É um filme interessante cujo ar de mistério e absurdo mantém o espectador fisgado na trama. Sem muitas obviedades, a trama se constrói sobre uma estética algo surrealista que lembra muito alguns filmes do Buñuel pai. Catherine Deneuve dá um show, realmente ela faz um papel muito cativante.
Excelente filme; bela reconstrução de época e crônica desconcertante das caduquices desumanas assassinas cometidas em nome de Deus por homens inescrupulosos que se faziam representantes da Lei.
É um exemplar primoroso que reafirma a pungência criativa e a versatilidade dos autores da Nová Vlna.
É um filme simpático, com um humor que varia do mórbido ao pastelão, num forte tom satírico crítico em relação ao contexto político do país. Achei meio inconsistente, mas tem seus momentos de brilho/hilaridade.
Com um estilo altamente original, Juraj Herz reconstrói magistralmente o período prestes à ecolsão da II Guerra Mundial na Checoslováquia, marcado pelo avanço do nazismo e da política antissemita. A atmosfera macabra e a dinamicidade da câmera ressaltam vividamente a tensão sufocante da época retratada.
O filme gira em torno do processo de adesão ao partido e à ideologia nazistas por Kopfrkingl, um funcionário de crematório com uma personalidade bastante peculiar e idiossincrática, marcada por uma obsessão pela morte e uma visão de mundo que deriva largamente de uma leitura atabalhoada do budismo tibetano.
"O Cremador" funciona brilhantemente como uma denuncia ácida da desumanidade do regime totalitário, e como um retrato da maturação ideológica do protagonista ao ser cooptado pelo partido nazi-fascista. Tudo isso desemboca no terror (e é bizarríssimo).
A grande ironia que o filme coloca, na minha leitura, é como a ideologia nazista se encaixou perfeitamente à visão de mundo porca de um psicopata megalomaníaco e esquizofrênico.
Achei legal que o filme traz esse tema de distúrbios psicológicos de maneira bem leve e natural. Ele tira o foco do conflito advindo do estranhamento (apesar de que traz esse elemento marcadamente), e ao contrário, foca na compreensão e no afeto das pessoas próximas, que tentam fazem o que está ao seu alcance para ajudar, bem como no processo do próprio Lars para sua autocompreensão. Eu esperava que o caso do Lars provocasse reações mais diversas nos outros pelo incomum da situação, mas todo mundo, salvo um estranhamento bastante breve, o respeitou e buscou se alinhar à desilusão dele, como chama a médica. Bianca foi integrada à comunidade, ganhou uma (ampla) vida social própria e uma personalidade própria, sem precisar dizer uma palavra. Isso foi o que mais me chamou atenção no filme, como a cidade toda entrou na missão de ajudar o cara, no começo com ceticismo, mas acabaram se apegando à performance que tinham que fazer em torno do casal, tanto que se tornou algo natural. Apegaram-se de fato à Bianca, mesmo longe do Lars, como se a desilusão tivesse se estendido aos outros. Pra mim foi bizarro a boneca passar a frequentar reuniões sozinha, fazer trabalho voluntário, sair com as amigas... e ter um funeral, na igreja.
Um mosaico de encontros que tecem um retrato do protagonista em toda sua ordinária insignificância. Um salve praqueles.que fecham conosco nesta vida doida.
A diretora propõe uma metodologia que busca provocar a obtenção de um relato espontâneo de sua mãe, de maneira a poder captar com autenticidade a reação emocional dela a respeito dos eventos passados de sua vida.
Foi muito oportuna a utilização dos filmes e fotos de família antigos para a contextualização.
De fato consegue-se criar o tom de intimidade com a protagonista, que exibe sua personalidade forte, ao conversar sobre o casamento na juventude, que terminou em divórcio após alguns anos, devido ao descompasso com o marido cada vez mais controlador e menos afetuoso. Ela deu o fora, largou o traste e foi fazer o que bem queria da vida. Mostra-se uma figura interessante e independente, que nunca deu tanta bola pra como o status quo dizia que uma mulher deveria se comportar.
O problema do filme é que a diretora se empolgou demais nessa onda de espontaneidade e o resultado acabou ficando um tanto desmazelado. Acontece que ela mesma acabou engessando o filme pela falta de objetividade na condução das entrevistas. O mais irritante é como ela fica o tempo todo interrompendo a fala da mãe.
Ainda assim o exercício de resgate da memória consegue sustentar o doc, porque a velha é legal, mas, de qualquer forma, é um filme no máximo bem okey.
É bastante enriquecedora experiência proporcionada por este documentário, de conhecer práticas tradicionais indígenas, tendo como locutores os próprios indígenas, por dar-se voz a sujeitos que normalmente são invisibilizados na nossa sociedade, e por mostrar que essas são práticas que se mantêm vivas, apesar do ímpeto avassalador pela destruição e apagamento que a colonização coloca contra essas pessoas. Mais ainda, gostei muito da singeleza com que o filme foi conduzido, dando um vislumbre da vida cotidiana na aldeia, mostrando conversas, histórias, o relacionamento entre homens e mulheres, o relacionamento entre diferentes gerações, a relação com elementos da cultura ocidental, a relação com o ambiente; e nos mostrando, em destaque, mulheres fortes e alegres, cheias de vivacidade, capazes de produzir cantos de grandiosidade e beleza impactantes - hiper mulheres -
O filme se passa num manicômio do Rio de Janeiro em meados do século passado, e retrata os esforços da psiquiatra Nise da Silveira para humanizar o tratamento das pessoas ali internadas e introduzir entre elas as artes plásticas como instrumento terapêutico e de autoexpressão.
Nise buscou empreender uma ruptura na forma com que se costumava tratar os pacientes naquele contexto, e justamente por isso sua postura não foi bem recebida por seus colegas, tendo ela que enfrentar a perseguição e o descrédito dos outros psiquiatras, adeptos de métodos desumanos e violentos, prontos para realizar suas experiências sem se importarem com o sofrimento daquelas pessoas.
Admiravelmente, Nise da Silveira lutou por elas através de uma abordagem que primava pelo diálogo, pelo afeto, pela arte, passando a enxergar aqueles sujeitos, esquecidos por tudo e por todos e enfurnados longe das vistas da sociedade, como pessoas com histórias de vida, sentimentos e um complexo mundo interior a ser compartilhado. O resultado é uma incrível melhora no bem-estar dos pacientes e na qualidade de seu convívio social, além de uma surpreendentemente rica e bela produção artística.
Bom filme, que retrata de maneira sensível esta linda história que nos traz discussões muito importantes e merece ser lembrada.
A Mulher Com Botas Vermelhas
3.6 2É um filme interessante cujo ar de mistério e absurdo mantém o espectador fisgado na trama. Sem muitas obviedades, a trama se constrói sobre uma estética algo surrealista que lembra muito alguns filmes do Buñuel pai. Catherine Deneuve dá um show, realmente ela faz um papel muito cativante.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraEsse é um filme bem pessimista que te passa a impressão de que a vida é um grande vazio.
O Martelo das Bruxas
4.1 28Excelente filme; bela reconstrução de época e crônica desconcertante das caduquices desumanas assassinas cometidas em nome de Deus por homens inescrupulosos que se faziam representantes da Lei.
É um exemplar primoroso que reafirma a pungência criativa e a versatilidade dos autores da Nová Vlna.
O Baile dos Bombeiros
3.8 45 Assista AgoraÉ um filme simpático, com um humor que varia do mórbido ao pastelão, num forte tom satírico crítico em relação ao contexto político do país. Achei meio inconsistente, mas tem seus momentos de brilho/hilaridade.
O Cremador
4.2 51 Assista AgoraCom um estilo altamente original, Juraj Herz reconstrói magistralmente o período prestes à ecolsão da II Guerra Mundial na Checoslováquia, marcado pelo avanço do nazismo e da política antissemita. A atmosfera macabra e a dinamicidade da câmera ressaltam vividamente a tensão sufocante da época retratada.
O filme gira em torno do processo de adesão ao partido e à ideologia nazistas por Kopfrkingl, um funcionário de crematório com uma personalidade bastante peculiar e idiossincrática, marcada por uma obsessão pela morte e uma visão de mundo que deriva largamente de uma leitura atabalhoada do budismo tibetano.
"O Cremador" funciona brilhantemente como uma denuncia ácida da desumanidade do regime totalitário, e como um retrato da maturação ideológica do protagonista ao ser cooptado pelo partido nazi-fascista. Tudo isso desemboca no terror (e é bizarríssimo).
A grande ironia que o filme coloca, na minha leitura, é como a ideologia nazista se encaixou perfeitamente à visão de mundo porca de um psicopata megalomaníaco e esquizofrênico.
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraAchei legal que o filme traz esse tema de distúrbios psicológicos de maneira bem leve e natural. Ele tira o foco do conflito advindo do estranhamento (apesar de que traz esse elemento marcadamente), e ao contrário, foca na compreensão e no afeto das pessoas próximas, que tentam fazem o que está ao seu alcance para ajudar, bem como no processo do próprio Lars para sua autocompreensão.
Eu esperava que o caso do Lars provocasse reações mais diversas nos outros pelo incomum da situação, mas todo mundo, salvo um estranhamento bastante breve, o respeitou e buscou se alinhar à desilusão dele, como chama a médica. Bianca foi integrada à comunidade, ganhou uma (ampla) vida social própria e uma personalidade própria, sem precisar dizer uma palavra. Isso foi o que mais me chamou atenção no filme, como a cidade toda entrou na missão de ajudar o cara, no começo com ceticismo, mas acabaram se apegando à performance que tinham que fazer em torno do casal, tanto que se tornou algo natural. Apegaram-se de fato à Bianca, mesmo longe do Lars, como se a desilusão tivesse se estendido aos outros. Pra mim foi bizarro a boneca passar a frequentar reuniões sozinha, fazer trabalho voluntário, sair com as amigas... e ter um funeral, na igreja.
Corpo Elétrico
3.5 216Um mosaico de encontros que tecem um retrato do protagonista em toda sua ordinária insignificância.
Um salve praqueles.que fecham conosco nesta vida doida.
Um Casamento
3.4 6A diretora propõe uma metodologia que busca provocar a obtenção de um relato espontâneo de sua mãe, de maneira a poder captar com autenticidade a reação emocional dela a respeito dos eventos passados de sua vida.
Foi muito oportuna a utilização dos filmes e fotos de família antigos para a contextualização.
De fato consegue-se criar o tom de intimidade com a protagonista, que exibe sua personalidade forte, ao conversar sobre o casamento na juventude, que terminou em divórcio após alguns anos, devido ao descompasso com o marido cada vez mais controlador e menos afetuoso. Ela deu o fora, largou o traste e foi fazer o que bem queria da vida. Mostra-se uma figura interessante e independente, que nunca deu tanta bola pra como o status quo dizia que uma mulher deveria se comportar.
O problema do filme é que a diretora se empolgou demais nessa onda de espontaneidade e o resultado acabou ficando um tanto desmazelado. Acontece que ela mesma acabou engessando o filme pela falta de objetividade na condução das entrevistas. O mais irritante é como ela fica o tempo todo interrompendo a fala da mãe.
Ainda assim o exercício de resgate da memória consegue sustentar o doc, porque a velha é legal, mas, de qualquer forma, é um filme no máximo bem okey.
As Hiper Mulheres
3.9 24 Assista AgoraÉ bastante enriquecedora experiência proporcionada por este documentário, de conhecer práticas tradicionais indígenas, tendo como locutores os próprios indígenas, por dar-se voz a sujeitos que normalmente são invisibilizados na nossa sociedade, e por mostrar que essas são práticas que se mantêm vivas, apesar do ímpeto avassalador pela destruição e apagamento que a colonização coloca contra essas pessoas.
Mais ainda, gostei muito da singeleza com que o filme foi conduzido, dando um vislumbre da vida cotidiana na aldeia, mostrando conversas, histórias, o relacionamento entre homens e mulheres, o relacionamento entre diferentes gerações, a relação com elementos da cultura ocidental, a relação com o ambiente; e nos mostrando, em destaque, mulheres fortes e alegres, cheias de vivacidade, capazes de produzir cantos de grandiosidade e beleza impactantes - hiper mulheres -
Nise: O Coração da Loucura
4.3 656 Assista AgoraO filme se passa num manicômio do Rio de Janeiro em meados do século passado, e retrata os esforços da psiquiatra Nise da Silveira para humanizar o tratamento das pessoas ali internadas e introduzir entre elas as artes plásticas como instrumento terapêutico e de autoexpressão.
Nise buscou empreender uma ruptura na forma com que se costumava tratar os pacientes naquele contexto, e justamente por isso sua postura não foi bem recebida por seus colegas, tendo ela que enfrentar a perseguição e o descrédito dos outros psiquiatras, adeptos de métodos desumanos e violentos, prontos para realizar suas experiências sem se importarem com o sofrimento daquelas pessoas.
Admiravelmente, Nise da Silveira lutou por elas através de uma abordagem que primava pelo diálogo, pelo afeto, pela arte, passando a enxergar aqueles sujeitos, esquecidos por tudo e por todos e enfurnados longe das vistas da sociedade, como pessoas com histórias de vida, sentimentos e um complexo mundo interior a ser compartilhado. O resultado é uma incrível melhora no bem-estar dos pacientes e na qualidade de seu convívio social, além de uma surpreendentemente rica e bela produção artística.
Bom filme, que retrata de maneira sensível esta linda história que nos traz discussões muito importantes e merece ser lembrada.
Vale do Pecado
2.2 182 Assista AgoraA representação das vidas meio vazias, apáticas e superficiais dos personagens casa muito bem com o estilo meio genérico e petulante do filme. Ótimo!
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraO filme nos mostra que mesmo que a pessoa seja um babaca ela ainda sofre, porque a vida é foda.