Filme excepcional, o melhor do Leone na minha opinião.
Uma história incrível de ambição e ausência de escrúpulos, contraposta à própria moral pra lá de distorcida, contorcida e retorcida dos personagens do filme.
O cara demonstra um domínio e uma criatividade tão gigantesca dos recursos narrativos do meio, que até eu que não sou especialista em cinema fico impressionado.
E a quantidade de cenas antológicas é incrível.
Obra-prima gigantesca, em todos os sentidos, que realmente "esculpe" o tempo.
Essa obra-prima do Tarkovsky subverte o próprio texto fonte do filme, o livro homônimo do polonês Stanislav Lem.
O livro de Lem, com uma orientação mais Sci-Fi pra valer mesmo, tentava mostrar ao público que a vida extra-terrestre pode ser tudo, menos aquilo que o ser humano imagina que ela seja e, portanto, muito provavelmente a vida "lá fora" é algo completamente incompreensível para nós.
Já o Solaris do Tarkovsky procura demonstrar que o ser humano é inacapaz de compreender não só o universo onde ele vive, mas também a si mesmo, o que ele vê e o que ele "sente".
Solaris é um filme repleto de referências às artes e de acontecimentos "inflamados", trazendo desde já também um algo mais além daquilo que é mostrado, um "misticismo", que sugere mesmo a possibilidade de uma experiência "metafísica, espiritual", para tudo aquilo que se passa nesse incrível filme.
Um trabalho excepcional, visionário mesmo, que não conta história nenhuma, mas ainda assim consegue transmitir magistralmente um conceito e te faz, de forma incrivelmente contundente, a seguinte pergunta: que @#$%&*@ de mundo é esse em que a gente vive!?
O filme consiste mesmo apenas em imagens com uma das melhores fotografias que eu já vi, editado com uma das melhores montagens que eu já vi, acompanhado de uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi.
Um trabalho fora de série mesmo, em que o cinema reina de maneira absoluta, sem precisar de atores, nem de história nem de nada mesmo pra transmitir idéias, sentimentos ou conceitos, apenas as imagens e o som.
Um salto e uma auto afirmação gigantesca para o cinema, que de tão poderoso, tanto pela utilização magistral do veículo, quanto pela mensagem em si, com certeza será muito mais lembrado no futuro do que é hoje.
Se você é muito novo e não deu a atenção devida às aulas de História, saiba que apesar de hoje em dia haver um só império no mundo, durante a segunda metade do século vinte, havia dois deles, cada um à sua maneira, calcados em mentiras, distorções ideológicas, violência e toda a sorte de sujeira de que são feitos os impérios.
Este documentário é um relato sensível e melancólico dos últimos 12 anos de vida do império que se foi, o império que teve a desmedida pretensão de colocar seus líderes no mesmo lugar de Deus.
Em paralelo ao amadurecimento de sua filha, o diretor Mikhalkov registra a perplexidade, a desilusão e as mudanças porque passaram o povo que viu seu país, o outro mais forte do mundo, desmoronar ante à própria falência moral, à incompetência administrativa e às intrínsecas fraquezas econômicas.
Simplesmente o filme mais repugnante a que eu já assisti até hoje. Mas tem coisa mais repugnante do que as atitudes daqueles que nos governam?
Esse filme é então um trabalho supremo, em que o Pasolini chega ao seu ápice na habilidade incomum que ele tinha de comentar política através de psicologia, uma começando na outra.
O cineasta Stanley Kubrick teria dito o seguinte sobre A Lista de Schindler: “o negócio é que a Lista d Schindler é sobre sucesso, enquanto que o Holocausto mesmo foi sobre fracasso.”
E o cineasta Terry Gilliam teria então complementado: “A Lista de Schindler salva aquele punhado de pessoas e te dá um final feliz. Um homem que fez o q pôde e freou a morte para algumas pessoas. Mas o Holocausto não foi isso, o Holocausto foi um completo fracasso da civilização que permitiu que 6 milhões morressem.”
De fato, a mim parece que o Kubrick e o Gilliam têm razão.
Tem coisas que Spielberg simplesmente não sabe fazer e A Lista de Schindler é uma prova disso. O que ele faz nesse filme é reduzir a mais infeliz e estigmatizante ação da modernidade a uma história de aventuras.
A ele, Spielberg, parece não interessar tanto que o Holocausto tenha sido um caso de densconstrução da humanidade pela própria humanidade, sancionado por uma nação composta de pessoas que acreditavam em seus valores, assim como nós acreditamos nos nossos.
A Spielberg, o que interessa é a “aventura”, de um emocional totalmente equivocado, onde toda uma nação de coadjuvantes é salva de ser trucidada nas mãos de psicopatas totalmente inexplicáveis, por um industrial cujas ações, na cabeça de alguns, imita a “arte”.
Spielberg realmente faz jus à tradição de onde veio e repete os mesmos maneirismos pseudo-graves das produções hollywoodianas, fazendo-se acompanhar por música melosa e superficial.
O que Spielberg traz nesse filme é um dramalhão, artificializado em fotografia P & B comercial, em uma tentativa impossivelmente tola de emular um certo “espírito” documental.
Ele simplesmente não compreende o que significa filmar uma história dessas em P & B. Será que ele fez isso para ressonar a melancolia das fotos de verdade em P & B, dos sacrificados no Holocausto?
As fotos da época, em si, sozinhas, são contundentes porque elas não podem expressar mais do que um instante mudo do tempo, sobre o qual a gente imagina o resto. Já um filme, ele se movimenta, fala e exprime sentimentos.
Mas será mesmo que aquelas “simulações” do filme do Spielberg têm mesmo algo que seja remotamente capaz, ou mesmo, tenha o direito de invocar uma parcela ínfima do que tenha sido aquele sofrimento?
Ademais, é impossível em uma história de mocinho, bandido e vítimas salvas, construir tensão suficiente, que justifique cenas de pessoas de todas as idades nuas, sendo maltratadas. Assim, ao mostrar pessoas de todas as idades nuas, sendo maltratadas, o que Spielberg consegue é uma demonstração de violência gratuita, grotesca e sem discernimento.
Também, ao transformar Amon Goeth e seus companheiros de partido em um bando psicopata completamente sem explicação, o que Spielberg faz é simplesmente remover os nazistas de seu infame lugar histórico, social e psicológico, substituindo-os por algum monstro hollywoodiano irreal, o que, por conseqüência remove também a própria responsabilidade humana por essa catástrofe histórica.
Alguns então podem perguntar: “Qual seria a maneira então pra fazer um filme sobre as vítimas do Holocausto?”
Ao que eu respondo: sinceramente não sei. Mas certamente não é algo na tradição do que Spielberg tenha feito.
Com todo respeito a quem gosta, a meu ver A Lista de Schindler, apesar do conceito de muitos e muitos, é um grande fracasso, na maior parte das vezes reverenciado erroneamente, por motivos totalmente equivocados.
É bom e divertido, mas já um produto da época em que o Spielberg começou a entrar na crise que dura até hoje.
Usando o chavão do música pop, pra mim esse Indiana soou como "um cover de si mesmo", como se o personagem estivesse sofrendo já naquela época, de uma "nostalgia precoce", de onde resolveram meio que "forçar uma ode ao personagem", botando no filme o pai dele e também ele mesmo mais novo!
Além do que, depois de O Templo da Perdição ter sido criticado pela violência e o argumento sombrio, Lucas e Spielberg resolveram "reeditar" algumas coisas dos Caçadores, tipo os nazistas e a uma relíquia bíblica.
No final, acho que o filme ficou forçado mesmo, com muita diversidade de elementos, mas sem uma combinação legal desses elemntos e sem espontaineidade.
A história desse filme é interessante: Spielberg queria só produzir e deixar a direção a cargo de seu ídolo, David Lean (de Lawrence da Arabia). Só que o Lean disse que o projeto se parecia muito mais com a cara do Spielberg e o Spielberg então, resolveu dirigir ele mesmo.
Não tem jeito, o Spielberg é sentimental mesmo. Mas aqui nesse filme, eu trocaria a palavra "sentimental" ou "piegas" pela palavra "emocional". E na verdade, se você prestar atenção, pode perceber que esse filme não é mesmo um "exagero sentimental".
Acho que o Spielberg aqui se absteve da maioria dos arroubos sentimentais e os que sobraram no filme não comprometem e, na verdade, complementam a lógica do filme,
Então, na verdade, o emocionalismo do filme é perfeitamente adequado à história, que conta um pouco da guerra pelos olhos de uma criança.
Esse filme não é uma análise "adulta" da guerrra, mas sim uma visão perplexa em que o Spielberg evoca magistralmente o seu lado infantil e faz acreditar que a lógica por trás do observador da história, é a lógica de uma criança.
As cenas são incríveis, como a do guri fingindo que pilota numa carcaça de avião; como a do avião explodidndo no ar; como a do garoto vendo a onda de luz da bomoba tômica, achando que é a alma da mulher que estava morrendo ao lado dele.
Mas o melhor do filme, é mesmo o caráter etéreo, surreal e hipnótico que o Spielberg imprime ao filme, sem querer fazer nada edificante (o que acaba em desastre nas mãos dele), mas apenas mostrando o episódio por uma ótica diferente, perplexa mesmo, de alguém pra quem aquilo tudo parece um sonho ou um pesadelo.
PARA MIM, esse é O MELHOR FILME DE GUERRA DO SPIELBERG e, aliás, TALVEZ O ÚNICO FILME "SÉRIO" DELE REALMENTE BEM SUCEDIDO, em que ele coloca o emocional de forma mais equilibrada, sem os excessos de sempre, valoriza muito bem o enredo, dá uma aula invejável de atmosfera e cria sequências antológicas que mereciam muito mais reconhecimento.
Uma verdadeira “pedrada cinematográfica”, que pega a história do velho bárbaro e a recria, até que ela se transforme em um épico árido, austero, anti-sentimental, melancolico, solene, violento, trágico e, por fim, triunfante!
A produção, dirigida e orientada pelo “cabra-macho” John Millius, já começa fazendo o máximo possível para evitar os elementos de ridículo que sempre cercaram o herói. Optando por abandonar vários aspectos camp das HQs, em prol de uma aboradagem mais "realista".
Quase tudo com relação ao personagem foi bem alterado. O Conan das HQs (que por sua vez era adaptado de livros pulp dos anos 1930s), exceto pelo físico, ñ se parece tanto com Arnold, era mais inteligente, muito mais espirituoso e mais sexualizado. Tinha uma origem diferente (e menos triste) e as histórias, embora violentas, não tinham a dose de melancolia que se vê no filme.
filme justamente reimagina o bárbaro, amputando-lhe uma infância remotamente saudável e inserindo-o num contexto totalmente seco e brutal, estabelecendo assim o tom que salvará essa adaptação due ser uma ridícula “sword and sorcery”, como aconteceu com a seqüência de 1984.
Os personagens são todos sisudos, a escassez de falas evita os chavões e ao invés de usar só aquela “saia de pele” o Conan anda de calça quase o filme todo!
O elenco todo é muito bem adaptado aos personagens. Schwarzzenegger aparece aqui no papel que o lançou para o mundo e o deixou a um passo da glória que se consumaria dois anos depois com Terminator.
Arnold, mesmo sem quase nenhuma expressividade, e até talvez por causa disso, na verdade reinventa o bárbaro, fazendo dele uma figura de cara amarrada, eternamente marcado pela perda cruel da infância e dos pais, ao mesmo tempo em que sua presença física por si só já é suficiente pra convencer qualquer um de que aquele cara é indestrutível.
Sandahl Bergman encarna em forma de guerreira, a “mulher” do Conan. Note que ela age e se parece com uma VALquíria da Mitologia Nórdica e não é à toa que seu nome, mesmo sem ser pronunciado no filme todo, é VALéria.
Mas acima de tudo, a figura mais marcante do filme, junto com Arnold, é o incrível mago Thulsa-Doom bancado por James Earl Jones. Um gigante com a voz de Darth Vader, de longos cabelos escorridos e bizonhos olhos azuis, que decepa cabeças, quase nunca ri (exceto por um instante), convence seus súditos a se suicidarem por ele e ainda se transforma numa píton gigante! Putaquepariu é pra botar qualquer um pra correr!
Outro acerto do filme é ter conseguido transpor para tela, através da ótima direção de arte e das grandes locações naturais, o famoso universo visual da Sword and Sorcery criado por artistas como Boris Vallejo e, principalmete, Frank Frazetta.
Destaque também para a ótima fotografia, que valoriza a direção de arte e as locações.
E como se não bastasse tudo isso, um dos maiores adventos de Conan o Bárbaro é certamente a sua trilha sonora. Criada por Basil Polidouris (que 2 anos antes havia lançado A Lagoa Azul), a música do filme lançou o padrão das partituras dos filmes de fantasia até os dias de hoje e é uma parte indispensável do todo, funcionando aliás, como narração da história mesmo!
Tá bom que a música tem seus elementos de clichê, mas ainda assim foi a melhor trilha surgida em Hollywood em 1982 e merecia melhor reconhecimento, principalmente quando se leva em conta que a academia premiou outro clichê, o do John Williams, para o filme do ET (também gosto muito da partitura do ET, mas a do Conan é ainda melhor!)
O filme é muito bom, mas fica mesmo aquém do outros dois.
Pra começar, muita coisa já tinha rolado no cinema em 1990 e não dava pro Coppola repetir o impacto que os dois primeiros filmes tiveram na primeira metade dos anos 70.
Depois, o próprio filme mesmo eu acho que atrapalha.
No primeiro Chefão, o Coppola reescreveu quase todas as regras do filme de gangster, o único problema é que o "glamour" do filme ainda deixava no público uma sensação de "até que eu queria fazer parte daquela família (de bandidos)".
No segundo, o Coppola apresenta a real face do Michael e corrige esse erro, mostrando que não importa o glamour, um mafioso "de sucesso" é cruel, impiedoso e implacável. Em suma, o "Chefão" é um "psicopata", um perigo para a sociedade e até mesmo para os seus familiares.
Já nesse terceiro, a meu ver o Coppola dá um passo meio "ilógico" na saga da familia, diante dos adventos dos dois filmes anteriores. Parece que ele retrocede muito do que ele avançou, trazendo um conto de arrependimento e expiação de pecados, muito bonito até, mas com um tanto de incoerência e com muito poucas chances de causar impacto.
Todavia, as "maquinações" dos Corleone seguindo a todo vapor, o brilhantismo narrativo sem deixar pontas soltas e o final catártico e inescapável dão a dignidade que é ao menos suficiene ao filme também poder ser chamado de "The Godfather".
Esse é o meu preferido dos três. É aquele em que o Coppola solta os arreios e mostra da maneira mais "desnuda" do que se trata a história.
Aqui o Michael faz um verdadeiro "mergulho nas profundezas" e mostra quem ele é realmente: um homem de poder e contolador. Um assassino impiedoso e implacável, um perigo para a sociedade e até mesmo para a própria famíla.
Esse Chefão II é também um dos filmes que melhor mostra as relações entre os políticos e o crime organizado.
É um dos maiores épicos que existem, talvez dentro e fora mesmo do cinema.
E, dentre os épicos do cinema, talvez o mais transcendente.
A escala é gigantesca e a grandiosidade "se encarna" nesse filme com tanta perfeição, que o que em outras obras poderia parecer indulgente, aqui é quase espiritual.
Maravilhoso trabalho que une intrinsecamente a exterioridade de uma escala monumental de natureza e multidões, com a interioridade de um estudo de personalidade simplesmente fascinante.
Ao mesmo tempo romântico e realista, é uma obra infinita e de beleza interminável.
Era uma Vez na América
4.3 530 Assista AgoraFilme excepcional, o melhor do Leone na minha opinião.
Uma história incrível de ambição e ausência de escrúpulos, contraposta à própria moral pra lá de distorcida, contorcida e retorcida dos personagens do filme.
O cara demonstra um domínio e uma criatividade tão gigantesca dos recursos narrativos do meio, que até eu que não sou especialista em cinema fico impressionado.
E a quantidade de cenas antológicas é incrível.
Obra-prima gigantesca, em todos os sentidos, que realmente "esculpe" o tempo.
Simplesmente rilhante.
Solaris
4.2 369 Assista AgoraEssa obra-prima do Tarkovsky subverte o próprio texto fonte do filme, o livro homônimo do polonês Stanislav Lem.
O livro de Lem, com uma orientação mais Sci-Fi pra valer mesmo, tentava mostrar ao público que a vida extra-terrestre pode ser tudo, menos aquilo que o ser humano imagina que ela seja e, portanto, muito provavelmente a vida "lá fora" é algo completamente incompreensível para nós.
Já o Solaris do Tarkovsky procura demonstrar que o ser humano é inacapaz de compreender não só o universo onde ele vive, mas também a si mesmo, o que ele vê e o que ele "sente".
Solaris é um filme repleto de referências às artes e de acontecimentos "inflamados", trazendo desde já também um algo mais além daquilo que é mostrado, um "misticismo", que sugere mesmo a possibilidade de uma experiência "metafísica, espiritual", para tudo aquilo que se passa nesse incrível filme.
Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio
4.4 236 Assista AgoraUm trabalho excepcional, visionário mesmo, que não conta história nenhuma, mas ainda assim consegue transmitir magistralmente um conceito e te faz, de forma incrivelmente contundente, a seguinte pergunta: que @#$%&*@ de mundo é esse em que a gente vive!?
O filme consiste mesmo apenas em imagens com uma das melhores fotografias que eu já vi, editado com uma das melhores montagens que eu já vi, acompanhado de uma das melhores trilhas sonoras que eu já ouvi.
Um trabalho fora de série mesmo, em que o cinema reina de maneira absoluta, sem precisar de atores, nem de história nem de nada mesmo pra transmitir idéias, sentimentos ou conceitos, apenas as imagens e o som.
Um salto e uma auto afirmação gigantesca para o cinema, que de tão poderoso, tanto pela utilização magistral do veículo, quanto pela mensagem em si, com certeza será muito mais lembrado no futuro do que é hoje.
Gêmeos: Mórbida Semelhança
3.7 193O melhor do Cronenberg pra mim.
Um trabalho que resume toda a angústia terminal urbana que reinou na década de oitenta.
Trágico e lindo o filme.
Guerra e Paz
4.4 34Supremo!
A Vida dos Outros
4.3 645É um ótimo filme, com uma história tocante.
Só acho que tem uma certa dose de maniqueísmo, pois o dramaturgo é idealizado demais e o superior do capião Gerd é praticamente uma caritura.
Isso não cai bem em um filme com esse assunto e com essa densidade. Acaba prejudicando um pouco o impacto da denúncia do filme.
Mas no todo, realmente um grande e memorável filme.
Anna dos 6 aos 18
4.0 25Se você é muito novo e não deu a atenção devida às aulas de História, saiba que apesar de hoje em dia haver um só império no mundo, durante a segunda metade do século vinte, havia dois deles, cada um à sua maneira, calcados em mentiras, distorções ideológicas, violência e toda a sorte de sujeira de que são feitos os impérios.
Este documentário é um relato sensível e melancólico dos últimos 12 anos de vida do império que se foi, o império que teve a desmedida pretensão de colocar seus líderes no mesmo lugar de Deus.
Em paralelo ao amadurecimento de sua filha, o diretor Mikhalkov registra a perplexidade, a desilusão e as mudanças porque passaram o povo que viu seu país, o outro mais forte do mundo, desmoronar ante à própria falência moral, à incompetência administrativa e às intrínsecas fraquezas econômicas.
Muito bonito.
Andrei Rublev
4.3 131Talvez a maior declaração sobre a arte, já feita através do cinema.
Salò, ou os 120 Dias de Sodoma
3.2 1,0KSimplesmente o filme mais repugnante a que eu já assisti até hoje. Mas tem coisa mais repugnante do que as atitudes daqueles que nos governam?
Esse filme é então um trabalho supremo, em que o Pasolini chega ao seu ápice na habilidade incomum que ele tinha de comentar política através de psicologia, uma começando na outra.
Brilhante!
A Lista de Schindler
4.6 2,3K Assista AgoraO cineasta Stanley Kubrick teria dito o seguinte sobre A Lista de Schindler:
“o negócio é que a Lista d Schindler é sobre sucesso, enquanto que o Holocausto mesmo foi sobre fracasso.”
E o cineasta Terry Gilliam teria então complementado:
“A Lista de Schindler salva aquele punhado de pessoas e te dá um final feliz. Um homem que fez o q pôde e freou a morte para algumas pessoas. Mas o Holocausto não foi isso, o Holocausto foi um completo fracasso da civilização que permitiu que 6 milhões morressem.”
De fato, a mim parece que o Kubrick e o Gilliam têm razão.
Tem coisas que Spielberg simplesmente não sabe fazer e A Lista de Schindler é uma prova disso. O que ele faz nesse filme é reduzir a mais infeliz e estigmatizante ação da modernidade a uma história de aventuras.
A ele, Spielberg, parece não interessar tanto que o Holocausto tenha sido um caso de densconstrução da humanidade pela própria humanidade, sancionado por uma nação composta de pessoas que acreditavam em seus valores, assim como nós acreditamos nos nossos.
A Spielberg, o que interessa é a “aventura”, de um emocional totalmente equivocado, onde toda uma nação de coadjuvantes é salva de ser trucidada nas mãos de psicopatas totalmente inexplicáveis, por um industrial cujas ações, na cabeça de alguns, imita a “arte”.
Spielberg realmente faz jus à tradição de onde veio e repete os mesmos maneirismos pseudo-graves das produções hollywoodianas, fazendo-se acompanhar por música melosa e superficial.
O que Spielberg traz nesse filme é um dramalhão, artificializado em fotografia P & B comercial, em uma tentativa impossivelmente tola de emular um certo “espírito” documental.
Ele simplesmente não compreende o que significa filmar uma história dessas em P & B. Será que ele fez isso para ressonar a melancolia das fotos de verdade em P & B, dos sacrificados no Holocausto?
As fotos da época, em si, sozinhas, são contundentes porque elas não podem expressar mais do que um instante mudo do tempo, sobre o qual a gente imagina o resto. Já um filme, ele se movimenta, fala e exprime sentimentos.
Mas será mesmo que aquelas “simulações” do filme do Spielberg têm mesmo algo que seja remotamente capaz, ou mesmo, tenha o direito de invocar uma parcela ínfima do que tenha sido aquele sofrimento?
Ademais, é impossível em uma história de mocinho, bandido e vítimas salvas, construir tensão suficiente, que justifique cenas de pessoas de todas as idades nuas, sendo maltratadas. Assim, ao mostrar pessoas de todas as idades nuas, sendo maltratadas, o que Spielberg consegue é uma demonstração de violência gratuita, grotesca e sem discernimento.
Também, ao transformar Amon Goeth e seus companheiros de partido em um bando psicopata completamente sem explicação, o que Spielberg faz é simplesmente remover os nazistas de seu infame lugar histórico, social e psicológico, substituindo-os por algum monstro hollywoodiano irreal, o que, por conseqüência remove também a própria responsabilidade humana por essa catástrofe histórica.
Alguns então podem perguntar:
“Qual seria a maneira então pra fazer um filme sobre as vítimas do Holocausto?”
Ao que eu respondo: sinceramente não sei. Mas certamente não é algo na tradição do que Spielberg tenha feito.
Com todo respeito a quem gosta, a meu ver A Lista de Schindler, apesar do conceito de muitos e muitos, é um grande fracasso, na maior parte das vezes reverenciado erroneamente, por motivos totalmente equivocados.
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal
3.2 614 Assista AgoraMuito ruim! Caramba, só besteira! Desceu a ladeira legal!
Indiana Jones e a Última Cruzada
4.0 486 Assista AgoraÉ bom e divertido, mas já um produto da época em que o Spielberg começou a entrar na crise que dura até hoje.
Usando o chavão do música pop, pra mim esse Indiana soou como "um cover de si mesmo", como se o personagem estivesse sofrendo já naquela época, de uma "nostalgia precoce", de onde resolveram meio que "forçar uma ode ao personagem", botando no filme o pai dele e também ele mesmo mais novo!
Além do que, depois de O Templo da Perdição ter sido criticado pela violência e o argumento sombrio, Lucas e Spielberg resolveram "reeditar" algumas coisas dos Caçadores, tipo os nazistas e a uma relíquia bíblica.
No final, acho que o filme ficou forçado mesmo, com muita diversidade de elementos, mas sem uma combinação legal desses elemntos e sem espontaineidade.
Mas a diversão por sis só, ainda salva o filme.
Império do Sol
4.2 455 Assista AgoraA história desse filme é interessante: Spielberg queria só produzir e deixar a direção a cargo de seu ídolo, David Lean (de Lawrence da Arabia). Só que o Lean disse que o projeto se parecia muito mais com a cara do Spielberg e o Spielberg então, resolveu dirigir ele mesmo.
Não tem jeito, o Spielberg é sentimental mesmo. Mas aqui nesse filme, eu trocaria a palavra "sentimental" ou "piegas" pela palavra "emocional". E na verdade, se você prestar atenção, pode perceber que esse filme não é mesmo um "exagero sentimental".
Acho que o Spielberg aqui se absteve da maioria dos arroubos sentimentais e os que sobraram no filme não comprometem e, na verdade, complementam a lógica do filme,
Então, na verdade, o emocionalismo do filme é perfeitamente adequado à história, que conta um pouco da guerra pelos olhos de uma criança.
Esse filme não é uma análise "adulta" da guerrra, mas sim uma visão perplexa em que o Spielberg evoca magistralmente o seu lado infantil e faz acreditar que a lógica por trás do observador da história, é a lógica de uma criança.
As cenas são incríveis, como a do guri fingindo que pilota numa carcaça de avião; como a do avião explodidndo no ar; como a do garoto vendo a onda de luz da bomoba tômica, achando que é a alma da mulher que estava morrendo ao lado dele.
Mas o melhor do filme, é mesmo o caráter etéreo, surreal e hipnótico que o Spielberg imprime ao filme, sem querer fazer nada edificante (o que acaba em desastre nas mãos dele), mas apenas mostrando o episódio por uma ótica diferente, perplexa mesmo, de alguém pra quem aquilo tudo parece um sonho ou um pesadelo.
PARA MIM, esse é O MELHOR FILME DE GUERRA DO SPIELBERG e, aliás, TALVEZ O ÚNICO FILME "SÉRIO" DELE REALMENTE BEM SUCEDIDO, em que ele coloca o emocional de forma mais equilibrada, sem os excessos de sempre, valoriza muito bem o enredo, dá uma aula invejável de atmosfera e cria sequências antológicas que mereciam muito mais reconhecimento.
Conan, o Bárbaro
3.5 371 Assista AgoraUma verdadeira “pedrada cinematográfica”, que pega a história do velho bárbaro e a recria, até que ela se transforme em um épico árido, austero, anti-sentimental, melancolico, solene, violento, trágico e, por fim, triunfante!
A produção, dirigida e orientada pelo “cabra-macho” John Millius, já começa fazendo o máximo possível para evitar os elementos de ridículo que sempre cercaram o herói. Optando por abandonar vários aspectos camp das HQs, em prol de uma aboradagem mais "realista".
Quase tudo com relação ao personagem foi bem alterado. O Conan das HQs (que por sua vez era adaptado de livros pulp dos anos 1930s), exceto pelo físico, ñ se parece tanto com Arnold, era mais inteligente, muito mais espirituoso e mais sexualizado. Tinha uma origem diferente (e menos triste) e as histórias, embora violentas, não tinham a dose de melancolia que se vê no filme.
filme justamente reimagina o bárbaro, amputando-lhe uma infância remotamente saudável e inserindo-o num contexto totalmente seco e brutal, estabelecendo assim o tom que salvará essa adaptação due ser uma ridícula “sword and sorcery”, como aconteceu com a seqüência de 1984.
Os personagens são todos sisudos, a escassez de falas evita os chavões e ao invés de usar só aquela “saia de pele” o Conan anda de calça quase o filme todo!
O elenco todo é muito bem adaptado aos personagens. Schwarzzenegger aparece aqui no papel que o lançou para o mundo e o deixou a um passo da glória que se consumaria dois anos depois com Terminator.
Arnold, mesmo sem quase nenhuma expressividade, e até talvez por causa disso, na verdade reinventa o bárbaro, fazendo dele uma figura de cara amarrada, eternamente marcado pela perda cruel da infância e dos pais, ao mesmo tempo em que sua presença física por si só já é suficiente pra convencer qualquer um de que aquele cara é indestrutível.
Sandahl Bergman encarna em forma de guerreira, a “mulher” do Conan. Note que ela age e se parece com uma VALquíria da Mitologia Nórdica e não é à toa que seu nome, mesmo sem ser pronunciado no filme todo, é VALéria.
Mas acima de tudo, a figura mais marcante do filme, junto com Arnold, é o incrível mago Thulsa-Doom bancado por James Earl Jones. Um gigante com a voz de Darth Vader, de longos cabelos escorridos e bizonhos olhos azuis, que decepa cabeças, quase nunca ri (exceto por um instante), convence seus súditos a se suicidarem por ele e ainda se transforma numa píton gigante! Putaquepariu é pra botar qualquer um pra correr!
Outro acerto do filme é ter conseguido transpor para tela, através da ótima direção de arte e das grandes locações naturais, o famoso universo visual da Sword and Sorcery criado por artistas como Boris Vallejo e, principalmete, Frank Frazetta.
Destaque também para a ótima fotografia, que valoriza a direção de arte e as locações.
E como se não bastasse tudo isso, um dos maiores adventos de Conan o Bárbaro é certamente a sua trilha sonora. Criada por Basil Polidouris (que 2 anos antes havia lançado A Lagoa Azul), a música do filme lançou o padrão das partituras dos filmes de fantasia até os dias de hoje e é uma parte indispensável do todo, funcionando aliás, como narração da história mesmo!
Tá bom que a música tem seus elementos de clichê, mas ainda assim foi a melhor trilha surgida em Hollywood em 1982 e merecia melhor reconhecimento, principalmente quando se leva em conta que a academia premiou outro clichê, o do John Williams, para o filme do ET (também gosto muito da partitura do ET, mas a do Conan é ainda melhor!)
O Poderoso Chefão: Parte III
4.2 1,1K Assista AgoraO filme é muito bom, mas fica mesmo aquém do outros dois.
Pra começar, muita coisa já tinha rolado no cinema em 1990 e não dava pro Coppola repetir o impacto que os dois primeiros filmes tiveram na primeira metade dos anos 70.
Depois, o próprio filme mesmo eu acho que atrapalha.
No primeiro Chefão, o Coppola reescreveu quase todas as regras do filme de gangster, o único problema é que o "glamour" do filme ainda deixava no público uma sensação de "até que eu queria fazer parte daquela família (de bandidos)".
No segundo, o Coppola apresenta a real face do Michael e corrige esse erro, mostrando que não importa o glamour, um mafioso "de sucesso" é cruel, impiedoso e implacável. Em suma, o "Chefão" é um "psicopata", um perigo para a sociedade e até mesmo para os seus familiares.
Já nesse terceiro, a meu ver o Coppola dá um passo meio "ilógico" na saga da familia, diante dos adventos dos dois filmes anteriores. Parece que ele retrocede muito do que ele avançou, trazendo um conto de arrependimento e expiação de pecados, muito bonito até, mas com um tanto de incoerência e com muito poucas chances de causar impacto.
Todavia, as "maquinações" dos Corleone seguindo a todo vapor, o brilhantismo narrativo sem deixar pontas soltas e o final catártico e inescapável dão a dignidade que é ao menos suficiene ao filme também poder ser chamado de "The Godfather".
O Poderoso Chefão: Parte II
4.6 1,2K Assista AgoraEsse é o meu preferido dos três. É aquele em que o Coppola solta os arreios e mostra da maneira mais "desnuda" do que se trata a história.
Aqui o Michael faz um verdadeiro "mergulho nas profundezas" e mostra quem ele é realmente: um homem de poder e contolador. Um assassino impiedoso e implacável, um perigo para a sociedade e até mesmo para a própria famíla.
Esse Chefão II é também um dos filmes que melhor mostra as relações entre os políticos e o crime organizado.
Meu favorito mesmo nessa trilogia.
Lawrence da Arábia
4.2 417 Assista AgoraÉ um dos maiores épicos que existem, talvez dentro e fora mesmo do cinema.
E, dentre os épicos do cinema, talvez o mais transcendente.
A escala é gigantesca e a grandiosidade "se encarna" nesse filme com tanta perfeição, que o que em outras obras poderia parecer indulgente, aqui é quase espiritual.
Maravilhoso trabalho que une intrinsecamente a exterioridade de uma escala monumental de natureza e multidões, com a interioridade de um estudo de personalidade simplesmente fascinante.
Ao mesmo tempo romântico e realista, é uma obra infinita e de beleza interminável.
Um Dia Quente de Verão
4.3 47Excepcional!
Com certeza um dos filmes de maior conteúdo humano de que eu tenha notícia nos anos 90.
Muito trágico e muito bonito também. Talvez o filme mais bonito sobre jovens que eu já vi até hoje.