Como publicitário, eu sempre fico admirado com o poder dos roteiristas da Marvel em cumprir briefing. São mil obrigações: introduzir e se despedir de personagens, achar um espaço no cânone e deixar consequências para o universo, mas não consequências inesperadas etc. Tudo isso usando basicamente heróis e vilões que nasceram nos quadrinhos, embora modificados. Viúva Negra é particularmente excelente nisso tudo.
É claro que toda essa soma de obrigações faz com que seja muito mais difícil fazer o mais importante em qualquer filme: contar uma história. E eu acho que Viúva Negra faz isso de forma satisfatória. A história sobre família (ou múltiplas famílias) é ressonante, a química entre os atores é excelente e quase nenhuma ação parece sem justificativa.
Sobre o enredo em si, pra mim, os filmes da Marvel funcionam naquela lógica de geladeira: na hora tudo faz sentido, mas quando você abre a porta da geladeira umas horas depois e se pega refletindo sobre o que assistiu, começa a achar problemas. E eu também acho que isso é um mérito da Marvel: durante o filme, estamos tão encantados que os furos não incomodam.
É previsível e chato que todo filme da Marvel precise colocar o mundo inteiro (ou até o universo) em risco. O final do terceiro ato, quando a base aérea começa a explodir, é cansativo e extenso. Pra um filme de espionagem e ação corpo a corpo, escalonar tanto o confronto final parece também uma obrigação do estúdio, mas das que acabam piorando a obra.
Esperava pouco e gostei. Se puder, assista na melhor qualidade possível. Alguns momentos simples ficam mais interessantes com a qualidade da iluminação.
Uma espécie de Kramer vs Kramer moderno, onde você empatiza e simpatiza com todas as partes. Até os advogados, que representam extremos, são perfeitamente compreensíveis. Mesmo em momentos extremos por ambos os pratoganistas, em nenhum momento você se revolta com o "adversário" — com ênfase nas aspas. Uma ótima história sobre afastamento, ambições e empatia.
É interessante notar a inversão entre o contexto inserido e o sentimento dos personagens. No começo, Mãe esconde a realidade do mundo ao seu filho, mas é amparada por ter uma companhia no quarto. Jack está feliz e o seu mundo é totalmente satisfatório.
Ainda assim, a experiência é agoniante para o espectador, ainda mais conforme o enredo se revela. O contexto assustador é trabalhado junto ao melhor entendimento sobre as dimensões do quarto; fisicamente e psicologicamente.
Durante a segunda parte, o espectador relaxa em relação às consequências dentro do filme. O trailer revela e até mesmo o enredo divulgado não deixa muita surpresa (a não ser que você vá pro filme sem saber nada, tive essa sorte). Apesar disso, o que eu acredito ser a coisa mais única no filme, o conflito dos personagens principais começa com a liberdade.
Mãe, que mentia para o seu filho e se submetia ao seu abusador diariamente, ainda não se sente em casa com os novos velhos pais. Jack não entende o que está acontecendo, não entende o mundo, o espaço, as pessoas.
Agora existe menos tempo, o mundo é maior, então é preciso dividir o tempo pelas coisas, como espalhar manteiga num pão.
Todo mundo já falou tudo o que tem que ser dito sobre esse filme, é uma obra-prima e um clássico.
Eu só queria ressaltar os capítulos e a descrição no início de cada um. Até o nono e último, eu pensava "porra, olha aí, dando spoiler da próxima parte", mas o filme sempre surpreendia, ainda que acontecesse exatamente o que foi descrito.
O final surge do nada e é catártico ao extremo, brincando com o Deus ex Machina, mas te fazendo lembrar que o motivo pra Grace ser caçada nunca foi explicado e o espectador, eventualmente, durante as 3 horas do filme, simplesmente aceita. E funciona.
Dá quase vontade de assistir de novo pra pensar na visão da Grace como arrogante e condescendente e de relacionar o quanto todo aquele sofrimento, pra ela, ainda era melhor do que viver sob o poder do pai.
Acho que muito do problema de quem não gostou vem das inevitáveis comparações com Kickass. Eu vejo Super mais como uma releitura em comédia dark do fascismo dos super-heróis, em um tom muito parecido com Taxi Driver
(o último ato e a conclusão encarando os desenhos lembram bastante)
.
Mas o filme é bacana, Rainn Wilson causa estranheza mas algum sentido de simpatia, herança das suas atuações em The Office. A Kid Sidekick não poderia ser outra senão a Ellen Page, o papel simplesmente não funcionaria com outra atriz.
O filme, em si, é um exemplo da teoria da relatividade. Pra quem estava de fora, eu fiquei 168 minutos no cinema. Pra mim, assistindo o filme, tudo passou em 15. Obra prima do Christopher Nolan.
Um filme com o enredo forte e tecnicamente impecável. A direção de Paul Thomas Anderson é primorosa, a fotografia é linda, com passeios de câmeras tão bem feitos e quadros tão bem montados que chegam a ser nauseantes. A trilha sonora é excelente, cria uma tensão contraditória com elementos agitados, ainda que à primeira impressão infantis, quase como brinquedos de corda. A tensão, inclusive, é encaixada perfeitamente entre a técnica e a história. A atuação de Adam Sandler é primorosa, e pode-se arriscar a dizer que este é o papel de sua vida. Tal risco é possível pois o estereótipo neurótico-inseguro-depressivo, que o ator apresenta na maioria dos seus trabalhos, se encaixa perfeitamente na trama. Criamos empatia com este personagem estranho e em alguns momentos nos pegamos, assustadoramente, identificados com o suburbano solitário e explosivo. Ainda sobre as atuações, vale ressaltar a presença de Philip Seymour Hoffman, em mais uma de suas pequenas e impecáveis participações. É intimidador ao mesmo tempo que não é um personagem plano; em 10 minutos de tela conseguimos entender sobre o orgulhoso caráter do "vilão". O último ato é impecável, quando você recebe o pagamento por tudo que investiu no personagem sofrido de Sandler. Uma linda e diferente história de amor.
Kevin Bacon é um ator subvalorizado. E como é interessante que, em um dos únicos papeis que consigo puxar pela memória no qual ele não é o cara mau, este é um protagonista tão complexo que te faz, durante quase todo o filme, sentir uma empatia angustiante por ele. Se a proposta é atordoar, esta é alcançada sem problemas. O ápice fica por conta da resolução do próprio personagem, mais especificamente no diálogo com a menina no parque, onde este percebe o que fez e refuta o seu pensamento antigo de "não é o que você está pensando, eu nunca machuquei as meninas". Cabe ressaltar, ainda, a cena da surra ao final do filme, e uma tomada que poderia passar desapercebida, onde quem aparece apanhando é o próprio Walter. Em poucos frames, talvez em menos de um segundo, temos uma prova clara do que a película quer mostrar. O que poderia passar como um filme comum sobre dor, superação e redenção se torna uma obra excelente e altamente recomendável.
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Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraComo publicitário, eu sempre fico admirado com o poder dos roteiristas da Marvel em cumprir briefing. São mil obrigações: introduzir e se despedir de personagens, achar um espaço no cânone e deixar consequências para o universo, mas não consequências inesperadas etc. Tudo isso usando basicamente heróis e vilões que nasceram nos quadrinhos, embora modificados. Viúva Negra é particularmente excelente nisso tudo.
É claro que toda essa soma de obrigações faz com que seja muito mais difícil fazer o mais importante em qualquer filme: contar uma história. E eu acho que Viúva Negra faz isso de forma satisfatória. A história sobre família (ou múltiplas famílias) é ressonante, a química entre os atores é excelente e quase nenhuma ação parece sem justificativa.
Sobre o enredo em si, pra mim, os filmes da Marvel funcionam naquela lógica de geladeira: na hora tudo faz sentido, mas quando você abre a porta da geladeira umas horas depois e se pega refletindo sobre o que assistiu, começa a achar problemas. E eu também acho que isso é um mérito da Marvel: durante o filme, estamos tão encantados que os furos não incomodam.
É sobre isso que eu tenho a minha única crítica.
É previsível e chato que todo filme da Marvel precise colocar o mundo inteiro (ou até o universo) em risco. O final do terceiro ato, quando a base aérea começa a explodir, é cansativo e extenso. Pra um filme de espionagem e ação corpo a corpo, escalonar tanto o confronto final parece também uma obrigação do estúdio, mas das que acabam piorando a obra.
Esperava pouco e gostei. Se puder, assista na melhor qualidade possível. Alguns momentos simples ficam mais interessantes com a qualidade da iluminação.
E a piada sobre a pose de heroína da Natasha é excelente.
Enfim, recomendo.
Filhos da Esperança
3.9 940 Assista Agora5 estrelas pelo comercial de Havaianas.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraUma espécie de Kramer vs Kramer moderno, onde você empatiza e simpatiza com todas as partes. Até os advogados, que representam extremos, são perfeitamente compreensíveis. Mesmo em momentos extremos por ambos os pratoganistas, em nenhum momento você se revolta com o "adversário" — com ênfase nas aspas. Uma ótima história sobre afastamento, ambições e empatia.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraÉ interessante notar a inversão entre o contexto inserido e o sentimento dos personagens. No começo, Mãe esconde a realidade do mundo ao seu filho, mas é amparada por ter uma companhia no quarto. Jack está feliz e o seu mundo é totalmente satisfatório.
Ainda assim, a experiência é agoniante para o espectador, ainda mais conforme o enredo se revela. O contexto assustador é trabalhado junto ao melhor entendimento sobre as dimensões do quarto; fisicamente e psicologicamente.
Durante a segunda parte, o espectador relaxa em relação às consequências dentro do filme. O trailer revela e até mesmo o enredo divulgado não deixa muita surpresa (a não ser que você vá pro filme sem saber nada, tive essa sorte). Apesar disso, o que eu acredito ser a coisa mais única no filme, o conflito dos personagens principais começa com a liberdade.
Mãe, que mentia para o seu filho e se submetia ao seu abusador diariamente, ainda não se sente em casa com os novos velhos pais. Jack não entende o que está acontecendo, não entende o mundo, o espaço, as pessoas.
Agora existe menos tempo, o mundo é maior, então é preciso dividir o tempo pelas coisas, como espalhar manteiga num pão.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraTodo mundo já falou tudo o que tem que ser dito sobre esse filme, é uma obra-prima e um clássico.
Eu só queria ressaltar os capítulos e a descrição no início de cada um. Até o nono e último, eu pensava "porra, olha aí, dando spoiler da próxima parte", mas o filme sempre surpreendia, ainda que acontecesse exatamente o que foi descrito.
O final surge do nada e é catártico ao extremo, brincando com o Deus ex Machina, mas te fazendo lembrar que o motivo pra Grace ser caçada nunca foi explicado e o espectador, eventualmente, durante as 3 horas do filme, simplesmente aceita. E funciona.
Dá quase vontade de assistir de novo pra pensar na visão da Grace como arrogante e condescendente e de relacionar o quanto todo aquele sofrimento, pra ela, ainda era melhor do que viver sob o poder do pai.
Quase.
Super
3.4 603Acho que muito do problema de quem não gostou vem das inevitáveis comparações com Kickass. Eu vejo Super mais como uma releitura em comédia dark do fascismo dos super-heróis, em um tom muito parecido com Taxi Driver
(o último ato e a conclusão encarando os desenhos lembram bastante)
Mas o filme é bacana, Rainn Wilson causa estranheza mas algum sentido de simpatia, herança das suas atuações em The Office. A Kid Sidekick não poderia ser outra senão a Ellen Page, o papel simplesmente não funcionaria com outra atriz.
E o Kevin Bacon é genial.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraO filme, em si, é um exemplo da teoria da relatividade. Pra quem estava de fora, eu fiquei 168 minutos no cinema. Pra mim, assistindo o filme, tudo passou em 15.
Obra prima do Christopher Nolan.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraUm filme com o enredo forte e tecnicamente impecável. A direção de Paul Thomas Anderson é primorosa, a fotografia é linda, com passeios de câmeras tão bem feitos e quadros tão bem montados que chegam a ser nauseantes. A trilha sonora é excelente, cria uma tensão contraditória com elementos agitados, ainda que à primeira impressão infantis, quase como brinquedos de corda.
A tensão, inclusive, é encaixada perfeitamente entre a técnica e a história. A atuação de Adam Sandler é primorosa, e pode-se arriscar a dizer que este é o papel de sua vida. Tal risco é possível pois o estereótipo neurótico-inseguro-depressivo, que o ator apresenta na maioria dos seus trabalhos, se encaixa perfeitamente na trama. Criamos empatia com este personagem estranho e em alguns momentos nos pegamos, assustadoramente, identificados com o suburbano solitário e explosivo.
Ainda sobre as atuações, vale ressaltar a presença de Philip Seymour Hoffman, em mais uma de suas pequenas e impecáveis participações. É intimidador ao mesmo tempo que não é um personagem plano; em 10 minutos de tela conseguimos entender sobre o orgulhoso caráter do "vilão".
O último ato é impecável, quando você recebe o pagamento por tudo que investiu no personagem sofrido de Sandler.
Uma linda e diferente história de amor.
O Lenhador
3.6 291Kevin Bacon é um ator subvalorizado. E como é interessante que, em um dos únicos papeis que consigo puxar pela memória no qual ele não é o cara mau, este é um protagonista tão complexo que te faz, durante quase todo o filme, sentir uma empatia angustiante por ele.
Se a proposta é atordoar, esta é alcançada sem problemas. O ápice fica por conta da resolução do próprio personagem, mais especificamente no diálogo com a menina no parque, onde este percebe o que fez e refuta o seu pensamento antigo de "não é o que você está pensando, eu nunca machuquei as meninas".
Cabe ressaltar, ainda, a cena da surra ao final do filme, e uma tomada que poderia passar desapercebida, onde quem aparece apanhando é o próprio Walter. Em poucos frames, talvez em menos de um segundo, temos uma prova clara do que a película quer mostrar.
O que poderia passar como um filme comum sobre dor, superação e redenção se torna uma obra excelente e altamente recomendável.