. Helena Carter remete o carisma e empatia necessária em poucos minutos, objetivo que foi fracassado por Cinderela e seu Príncipe (Richard Madden), onde ambos se tornaram mais entediantes do que encantadores.
Cinderela é um filme artisticamente atrativo, mas com pouca modernização de roteiro, no qual foi escrito por Chris Weitz (A Bússola de Ouro). Entretanto, ele poderá conquistar os fãs do clássico ao trazer de volta todos os seus elementos tradicionais.
Por: Caroline Venco