Pesadíssimo. James Gunn se supera ao criar uma obra reflexiva, contemplativa e até um pouco existencialista, tomando um risco grande ao mergulhar numa narrativa paciente e despreocupada com ação, usada como meio pra aprofundar seus personagens, suas relações e claro, seus temas. A chave para funcionar é a confiança de Gunn como diretor e roteirista, ele sabe que seus personagens são carismáticos e envolventes o suficiente pra manter seu público interessado, e deixa que eles façam seu trabalho enquanto lentamente fortalece os alicerces pro terceiro ato, em que enfim despiroca num clímax End of Evangelion. Numa liga completamente diferente de qualquer outro filme que a Marvel tenha produzido.
"Eu sou a criança que ela fora; você é a mulher que ela teria sido."
Desde o início da franquia, há mais de dez anos atrás, sempre foi muito claro que mesmo seguindo uma linha narrativa sólida, cada "Resident Evil" é sua própria obra. Mesmo quando Paul W.S. Anderson retornou à cadeira de diretor no quarto capítulo, trazendo de volta consigo a estilização gamer do original, ele ainda manteve uma clara distinção estética, estrutural e por fim artística entre "Recomeço" e "Retribuição". Sendo isto apenas um dos aspectos que diferencia Resident Evil da sua típica franquia blockbuster - e possivelmente um dos responsáveis pela sua má fama -, "O Capítulo Final" chega como o mais original e resoluto da série.
Desta vez, estamos aprendendo a verdade por trás da história de Alice, e escapando do reino da artificialidade em direção ao da realidade, a estética de W.S. Anderson deixa de ser estável, simétrica, limpa e lenta a nível autocontemplativo, para se tornar mexida, suja e acelerada a nível frenético. Implacável, Anderson coloca seu espectador dentro de seu caos controlado em cenas de ação com infinidades de planos curtos - porém calculados - em um intervalo ínfimo de cortes que, junto com o 3D atmosférico, a soberba trilha synth de Paul Haslinger e o som destruidor transformam cada sequência numa frenesi hipnótica magnífica, fazendo do filme o filho rebelde de "Mad Max: Estrada da Fúria" com "Adrenalina". Ao olho desacostumado, vai inicialmente passar como incompetência dada a dificuldade para entender a ação, mas uma vez ajustada a vista, torna-se perceptível que nada de confuso há na filmagem e na edição, e que o que W.S. Anderson está fazendo é desconstruir o próprio conceito de imagem: ele não mostra imagem aos olhos, ele a implanta na mente.
O longa também conta com os set pieces - ou fases, como preferir - mais marcantes da série, e cada um se aproveita da linguagem à sua própria maneira; a intensidade da trilha, a ausência da mesma, da mixagem de som, a velocidade inacreditável da montagem, a iluminação diegética, etc... Cada aspecto funciona de forma diferente para causar impactos diferentes no público. Empolgação, tensão, sustos, emoção, o pacote completo. A experiência estética se finaliza com a cereja do bolo que são os efeitos visuais espetaculares - uma verdadeira novidade para "Resident Evil" -, que calham a vir neste capítulo, após uma franquia inteira focando em realidades falsas arquitetadas, é conveniente que o filme que finalmente nos traz para a realidade, traga em si um festival de efeitos hiperrealistas.
Este episódio também sucede como o maior êxito de W.S. Anderson como roteirista; há uma significativa melhora em diálogos, mas claro que este não é o foco. Como um verdadeiro apropriador da estrutura de videogames (antes desses se tornarem cinematográficos), Anderson avança sua trama com ação em vez de conversa fiada. Alice, chegando à conclusão de sua jornada, se torna um monumento femininista: ela é posta no centro de um discurso sobre instrumentalidade, tendo sido por todos esses anos perseguida e tratada como uma propriedade de homens corporativos, enfim chega a hora de descobrir quem ela realmente é, e entre a corporação que tenta ditar o que ela deve ser e sua própria imagem sussurrando em sua alma, Alice alcança uma autodescoberta que a solidifica firmemente como um ícone do poder feminino. Seu arco faz de "O Capítulo Final" um filme essencialmente coming-of-age, estando Anderson discursando sobre a maturidade de Alice, traçando um paralelo da história desta com a de todas as mulheres que tiveram suas infâncias roubadas por terem entrado na indústria do entretenimento muito jovens - incluindo da esposa, a própria Alice, Milla Jovovich - e as que são exploradas por empresas capitalistas comandadas por homens de poder. Paul projeta a imagem da mulher na filha, Ever Anderson, e assim transforma Alice em um símbolo de empoderamento tanto para as pequenas garotas que ainda vão crescer, quanto para as mulheres já maduras que sobrevivem a este mundo.
Eu vi apenas três filmes em IMAX 3D até hoje - incluindo "Rogue One: Uma História Star Wars" - e deles, "Resident Evil 6: O Capítulo Final" foi o mais esmagador deles. Ainda mais que uma experiência imersiva extasiante e uma conquista autoral anti-corporativa dentro da indústria Hollywoodiana, "Resident Evil 6: O Capítulo Final" encerra a história de Alice como uma de maturidade - nada mais digno para uma franquia que acompanhou a maturidade da maioria de seus fãs (inclusive a minha) desde crianças.
Retoma o tom satírico do filme original e se prova um dos melhores exemplares do que um filme de ação moderno tem que ser, e a essência da franquia xXx: uma celebração do cinema como diversão absurda, sem fôlego e sem compromisso. Um excelente elenco diversificado liderado pelo latino mais fodão de Hollywood, garotas que são muito mais que rostinhos bonitos, stunts e coreografias alucinantes capturadas por uma direção concreta realçada por um 3D espetacular, e uma autoconsciência que permite ao filme se divertir o máximo possível com a própria galhofa, "xXx: Reativado" é um puta filme do caralho.
Essencialmente poético, extremamente bem dirigido, perfomances poderosas que são o coração e alma do filme - principalmente de Mahershala Ali (criminosamente desperdiçado), linda fotografia e trilha, mas o roteiro não parece conseguir mergulhar completamente na complexidade dos sentimentos desses personagens, majoritariamente porque não houve tempo o suficiente. O filme se apresenta como "a história de uma vida", mas não parece a história de uma vida e sim pequenos seletos pedaços da mesma, que por si próprios não conseguem explorar o potencial completo da trama. O filme não tem nem duas horas de duração, deveria ter sido muito maior que isso. É uma obra de qualidade e competência, mas no fim não é melhor do que o seu típico filme Oscar bait.
31 filmes. Existem 31 filmes de Godzilla. Nós não estamos falando de algum personagem mega carismático com uma personalidade forte que desperta um amor imenso do público que alimenta seu sucesso. Não estamos falando de uma franquia situada num universo hiper rico com infinitas possibilidades de desenvolvimento e portas abertas para incontáveis filmes derivados. Não estamos falando nem de uma gigante sensação comercial em vendas de brinquedos e mídias alternativas. James Bond, Harry Potter, Star Wars, universo Marvel, não é nada desse tipo. Estamos falando de um puta lagartão que cospe laser destruindo a cidade.
TRINTA E UM FILMES DISSO.
E vai ter mais, sempre vai ter mais, nunca vai parar. Por que? Pelo mesmo motivo que todo filme de Godzilla, até mesmo o original de Ishiro Honda, tende a ser criticamente divisivo: Godzilla não é um simples filme. É muito mais que isso. É uma obra livre das regras limitadoras de roteirização.
Temos uma lotação de personagens que formam um coletivo que é o protagonista: o Japão. Cada político, cada sujeito é uma representação que nos confinamentos do grupo se torna um estudo deste personagem maior que é o país, diante de uma ameaça nuclear beirando a onipotência. Destruição não é um espetáculo, não é entretenimento, é dolorosa e sofrível. E enfrentando uma arma de destruição em massa ambulante, a nação se vê impotente, enrolada em burocracias que a impedem de agir de forma prática - tal como o cinema mainstream é limitado por regras narrativas. A música não comemora o caos, mas sim o anuncia em tons graves de terror e o lamenta através de desesperadas orações por ajuda. A direção do mestre Hideaki Anno captura a tragédia nos olhares desamparados em paralelo ao imparável Deus encarnado que avança para Tokyo sem um motivo nítido, colocando frequentemente a escala colossal da criatura em contraste à diminutividade inofensiva do homem. Anno enquadra Godzilla como se ele fosse um aranha-céu na paisagem de Tóquio, e em muitas vezes sua imagem imprime a sensação de que os humanos estão atacando a própria cidade, e também de que a cidade, num acesso de fúria, está se auto-destruindo. A montagem dita o ritmo desesperado da infraestrutura política japonesa em busca de uma salvação. A fotografia pinta quadros de desastre e luto.
Godzilla é muito mais que um filme. É um réquiem para todas as vidas perdidas nos desastres japoneses. Uma metáfora viva e cuspidora de fogo para a natureza autodestrutiva da humanidade e, como Anno tão brilhantemente declara com este capítulo, um monumento. Um monumento para Hiroshima, Nagasaki, Fukushima, e todos os desastres que o Japão já teve e terá de enfrentar, todas as ruínas das quais eles já se ergueram. Nisto, este "Novo Godzilla" aponta o dedo na cara dos responsáveis por tal sofrimento como nenhum dos (TRINTA!!!!!) filmes anteriores fez; criticando a infraestrutura política japonesa, a exploração americana da mesma, a pressão profissional constante no estilo de vida nipônico. "Faça como quiser", é a chave para deter Godzilla, mas "isso é tão difícil de se fazer neste país". O homem é mais assustador do que Godzilla.
Novo. Verdadeiro. Deus. Os três significados principais da palavra que batiza este filme, essencialmente definem Godzilla como cinema. Cinema novo em seu pós-modernismo; cinema verdadeiro como uma declaração audiovisual que, através da linguagem, transcende limitações técnicas e por fim, atemporal como um conceito e uma ideia, assim como Deus.
Hilariamente caricato e inegavelmente cheio de coração! Eu não conseguia parar de rir pela maior parte do filme! Lotado de piadas em ritmo rápido nas quais as performances do elenco são essenciais, e todos acertam em cheio, principalmente Aoi Miyazaki. Sério, essa garota é o ser mais precioso do planeta Terra. Sua fofura cai como uma luva na personagem, que é desesperada, atrapalhada e gradativamente se torna durona e responsável - mas nunca uma gota menos adorável -, e seu timing cômico é perfeito. Os "Brass Knuckle Boys" também são hilários, suas músicas são terríveis e suas performances ainda piores, o que só complementa ao absurdo do filme, e sua química entre si e com Aoi é incrível, sendo esse improvável relacionamento entre uma jovem diretora kawaii de música e uma banda punk de homens de meia-idade o coração da história. Se embala num filme engraçado e tocante. Possui, porém, vários problemas de ritmo que prejudicam a dinâmica de algumas piadas e do filme em si, fazendo a maior parte de sua primeira metade parecer mais longa do que realmente é. Eventualmente o filme se recompõe e segue de forma estável até o final, impedindo que esse problema arruine a coisa toda. Brass Knuckle Boys é um filmezinho divertido, leve e inofensivo que fala muito sobre fazer o que amamos por amarmos fazê-lo.
Menos preocupado com twists e tecnicismos e mais com relações e introspecções de personagem, o filme de Steins;Gate opta por um ritmo mais lento e paciente que o da série. Ciente do quão perfeito o final do anime foi, ele não tenta alterá-lo de qualquer maneira ou servir como substituto, mas como um aprofundamento. É uma adição mais que bem-vinda ao cânone, tomando Makise Kurisu como a protagonista dessa vez, focando nos devaneios do que Okabe significa para seus companheiros, e por fim, o que significa pra ela - como uma alma gêmea para a série, que tão ferozmente explorou o que esses personagens significam para Okabe. Fala sobre memória, esquecimento, e essencialmente o impacto que uma única existência pode ter em tantos corações. Pode não ser tão épico quando "The Disappearance of Haruhi Suzumiya" (ao qual a trama é curiosamente semelhante) ou arrebatador quanto os filmes de Madoka Magica, mas em sua bonança, encontra seu próprio lugar de qualidade; em vez de climax, valoriza momentos mais tranquilos, dissertativos e poeticos com seus personagens como os pontos chave da narrativa, e resulta numa breve e sentimental extensão do final de Steins;Gate.
Em seu primeiro filme animado, Shunji Iwai conta a história de como Hana e Alice se conheceram, e é tão adorável quanto o primeiro. Conforme as duas investigam um suposto caso de assassinato que ocorreu na escola, seus tropeços as colocam em situações problemáticas e engraçadas, onde se envolvem com diferentes tipos de lugares e pessoas inusitadas, e Iwai usa dos desajeitos de suas personagens pra desenvolver seu comentário humanista focado na juventude de um jeito que só ele sabe fazer. A animação é bem diferenciada do anime de costume, adotando uma pegada mais autoral com a modelagem de seus personagens e lindas pinturas como cenário. Embora eu, pessoalmente, ainda seja mais fã de outros estilos estéticos de anime, não dá pra negar de este é o charme visual da obra.
Tem a sensação de ser o filme mais positivo de Shunji Iwai. Claro, além de sua obra-prima depressiva "Tudo Sobre Lily Chou-Chou", suas outras duas obras que eu vi até agora não são nada que vá te deixar num mal estado após assisti-las, mas ainda sim, elas são relativamente tristes, mesmo que por fim acolhedoras. Hana & Alice é muito mais alegre e seguro, e em como muitos de seus filmes, gira em torno da relação entre duas personagens femininas; as personagens titulares, que vêm a enfrentar seus próprios dilemas sobre família, carreira e enfim, amor. É uma história bonita guiada por atrizes carismáticas e capturada por uma fotografia maravilhosa, com as lentes de Noboru Shinoda mais uma vez destacando o poder da luz natural, com as sútis - mas notáveis - pontuações de cor durante o filme, especialmente o lilás que o céu nublado do fim de tarde pinta sobre a imagem. Peca apenas em ser o filme menos aprofundado de Iwai quando se trata de seus conflitos externos, mas fora isso, é mais uma obra delicada e amável que vale a pena conferir.
Antes de falar sobre o filme propriamente dito, vou me dirigir a um assunto relacionado: "tal coisa vai arruinar a minha infância" é uma das frases mais estúpidas já ditas pelo ser humano, quando discutindo cinema. Um reboot não vai arruinar a sua infância. Mesmo que seja um reboot horrível, o filme que você viu na sua infância ainda vai estar lá, com a mesma qualidade de sempre, muito bem preservado. A única coisa que pode arruinar a sua infância é você rever um filme que você amava quando era criança e descobrir que ele é ruim. Como Mogli 2. Dito isso... "Os Caça-Fantasmas" nunca foram parte da minha infância. O nível de nostalgia que eu tenho com essa franquia é absolutamente zero. Eu assisti pequeno demais pra me lembrar de qualquer coisa do filme além daquele bicho verde e o Marshmallow. Aí saíram as críticas desta nova versão (que até então vinha ganhado um amontoado de ódio inacreditável), e eu li críticas positivas e negativas, mas pra resumir tudo, as positivas afirmavam que é um bom, divertido e original filme mesmo que não seja tão bom quanto o original; já as negativas diziam... "não é tão bom quanto o original". A maioria das opiniões negativas sobre o filme eram uma enrolação de parágrafos que descontruídos não fazem nada além de comparar o filme com seu antepassado. Com isso em vista, eu pensei: "hm, esta é uma ótima oportunidade pra ~não~ reassistir o original". Em certo momento desse filme, que envolve um certo cameo, Abby (Melissa McCarthy) diz "Nós não temos obrigação nenhuma de impressionar ele". Eu achei essa fala bastante 4ª parede. Nem todo reboot é Millennium, ou Dredd. Não tem absolutamente nada de errado um reboot ser inferior ao material original, tá tudo bem em ser só um ótimo filme. Nem que eu lembrasse do primeiro "Caça-Fantasmas" eu iria comparar com a qualidade dessa nova versão, vou apenas dizer que esse filme aqui é um ótimo filme. É divertido, tem excelentes personagens, uma ironia sagaz contra as controvérsias que ele mesmo gerou, muito bem dirigido, efeitos visuais lindos e um 3D que não é um mero artifício lucrativo, mas sim um meio linguagem cinematográfica em prol do filme. É claro que ele tem tropeços, mas a maioria deles são apenas algumas piadas ali e aqui que acabam não funcionando, erros que são logo compensados pela qualidade do filme. É claro que nem todo mundo vai gostar, mas pra dizer que é ruim do jeito que todo mundo acreditou que ia ser... Aí tem que ser muito metido a besta mesmo.
Eu amo as sequências de Rocky - menos o quinto - como qualquer um, mas Creed nocauteia todas elas. Creed sobe ao nível do filme original, e como alguém cujo filme favorito é Rocky, eu não poderia estar mais orgulhoso em dizer que Ryan Coogler fez a fita mais digna, de longe, desse legado lendário. Não apenas isso, o filme funciona por conta própria - assim como seu protagonista, ele honra o legado de seu antecessor ao mesmo tempo que não se prende na sombra dele. Creed é uma história de underdog tão importante para essa geração quanto Rocky foi nos anos 70. O trabalho de personagens é maravilhoso, as atuações fantásticas - vai nessa, Sly! -, a direção e a fotografia são definitivamente as melhores e mais sólidas dessa franquia de 5 décadas de idade. Palmas para Coogler, para Michael B. Jordan e para Sylvester Stallone, por não apenas ter criado um dos melhores e mais amáveis personagens da ficção, mas também por ser um dos únicos (talvez o único) cineasta a cuidar tão bem de uma saga que passou por cada década desde 70 e usou as marcas estéticas de todas elas, fazendo tudo isso possível.
Enquanto no cinema ainda faltam alguns anos pra Capitã Marvel surgir como a primeira super-heroína da Marvel nas telonas, as garotas tem dominado o universo televisivo da mesma. Daisy Johnson em Agents of S.H.I.E.L.D., Peggy Carter em Agent Carter... Mas por mais que essas protagonistas já tenham se mostrado marcantes, elas ainda não tem uma imagem tão forte quando pensamos nas personagens femininas da Marvel. Primeiro pensamos na Viúva Negra, depois na Feiticeira Escarlate, talvez pensemos até na Lady Sif antes de chegar nessas duas. Por melhor que Agents Of S.H.I.E.L.D. esteja atualmente, o começo morno da série prejudicou sua reputação, e sejamos sinceros... Com tudo o que acontece nesse universo, quem liga pro que aconteceu com a Peggy Carter depois de Capitão América? De agora em diante, quando pensarmos nas personagens femininas da Marvel, vamos pensar em Jessica Jones. Uma personagem tão underground dos quadrinhos da editora, que 80% do público (eu mesmo incluído) nunca ouviu falar antes do anúncio de sua série, que chega pra roubar os holofotes numa obra-prima neo-noir de horror psicológico. Demolidor já havia trago o universo Marvel pra uma nova fronteira com sua violência, permitindo que Jessica Jones explore mais águas escuras de tal. A série possui características clássicas do noir; a narração contemplativa, a rede de intrigas, a suspensão de rótulos - ninguém é 100% herói, ninguém é 100% vilão, e a temporada inteira flerta com isso -, uma protagonista auto-degenerativa com problemas de alcoolismo, a trilha sonora (ah, a trilha sonora...), e etc; Jessica Jones coloca uma personagem feminina pra se apropriar de um sub-gênero que, normalmente, retrata as mulheres de maneira apenas sexualizada e causadora de ruínas. E não se deixem enganar pelo nome amigável do estúdio; essa série é uma obra de terror psicológico, e uma muito melhor do que qualquer filme do gênero dos últimos anos. Influenciada por desde filmes de Hitchcock, passando por O Silêncio dos Inocentes e indo até suspenses de David Fincher, o primeiro encontro da Marvel com as entranhas do terror não podia ter sido executado com mais eficiência. Assim como Demolidor, Jessica Jones não tem medo de matar personagens quando se mostra necessário, e essa frieza faz com que o espectador tema pela possível morte de personagens queridos - que a série faz questão de desenvolvê-los muito bem e com bastante carisma e torna impossível não se apegar. A série também traz representatividade homossexual pela primeira vez na Marvel, algo que as séries da DC na CW já tem feito há algum tempo, mas como de costume, o show da Marvel explora isso de forma muito mais madura e profunda. Jessica é uma excelente protagonista, interpretada pela sensacional Krysten Ritter; uma personagem verdadeiramente badass, mas também sensível (e a roteirização do show consegue explorar os níveis e camadas dela de maneira exemplar) que conquista completamente o coração do público, e o espetacular David Tennant faz do vilão Kilgrave uma figura ao mesmo tempo digna de adoração, quanto de medo. Melhor vilão da Marvel? Bom, não só isso, como também um dos personagens mais bem construídos desse universo inteiro. Vou tirar um breve momento pra falar que Mike Colter como Luke Cage entrega a melhor representação de um personagem dos quadrinhos pro live action. A linguagem corporal, o físico, o visual, a voz, a expressividade, Colter interpreta Luke do jeito que qualquer um o imagina ao vê-lo no papel, o que só nos deixa mais animados pra sua vindoura série solo.
Em suma, Jessica Jones é uma nova obra-prima da Marvel. No mesmo nível de Demolidor, deixando demais julgamentos pro gosto, com o trunfo de trazer a primeira grande protagonista feminina pro MCU e ainda abordar com máxima competência um gênero e sub-gênero ousados.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraPesadíssimo. James Gunn se supera ao criar uma obra reflexiva, contemplativa e até um pouco existencialista, tomando um risco grande ao mergulhar numa narrativa paciente e despreocupada com ação, usada como meio pra aprofundar seus personagens, suas relações e claro, seus temas. A chave para funcionar é a confiança de Gunn como diretor e roteirista, ele sabe que seus personagens são carismáticos e envolventes o suficiente pra manter seu público interessado, e deixa que eles façam seu trabalho enquanto lentamente fortalece os alicerces pro terceiro ato, em que enfim despiroca num clímax End of Evangelion. Numa liga completamente diferente de qualquer outro filme que a Marvel tenha produzido.
Love Exposure
4.2 93"Obra-prima" nem começa a descrever.
Resident Evil 6: O Capítulo Final
3.0 953 Assista Agora"Eu sou a criança que ela fora; você é a mulher que ela teria sido."
Desde o início da franquia, há mais de dez anos atrás, sempre foi muito claro que mesmo seguindo uma linha narrativa sólida, cada "Resident Evil" é sua própria obra. Mesmo quando Paul W.S. Anderson retornou à cadeira de diretor no quarto capítulo, trazendo de volta consigo a estilização gamer do original, ele ainda manteve uma clara distinção estética, estrutural e por fim artística entre "Recomeço" e "Retribuição". Sendo isto apenas um dos aspectos que diferencia Resident Evil da sua típica franquia blockbuster - e possivelmente um dos responsáveis pela sua má fama -, "O Capítulo Final" chega como o mais original e resoluto da série.
Desta vez, estamos aprendendo a verdade por trás da história de Alice, e escapando do reino da artificialidade em direção ao da realidade, a estética de W.S. Anderson deixa de ser estável, simétrica, limpa e lenta a nível autocontemplativo, para se tornar mexida, suja e acelerada a nível frenético. Implacável, Anderson coloca seu espectador dentro de seu caos controlado em cenas de ação com infinidades de planos curtos - porém calculados - em um intervalo ínfimo de cortes que, junto com o 3D atmosférico, a soberba trilha synth de Paul Haslinger e o som destruidor transformam cada sequência numa frenesi hipnótica magnífica, fazendo do filme o filho rebelde de "Mad Max: Estrada da Fúria" com "Adrenalina". Ao olho desacostumado, vai inicialmente passar como incompetência dada a dificuldade para entender a ação, mas uma vez ajustada a vista, torna-se perceptível que nada de confuso há na filmagem e na edição, e que o que W.S. Anderson está fazendo é desconstruir o próprio conceito de imagem: ele não mostra imagem aos olhos, ele a implanta na mente.
O longa também conta com os set pieces - ou fases, como preferir - mais marcantes da série, e cada um se aproveita da linguagem à sua própria maneira; a intensidade da trilha, a ausência da mesma, da mixagem de som, a velocidade inacreditável da montagem, a iluminação diegética, etc... Cada aspecto funciona de forma diferente para causar impactos diferentes no público. Empolgação, tensão, sustos, emoção, o pacote completo. A experiência estética se finaliza com a cereja do bolo que são os efeitos visuais espetaculares - uma verdadeira novidade para "Resident Evil" -, que calham a vir neste capítulo, após uma franquia inteira focando em realidades falsas arquitetadas, é conveniente que o filme que finalmente nos traz para a realidade, traga em si um festival de efeitos hiperrealistas.
Este episódio também sucede como o maior êxito de W.S. Anderson como roteirista; há uma significativa melhora em diálogos, mas claro que este não é o foco. Como um verdadeiro apropriador da estrutura de videogames (antes desses se tornarem cinematográficos), Anderson avança sua trama com ação em vez de conversa fiada. Alice, chegando à conclusão de sua jornada, se torna um monumento femininista: ela é posta no centro de um discurso sobre instrumentalidade, tendo sido por todos esses anos perseguida e tratada como uma propriedade de homens corporativos, enfim chega a hora de descobrir quem ela realmente é, e entre a corporação que tenta ditar o que ela deve ser e sua própria imagem sussurrando em sua alma, Alice alcança uma autodescoberta que a solidifica firmemente como um ícone do poder feminino. Seu arco faz de "O Capítulo Final" um filme essencialmente coming-of-age, estando Anderson discursando sobre a maturidade de Alice, traçando um paralelo da história desta com a de todas as mulheres que tiveram suas infâncias roubadas por terem entrado na indústria do entretenimento muito jovens - incluindo da esposa, a própria Alice, Milla Jovovich - e as que são exploradas por empresas capitalistas comandadas por homens de poder. Paul projeta a imagem da mulher na filha, Ever Anderson, e assim transforma Alice em um símbolo de empoderamento tanto para as pequenas garotas que ainda vão crescer, quanto para as mulheres já maduras que sobrevivem a este mundo.
Eu vi apenas três filmes em IMAX 3D até hoje - incluindo "Rogue One: Uma História Star Wars" - e deles, "Resident Evil 6: O Capítulo Final" foi o mais esmagador deles. Ainda mais que uma experiência imersiva extasiante e uma conquista autoral anti-corporativa dentro da indústria Hollywoodiana, "Resident Evil 6: O Capítulo Final" encerra a história de Alice como uma de maturidade - nada mais digno para uma franquia que acompanhou a maturidade da maioria de seus fãs (inclusive a minha) desde crianças.
xXx: Reativado
2.6 377 Assista AgoraRetoma o tom satírico do filme original e se prova um dos melhores exemplares do que um filme de ação moderno tem que ser, e a essência da franquia xXx: uma celebração do cinema como diversão absurda, sem fôlego e sem compromisso. Um excelente elenco diversificado liderado pelo latino mais fodão de Hollywood, garotas que são muito mais que rostinhos bonitos, stunts e coreografias alucinantes capturadas por uma direção concreta realçada por um 3D espetacular, e uma autoconsciência que permite ao filme se divertir o máximo possível com a própria galhofa, "xXx: Reativado" é um puta filme do caralho.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEssencialmente poético, extremamente bem dirigido, perfomances poderosas que são o coração e alma do filme - principalmente de Mahershala Ali (criminosamente desperdiçado), linda fotografia e trilha, mas o roteiro não parece conseguir mergulhar completamente na complexidade dos sentimentos desses personagens, majoritariamente porque não houve tempo o suficiente. O filme se apresenta como "a história de uma vida", mas não parece a história de uma vida e sim pequenos seletos pedaços da mesma, que por si próprios não conseguem explorar o potencial completo da trama. O filme não tem nem duas horas de duração, deveria ter sido muito maior que isso. É uma obra de qualidade e competência, mas no fim não é melhor do que o seu típico filme Oscar bait.
Shin Godzilla
3.6 157 Assista Agora31 filmes. Existem 31 filmes de Godzilla. Nós não estamos falando de algum personagem mega carismático com uma personalidade forte que desperta um amor imenso do público que alimenta seu sucesso. Não estamos falando de uma franquia situada num universo hiper rico com infinitas possibilidades de desenvolvimento e portas abertas para incontáveis filmes derivados. Não estamos falando nem de uma gigante sensação comercial em vendas de brinquedos e mídias alternativas. James Bond, Harry Potter, Star Wars, universo Marvel, não é nada desse tipo. Estamos falando de um puta lagartão que cospe laser destruindo a cidade.
TRINTA E UM FILMES DISSO.
E vai ter mais, sempre vai ter mais, nunca vai parar. Por que? Pelo mesmo motivo que todo filme de Godzilla, até mesmo o original de Ishiro Honda, tende a ser criticamente divisivo: Godzilla não é um simples filme. É muito mais que isso. É uma obra livre das regras limitadoras de roteirização.
Temos uma lotação de personagens que formam um coletivo que é o protagonista: o Japão. Cada político, cada sujeito é uma representação que nos confinamentos do grupo se torna um estudo deste personagem maior que é o país, diante de uma ameaça nuclear beirando a onipotência. Destruição não é um espetáculo, não é entretenimento, é dolorosa e sofrível. E enfrentando uma arma de destruição em massa ambulante, a nação se vê impotente, enrolada em burocracias que a impedem de agir de forma prática - tal como o cinema mainstream é limitado por regras narrativas. A música não comemora o caos, mas sim o anuncia em tons graves de terror e o lamenta através de desesperadas orações por ajuda. A direção do mestre Hideaki Anno captura a tragédia nos olhares desamparados em paralelo ao imparável Deus encarnado que avança para Tokyo sem um motivo nítido, colocando frequentemente a escala colossal da criatura em contraste à diminutividade inofensiva do homem. Anno enquadra Godzilla como se ele fosse um aranha-céu na paisagem de Tóquio, e em muitas vezes sua imagem imprime a sensação de que os humanos estão atacando a própria cidade, e também de que a cidade, num acesso de fúria, está se auto-destruindo. A montagem dita o ritmo desesperado da infraestrutura política japonesa em busca de uma salvação. A fotografia pinta quadros de desastre e luto.
Godzilla é muito mais que um filme. É um réquiem para todas as vidas perdidas nos desastres japoneses. Uma metáfora viva e cuspidora de fogo para a natureza autodestrutiva da humanidade e, como Anno tão brilhantemente declara com este capítulo, um monumento. Um monumento para Hiroshima, Nagasaki, Fukushima, e todos os desastres que o Japão já teve e terá de enfrentar, todas as ruínas das quais eles já se ergueram. Nisto, este "Novo Godzilla" aponta o dedo na cara dos responsáveis por tal sofrimento como nenhum dos (TRINTA!!!!!) filmes anteriores fez; criticando a infraestrutura política japonesa, a exploração americana da mesma, a pressão profissional constante no estilo de vida nipônico. "Faça como quiser", é a chave para deter Godzilla, mas "isso é tão difícil de se fazer neste país". O homem é mais assustador do que Godzilla.
Novo. Verdadeiro. Deus. Os três significados principais da palavra que batiza este filme, essencialmente definem Godzilla como cinema. Cinema novo em seu pós-modernismo; cinema verdadeiro como uma declaração audiovisual que, através da linguagem, transcende limitações técnicas e por fim, atemporal como um conceito e uma ideia, assim como Deus.
The Shonen Merikensack
3.7 4Hilariamente caricato e inegavelmente cheio de coração! Eu não conseguia parar de rir pela maior parte do filme! Lotado de piadas em ritmo rápido nas quais as performances do elenco são essenciais, e todos acertam em cheio, principalmente Aoi Miyazaki. Sério, essa garota é o ser mais precioso do planeta Terra. Sua fofura cai como uma luva na personagem, que é desesperada, atrapalhada e gradativamente se torna durona e responsável - mas nunca uma gota menos adorável -, e seu timing cômico é perfeito. Os "Brass Knuckle Boys" também são hilários, suas músicas são terríveis e suas performances ainda piores, o que só complementa ao absurdo do filme, e sua química entre si e com Aoi é incrível, sendo esse improvável relacionamento entre uma jovem diretora kawaii de música e uma banda punk de homens de meia-idade o coração da história. Se embala num filme engraçado e tocante. Possui, porém, vários problemas de ritmo que prejudicam a dinâmica de algumas piadas e do filme em si, fazendo a maior parte de sua primeira metade parecer mais longa do que realmente é. Eventualmente o filme se recompõe e segue de forma estável até o final, impedindo que esse problema arruine a coisa toda. Brass Knuckle Boys é um filmezinho divertido, leve e inofensivo que fala muito sobre fazer o que amamos por amarmos fazê-lo.
A Invasora
3.4 706Eu respeito muito a minha mãe pra dar qualquer crédito a esse filme asqueroso.
Steins;Gate Fuka Ryōiki no Déjà vu
4.2 21Menos preocupado com twists e tecnicismos e mais com relações e introspecções de personagem, o filme de Steins;Gate opta por um ritmo mais lento e paciente que o da série. Ciente do quão perfeito o final do anime foi, ele não tenta alterá-lo de qualquer maneira ou servir como substituto, mas como um aprofundamento. É uma adição mais que bem-vinda ao cânone, tomando Makise Kurisu como a protagonista dessa vez, focando nos devaneios do que Okabe significa para seus companheiros, e por fim, o que significa pra ela - como uma alma gêmea para a série, que tão ferozmente explorou o que esses personagens significam para Okabe. Fala sobre memória, esquecimento, e essencialmente o impacto que uma única existência pode ter em tantos corações. Pode não ser tão épico quando "The Disappearance of Haruhi Suzumiya" (ao qual a trama é curiosamente semelhante) ou arrebatador quanto os filmes de Madoka Magica, mas em sua bonança, encontra seu próprio lugar de qualidade; em vez de climax, valoriza momentos mais tranquilos, dissertativos e poeticos com seus personagens como os pontos chave da narrativa, e resulta numa breve e sentimental extensão do final de Steins;Gate.
O Caso de Hana e Alice
3.8 20Em seu primeiro filme animado, Shunji Iwai conta a história de como Hana e Alice se conheceram, e é tão adorável quanto o primeiro. Conforme as duas investigam um suposto caso de assassinato que ocorreu na escola, seus tropeços as colocam em situações problemáticas e engraçadas, onde se envolvem com diferentes tipos de lugares e pessoas inusitadas, e Iwai usa dos desajeitos de suas personagens pra desenvolver seu comentário humanista focado na juventude de um jeito que só ele sabe fazer. A animação é bem diferenciada do anime de costume, adotando uma pegada mais autoral com a modelagem de seus personagens e lindas pinturas como cenário. Embora eu, pessoalmente, ainda seja mais fã de outros estilos estéticos de anime, não dá pra negar de este é o charme visual da obra.
Hana e Alice
3.7 22 Assista AgoraTem a sensação de ser o filme mais positivo de Shunji Iwai. Claro, além de sua obra-prima depressiva "Tudo Sobre Lily Chou-Chou", suas outras duas obras que eu vi até agora não são nada que vá te deixar num mal estado após assisti-las, mas ainda sim, elas são relativamente tristes, mesmo que por fim acolhedoras. Hana & Alice é muito mais alegre e seguro, e em como muitos de seus filmes, gira em torno da relação entre duas personagens femininas; as personagens titulares, que vêm a enfrentar seus próprios dilemas sobre família, carreira e enfim, amor. É uma história bonita guiada por atrizes carismáticas e capturada por uma fotografia maravilhosa, com as lentes de Noboru Shinoda mais uma vez destacando o poder da luz natural, com as sútis - mas notáveis - pontuações de cor durante o filme, especialmente o lilás que o céu nublado do fim de tarde pinta sobre a imagem. Peca apenas em ser o filme menos aprofundado de Iwai quando se trata de seus conflitos externos, mas fora isso, é mais uma obra delicada e amável que vale a pena conferir.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraTodas as lágrimas que eu já reprimi na minha vida... Eu chorei hoje.
The Machine Girl
3.4 56>>>>>>>>>> Boyhood.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraEu só to aqui me perguntando quando foi a última vez que eu fui no cinema e não ouvi uma música da Sia nos créditos.
Spring Breakers: Garotas Perigosas
2.4 2,0K Assista AgoraEu evitei esse filme por tanto tempo porque todas as pessoas que eu já conheci na minha vida me falaram que ele era horrível, e pra que?
Pra descobrir que é uma das maiores e mais importantes obras-primas desse século.
Esquadrão Suicida
2.8 4,0K Assista AgoraDeu
tudo
errado.
https://www.youtube.com/watch?v=FkZJ5cZyYeU
Caça-Fantasmas
3.2 1,3K Assista AgoraAntes de falar sobre o filme propriamente dito, vou me dirigir a um assunto relacionado: "tal coisa vai arruinar a minha infância" é uma das frases mais estúpidas já ditas pelo ser humano, quando discutindo cinema. Um reboot não vai arruinar a sua infância. Mesmo que seja um reboot horrível, o filme que você viu na sua infância ainda vai estar lá, com a mesma qualidade de sempre, muito bem preservado. A única coisa que pode arruinar a sua infância é você rever um filme que você amava quando era criança e descobrir que ele é ruim. Como Mogli 2.
Dito isso... "Os Caça-Fantasmas" nunca foram parte da minha infância. O nível de nostalgia que eu tenho com essa franquia é absolutamente zero. Eu assisti pequeno demais pra me lembrar de qualquer coisa do filme além daquele bicho verde e o Marshmallow. Aí saíram as críticas desta nova versão (que até então vinha ganhado um amontoado de ódio inacreditável), e eu li críticas positivas e negativas, mas pra resumir tudo, as positivas afirmavam que é um bom, divertido e original filme mesmo que não seja tão bom quanto o original; já as negativas diziam... "não é tão bom quanto o original". A maioria das opiniões negativas sobre o filme eram uma enrolação de parágrafos que descontruídos não fazem nada além de comparar o filme com seu antepassado. Com isso em vista, eu pensei: "hm, esta é uma ótima oportunidade pra ~não~ reassistir o original".
Em certo momento desse filme, que envolve um certo cameo, Abby (Melissa McCarthy) diz "Nós não temos obrigação nenhuma de impressionar ele". Eu achei essa fala bastante 4ª parede. Nem todo reboot é Millennium, ou Dredd. Não tem absolutamente nada de errado um reboot ser inferior ao material original, tá tudo bem em ser só um ótimo filme.
Nem que eu lembrasse do primeiro "Caça-Fantasmas" eu iria comparar com a qualidade dessa nova versão, vou apenas dizer que esse filme aqui é um ótimo filme. É divertido, tem excelentes personagens, uma ironia sagaz contra as controvérsias que ele mesmo gerou, muito bem dirigido, efeitos visuais lindos e um 3D que não é um mero artifício lucrativo, mas sim um meio linguagem cinematográfica em prol do filme.
É claro que ele tem tropeços, mas a maioria deles são apenas algumas piadas ali e aqui que acabam não funcionando, erros que são logo compensados pela qualidade do filme.
É claro que nem todo mundo vai gostar, mas pra dizer que é ruim do jeito que todo mundo acreditou que ia ser... Aí tem que ser muito metido a besta mesmo.
Que venham as sequências!
Emma
3.4 1https://vimeo.com/141629719
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraEu amo as sequências de Rocky - menos o quinto - como qualquer um, mas Creed nocauteia todas elas. Creed sobe ao nível do filme original, e como alguém cujo filme favorito é Rocky, eu não poderia estar mais orgulhoso em dizer que Ryan Coogler fez a fita mais digna, de longe, desse legado lendário. Não apenas isso, o filme funciona por conta própria - assim como seu protagonista, ele honra o legado de seu antecessor ao mesmo tempo que não se prende na sombra dele. Creed é uma história de underdog tão importante para essa geração quanto Rocky foi nos anos 70.
O trabalho de personagens é maravilhoso, as atuações fantásticas - vai nessa, Sly! -, a direção e a fotografia são definitivamente as melhores e mais sólidas dessa franquia de 5 décadas de idade. Palmas para Coogler, para Michael B. Jordan e para Sylvester Stallone, por não apenas ter criado um dos melhores e mais amáveis personagens da ficção, mas também por ser um dos únicos (talvez o único) cineasta a cuidar tão bem de uma saga que passou por cada década desde 70 e usou as marcas estéticas de todas elas, fazendo tudo isso possível.
Cyborg She
3.9 48 Assista AgoraÉ demais pro meu kokoro.
Jessica Jones (1ª Temporada)
4.1 1,1K Assista AgoraSobre Jessica Jones:
Enquanto no cinema ainda faltam alguns anos pra Capitã Marvel surgir como a primeira super-heroína da Marvel nas telonas, as garotas tem dominado o universo televisivo da mesma. Daisy Johnson em Agents of S.H.I.E.L.D., Peggy Carter em Agent Carter... Mas por mais que essas protagonistas já tenham se mostrado marcantes, elas ainda não tem uma imagem tão forte quando pensamos nas personagens femininas da Marvel. Primeiro pensamos na Viúva Negra, depois na Feiticeira Escarlate, talvez pensemos até na Lady Sif antes de chegar nessas duas. Por melhor que Agents Of S.H.I.E.L.D. esteja atualmente, o começo morno da série prejudicou sua reputação, e sejamos sinceros... Com tudo o que acontece nesse universo, quem liga pro que aconteceu com a Peggy Carter depois de Capitão América?
De agora em diante, quando pensarmos nas personagens femininas da Marvel, vamos pensar em Jessica Jones. Uma personagem tão underground dos quadrinhos da editora, que 80% do público (eu mesmo incluído) nunca ouviu falar antes do anúncio de sua série, que chega pra roubar os holofotes numa obra-prima neo-noir de horror psicológico. Demolidor já havia trago o universo Marvel pra uma nova fronteira com sua violência, permitindo que Jessica Jones explore mais águas escuras de tal. A série possui características clássicas do noir; a narração contemplativa, a rede de intrigas, a suspensão de rótulos - ninguém é 100% herói, ninguém é 100% vilão, e a temporada inteira flerta com isso -, uma protagonista auto-degenerativa com problemas de alcoolismo, a trilha sonora (ah, a trilha sonora...), e etc; Jessica Jones coloca uma personagem feminina pra se apropriar de um sub-gênero que, normalmente, retrata as mulheres de maneira apenas sexualizada e causadora de ruínas. E não se deixem enganar pelo nome amigável do estúdio; essa série é uma obra de terror psicológico, e uma muito melhor do que qualquer filme do gênero dos últimos anos. Influenciada por desde filmes de Hitchcock, passando por O Silêncio dos Inocentes e indo até suspenses de David Fincher, o primeiro encontro da Marvel com as entranhas do terror não podia ter sido executado com mais eficiência.
Assim como Demolidor, Jessica Jones não tem medo de matar personagens quando se mostra necessário, e essa frieza faz com que o espectador tema pela possível morte de personagens queridos - que a série faz questão de desenvolvê-los muito bem e com bastante carisma e torna impossível não se apegar. A série também traz representatividade homossexual pela primeira vez na Marvel, algo que as séries da DC na CW já tem feito há algum tempo, mas como de costume, o show da Marvel explora isso de forma muito mais madura e profunda. Jessica é uma excelente protagonista, interpretada pela sensacional Krysten Ritter; uma personagem verdadeiramente badass, mas também sensível (e a roteirização do show consegue explorar os níveis e camadas dela de maneira exemplar) que conquista completamente o coração do público, e o espetacular David Tennant faz do vilão Kilgrave uma figura ao mesmo tempo digna de adoração, quanto de medo. Melhor vilão da Marvel? Bom, não só isso, como também um dos personagens mais bem construídos desse universo inteiro. Vou tirar um breve momento pra falar que Mike Colter como Luke Cage entrega a melhor representação de um personagem dos quadrinhos pro live action. A linguagem corporal, o físico, o visual, a voz, a expressividade, Colter interpreta Luke do jeito que qualquer um o imagina ao vê-lo no papel, o que só nos deixa mais animados pra sua vindoura série solo.
Em suma, Jessica Jones é uma nova obra-prima da Marvel. No mesmo nível de Demolidor, deixando demais julgamentos pro gosto, com o trunfo de trazer a primeira grande protagonista feminina pro MCU e ainda abordar com máxima competência um gênero e sub-gênero ousados.
Jessica Jones (1ª Temporada)
4.1 1,1K Assista AgoraFilmow, a série estreou há dois dias, façam o favor de liberar ela pra ser marcada. ._.
O Agente da U.N.C.L.E.
3.6 536 Assista AgoraEspero que não caia no destino do (ótimo) Esquadrão Classe-A, e ganhe sequências.
Doce Vingança 3: A Vingança é Minha
2.7 392Melhor que o segundo, não tão bom quanto o primeiro.