O pé atrás com mais um filme americano ufanista e egoísta, dessa vez, não se concretizou cem por cento. Tá certo que dos 120 minutos, metade é investida em cenas de tiroteio com certas doses de exagero por conta dos soldado protagonistas serem praticamente invencíveis. Mesmo assim, as cenas são muito boas, especialmente pelo excelente audiovisual.
A sinopse é simplória e o roteiro se resume a ida de quatro soldados americanos para longínquas montanhas afegãs em busca de um talibã cabeça. Algumas coisas dão errado e um confronto quase que interminável nos prende à tela.
A nota 6, acima de filmes que eu não suporto como The Hurt Locker, Zero Dark Thirty ou Argo veio por conta do desfecho, que surpreende um pouco mostrando laços afetivos entre "inimigos mortais", tirando aquele ar americano demasiadamente heroico às custas de vidas tidas, aparentemente, como de menor valor. O que não quer dizer que a repetição de alguns desses vícios hollywoodianos que sempre me desagradam não tenham ocorrido.
A trama de "Alemão" se inicia com a falsa impressão de um filme urbano com crítica nacional bem definida à lá "Tropa de Elite", mas estagna no drama fictício referente aos cinco policiais infiltrados protagonistas.
Nada de muito importante acontece, não há discussão de problemáticas sociais, tampouco critica política, negativa ou positiva, à questão das UPPs. A definição das personalidades dos personagens é um pouco embaçada, exceto pela de Caio Blat.
A expectativa pelo final é boa por conta de uma constante atmosfera de tensão e indefinição mas o roteiro peca por se resumir ao desfecho dos protagonistas, ignorando os fatores externos e a magnitude do contexto.
Não absorvi nada digno de reflexão mas consegui me entreter com mais um filme marginal brasileiro regular, dessa vez sem favela cenográfica.
"La Piel Que Habito" é o roteiro mais inacreditável dos quase duzentos filmes que eu ranqueei até hoje. A obra é praticamente completa, a começar pelo título. "A Pele Que Habito" sintetiza profundamente as crises entre corpo e alma que cada um pode sentir dentro de uma atmosfera completamente perturbadora, sendo evidenciada a cada enigma gradativamente desvendado ao longo dessas incansáveis duas horas. Entre questionamentos sobre a evolução da ciência, a psicopatia de um cirurgião absolutamente competente e obcecado pelas duas mulheres de sua vida, perdidas tragicamente, e diversas doses circunstanciais de insanidade à la Almodóvar, a manipulação do telespectador vai se tornando cada vez mais intensa e assombrosa, nos vidrando em cenas de drama ou suspense com pitadas homeopáticas de terror. Algumas cenas impressionam pela potência e os autores não deixam a desejar mas nada é capaz de superar a força do roteiro cru. É inacreditável a capacidade que o diretor tem de viajar pelo tempo da trama e construir uma história de complexidade ímpar conseguindo fazer com que fiquemos estupefatos na sucessão de uma cena para outra em ritmo uniforme. As reviravoltas só param quando os créditos aparecem! Como se não bastasse toda a genialidade de um desenrolar tão psicodélico, o desfecho nos brinda com questionamentos sobre os limites que estamos dispostos a ultrapassar e os sacrifícios que estamos dispostos a fazer, seja pela evolução tecnológica capaz de recriar um ser humano ou seja por uma luta pela sobrevivência capaz de conciliar corpo e mente antagônicos. Não seria exagero afirmar que a última fala tem uma conotação de súplica para a que humanidade seja enxergada de alguma maneira por trás de toda a evolução e perfeição técnica imperante. Jamais a superficialidade dessa última se sobreporá à intensidade da primeira. É, sem sombra de dúvidas, um filme imperdível!
A minha melhor experiência visual dentro de um cinema em vinte e um anos! Me senti flutuando em diversos momentos. O audiovisual é inacreditável. A história é bem simples mas a atmosfera de tensão te gruda na cadeira. O desfecho em nenhum momento me pareceu definido sob aquela máxima clichê de sempre. Sandra Bullock e George Clooney estão muitíssimo bem dentro do valor de seus personagens que, com personalidades completamente distintas, fazem das experiências de angústia um elo com os telespectadores, seja pela serenidade dele ou pela intensidade dela. Acho que não restam dúvidas quanto ao destino dos prêmios técnicos do Oscar 2014. Tudo deslumbrante. Cuarón é o meu favorito pela direção sensacional. O azar de Gravity foi cair no mesmo ano de 12 Years. Assistam em 3D e percam-se nas profundezas do universo!
Seguindo a tônica de Wolf of Wall Street, American Hustle é outro filme fraco onde o telespectador fica o tempo inteiro aguardando por uma reviravolta ou aumento de intensidade que não acontece em momento algum. O. Russell, pelo segundo ano consecutivo, não me empolgou. Nem de perto. As atuações são absolutamente modestas com ressalva para a bela caracterização de Christian Bale, que também não chega a merecer uma consagração como Best Actor. A novamente favorita ao Oscar Jennifer Lawrence, atual queridinha de Hollywood, não tem valor nenhum para o roteiro. Sua meia dúzia de cenas fáceis numa reedição da personagem "doidinha e bipolar" de Silver Linings não acrescenta em nada à história e de pouco entretém, exceto pela cena de Live and Let Die que é engraçada. No mais, a trilha sonora é de alta qualidade. 10 indicações parece piada.
Minha maior decepção nessa edição do Academy Awards. Não vi nada de Martin Scorsese, não absorvi absolutamente nada do filme, não fui provocado em momento algum, não entendi o porquê das três horas de duração e, de bom, só as atuações do Di Caprio e Jonah Hill. Concordo que o filme diverte mas eu não estava ali para isso. Ri tanto quanto em Superbad ou outro besteirol do gênero, a diferença é a magnitude de Wolf of Wall Street. Dentre tantas "histórias verídicas" adaptadas, essa é a menos interessante dos últimos tempos. Oscar pra mim só se for o de Overrated Movie.
Captain Phillips é mais um exemplo do entretenimento clichê americano apimentado por algumas doses de sensacionalismo dentro de uma atmosfera de tensão, baseada em fatos reais, é claro, com certa lentidão até o óbvio final feliz. O fato de tudo ocorrer dentro de um navio me agradou, já que a questão dos piratas modernos jamais esteve na minha realidade. É claro que um filme cujo protagonista é ninguém menos que Tom Hanks jamais poderia ser ignorado. Sua atuação é bem normal, já que o personagem não permitia muito, mas os últimos quinze minutos são dignos do tamanho desse gênio. Mesmo assim, o resultado final não é nada de extraordinário. Como odiei o último vencedor do Oscar de Melhor Filme, eu diria que Capitão Phillips seria um Argo melhorado, sendo a embaixada o navio e o personagem do Ben Affleck o do Tom Hanks. Pra uma Tela Quente está de bom tamanho...
Mais um leve e agradável exemplar de drama "baseado em uma história real" do Oscar 2014. Um filme sensível moldado por fatos incríveis. Em nenhum momento o seu curso é desviado ou a personalidade de seus protagonistas se embaça. As surpresas vão acontecendo em momentos pontuais e a química de Martin e Philomena só aumenta. O confronto entre uma velhinha convicta e um jornalista ateu bem sucedido no âmbito dos dogmas religiosos não fica exagerado em nenhum momento. A questão da homossexualidade também é abordada com absoluta leveza e naturalidade. A cena final alcança a plenitude da essência dos noventa e oito minutos. Um exemplo de roteiro simples e despretensioso que, tendo seus pilares em uma incrível história de vida além de ser guiado por ótimas atuações, atinge um ótimo resultado nas telonas. Possivelmente a minha quarta opção nessa escala de nove filmes candidatos à Best Picture.
Chiwetel Ejiofor brilhante, Lupita Nyong'o brilhante. Michael Fassbender impecável. Roteiro perfeito. Um cru inacreditável capaz de fazer cada cena se tornar antológica. Best Picture digníssimo!
Pecuinhas históricas norte americanas (Norte vs Sul) à parte, não percebi muitos exageros nas personalidades dos homens brancos do norte e do sul. Me pareceu tudo muito plausível dentro daquele contexto. Gostei do desenrolar da vida do protagonista até o filme começar a acontecer e, por mais lastimável que possa ser, acreditei na veracidade de grande parte da adaptação desse roteiro.
Há tempos, nada me impactou tanto quanto a cena de Solomon enforcado. Foram alguns minutos angustiantes de frente para um ser humano agonizando numa árvore, sobrevivendo com as pontas dos pés no chão, onde só se ouvia a respiração ofegante, o ranger da corda e o contato do pé com a lama. É absolutamente corrosivo e impactante, mas é impossível de virar o rosto. A cena é absurda e esfrega na nossa cara uma realidade de pouco mais de cem anos, nos levando até a última gota de crueldade que pode haver dentro de um homem. Tudo numa realidade muitíssimo próxima, o que assusta ainda mais.
E o que dizer do estupro da escrava? Das chibatadas que Solomon foi obrigado a dar na escrava personagem de Nyong'o por conta de um pedaço de sabão? Da enrolada de Solomon no personagem de Fassbender depois da "traição" do x9 da carta? Das frases de efeito? Dos diálogos? Tudo em perfeita sincronia.
Os cento e trinta e cinco minutos não me cansaram em um só segundo, o que nem de perto significa que trata-se de um filme fácil. A mistura de sensações ruins te afogam do início ao fim e, entre incredulidade e esperança, um desfecho vai paulatinamente surgindo.
Como se não bastasse, nos deparamos com a última cena, onde Solomon reencontra a família após os seus 'doze anos de escravidão' e não consegue fazer nada além de chorar e pedir desculpas, como se coubesse a ele pedir desculpas por alguma coisa.
O clímax fica para o último momento, onde ele é apresentado a seu neto, também batizado de Solomon. É sublime! As últimas lágrimas caíram do meu rosto dando lugar às palmas dentro do cinema (fato que eu não vivenciava há tempos).
Dallas Buyers Club impressiona pelo vigor de Mattew McConaughey e Jared Leto, indo muito além dos tão repercutidos quilos que os atores tiveram que perder para encarnar os fenomenais aidéticos Ron e Rayon, nos contemplando com dois personagens de magnitudes distintas e resultados expressivos. Já adianto que são os meus favoritos para os Oscars de Best Actor e Best Supporting Actor.
Eu concordo que o filme seja um drama mas nem de perto a sua intenção foi nos fazer debulhar em lágrimas em face de personagens sofridos ou de um desfecho dolorosamente impactante. A dosagem entra as cenas de desespero e impotência frente a uma doença altamente destrutiva e pouco conhecida na época e a tentativa incessante de correr todos os riscos por um dia a mais de vida, criaram um clima de luta sem agonia do início ao fim, o que me agradou.
Além das atuações e da história central, o filme prende pelo seu leque de contestações. O vírus HIV e o estilo de vida dos protagonistas servem apenas de intercessão entre abordagens no âmbito da homofobia, críticas severas à indústria farmacêutica e às contrariedades de certas ações do sistema judiciário americano.
Para entrar na minha lista de favoritos, achei que faltou alguma cena de maior impacto ou alguma reviravolta diferente do curso. Foi tudo muito "mais do mesmo", o que não tira os méritos desse bom roteiro.
No final das contas, o cowboy cabra macho ser posto contra a parede por um travesti, tendo que agir de mãos dadas em prol de seus próprios destinos, pode servir de lição para muita gente.
Certamente esse é um dos filmes mais incomuns dos últimos tempos. Nessa atmosfera, a restrição e a dificuldade de argumentação aumentam, mas não custa tentar. Então vamos por partes.
Concordo cem por cento que, como Roteiro Original, Her é forte. Também concordo com os amantes do filme que a amplitude de seu roteiro o torna bastante interessante no que diz respeito as fases de um relacionamento, independente do tom de ficção do filme, por se utilizar de crises existenciais de qualquer casal dentro de uma atmosfera futurística (nem tanto assim) para questionar o nosso presente, sendo essa crítica final (a no âmbito dos nossos atuais "casamentos" com iPads, iTouchs e iPhones) o que de melhor eu pude absorver.
Eis então que surge o maior problema do filme: o seu ritmo. Sinceramente, em sua segunda metade, obviamente depois da aparição relâmpago da maravilhosa Olivia Wilde (rs), eu comecei a ficar de saco cheio. Não aguentava mais a voz forçadamente meiga da Scarlett Johansson em diálogos intermináveis com o solitário Joaquin Phoenix em cena (visualmente), sem contar que, em dado momento, começou a me parecer óbvio o desfecho dos IOS. Eis então que o filme parou de render para mim.
Li mais de dez críticas à respeito e todas foram extremamente positivas. Uma ou duas pessoas se desgastaram como eu. Não sei se revendo o filme algo possa ser absorvido de maneira diferente mas, infelizmente, Her não funcionou comigo dessa vez, tanto é que a personagem que mais me agradou foi a Catherine (Rooney Mara), justamente a pessoa mais próxima da racionalidade dentro da minha realidade atual.
Ps: o bonequinho virtual mal educado foi o clímax, rs.
Sob os meus olhos, Nebraska filme teve dois segredos: a magnífica fotografia e a delicadeza genuína dos personagens, cada um dentro de suas peculiaridades.
Ao contrário de muitos outros filmes em preto e branco, o contexto de Nebraska é atual e o audiovisual tem como intuito aflorar a sensibilidade das belíssimas imagens do longa, seja em momentos de reflexão com paisagens profundas e praticamente estáticas ou nas incessantes caminhadas (literalmente) do protagonista em busca de seu maior desejo.
Em nenhum momento o cenário de melancolia ultrapassa a barreira do agradável, e as belíssimas atuações de Bruce Dern e June Squibb conseguem cativar totalmente o telespectador inclusive nos momentos de exagero, seja pro "8" de Woody ou pro "80" de Kate.
Will Forte atuando como David Grant também não deixa a desejar em seu co-protagonismo. A imagem inicial de filho omisso se transforma no fiel escudeiro de seu pai, alternando momentos de crise de consciência e lealdade total.
O desfecho é o melhor imaginável dentro da obra. Poucos conseguiriam unir diferentes tipos de sentimento com tamanha coesão como fez Alexander Payne.
>SPOILLER< {Quando a atendente da agência pergunta ao filho de Woody se ele sofria de Alzheimer e a resposta dada é "Não. Ele apenas acredita no que as pessoas dizem para ele.", uma overdose de emoções tomou conta de mim e nada mais poderia diminuir a beleza desse roteiro.}
Para quem foi ao cinema com medo de chegar em casa destruído após um novo filme de "velhinhos" à la "Amour", Nebraska conseguiu me surpreender positivamente, se tornando, sem qualquer exagero, o melhor filme cult do ano!
O Grande Herói
3.8 471 Assista AgoraO pé atrás com mais um filme americano ufanista e egoísta, dessa vez, não se concretizou cem por cento. Tá certo que dos 120 minutos, metade é investida em cenas de tiroteio com certas doses de exagero por conta dos soldado protagonistas serem praticamente invencíveis. Mesmo assim, as cenas são muito boas, especialmente pelo excelente audiovisual.
A sinopse é simplória e o roteiro se resume a ida de quatro soldados americanos para longínquas montanhas afegãs em busca de um talibã cabeça. Algumas coisas dão errado e um confronto quase que interminável nos prende à tela.
A nota 6, acima de filmes que eu não suporto como The Hurt Locker, Zero Dark Thirty ou Argo veio por conta do desfecho, que surpreende um pouco mostrando laços afetivos entre "inimigos mortais", tirando aquele ar americano demasiadamente heroico às custas de vidas tidas, aparentemente, como de menor valor. O que não quer dizer que a repetição de alguns desses vícios hollywoodianos que sempre me desagradam não tenham ocorrido.
Típico filme de "Tela Quente".
Alemão
2.8 380A trama de "Alemão" se inicia com a falsa impressão de um filme urbano com crítica nacional bem definida à lá "Tropa de Elite", mas estagna no drama fictício referente aos cinco policiais infiltrados protagonistas.
Nada de muito importante acontece, não há discussão de problemáticas sociais, tampouco critica política, negativa ou positiva, à questão das UPPs. A definição das personalidades dos personagens é um pouco embaçada, exceto pela de Caio Blat.
A expectativa pelo final é boa por conta de uma constante atmosfera de tensão e indefinição mas o roteiro peca por se resumir ao desfecho dos protagonistas, ignorando os fatores externos e a magnitude do contexto.
Não absorvi nada digno de reflexão mas consegui me entreter com mais um filme marginal brasileiro regular, dessa vez sem favela cenográfica.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista Agora"La Piel Que Habito" é o roteiro mais inacreditável dos quase duzentos filmes que eu ranqueei até hoje. A obra é praticamente completa, a começar pelo título. "A Pele Que Habito" sintetiza profundamente as crises entre corpo e alma que cada um pode sentir dentro de uma atmosfera completamente perturbadora, sendo evidenciada a cada enigma gradativamente desvendado ao longo dessas incansáveis duas horas.
Entre questionamentos sobre a evolução da ciência, a psicopatia de um cirurgião absolutamente competente e obcecado pelas duas mulheres de sua vida, perdidas tragicamente, e diversas doses circunstanciais de insanidade à la Almodóvar, a manipulação do telespectador vai se tornando cada vez mais intensa e assombrosa, nos vidrando em cenas de drama ou suspense com pitadas homeopáticas de terror.
Algumas cenas impressionam pela potência e os autores não deixam a desejar mas nada é capaz de superar a força do roteiro cru.
É inacreditável a capacidade que o diretor tem de viajar pelo tempo da trama e construir uma história de complexidade ímpar conseguindo fazer com que fiquemos estupefatos na sucessão de uma cena para outra em ritmo uniforme. As reviravoltas só param quando os créditos aparecem!
Como se não bastasse toda a genialidade de um desenrolar tão psicodélico, o desfecho nos brinda com questionamentos sobre os limites que estamos dispostos a ultrapassar e os sacrifícios que estamos dispostos a fazer, seja pela evolução tecnológica capaz de recriar um ser humano ou seja por uma luta pela sobrevivência capaz de conciliar corpo e mente antagônicos.
Não seria exagero afirmar que a última fala tem uma conotação de súplica para a que humanidade seja enxergada de alguma maneira por trás de toda a evolução e perfeição técnica imperante. Jamais a superficialidade dessa última se sobreporá à intensidade da primeira.
É, sem sombra de dúvidas, um filme imperdível!
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraA minha melhor experiência visual dentro de um cinema em vinte e um anos! Me senti flutuando em diversos momentos. O audiovisual é inacreditável. A história é bem simples mas a atmosfera de tensão te gruda na cadeira. O desfecho em nenhum momento me pareceu definido sob aquela máxima clichê de sempre. Sandra Bullock e George Clooney estão muitíssimo bem dentro do valor de seus personagens que, com personalidades completamente distintas, fazem das experiências de angústia um elo com os telespectadores, seja pela serenidade dele ou pela intensidade dela. Acho que não restam dúvidas quanto ao destino dos prêmios técnicos do Oscar 2014. Tudo deslumbrante. Cuarón é o meu favorito pela direção sensacional. O azar de Gravity foi cair no mesmo ano de 12 Years. Assistam em 3D e percam-se nas profundezas do universo!
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraSeguindo a tônica de Wolf of Wall Street, American Hustle é outro filme fraco onde o telespectador fica o tempo inteiro aguardando por uma reviravolta ou aumento de intensidade que não acontece em momento algum. O. Russell, pelo segundo ano consecutivo, não me empolgou. Nem de perto. As atuações são absolutamente modestas com ressalva para a bela caracterização de Christian Bale, que também não chega a merecer uma consagração como Best Actor. A novamente favorita ao Oscar Jennifer Lawrence, atual queridinha de Hollywood, não tem valor nenhum para o roteiro. Sua meia dúzia de cenas fáceis numa reedição da personagem "doidinha e bipolar" de Silver Linings não acrescenta em nada à história e de pouco entretém, exceto pela cena de Live and Let Die que é engraçada. No mais, a trilha sonora é de alta qualidade. 10 indicações parece piada.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraMinha maior decepção nessa edição do Academy Awards. Não vi nada de Martin Scorsese, não absorvi absolutamente nada do filme, não fui provocado em momento algum, não entendi o porquê das três horas de duração e, de bom, só as atuações do Di Caprio e Jonah Hill. Concordo que o filme diverte mas eu não estava ali para isso. Ri tanto quanto em Superbad ou outro besteirol do gênero, a diferença é a magnitude de Wolf of Wall Street. Dentre tantas "histórias verídicas" adaptadas, essa é a menos interessante dos últimos tempos. Oscar pra mim só se for o de Overrated Movie.
Capitão Phillips
4.0 1,6K Assista AgoraCaptain Phillips é mais um exemplo do entretenimento clichê americano apimentado por algumas doses de sensacionalismo dentro de uma atmosfera de tensão, baseada em fatos reais, é claro, com certa lentidão até o óbvio final feliz. O fato de tudo ocorrer dentro de um navio me agradou, já que a questão dos piratas modernos jamais esteve na minha realidade. É claro que um filme cujo protagonista é ninguém menos que Tom Hanks jamais poderia ser ignorado. Sua atuação é bem normal, já que o personagem não permitia muito, mas os últimos quinze minutos são dignos do tamanho desse gênio. Mesmo assim, o resultado final não é nada de extraordinário. Como odiei o último vencedor do Oscar de Melhor Filme, eu diria que Capitão Phillips seria um Argo melhorado, sendo a embaixada o navio e o personagem do Ben Affleck o do Tom Hanks. Pra uma Tela Quente está de bom tamanho...
Philomena
4.0 920 Assista AgoraMais um leve e agradável exemplar de drama "baseado em uma história real" do Oscar 2014. Um filme sensível moldado por fatos incríveis. Em nenhum momento o seu curso é desviado ou a personalidade de seus protagonistas se embaça. As surpresas vão acontecendo em momentos pontuais e a química de Martin e Philomena só aumenta. O confronto entre uma velhinha convicta e um jornalista ateu bem sucedido no âmbito dos dogmas religiosos não fica exagerado em nenhum momento. A questão da homossexualidade também é abordada com absoluta leveza e naturalidade. A cena final alcança a plenitude da essência dos noventa e oito minutos. Um exemplo de roteiro simples e despretensioso que, tendo seus pilares em uma incrível história de vida além de ser guiado por ótimas atuações, atinge um ótimo resultado nas telonas. Possivelmente a minha quarta opção nessa escala de nove filmes candidatos à Best Picture.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KChiwetel Ejiofor brilhante, Lupita Nyong'o brilhante. Michael Fassbender impecável. Roteiro perfeito. Um cru inacreditável capaz de fazer cada cena se tornar antológica. Best Picture digníssimo!
Pecuinhas históricas norte americanas (Norte vs Sul) à parte, não percebi muitos exageros nas personalidades dos homens brancos do norte e do sul. Me pareceu tudo muito plausível dentro daquele contexto. Gostei do desenrolar da vida do protagonista até o filme começar a acontecer e, por mais lastimável que possa ser, acreditei na veracidade de grande parte da adaptação desse roteiro.
Há tempos, nada me impactou tanto quanto a cena de Solomon enforcado. Foram alguns minutos angustiantes de frente para um ser humano agonizando numa árvore, sobrevivendo com as pontas dos pés no chão, onde só se ouvia a respiração ofegante, o ranger da corda e o contato do pé com a lama. É absolutamente corrosivo e impactante, mas é impossível de virar o rosto. A cena é absurda e esfrega na nossa cara uma realidade de pouco mais de cem anos, nos levando até a última gota de crueldade que pode haver dentro de um homem. Tudo numa realidade muitíssimo próxima, o que assusta ainda mais.
E o que dizer do estupro da escrava? Das chibatadas que Solomon foi obrigado a dar na escrava personagem de Nyong'o por conta de um pedaço de sabão? Da enrolada de Solomon no personagem de Fassbender depois da "traição" do x9 da carta? Das frases de efeito? Dos diálogos? Tudo em perfeita sincronia.
Os cento e trinta e cinco minutos não me cansaram em um só segundo, o que nem de perto significa que trata-se de um filme fácil. A mistura de sensações ruins te afogam do início ao fim e, entre incredulidade e esperança, um desfecho vai paulatinamente surgindo.
Como se não bastasse, nos deparamos com a última cena, onde Solomon reencontra a família após os seus 'doze anos de escravidão' e não consegue fazer nada além de chorar e pedir desculpas, como se coubesse a ele pedir desculpas por alguma coisa.
O clímax fica para o último momento, onde ele é apresentado a seu neto, também batizado de Solomon. É sublime! As últimas lágrimas caíram do meu rosto dando lugar às palmas dentro do cinema (fato que eu não vivenciava há tempos).
O MELHOR FILME DO ANO!
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista AgoraDallas Buyers Club impressiona pelo vigor de Mattew McConaughey e Jared Leto, indo muito além dos tão repercutidos quilos que os atores tiveram que perder para encarnar os fenomenais aidéticos Ron e Rayon, nos contemplando com dois personagens de magnitudes distintas e resultados expressivos. Já adianto que são os meus favoritos para os Oscars de Best Actor e Best Supporting Actor.
Eu concordo que o filme seja um drama mas nem de perto a sua intenção foi nos fazer debulhar em lágrimas em face de personagens sofridos ou de um desfecho dolorosamente impactante. A dosagem entra as cenas de desespero e impotência frente a uma doença altamente destrutiva e pouco conhecida na época e a tentativa incessante de correr todos os riscos por um dia a mais de vida, criaram um clima de luta sem agonia do início ao fim, o que me agradou.
Além das atuações e da história central, o filme prende pelo seu leque de contestações. O vírus HIV e o estilo de vida dos protagonistas servem apenas de intercessão entre abordagens no âmbito da homofobia, críticas severas à indústria farmacêutica e às contrariedades de certas ações do sistema judiciário americano.
Para entrar na minha lista de favoritos, achei que faltou alguma cena de maior impacto ou alguma reviravolta diferente do curso. Foi tudo muito "mais do mesmo", o que não tira os méritos desse bom roteiro.
No final das contas, o cowboy cabra macho ser posto contra a parede por um travesti, tendo que agir de mãos dadas em prol de seus próprios destinos, pode servir de lição para muita gente.
Ela
4.2 5,8K Assista AgoraCertamente esse é um dos filmes mais incomuns dos últimos tempos. Nessa atmosfera, a restrição e a dificuldade de argumentação aumentam, mas não custa tentar. Então vamos por partes.
Concordo cem por cento que, como Roteiro Original, Her é forte. Também concordo com os amantes do filme que a amplitude de seu roteiro o torna bastante interessante no que diz respeito as fases de um relacionamento, independente do tom de ficção do filme, por se utilizar de crises existenciais de qualquer casal dentro de uma atmosfera futurística (nem tanto assim) para questionar o nosso presente, sendo essa crítica final (a no âmbito dos nossos atuais "casamentos" com iPads, iTouchs e iPhones) o que de melhor eu pude absorver.
Eis então que surge o maior problema do filme: o seu ritmo. Sinceramente, em sua segunda metade, obviamente depois da aparição relâmpago da maravilhosa Olivia Wilde (rs), eu comecei a ficar de saco cheio. Não aguentava mais a voz forçadamente meiga da Scarlett Johansson em diálogos intermináveis com o solitário Joaquin Phoenix em cena (visualmente), sem contar que, em dado momento, começou a me parecer óbvio o desfecho dos IOS. Eis então que o filme parou de render para mim.
Li mais de dez críticas à respeito e todas foram extremamente positivas. Uma ou duas pessoas se desgastaram como eu. Não sei se revendo o filme algo possa ser absorvido de maneira diferente mas, infelizmente, Her não funcionou comigo dessa vez, tanto é que a personagem que mais me agradou foi a Catherine (Rooney Mara), justamente a pessoa mais próxima da racionalidade dentro da minha realidade atual.
Ps: o bonequinho virtual mal educado foi o clímax, rs.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraSob os meus olhos, Nebraska filme teve dois segredos: a magnífica fotografia e a delicadeza genuína dos personagens, cada um dentro de suas peculiaridades.
Ao contrário de muitos outros filmes em preto e branco, o contexto de Nebraska é atual e o audiovisual tem como intuito aflorar a sensibilidade das belíssimas imagens do longa, seja em momentos de reflexão com paisagens profundas e praticamente estáticas ou nas incessantes caminhadas (literalmente) do protagonista em busca de seu maior desejo.
Em nenhum momento o cenário de melancolia ultrapassa a barreira do agradável, e as belíssimas atuações de Bruce Dern e June Squibb conseguem cativar totalmente o telespectador inclusive nos momentos de exagero, seja pro "8" de Woody ou pro "80" de Kate.
Will Forte atuando como David Grant também não deixa a desejar em seu co-protagonismo. A imagem inicial de filho omisso se transforma no fiel escudeiro de seu pai, alternando momentos de crise de consciência e lealdade total.
O desfecho é o melhor imaginável dentro da obra. Poucos conseguiriam unir diferentes tipos de sentimento com tamanha coesão como fez Alexander Payne.
>SPOILLER< {Quando a atendente da agência pergunta ao filho de Woody se ele sofria de Alzheimer e a resposta dada é "Não. Ele apenas acredita no que as pessoas dizem para ele.", uma overdose de emoções tomou conta de mim e nada mais poderia diminuir a beleza desse roteiro.}
Para quem foi ao cinema com medo de chegar em casa destruído após um novo filme de "velhinhos" à la "Amour", Nebraska conseguiu me surpreender positivamente, se tornando, sem qualquer exagero, o melhor filme cult do ano!