Ayla

Acho que todas as pessoas deveriam assistir esse filme. Ele é uma obra completa, desde o roteiro, a fotografia, a construção de personagens, os arcos das suas histórias...
Mais do que isso, ele se vale das imagens do inconsciente para mostrar como a arte pode ser linguagem daquilo que não pode ser dito; conta a história de luta política e social de uma psiquiatra que entendia os pacientes (ou clientes) como seres humanos e era descreditada por ser mulher e quebrar padrões cômodos para os que se beneficiavam deles; mostra como o afeto, a paciência e a atenção podem ser as ferramentas do cuidado.
Sobre medicina pela vida antes da ciência, sobre arte como expressão e terapia, sobre cinema, sobre luta, sobre como existem filmes e referências lindas também dentro do Brasil.

Não entendo esta nota tão baixa, o filme não é nem de longe ruim. A trama é clichê e o romance sem desenvolvimento algum, mas a produção me ganhou nos detalhes. O background construído pelos Wachowski é maravilhoso, causa a estranheza que se espera de algo alienígena. As cenas de ação são ótimas e a fotografia é linda, apesar de que gostaria que o universo apresentado fosse mais explorado. Gênios como os diretores deste filme, dos quais sou declaradamente fã, devem sempre ter carta branca para fazer o que quiserem, e porque não, para errar? Erros são termômetros para trabalhos futuros, e a forma com que eles ainda se permitem lançar trabalhos pouco lapidados é louvável.

Maravilhosamente real e terrivelmente tocante.