Francamente, acredito que o Cinema Brasileiro tenha renascido de verdade em 2002, com a estreia de Cidade de Deus.
Este filme está entre meus favoritos não por conta de sua importância histórica ou porque, supostamente, marca a retomada do cinema nacional. Nada disto.
É um de meus favoritos porque eu rio demais com ele. Onde mais se pode ver um Dom Pedro I epilético tão engraçado quanto o deste filme?
Indicado para quem se contenta com as aparências e costuma decidir se um vizinho tem bom ou mau caráter pelo simples fato de ele dizer "Bom dia!" ou não no elevador.
Inicialmente, parece ser um filme com histórias aleatórias, sem conexão entre si, feito sob medida para massagear o ego dos machinhos alfa que aplaudem bombas cinematográficas como Triplo X ou Velozes e Furiosos antes de saírem para a baladinha top no sábado à noite.
Porém, ao contrário do que costuma acontecer em filmes deste tipo, os diferentes episódios compõem, de certo modo, uma evolução. É claro, a irregularidade está lá (supostamente, trata-se de um filme de comédia, mas um dos episódios é um tremendo dramalhão no qual testemunhamos a DR de um casal). Apesar disto, o prólogo do filme já sinaliza que, na verdade, o que assistiremos será a desconstrução do mito do garanhão que pega geral.
O episódio de abertura apresenta aqueles que poderíamos considerar os protagonistas do filme: dois machões irresistíveis que, ao menor sinal de descuido de suas fêmeas, pulam a cerca sem o menor remorso enquanto as esposas ficam em casa cuidando das crianças. Já ao final da madrugada, enquanto se arrumam num quarto de hotel barato depois de terem traçado duas loirinhas delícia que eles conheceram na balada, um deles diz para o outro: “Você sabe o que dizem sobre os caras que pegam geral que nem a gente, né? Dizem que é homossexualidade reprimida”.
O próximo passo no processo de desconstrução vem com aquele que, a meu ver, é o melhor episódio do filme. Em uma viagem de negócios, um sujeito tenta, a todo custo, trair sua esposa. E falha miseravelmente em todas as tentativas. Já voltando para casa, ele envia uma mensagem de texto para a esposa dizendo o quanto está com saudades. Em outras palavras, a fidelidade masculina não é questão de virtude, mas sim de incompetência, mesmo.
Em seguida, somos apresentados ao episódio no qual um quarentão tem um relacionamento fora do casamento com uma adolescente que o faz de gato e sapato. Seu antagonista neste episódio é outro quarentão, que acompanha o grupo de amigos da adolescente como se ele também fosse um deles. Seria ridículo, se não fosse trágico: o tiozão que consegue acompanhar o ritmo do grupo de adolescentes é justamente aquele que se recusa a crescer; ao passo que o outro, o respeitável pai de família que desaparece de casa durante a madrugada para se aventurar com a novinha, está à mercê desta mesma ninfeta, sofrendo as consequências (físicas, inclusive) desta dinâmica surreal de dominação.
Mais adiante, vem o dramalhão, que apesar de quebrar completamente o ritmo do filme (que já não é lá essas coisas...), vem novamente expor toda a fragilidade do macho alfa. Quando confrontado com a possibilidade de ter sido traído, o maridão vira o bicho. Afinal de contas, onde já se viu existir a possibilidade de a mulher dele sentir desejo por outros homens?
Enfim, temos o episódio que antecede o epílogo do filme, no qual somos apresentados a um grupo de autoajuda, o “I.A. – Infiéis Anônimos”. Aqui, os infiéis compartilham suas dificuldades em não trair suas respectivas esposas. O episódio termina com uma atitude sintomática do machão típico: a responsável por conduzir o grupo de autoajuda se vê sozinha na sala de reunião porque, após a 1ª tentativa, todos desistiram de frequentar o grupo.
É muito interessante como o filme começa apresentando o que seria o ideal no imaginário de todos os aspirantes a garanhões, para, no decorrer dos diferentes episódios, gradualmente derrubar qualquer ilusão de que, algum dia, esses mesmos homens possam ser de fato verdadeiras sex machines, irresistíveis para todas as mulheres. No máximo, você, homem, vai conseguir ser o tiozão que tenta comer todo o mundo e nunca consegue comer ninguém. Ou então, o tiozão que mal consegue acompanhar a ninfetinha na noite e que acaba apanhando dos amiguinhos dela. Ou pior: talvez você seja aquele machão que posa de seguro e autoconfiante em si mesmo, mas que não conseguiria sobreviver a um simples chifre. E, como se não fosse o bastante, ainda se recusa a procurar ajuda.
O epílogo é espetacular. Apoteótico, eu diria. Sempre que eu escuto algum muleke piranha de academia dizendo que vai viajar para Vegas (é como eles chamam Las Vegas, com intimidade) com os brother para pegar as loirinha delícia tudo na balada, eu penso no final deste filme. É como se o prólogo fosse a superfície do macho alfa, na qual ele projeta todo o seu desejo de ser um grande pegador. Mas tudo não passa de ilusão, de aparência. Basta cavar um pouco para se chegar à verdade, que é repleta de incompetência, incapacidade, insegurança e o pior: a negação de todos estes problemas. Ao longo do filme, entre os episódios maiores, temos algumas sketches que, até por conta do senso de urgência intrínseco a este formato, são mais centradas no humor e, sobretudo, mais caricatas. Estas sketches representam, a meu ver, as tentativas pueris do inconsciente do macho alfa de se convencer de que ele é, de fato, o maior pegador que existe. Por fim, chega-se ao core do machão, que é o epílogo: em outras palavras, os “desejos reprimidos”.
Mais do que emblemático, o recado é categórico: o que você, machão, GOSTARIA DE SER é o que aparece no começo do filme. Mas o que você PROVAVELMENTE É aparece no final do filme. Cuidado da próxima vez em que for para Las Vegas com os amigos.
O dom de estragar qualquer produção estrangeira fazendo uma refilmagem totalmente desnecessária porque o público "ocidental" tem preguiça de ler legendas.
O dom de contratar o MESMO DIRETOR que filmou a produção original e despersonalizar tanto o seu trabalho que o resultado é um filmeco de dar susto (em vez de deixar o expectador com medo, mesmo depois de o filme terminar), que tem muito mais a cara do estúdio que bancou a refilmagem do que do diretor em si.
O dom de suprimir qualquer traço de cinema autoral que o diretor estrangeiro poderia ter empregado na refilmagem, levando-o a produzir, muitas vezes contra sua própria vontade, um cinema genérico e sem sal.
Carlota Joaquina, Princesa do Brasil
3.1 240Francamente, acredito que o Cinema Brasileiro tenha renascido de verdade em 2002, com a estreia de Cidade de Deus.
Este filme está entre meus favoritos não por conta de sua importância histórica ou porque, supostamente, marca a retomada do cinema nacional. Nada disto.
É um de meus favoritos porque eu rio demais com ele. Onde mais se pode ver um Dom Pedro I epilético tão engraçado quanto o deste filme?
Falcão Negro em Perigo
3.8 413 Assista AgoraCara, eu sei que é um Ridley Scott... Mas eu cochilei tranquilo mesmo assim.
Superman: O Retorno
2.6 778 Assista AgoraReconheço o ótimo trabalho que ele fez com os filmes dos X-Men que dirigiu, mas neste aqui...
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraIndicado para quem se contenta com as aparências e costuma decidir se um vizinho tem bom ou mau caráter pelo simples fato de ele dizer "Bom dia!" ou não no elevador.
Metéora
3.3 22Para quando você se esquecer de que o cinema é, antes de tudo, ARTE.
Meteorango Kid, Héroi Intergalático
3.6 45Ainda não acredito que essa parada estreou em pleno AI-5.
Os Infiéis
2.6 116 Assista AgoraInicialmente, parece ser um filme com histórias aleatórias, sem conexão entre si, feito sob medida para massagear o ego dos machinhos alfa que aplaudem bombas cinematográficas como Triplo X ou Velozes e Furiosos antes de saírem para a baladinha top no sábado à noite.
Porém, ao contrário do que costuma acontecer em filmes deste tipo, os diferentes episódios compõem, de certo modo, uma evolução. É claro, a irregularidade está lá (supostamente, trata-se de um filme de comédia, mas um dos episódios é um tremendo dramalhão no qual testemunhamos a DR de um casal). Apesar disto, o prólogo do filme já sinaliza que, na verdade, o que assistiremos será a desconstrução do mito do garanhão que pega geral.
O episódio de abertura apresenta aqueles que poderíamos considerar os protagonistas do filme: dois machões irresistíveis que, ao menor sinal de descuido de suas fêmeas, pulam a cerca sem o menor remorso enquanto as esposas ficam em casa cuidando das crianças. Já ao final da madrugada, enquanto se arrumam num quarto de hotel barato depois de terem traçado duas loirinhas delícia que eles conheceram na balada, um deles diz para o outro: “Você sabe o que dizem sobre os caras que pegam geral que nem a gente, né? Dizem que é homossexualidade reprimida”.
O próximo passo no processo de desconstrução vem com aquele que, a meu ver, é o melhor episódio do filme. Em uma viagem de negócios, um sujeito tenta, a todo custo, trair sua esposa. E falha miseravelmente em todas as tentativas. Já voltando para casa, ele envia uma mensagem de texto para a esposa dizendo o quanto está com saudades. Em outras palavras, a fidelidade masculina não é questão de virtude, mas sim de incompetência, mesmo.
Em seguida, somos apresentados ao episódio no qual um quarentão tem um relacionamento fora do casamento com uma adolescente que o faz de gato e sapato. Seu antagonista neste episódio é outro quarentão, que acompanha o grupo de amigos da adolescente como se ele também fosse um deles. Seria ridículo, se não fosse trágico: o tiozão que consegue acompanhar o ritmo do grupo de adolescentes é justamente aquele que se recusa a crescer; ao passo que o outro, o respeitável pai de família que desaparece de casa durante a madrugada para se aventurar com a novinha, está à mercê desta mesma ninfeta, sofrendo as consequências (físicas, inclusive) desta dinâmica surreal de dominação.
Mais adiante, vem o dramalhão, que apesar de quebrar completamente o ritmo do filme (que já não é lá essas coisas...), vem novamente expor toda a fragilidade do macho alfa. Quando confrontado com a possibilidade de ter sido traído, o maridão vira o bicho. Afinal de contas, onde já se viu existir a possibilidade de a mulher dele sentir desejo por outros homens?
Enfim, temos o episódio que antecede o epílogo do filme, no qual somos apresentados a um grupo de autoajuda, o “I.A. – Infiéis Anônimos”. Aqui, os infiéis compartilham suas dificuldades em não trair suas respectivas esposas. O episódio termina com uma atitude sintomática do machão típico: a responsável por conduzir o grupo de autoajuda se vê sozinha na sala de reunião porque, após a 1ª tentativa, todos desistiram de frequentar o grupo.
É muito interessante como o filme começa apresentando o que seria o ideal no imaginário de todos os aspirantes a garanhões, para, no decorrer dos diferentes episódios, gradualmente derrubar qualquer ilusão de que, algum dia, esses mesmos homens possam ser de fato verdadeiras sex machines, irresistíveis para todas as mulheres. No máximo, você, homem, vai conseguir ser o tiozão que tenta comer todo o mundo e nunca consegue comer ninguém. Ou então, o tiozão que mal consegue acompanhar a ninfetinha na noite e que acaba apanhando dos amiguinhos dela. Ou pior: talvez você seja aquele machão que posa de seguro e autoconfiante em si mesmo, mas que não conseguiria sobreviver a um simples chifre. E, como se não fosse o bastante, ainda se recusa a procurar ajuda.
O epílogo é espetacular. Apoteótico, eu diria. Sempre que eu escuto algum muleke piranha de academia dizendo que vai viajar para Vegas (é como eles chamam Las Vegas, com intimidade) com os brother para pegar as loirinha delícia tudo na balada, eu penso no final deste filme. É como se o prólogo fosse a superfície do macho alfa, na qual ele projeta todo o seu desejo de ser um grande pegador. Mas tudo não passa de ilusão, de aparência. Basta cavar um pouco para se chegar à verdade, que é repleta de incompetência, incapacidade, insegurança e o pior: a negação de todos estes problemas. Ao longo do filme, entre os episódios maiores, temos algumas sketches que, até por conta do senso de urgência intrínseco a este formato, são mais centradas no humor e, sobretudo, mais caricatas. Estas sketches representam, a meu ver, as tentativas pueris do inconsciente do macho alfa de se convencer de que ele é, de fato, o maior pegador que existe. Por fim, chega-se ao core do machão, que é o epílogo: em outras palavras, os “desejos reprimidos”.
Mais do que emblemático, o recado é categórico: o que você, machão, GOSTARIA DE SER é o que aparece no começo do filme. Mas o que você PROVAVELMENTE É aparece no final do filme. Cuidado da próxima vez em que for para Las Vegas com os amigos.
O Grito
2.8 998 Assista AgoraÉ impressionante como Roliúde tem o dom.
O dom de estragar qualquer produção estrangeira fazendo uma refilmagem totalmente desnecessária porque o público "ocidental" tem preguiça de ler legendas.
O dom de contratar o MESMO DIRETOR que filmou a produção original e despersonalizar tanto o seu trabalho que o resultado é um filmeco de dar susto (em vez de deixar o expectador com medo, mesmo depois de o filme terminar), que tem muito mais a cara do estúdio que bancou a refilmagem do que do diretor em si.
O dom de suprimir qualquer traço de cinema autoral que o diretor estrangeiro poderia ter empregado na refilmagem, levando-o a produzir, muitas vezes contra sua própria vontade, um cinema genérico e sem sal.
Olha, parabéns, Roliúde. Você está de parabéns.
O Grito
3.0 170Medo. E não susto.
O Chamado
3.4 1,5K Assista AgoraHollywood e a necessidade de plantar continuações para manter a indústria viva. Por mim, o filme não teria seus 5 minutos finais.
G.I. Joe: Retaliação
3.0 870 Assista AgoraMorra de inveja, Michael Bay.
Versos de um Crime
3.6 666 Assista AgoraOlha... Altos cochilos, viu?
Últimos Dias
2.9 348 Assista AgoraAo som de You know you're right:
"Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaain!"
Dragonball Evolution
1.2 1,6K Assista AgoraParafraseando o meu amigo Luiz: "A luta na festa foi mais empolgante do que o combate final contra o Piccolo".
Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
2.5 810 Assista AgoraSó não sofri mais porque dormi.
O Exterminador do Futuro: A Salvação
3.3 768 Assista Agora"Eu e você já estávamos em guerra antes mesmo de existirmos."
O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas
3.1 564 Assista AgoraPor quê? Para quê?
Nut Nasceu Burro, Não Aprendeu Nada, Esqueceu A Metade
2.8 65Cinema em Casa feelings.
Oasis - There and Then
4.7 7Played with fooking passion.
Bonitinha, Mas Ordinária
2.5 189Tragédia brasileira.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraSuperestimado que só. O antídoto? 2001 - Uma Odisseia no Espaço.
MIB: Homens de Preto 3
3.5 2,0K Assista AgoraEntre um paradoxo temporal e outro, muitas cochiladas.
A Onda
4.2 1,9KFantastisch!
Paris
3.6 81Minha última namorada adorou. Eu dormi.