Crash faz comentários pertinentes sobre fetiches e a relação humana com automóveis, mas acima de tudo mostra a capacidade do diretor em criar uma atmosfera única em seus filmes.
Falar de um dos grupos mais importantes do rap brasileiro e mundial não é uma tarefa fácil, talvez por esse motivo este documentário esteja sendo lançado somente em 2022, 34 anos depois do nascimento dos Racionais.
"Das Ruas de São Paulo Pro Mundo" traz os acontecimentos mais marcantes dessa história, narrando desde o encontro dos 4 integrantes até os dias atuais. Conduzido pelo lançamento dos 4 álbuns de estúdios lançados até hoje, o filme traz diversas imagens de arquivo dos anos 80 e 90, que impressionam ao mostrar o registro de centenas de adolescentes e crianças cantando as letras de mais de 6 minutos do disco "O Raio X do Brasil" nas periferias de São Paulo.
O documentário menciona a trajetória de vida de cada integrante e pincela os elementos mais essenciais do grupo. Os bailes das periferias paulistas, a gravadora Zimbabwe, o envolvimento com a religião, os artistas que foram apadrinhados e a rivalidade com a polícia. Querer abordar tudo isso e ainda tentar resumir a importância desse grupo de rap em 1 hora e 56 minutos é um trabalho complexo, por isso ressalto o ótimo desempenho de Washington Deoli e Yuri Amaral na montagem.
Na segunda metade do filme, que conta os acontecimentos seguintes ao lançamento de "Nada Como Um Dia Após O Outro Dia", a força construída na primeira 1 hora se desvai e o legado do grupo é tratado com pressa e sem muita profundidade. Muitos detalhes ficam de fora, como por exemplo o personagem "Guina", a criação da produtora Boogie Naipe, a relação com a mídia, entre outros. O sentimento que toma o filme a partir desse momento é que estamos assistindo mais um documentário da Netflix, mas não uma obra que investiga a importância da união de Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock para o Brasil e a luta antirracista.
Para abordar esses 34 anos, seria mais justo que "Das Ruas de São Paulo Pro Mundo" fosse uma série documental, com um assunto sendo o foco de cada episódio. Os Racionais não são apenas um grupo de rap importante, mas também são 4 pessoas que enraizaram na cultura brasileira uma nova forma de olhar pra periferia e se relacionar com o público. Como bem lembrado em um dos depoimentos do filme, muitas pessoas falam que os Racionais mudaram suas vidas - por isso, o documentário merecia uma conclusão mais grandiosa.
Em Malmkrog, Cristi Puiu supervaloriza a obra de Vladimir Solovyov em detrimento da linguagem cinematográfica e produz um filme com mais de 3 horas de duração que nem os defensores de filmes longos serão capazes de argumentar a favor.
Apesar das belas composições visuais formadas pelo posicionamento estático e harmônico dos atores em grande parte das cenas, elas apenas contribuem para as falhas do filme. A direção parece tentar ser tão fiel ao texto que esquece de ser inventiva, beirando ao comodismo. 60% das cenas são compostas por planos abertos e gerais, com os atores se movimentando de forma milimetricamente calculada, fazendo com que o cenário pareça um palco de teatro com lugares marcados no chão. Essa mise-en-scène, apesar de bem pensada, apenas contribui para o afastamento do público com os personagens, tornando a sessão ainda mais torturante.
Os personagens discutem incansavelmente sobre assuntos relacionados à guerra, morte, religião, cultura, entre outros. São temas que certamente não irão interessar a todos, mas até mesmo os aspirantes à filósofos deverão sentir uma certa dificuldade em conseguir acompanhar as discussões. Embora o texto seja impressionante, as atuações neste filme se resumem em longos diálogos, algumas risadas e sorrisos irônicos. Por mais que os personagens estejam comprometidos a defender seus pontos de vista, falta personalidade, expressão e humanidade neles. São intelectuais da alta-classe europeia retratados da forma mais clichê possível: mãos para trás, taças e uma seriedade entediante.
É um equívoco tremendo comparar este filme a qualquer obra de Bergman. Malmkrog não transmite sentimento algum, além da disputa intelectual entre 5 pessoas - o que é muito diferente das películas do diretor sueco. Em alguns momentos é até possível ver os atores desviando os olhares entre si, provavelmente na tentativa de focar em algo para não esquecer sua próxima fala. Portanto, nem mesmo o maior triunfo do filme - os atores - estão isentos de problemas.
Apesar de ser um filme que carrega características intrinsicamente europeias, não consigo considerar uma obra referência deste continente. A Europa é muito mais interessante do que Malmkrog.
Divertido, tenso e eficiente no que se propõe. A única coisa que não funciona é a atuação cheia de maneirismos da protagonista, que acaba destoando do ótimo trabalho dos demais atores. Esse filme me fez pensar em Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, porém sem o carisma e a loucura atraente de Pepa - ausência essa que acabou me deixando menos engajada em Shiva Baby. Danielle é intrigante, mas os demais naquela casa acabam tirando seu brilho devido à tanta excentricidade. O filme ainda tem uma cena completamente desnecessária que entra em um território irrelevante para essa narrativa, mas de qualquer forma estou anotando o nome dessa diretora, um ótimo primeiro longa-metragem e uma direção que promete excelentes filmes no futuro.
Um filme que surpreende a cada minuto, fazendo com que todas as suposições sobre a trama sejam feitas em vão. O suspense é enigmático e aflige do começo ao fim. A direção é muito inteligente e as atuações impecáveis. Os olhares, gestos e diálogos entregam entrelinhas a índole dos personagens, e tudo é feito com muita maestria. É preciso estar atento a cada detalhe, cada objeto, cada respiro. O último ato é repleto de um erotismo sutil que parece nos encaminhar para algo que é completamente subvertido nos minutos finais. Jane Campion da uma aula de direção aqui, conduzindo com excelência a atenção do espectador. A conclusão, apesar de bastante inesperada, infelizmente não acompanha a grandeza do restante do filme, o que acaba o tornando menos impactante. As nuances dos personagens são construídas com tanta qualidade que o final acaba sendo decepcionante. Quando subiram os créditos levantei do sofá completamente perplexa, e apesar de ter me decepcionado, The Power of the Dog é uma experiência e tanta.
Uma sequência de eventos inesperados com personagens que esbanjam carisma. É divertido, tem as tradicionais cores e fotografia quentes dos filmes do Almodóvar, e um final comovente. Os atores se encaixam perfeitamente nos papéis e a direção é extremamente eficiente, não deixando com que a trama perca o fôlego em nenhum momento. Terminei o filme já querendo assisti-lo outras vezes.
O filme me fez dar algumas risadas sinceras e os detalhes sutis dos protagonistas são mostrados pelo filme de forma graciosa, porém não foram suficientes pra me tocar. Me senti o tempo todo distante demais dos personagens. As atuações são boas e a cinematografia também, mas é um filme sem muitos destaques. Uma comédia romântica sobre casamento com um humor que não irá agradar a todos.
Qualquer fã da banda ou conhecedor da música pop do século passado poderia se perguntar "Como irão produzir um documentário sobre o Velvet Undeground com tão poucas imagens de arquivo disponíveis?". E aqui temos a excelente resposta de Todd Haynes.
Com uma montagem de brilhar os olhos, uso de imagens até então pouco conhecidas - e outras mais familiares -, e uma edição que tenta traduzir a complexidade imagética que compreende o Velvet Underground, o documentário é um deleite para qualquer telespectador.
A escolha criativa de usar as entrevistas gravadas apenas como uma narração de fundo para as imagens e vozes dos integrantes da banda é muito eficiente. O filme cria uma atmosfera que se assemelha à cena artística das ruas de Nova York dos anos 60 onde essas figuras perambulavam - e nós somos transportados para ela.
Aqui temos a oportunidade de conhecer mais a fundo as mentes que estavam por trás desse projeto, em especial as de Lou Reed e John Cale. Assim como somos apresentados aos artistas que fizeram parte do nascimento da banda e foram de grande importância para os músicos, que depois se completaram com a chegada de Maureen, Sterling, Andy, Nico, entre outros.
Senti falta de algumas questões no documentário, como a influência da banda em outros artistas que surgiram com o tempo. O filme é acelerado no último ato e mostra sem muitos detalhes o que aconteceu após a saída de Lou Reed. Talvez não seja possível concentrar em um único filme toda a importância desse acontecimento que foi o Velvet Underground, mas sem dúvidas temos aqui uma obra cinematográfica que exprime as raízes, a excentricidade e essência do que esse grupo de pessoas foi capaz de criar.
Apesar de ter aspectos funcionais como as atuações, a fotografia e o design de produção, o filme tem muitos problemas. Começa forte e com potencial, mas as más escolhas do roteiro acabam fazendo com que se perca totalmente.
Gostei da escolha de explorar alguns aspectos mais íntimos do guerrilheiro ao invés de apenas pontuar suas ações dentro do contexto militante. Isso acaba dando um toque bastante poético e dramático ao filme, o que não é ruim, mas em alguns momentos passa do ponto.
Ao meu ver foi um erro terem intitulado o filme como "Marighella" e o vendido como uma cinebiografia, pois é muito mais uma obra sentimental sobre um grupo de pessoas que abriram mão de suas vidas por uma causa do que a história dele. O que não seria um problema se essa fosse a proposta apresentada, porém não foi o caso.
O recorte de tempo é coeso, mas deixa um sentimento de que faltam informações e detalhes importantes dessa história. São tantas subtramas que o filme não consegue se aprofundar em nenhuma. Por mais interessantes e calorosos que sejam os personagens secundários, não conseguimos conhecer suas verdadeiras motivações, nem mesmo suas trajetórias até ali.
O personagem do Bruno Gagliasso se destoa completamente do resto e não é culpa de sua atuação, mas sim do próprio roteiro. As falas e os momentos dele são muito caricatos, sem mencionar uma cena dele com um personagem americano que é no mínimo patética.
O último ato é bem trágico e violento, contando com cenas que arrancam lágrimas dos olhos - isso me fez criar expectativas para um final esperançoso. Wagner Moura teve a oportunidade de encerra-lo da melhor forma no momento em que enquadra o rosto de Marighella segundos antes de sua morte, mas infelizmente destrói tudo incluindo 5 ou 6 cenas posteriores que não acrescentam em nada na trama. Sem mencionar a cena da cantoria exacerbada do hino nacional que ficou vergonhosa.
Esse com certeza não é o filme definitivo sobre a vida do grande Marighella, mas é uma obra importante e deve ser assistida. Ressalto as ótimas atuações de Seu Jorge, Guilherme Ferraz e Humberto Carrão que estavam completamente entregues, além da direção de Wagner Moura. Sem dúvidas tem um grande futuro como diretor pela frente. Bravo!
Precisaria de muito mais desenvolvimento pra ser bom. Personagens fracos, enredo fraco e plot fraco. Parece que o roteiro foi escrito às pressas, tem muitos furos e não é cativante.
Tinha muito potencial, mas é um filme vazio. O contexto é perfeitamente entendível, mas não é tocante. Os personagens são colocados de forma tão superficial que não se cria afeição. 2,5 estrelas pelas boas atuações e pela cena final que é reconfortante.
Registro singelo de um lugar e um tempo através das vivencias reais de seus "personagens". Fiquei me perguntando como a Rede Globo teve coragem de não incluir Debora no elenco do Big Brother Brasil. Me admiro com a qualidade dos documentários nacionais. E cada vez mais encantada pelo cinema de Gabriel Mascaro.
Baby Driver é um bom filme, porque não se leva a sério. Em termos de produção é excelente, mas o roteiro é bem sessão da tarde, com alguns momentos que chegam a ser toscos demais. Felizmente, o filme não tenta te convencer do que não é. A maior qualidade de Baby Driver é que, a edição, juntamente da ótima trilha sonora e planos coreografados, fazem o filme parecer um grande videoclipe muito bem dirigido. Assista sem esperar muito e terá uma boa sessão.
O maior defeito desse documentário é ter só 1 hora e 23 minutos de duração. Impossível não se apaixonar pela história da banda e os integrantes. Gosto da forma como o próprio documentário não faz questão de coloca-los como deuses, já que eles mesmos tentaram fugir do rótulo. Mas é inegável a grandiosidade do Grateful Dead, que se torna ainda maior ao conhecer um pouco da intimidade deles. O legado da banda continua vivo e respirando muito bem, especialmente em Bob Weir, esse cara é especial.
Um filme que fala sobre amores, escolhas e perdas, com bastante realismo - e nenhuma delicadeza. Sem dúvidas um grande desempenho de Iñárritu na direção, conduzindo as câmeras em ótimo encontro com a narrativa. As conexões entre enredos também são muito bem estruturadas e sutis, assim como as atuações, que são excelentes.
A maior originalidade do filme talvez seja as relações entre os cachorros e personagens, pois apesar de inicialmente não parecerem, ela são fundamentais para compreender as camadas de cada história.
Mas é preciso comentar sobre as cenas de violências entre animais. Elas são bem gráficas e difíceis de assistir, sem acrescentar na narrativa. As cenas poderiam ser menores e menos explicitas, e ainda sim teriam a mesma intensidade. O que me leva a pensar que o maior problema do filme seja sua duração, pois apesar da eficiente divisão de atos, ainda é muito longo.
Amores Perros é um bom filme, que mostra histórias duramente trágicas, mas surpreende trazendo um leve sopro de esperança na cena final.
Spotlight não é o tipo de filme que encanta pelos aspectos técnicos, mas sim pela história que está sendo contada. Sem grandes momentos de destaque, o filme vai lentamente nos intrigando sobre essa história que, sem sombra de dúvidas, precisava ser contada.
A escolha do roteirista e do diretor em tornar os personagens secundários em relação a história em si, só engrandece mais o filme. As ótimas atuações (com destaque para Mark Ruffalo) contribuem para a criação de uma atmosfera naturalista, onde os personagens são apenas peças do grande quebra cabeça que está sendo montado. As cores opacas e os tons acinzentados da fotografia também contribuem para nos inserir dentro da realidade de uma Boston repleta de crimes e abusadores acobertados.
Apesar de todos os pontos positivos, não deixei de sentir falta de um maior desenvolvimento dos personagens no filme. Em certos momentos me vi desconectada da história, perdida entre as muitas informações que são contadas ao público; enquanto previa o próximo acontecimento da investigação. Mas mesmo assim, Spotlight não deixa de ser um filme necessário, que conta a verdade que muitos (ainda) fingem não ver: a Igreja Católica é suja e está repleta de criminosos. Vale a pena pela informação.
O filme é competente, mas tem seus problemas. A direção de arte é boa, o figurino e os objetos em cena, juntamente com a fotografia e a trilha sonora, constroem um ar oitentista que funciona muito bem. Porém, as más atuações, os diálogos fracos e a falta de profundidade do roteiro na protagonista em questão de outros personagens afetam bastante o andamento do filme. No final das contas, "Califórnia" tenta falar sobre vários assuntos, mas não tem quase nada a dizer. É um filme simples e nostálgico, que certamente irá agradar os que viveram nos anos 80, mas que deixa muito a desejar.
Fazia um bom tempo que um filme não me surpreendia dessa forma, e caralho, como fui surpreendida! Ah-ga-ssi tem um roteiro brilhante, repleto de reviravoltas que me intrigaram todas as vezes, uma direção esplendida, uma fotografia de brilhar os olhos e atuações extremamente competentes e encantadoras. Um filme digno de muitos Oscars. Park Chan Wook, tu é o cara. QUE FILMÃO DA PORRA!!!!!!!
O filme até tem alguns pontos positivos, mas no geral tem mais pontos negativos. Os personagens são o destaque, bem escritos e muito bem interpretados, apesar de serem tantos que isso atrapalha um pouco no decorrer do filme. Também achei um tanto exagerado o personagem do Joaquin, perdi a conta de quantos baseados ele fumou, mas ele está muito bem no papel. A fotografia, o figurino e a trilha sonora que ajudam dar um ar setentista ao filme também merecem destaque. Porém, o filme é confuso, apresenta informações demais durante as cenas e isso atrapalha bastante no entendimento da história. Além disso, ele é muito longo e chega a ser cansativo. No geral, é um filme interessante, que conta uma história bem enrolada, mas que é razoavelmente divertida. Esperava muito mais, mas valeu a pena conferir.
Crash: Estranhos Prazeres
3.6 328 Assista AgoraCrash faz comentários pertinentes sobre fetiches e a relação humana com automóveis, mas acima de tudo mostra a capacidade do diretor em criar uma atmosfera única em seus filmes.
Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo
4.4 162Falar de um dos grupos mais importantes do rap brasileiro e mundial não é uma tarefa fácil, talvez por esse motivo este documentário esteja sendo lançado somente em 2022, 34 anos depois do nascimento dos Racionais.
"Das Ruas de São Paulo Pro Mundo" traz os acontecimentos mais marcantes dessa história, narrando desde o encontro dos 4 integrantes até os dias atuais. Conduzido pelo lançamento dos 4 álbuns de estúdios lançados até hoje, o filme traz diversas imagens de arquivo dos anos 80 e 90, que impressionam ao mostrar o registro de centenas de adolescentes e crianças cantando as letras de mais de 6 minutos do disco "O Raio X do Brasil" nas periferias de São Paulo.
O documentário menciona a trajetória de vida de cada integrante e pincela os elementos mais essenciais do grupo. Os bailes das periferias paulistas, a gravadora Zimbabwe, o envolvimento com a religião, os artistas que foram apadrinhados e a rivalidade com a polícia. Querer abordar tudo isso e ainda tentar resumir a importância desse grupo de rap em 1 hora e 56 minutos é um trabalho complexo, por isso ressalto o ótimo desempenho de Washington Deoli e Yuri Amaral na montagem.
Na segunda metade do filme, que conta os acontecimentos seguintes ao lançamento de "Nada Como Um Dia Após O Outro Dia", a força construída na primeira 1 hora se desvai e o legado do grupo é tratado com pressa e sem muita profundidade. Muitos detalhes ficam de fora, como por exemplo o personagem "Guina", a criação da produtora Boogie Naipe, a relação com a mídia, entre outros. O sentimento que toma o filme a partir desse momento é que estamos assistindo mais um documentário da Netflix, mas não uma obra que investiga a importância da união de Mano Brown, KL Jay, Ice Blue e Edi Rock para o Brasil e a luta antirracista.
Para abordar esses 34 anos, seria mais justo que "Das Ruas de São Paulo Pro Mundo" fosse uma série documental, com um assunto sendo o foco de cada episódio. Os Racionais não são apenas um grupo de rap importante, mas também são 4 pessoas que enraizaram na cultura brasileira uma nova forma de olhar pra periferia e se relacionar com o público. Como bem lembrado em um dos depoimentos do filme, muitas pessoas falam que os Racionais mudaram suas vidas - por isso, o documentário merecia uma conclusão mais grandiosa.
Malmkrog
3.3 11Em Malmkrog, Cristi Puiu supervaloriza a obra de Vladimir Solovyov em detrimento da linguagem cinematográfica e produz um filme com mais de 3 horas de duração que nem os defensores de filmes longos serão capazes de argumentar a favor.
Apesar das belas composições visuais formadas pelo posicionamento estático e harmônico dos atores em grande parte das cenas, elas apenas contribuem para as falhas do filme. A direção parece tentar ser tão fiel ao texto que esquece de ser inventiva, beirando ao comodismo. 60% das cenas são compostas por planos abertos e gerais, com os atores se movimentando de forma milimetricamente calculada, fazendo com que o cenário pareça um palco de teatro com lugares marcados no chão. Essa mise-en-scène, apesar de bem pensada, apenas contribui para o afastamento do público com os personagens, tornando a sessão ainda mais torturante.
Os personagens discutem incansavelmente sobre assuntos relacionados à guerra, morte, religião, cultura, entre outros. São temas que certamente não irão interessar a todos, mas até mesmo os aspirantes à filósofos deverão sentir uma certa dificuldade em conseguir acompanhar as discussões. Embora o texto seja impressionante, as atuações neste filme se resumem em longos diálogos, algumas risadas e sorrisos irônicos. Por mais que os personagens estejam comprometidos a defender seus pontos de vista, falta personalidade, expressão e humanidade neles. São intelectuais da alta-classe europeia retratados da forma mais clichê possível: mãos para trás, taças e uma seriedade entediante.
É um equívoco tremendo comparar este filme a qualquer obra de Bergman. Malmkrog não transmite sentimento algum, além da disputa intelectual entre 5 pessoas - o que é muito diferente das películas do diretor sueco. Em alguns momentos é até possível ver os atores desviando os olhares entre si, provavelmente na tentativa de focar em algo para não esquecer sua próxima fala. Portanto, nem mesmo o maior triunfo do filme - os atores - estão isentos de problemas.
Apesar de ser um filme que carrega características intrinsicamente europeias, não consigo considerar uma obra referência deste continente. A Europa é muito mais interessante do que Malmkrog.
Marinheiro das Montanhas
4.1 15 Assista AgoraAlguém sabe onde assistir?
Shiva Baby
3.8 258 Assista AgoraDivertido, tenso e eficiente no que se propõe. A única coisa que não funciona é a atuação cheia de maneirismos da protagonista, que acaba destoando do ótimo trabalho dos demais atores. Esse filme me fez pensar em Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, porém sem o carisma e a loucura atraente de Pepa - ausência essa que acabou me deixando menos engajada em Shiva Baby. Danielle é intrigante, mas os demais naquela casa acabam tirando seu brilho devido à tanta excentricidade. O filme ainda tem uma cena completamente desnecessária que entra em um território irrelevante para essa narrativa, mas de qualquer forma estou anotando o nome dessa diretora, um ótimo primeiro longa-metragem e uma direção que promete excelentes filmes no futuro.
Ataque dos Cães
3.7 932Um filme que surpreende a cada minuto, fazendo com que todas as suposições sobre a trama sejam feitas em vão. O suspense é enigmático e aflige do começo ao fim. A direção é muito inteligente e as atuações impecáveis. Os olhares, gestos e diálogos entregam entrelinhas a índole dos personagens, e tudo é feito com muita maestria. É preciso estar atento a cada detalhe, cada objeto, cada respiro. O último ato é repleto de um erotismo sutil que parece nos encaminhar para algo que é completamente subvertido nos minutos finais. Jane Campion da uma aula de direção aqui, conduzindo com excelência a atenção do espectador. A conclusão, apesar de bastante inesperada, infelizmente não acompanha a grandeza do restante do filme, o que acaba o tornando menos impactante. As nuances dos personagens são construídas com tanta qualidade que o final acaba sendo decepcionante. Quando subiram os créditos levantei do sofá completamente perplexa, e apesar de ter me decepcionado, The Power of the Dog é uma experiência e tanta.
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos
4.0 550 Assista AgoraUma sequência de eventos inesperados com personagens que esbanjam carisma. É divertido, tem as tradicionais cores e fotografia quentes dos filmes do Almodóvar, e um final comovente. Os atores se encaixam perfeitamente nos papéis e a direção é extremamente eficiente, não deixando com que a trama perca o fôlego em nenhum momento. Terminei o filme já querendo assisti-lo outras vezes.
Domicílio Conjugal
4.1 111 Assista AgoraO filme me fez dar algumas risadas sinceras e os detalhes sutis dos protagonistas são mostrados pelo filme de forma graciosa, porém não foram suficientes pra me tocar. Me senti o tempo todo distante demais dos personagens. As atuações são boas e a cinematografia também, mas é um filme sem muitos destaques. Uma comédia romântica sobre casamento com um humor que não irá agradar a todos.
The Velvet Underground
4.0 15 Assista AgoraQualquer fã da banda ou conhecedor da música pop do século passado poderia se perguntar "Como irão produzir um documentário sobre o Velvet Undeground com tão poucas imagens de arquivo disponíveis?". E aqui temos a excelente resposta de Todd Haynes.
Com uma montagem de brilhar os olhos, uso de imagens até então pouco conhecidas - e outras mais familiares -, e uma edição que tenta traduzir a complexidade imagética que compreende o Velvet Underground, o documentário é um deleite para qualquer telespectador.
A escolha criativa de usar as entrevistas gravadas apenas como uma narração de fundo para as imagens e vozes dos integrantes da banda é muito eficiente. O filme cria uma atmosfera que se assemelha à cena artística das ruas de Nova York dos anos 60 onde essas figuras perambulavam - e nós somos transportados para ela.
Aqui temos a oportunidade de conhecer mais a fundo as mentes que estavam por trás desse projeto, em especial as de Lou Reed e John Cale. Assim como somos apresentados aos artistas que fizeram parte do nascimento da banda e foram de grande importância para os músicos, que depois se completaram com a chegada de Maureen, Sterling, Andy, Nico, entre outros.
Senti falta de algumas questões no documentário, como a influência da banda em outros artistas que surgiram com o tempo. O filme é acelerado no último ato e mostra sem muitos detalhes o que aconteceu após a saída de Lou Reed. Talvez não seja possível concentrar em um único filme toda a importância desse acontecimento que foi o Velvet Underground, mas sem dúvidas temos aqui uma obra cinematográfica que exprime as raízes, a excentricidade e essência do que esse grupo de pessoas foi capaz de criar.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraApesar de ter aspectos funcionais como as atuações, a fotografia e o design de produção, o filme tem muitos problemas. Começa forte e com potencial, mas as más escolhas do roteiro acabam fazendo com que se perca totalmente.
Gostei da escolha de explorar alguns aspectos mais íntimos do guerrilheiro ao invés de apenas pontuar suas ações dentro do contexto militante. Isso acaba dando um toque bastante poético e dramático ao filme, o que não é ruim, mas em alguns momentos passa do ponto.
Ao meu ver foi um erro terem intitulado o filme como "Marighella" e o vendido como uma cinebiografia, pois é muito mais uma obra sentimental sobre um grupo de pessoas que abriram mão de suas vidas por uma causa do que a história dele. O que não seria um problema se essa fosse a proposta apresentada, porém não foi o caso.
O recorte de tempo é coeso, mas deixa um sentimento de que faltam informações e detalhes importantes dessa história. São tantas subtramas que o filme não consegue se aprofundar em nenhuma. Por mais interessantes e calorosos que sejam os personagens secundários, não conseguimos conhecer suas verdadeiras motivações, nem mesmo suas trajetórias até ali.
O personagem do Bruno Gagliasso se destoa completamente do resto e não é culpa de sua atuação, mas sim do próprio roteiro. As falas e os momentos dele são muito caricatos, sem mencionar uma cena dele com um personagem americano que é no mínimo patética.
O último ato é bem trágico e violento, contando com cenas que arrancam lágrimas dos olhos - isso me fez criar expectativas para um final esperançoso. Wagner Moura teve a oportunidade de encerra-lo da melhor forma no momento em que enquadra o rosto de Marighella segundos antes de sua morte, mas infelizmente destrói tudo incluindo 5 ou 6 cenas posteriores que não acrescentam em nada na trama. Sem mencionar a cena da cantoria exacerbada do hino nacional que ficou vergonhosa.
Esse com certeza não é o filme definitivo sobre a vida do grande Marighella, mas é uma obra importante e deve ser assistida. Ressalto as ótimas atuações de Seu Jorge, Guilherme Ferraz e Humberto Carrão que estavam completamente entregues, além da direção de Wagner Moura. Sem dúvidas tem um grande futuro como diretor pela frente. Bravo!
Caminhos da Memória
2.8 216 Assista AgoraPrecisaria de muito mais desenvolvimento pra ser bom. Personagens fracos, enredo fraco e plot fraco. Parece que o roteiro foi escrito às pressas, tem muitos furos e não é cativante.
Dogs Don’t Wear Pants
3.7 90 Assista AgoraTinha muito potencial, mas é um filme vazio. O contexto é perfeitamente entendível, mas não é tocante. Os personagens são colocados de forma tão superficial que não se cria afeição. 2,5 estrelas pelas boas atuações e pela cena final que é reconfortante.
Avenida Brasília Formosa
3.6 14Registro singelo de um lugar e um tempo através das vivencias reais de seus "personagens". Fiquei me perguntando como a Rede Globo teve coragem de não incluir Debora no elenco do Big Brother Brasil. Me admiro com a qualidade dos documentários nacionais. E cada vez mais encantada pelo cinema de Gabriel Mascaro.
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraQueria desenvolver algo melhor sobre esse filme, mas só consigo pensar "Nossa, que filme ruim, cara."
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraBaby Driver é um bom filme, porque não se leva a sério. Em termos de produção é excelente, mas o roteiro é bem sessão da tarde, com alguns momentos que chegam a ser toscos demais. Felizmente, o filme não tenta te convencer do que não é. A maior qualidade de Baby Driver é que, a edição, juntamente da ótima trilha sonora e planos coreografados, fazem o filme parecer um grande videoclipe muito bem dirigido. Assista sem esperar muito e terá uma boa sessão.
The Other One: The Long, Strange Trip of Bob Weir
4.2 15 Assista AgoraO maior defeito desse documentário é ter só 1 hora e 23 minutos de duração. Impossível não se apaixonar pela história da banda e os integrantes. Gosto da forma como o próprio documentário não faz questão de coloca-los como deuses, já que eles mesmos tentaram fugir do rótulo. Mas é inegável a grandiosidade do Grateful Dead, que se torna ainda maior ao conhecer um pouco da intimidade deles. O legado da banda continua vivo e respirando muito bem, especialmente em Bob Weir, esse cara é especial.
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraUm filme que fala sobre amores, escolhas e perdas, com bastante realismo - e nenhuma delicadeza. Sem dúvidas um grande desempenho de Iñárritu na direção, conduzindo as câmeras em ótimo encontro com a narrativa. As conexões entre enredos também são muito bem estruturadas e sutis, assim como as atuações, que são excelentes.
A maior originalidade do filme talvez seja as relações entre os cachorros e personagens, pois apesar de inicialmente não parecerem, ela são fundamentais para compreender as camadas de cada história.
Mas é preciso comentar sobre as cenas de violências entre animais. Elas são bem gráficas e difíceis de assistir, sem acrescentar na narrativa. As cenas poderiam ser menores e menos explicitas, e ainda sim teriam a mesma intensidade. O que me leva a pensar que o maior problema do filme seja sua duração, pois apesar da eficiente divisão de atos, ainda é muito longo.
Amores Perros é um bom filme, que mostra histórias duramente trágicas, mas surpreende trazendo um leve sopro de esperança na cena final.
Chão
4.2 27Documentário muito importante. Viva o MST, reforma agrária já!
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraSpotlight não é o tipo de filme que encanta pelos aspectos técnicos, mas sim pela história que está sendo contada. Sem grandes momentos de destaque, o filme vai lentamente nos intrigando sobre essa história que, sem sombra de dúvidas, precisava ser contada.
A escolha do roteirista e do diretor em tornar os personagens secundários em relação a história em si, só engrandece mais o filme. As ótimas atuações (com destaque para Mark Ruffalo) contribuem para a criação de uma atmosfera naturalista, onde os personagens são apenas peças do grande quebra cabeça que está sendo montado. As cores opacas e os tons acinzentados da fotografia também contribuem para nos inserir dentro da realidade de uma Boston repleta de crimes e abusadores acobertados.
Apesar de todos os pontos positivos, não deixei de sentir falta de um maior desenvolvimento dos personagens no filme. Em certos momentos me vi desconectada da história, perdida entre as muitas informações que são contadas ao público; enquanto previa o próximo acontecimento da investigação. Mas mesmo assim, Spotlight não deixa de ser um filme necessário, que conta a verdade que muitos (ainda) fingem não ver: a Igreja Católica é suja e está repleta de criminosos. Vale a pena pela informação.
Godard, o amor, a poesia
4.3 9Alguém tem link pro filme?
O Banquete
3.2 79Incrível!
Califórnia
3.5 302O filme é competente, mas tem seus problemas. A direção de arte é boa, o figurino e os objetos em cena, juntamente com a fotografia e a trilha sonora, constroem um ar oitentista que funciona muito bem. Porém, as más atuações, os diálogos fracos e a falta de profundidade do roteiro na protagonista em questão de outros personagens afetam bastante o andamento do filme. No final das contas, "Califórnia" tenta falar sobre vários assuntos, mas não tem quase nada a dizer. É um filme simples e nostálgico, que certamente irá agradar os que viveram nos anos 80, mas que deixa muito a desejar.
A Criada
4.4 1,3K Assista AgoraFazia um bom tempo que um filme não me surpreendia dessa forma, e caralho, como fui surpreendida! Ah-ga-ssi tem um roteiro brilhante, repleto de reviravoltas que me intrigaram todas as vezes, uma direção esplendida, uma fotografia de brilhar os olhos e atuações extremamente competentes e encantadoras. Um filme digno de muitos Oscars. Park Chan Wook, tu é o cara. QUE FILMÃO DA PORRA!!!!!!!
Vício Inerente
3.5 554 Assista AgoraO filme até tem alguns pontos positivos, mas no geral tem mais pontos negativos. Os personagens são o destaque, bem escritos e muito bem interpretados, apesar de serem tantos que isso atrapalha um pouco no decorrer do filme. Também achei um tanto exagerado o personagem do Joaquin, perdi a conta de quantos baseados ele fumou, mas ele está muito bem no papel. A fotografia, o figurino e a trilha sonora que ajudam dar um ar setentista ao filme também merecem destaque. Porém, o filme é confuso, apresenta informações demais durante as cenas e isso atrapalha bastante no entendimento da história. Além disso, ele é muito longo e chega a ser cansativo. No geral, é um filme interessante, que conta uma história bem enrolada, mas que é razoavelmente divertida. Esperava muito mais, mas valeu a pena conferir.