Bojack volta triunfalmente mostrando em sua nova abertura o tema essencial desta última temporada e também da série num todo: o confronto do passado, da memória, das culpas e traumas. Nesta season que é talvez a mais introspectiva de todas as seis, vemos nosso cavalo favorito tendo de lidar com seus fantasmas, mas tendo a consciência que alguns deles nunca vão abandoná-lo.
Quando observamos a abertura, as memórias de Bojack vão queimando como se fossem um filme exposto na luz, mas entre todas elas, a que permanece é a morte de Sarah Lynn. Ela está marcada no céu com as estrelas do planetário, planetário este em que ele cai no final da abertura. Um foreshadowing de morte? Talvez. Mas eu acredito mais em uma ablução.
A ablução é um processo de limpeza num sentido mais espiritual. É como os ritualistas de antigas tradições místicas que precisavam purificar suas mãos e seguir certas especificidades antes de iniciar realmente um ritual. Para encontrar Deus é preciso esta limpeza de corpo e alma, este banimento. E o Deus de Bojack é sua própria redenção, é a busca pelo seu aperfeiçoamento.
Horseman está finalmente sóbrio, finalmente limpo. Ele pode observar a vida como ela realmente é ao invés de se esconder em drogas, sexo e autossabotagem. E esta mudança fundamental o fez melhorar em atitudes. The Face of Depression é um episódio tão confortante por mostrá-lo realmente se esforçando para fazer as pazes com aqueles que ele se importa e feriu no passar dos anos. Ele realmente se tornou uma pessoa melhor e digna de respeito.
Mas nem só de fantasmas vive um homem. Alguns são mortos-vivos como o último episódio da primeira parte da temporada demonstra. Existem pessoas ainda vivas a quem Bojack causou danos e traumas irreparáveis e a segunda parte da obra certamente focará no preço ao qual ele pagará por seus erros. Para um personagem como ele, não basta simplesmente se redimir. É preciso pagar por suas ações.
Porque Sarah Lynn ainda está morta, ele bem sabe. E nunca poderá ressuscitá-la. Mas em muitas tradições místicas, a dor é um processo de purificação, faz parte da ablução. Quando Bojack cai do planetário e somente vemos seus olhos na escuridão, ele contempla toda as suas trevas e desperta novamente na piscina, em direção a luz de sua vida. Conseguirá Bojack na segunda parte resistir ao sofrimento que ele próprio causou a tantos, observar as trevas de seu passado e realmente, verdadeiramente, se redimir por completo?
"I was an orphan. I grew up in Pennsylvania in a whorehouse. I read about Milton Hershey and his school in Coronet magazine or some other crap the girls left by the toilet. And I read that some orphans had a different life there. I could picture it. I dreamt of it, of being wanted, because the woman who was forced to raise me would look at me every day like she hoped I would disappear. Closest I got to feeling wanted was from a girl who made me go through her john's pockets while they screwed. If I collected more than a dollar, she'd buy me a Hershey bar. And I would eat it alone in my room with great ceremony, feeling like a normal kid. It said "sweet" on the package. It was the only sweet thing in my life."
Sem dúvidas a temporada mais magnífica e bem elaborada da série. Tudo que tornou as temporadas anteriores excelentes se manifesta aqui e, mais do que isso, se aprofunda ainda mais, buscando questões da filosofia e metafísica oriental para melhor entender os personagens e seus conflitos.
Por toda a série uma questão permeou: Tony Soprano pode se tornar uma pessoa melhor? A temporada final finalmente nos dá a resposta e as últimas consequências das ações de todos os personagens, culminando nos marcantes episódios finais e na polêmica (e genial) cena no Holsten's.
Não vou me ater a responder o que aconteceu no final, é algo bem subjetivo apesar do David Chase ter colocado todas as pistas dentro dessa temporada. Ao invés de falar mais do mesmo, eu prefiro pontuar que The Sopranos sempre foi uma série sobre a importância das interações sociais e sobre como acabamos destruindo elas quando focamos em coisas menos importantes como ter poder, dinheiro, fama.
Desde o começo da série, vemos que Tony tinha duas famílias e gradualmente ele começa a se importar mais com uma do que com a outra. No finale da primeira temporada, ele faz um brinde aos bons momentos e sobre como devemos aproveitá-los, mas quando AJ relembra isso no último episódio, Tony nem mesmo se lembra das próprias palavras que um dia disse e considera a lembrança de AJ como uma simples ironia.
Por anos as pessoas teorizam o significado do cut-to-black, mas do que importa saber isso se ignorarmos a verdadeira lição da série? A vida é cheia de momentos tediosos, horrendos e deprimentes, mas precisamos aproveitar os bons momentos com aqueles que amamos, porque um dia iremos morrer.
Tony Soprano esqueceu suas próprias palavras, mas nós precisamos lembrar:
“I'd like to propose a toast, to my family. Someday soon, you're gonna have families of your own. And if you're lucky, you'll remember the little moments, like this. That were good. Cheers!”
Depois de uma primeira temporada divertida e repleta de potencial mas ainda com o humor muito instável, um nonsense por vezes exagerado demais e estereótipos ainda por serem subvertidos, a série parece tomar forma na segunda temporada, onde um aspecto mais crítico surge na obra e personagens que eram só figuras padrão de filme adolescente (Matthew/Lola) ganham humanidade e deixam de ser unidimensionais. A criação de novos conceitos além dos Monstros Hormonais expande o universo e são uma cartada certa dos criadores, já que o "Shane Lizard" (eu não gostava muito do Coach Steve na primeira temporada, mas nessa ele esteve hilário) e a Depression Kitty também são aspectos fundamentais da puberdade e a aparição dela no último episódio é uma excelente representação de como a depressão muitas vezes só é percebida muito depois, visto que a Jessi já apresentava sinais claros, mas praticamente ninguém percebeu.
A melhor temporada até agora, carregada de contrastes e visceralidade, mas tudo feito com a temperança de David Chase, que não transforma os momentos de exploitation em violência romantizada, mas muito pelo contrário, os torna pináculos do realismo da série.
Vários personagens são aprofundados e novas camadas e conflitos são inseridos a trama e vários experimentalismos interessantes são feitos como o mashup incrível ocorrido no primeiro episódio e o uso de CGI para "ressuscitar" Nancy Marchand.
Praticamente todos os episódios dessa temporada são marcantes de alguma forma, mas existem destaques como os polêmicos Employee of the Month e University, os dois primeiros episódios da temporada (Mr. Ruggerio's Neighborhood e Proshai, Livushka) e, claro, os três episódios finais <3
"Fuck you, Paulie. Captain or no captain, right now, we're just two assholes lost in the woods."
A cada episódio me encanto mais com toda a profundidade dessa trama, seus personagens e problemas. Não é a toa que essa série foi paradigmática. Episódios como Funhouse demonstram toda a grandeza dela.
Apesar de imbuída num certo moralismo um tanto quanto desnecessário, a primeira temporada dos Simpsons já mostra seu potencial apresentando a nossa estimada cidade de Springfield, seus personagens, dilemas e piadas. Aqui tudo está ainda num processo de aperfeiçoamento que vai tomando forma nas temporadas seguintes onde a série alcança sua plenitude como sitcom subversivo que satiriza a sociedade americana. Mas aqui já temos algumas críticas interessantes e uma boa caracterização dos personagens.
Os melhores episódios: Simpsons Roasting on an Open Fire, Bart the Genius, Bart the General, Moaning Lisa, The Call of the Simpsons , Krusty Gets Busted
Uma representação muito fiel dos anos 60, do american way of life e todos os seus problemas no período, que vão desde a inferiorização da mulher até o racismo. Desde o primeiro episódio Mad Men já apresenta o que vai demonstrar: um mundo de ilusões.
Don Draper em si é uma ilusão, é uma propaganda. Como protagonista, ele parece a representação máxima do próprio conceito de publicidade e sociedade americana apresentados. Nem o próprio nome que possui é seu. A família tradicional burguesa que ele possui é bela na superfície, mas ele tem uma relação fria para com a esposa e os filhos, que parece ter simplesmente para se encaixar na ideia de figura social ideal no seu meio. Mas enquanto ele manipula a mulher e é indiferente para com suas crianças, ele vive uma vida de traição, vícios e vazio existencial. Vazio esse que ele aproveita para se afundar ainda mais nos vícios como se fosse uma desculpa.
É um homem louco como todos os outros da Sterling Cooper. Se existe algo são na série, são mulheres como Peggy, Betty e Joan, que são manipuladas por consequência de uma sociedade machista onde a mulher é vista como figura secundária, como dona de casa. Mas enquanto a série exibe a decadência desses homens, é surgida a ascensão delas. Afinal, os anos 60, por mais conservadores que tenham sido, também tiveram seu lado libertador, a revolução cultural que modificou o papel feminino. Ainda que cada uma dessas protagonistas represente uma ótica feminina do período, todas sofrem as transformações das mudanças advindas do período e vão se tornando mais independentes, empoderadas, livres do jugo masculino.
Mad Men é o descortinar de um período e suas ilusões. Ou como foi dito desde o primeiro episódio:
"Advertising is based on one thing: happiness. And do you know what happiness is? Happiness is the smell of a new car. It’s freedom from fear. It’s a billboard on the side of a road that screams with reassurance that whatever you’re doing is OK. You are OK".
O que vocês pensam acerca das teorias relativas a Diane e a entrada no túnel? Teria alguma relação com a psicóloga da Diane a chamando de Princesa Diana ou vocês acreditam que é uma perspectiva mais otimista do que isso?
Uma piada feita pelo criador de Bojack ao confirmar a season 5 era que ela seria um reboot da série. Estranhamente, parece que ele falava sério.
Se compararmos bem, a quinta temporada parece revisitar completamente a primeira temporada, desde tramas (o episódio 11 dessa nova temporada parece uma versão ainda mais densa do episódio 11 da primeira temporada, Downer Ending) até piadas, mas ao invés de ser um mero "reboot", uma repetição da trama, ela subverte os assuntos do passado e faz um espelhamento.
O Bojack de hoje, por mais que tenha melhorado como pessoa, ainda reflete aquela mesma figura que clamava no final da primeira temporada "Diane, tell me that I'm good". E por mais que ele tente se tornar bom, ele continua falhando e repetindo círculos viciosos de falhas e tentando validar seus defeitos com os problemas do passado.
Nosso protagonista, claro, não é a única personagem que carrega esses problemas cíclicos em si. Todos os personagens principais ainda possuem seus fardos, alguns surgidos nas últimas temporadas (como o divórcio entre a Diane e o Mr. Peanutbutter) e outros que já existem desde o inicio da trama (as atitudes workaholics da Princess Carolyn interferindo na sua vida privada). E esses problemas são revisitados, tomam outras formas, constroem e desconstroem os personagens, mas sem fazer com que percam suas essências e se tornem falsos.
Na verdade, eles são cada vez mais reais. E numa temporada que tanto prezou por episódios experimentais, desde o formato Buzzfeed do segundo episódio até o monólogo de vinte minutos de Free Churro e as novas identidades dos personagens em INT.SUB, é incrível como essas variações na narrativa só parecem dar ainda mais humanidade a uma série que desde seu princípio ganhou fama por conseguir transformar uma comédia de animais antropomorfizados em uma trama existencialista sobre interações humanas.
Serei sincero. Quando a quarta temporada terminou, eu não pensava que Bojack Horseman poderia ficar melhor ainda. Raphael Bob-Waksberg, eu te subestimei e espero ansioso a sexta temporada.
Depois de uma quarta temporada cheia de altos e baixos, a quinta temporada começa um tanto devagar mas progressivamente vai crescendo em qualidade, reinventando a trama da série ao aprofundar de vez o enredo com viagens temporais que começou a ser inserido na temporada anterior.
Diversas pontas soltas são resolvidas e a mitologia da série cresce exponencialmente com uma melhor explicação de conceitos como a Dharma Iniciative, Jacob e a Black Smoke. Como nas outras temporadas, existem alguns momentos fracos mas que são dignos de absolvição quando observamos a grandeza dos melhores episódios.
Agora é seguir em frente e enfrentar a polêmica temporada final. Vamos ver se é ruim como dizem...
Melhores episódios: The Life and Death of Jeremy Bentham, LaFleur, The Variable, The Incident
Acho que o pessoal ficou de muito drama com essa 4° temporada. A qualidade decaiu bem pouco, o que houve foi uma mudança de estrutura narrativa que por certa ótica foi bem interessante. Acho que o maior problema dessa temporada em si é que alguns personagens não tem o mesmo holofote que tiveram na temporada anterior. Mas no resto, continua sendo Arrested Development.
É uma série onde toda a extravagância por vezes até caricatural é de tal forma bem usada que ainda assim tudo parece suficientemente real. Às vezes o exagero é o que melhor pode definir uma família e são esses excessos que vemos manifestos nos personagens: a manipulação de Lucille e a relação de interdependência destrutiva com o Buster, a necessidade de prover e proteger de Michael, a forma correta e que geralmente traz problemas de George Michael, os mal-entendidos de Tobias, a necessidade de ter os holofotes da Lindsay, a inferioridade e as atitudes mulherengas de Job, a necessidade de se rebelar da Maeby. Todas essas estranhezas criam personagens igualmente profundos e hilários e desde o primeiro episódio já somos contemplados com uma comédia diferenciada, onde tudo parece ser feito com um destreza humorística, desde as piadas mais polêmicas até os jogos de palavras mais simples, como esse do Piloto:
- Hey, you’re my cousin, aren’t you? ("Hey, você é minha prima, não é?") - Maeby. (cuja sonoridade relembra Maybe, então ao mesmo tempo que ela dizia o próprio nome ela parecia dizer "Talvez", o que talvez faça alusão a trama do George Michael tentando descobrir se ela era mesmo prima dele)
Apesar de tudo ter sido concluído de maneira apressada por causa do cancelamento, a série conclui sua trama com a devida elegância que já era esperada desta maravilhosa obra. Agora é esperar pelo retorno triunfal depois desse cliffhanger do final...
Um verdadeiro espetáculo filosófico, macabro e visual. Terror mesclado com elegância e existencialismo. A arte em seu estado de massacre. Ou o massacre em seu estado de arte?
Os produtores da série, os verdadeiros assassinos de Laura Palmer. Se eles não tivessem forçado o Lynch a revelar o assassino no meio do caminho, certamente essa temporada teria a mesma força que a primeira carrega. Ainda assim, apesar da recaída depois da revelação, a história progressivamente recupera a sua força até chegarmos ao esplêndido final, onde David Lynch chuta a barraca e dá uma de Shakespeare:
"There are more things in heaven and earth, Horatio, Than are dreamt of in your philosophy."
Em 18 episódios conseguiu descrever melhor adolescência, ensino médio, questões existenciais, panelinhas escolares, política e sociedade do que mais de 10 temporadas de Malhação juntas.
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista AgoraBojack volta triunfalmente mostrando em sua nova abertura o tema essencial desta última temporada e também da série num todo: o confronto do passado, da memória, das culpas e traumas. Nesta season que é talvez a mais introspectiva de todas as seis, vemos nosso cavalo favorito tendo de lidar com seus fantasmas, mas tendo a consciência que alguns deles nunca vão abandoná-lo.
Quando observamos a abertura, as memórias de Bojack vão queimando como se fossem um filme exposto na luz, mas entre todas elas, a que permanece é a morte de Sarah Lynn. Ela está marcada no céu com as estrelas do planetário, planetário este em que ele cai no final da abertura. Um foreshadowing de morte? Talvez. Mas eu acredito mais em uma ablução.
A ablução é um processo de limpeza num sentido mais espiritual. É como os ritualistas de antigas tradições místicas que precisavam purificar suas mãos e seguir certas especificidades antes de iniciar realmente um ritual. Para encontrar Deus é preciso esta limpeza de corpo e alma, este banimento. E o Deus de Bojack é sua própria redenção, é a busca pelo seu aperfeiçoamento.
Horseman está finalmente sóbrio, finalmente limpo. Ele pode observar a vida como ela realmente é ao invés de se esconder em drogas, sexo e autossabotagem. E esta mudança fundamental o fez melhorar em atitudes. The Face of Depression é um episódio tão confortante por mostrá-lo realmente se esforçando para fazer as pazes com aqueles que ele se importa e feriu no passar dos anos. Ele realmente se tornou uma pessoa melhor e digna de respeito.
Mas nem só de fantasmas vive um homem. Alguns são mortos-vivos como o último episódio da primeira parte da temporada demonstra. Existem pessoas ainda vivas a quem Bojack causou danos e traumas irreparáveis e a segunda parte da obra certamente focará no preço ao qual ele pagará por seus erros. Para um personagem como ele, não basta simplesmente se redimir. É preciso pagar por suas ações.
Porque Sarah Lynn ainda está morta, ele bem sabe. E nunca poderá ressuscitá-la. Mas em muitas tradições místicas, a dor é um processo de purificação, faz parte da ablução. Quando Bojack cai do planetário e somente vemos seus olhos na escuridão, ele contempla toda as suas trevas e desperta novamente na piscina, em direção a luz de sua vida. Conseguirá Bojack na segunda parte resistir ao sofrimento que ele próprio causou a tantos, observar as trevas de seu passado e realmente, verdadeiramente, se redimir por completo?
Mad Men (6ª Temporada)
4.5 165 Assista Agora"I was an orphan. I grew up in Pennsylvania in a whorehouse. I read about Milton Hershey and his school in Coronet magazine or some other crap the girls left by the toilet. And I read that some orphans had a different life there. I could picture it. I dreamt of it, of being wanted, because the woman who was forced to raise me would look at me every day like she hoped I would disappear. Closest I got to feeling wanted was from a girl who made me go through her john's pockets while they screwed. If I collected more than a dollar, she'd buy me a Hershey bar. And I would eat it alone in my room with great ceremony, feeling like a normal kid. It said "sweet" on the package. It was the only sweet thing in my life."
Família Soprano (6ª Temporada)
4.7 307 Assista AgoraSem dúvidas a temporada mais magnífica e bem elaborada da série. Tudo que tornou as temporadas anteriores excelentes se manifesta aqui e, mais do que isso, se aprofunda ainda mais, buscando questões da filosofia e metafísica oriental para melhor entender os personagens e seus conflitos.
Por toda a série uma questão permeou: Tony Soprano pode se tornar uma pessoa melhor? A temporada final finalmente nos dá a resposta e as últimas consequências das ações de todos os personagens, culminando nos marcantes episódios finais e na polêmica (e genial) cena no Holsten's.
Não vou me ater a responder o que aconteceu no final, é algo bem subjetivo apesar do David Chase ter colocado todas as pistas dentro dessa temporada. Ao invés de falar mais do mesmo, eu prefiro pontuar que The Sopranos sempre foi uma série sobre a importância das interações sociais e sobre como acabamos destruindo elas quando focamos em coisas menos importantes como ter poder, dinheiro, fama.
Desde o começo da série, vemos que Tony tinha duas famílias e gradualmente ele começa a se importar mais com uma do que com a outra. No finale da primeira temporada, ele faz um brinde aos bons momentos e sobre como devemos aproveitá-los, mas quando AJ relembra isso no último episódio, Tony nem mesmo se lembra das próprias palavras que um dia disse e considera a lembrança de AJ como uma simples ironia.
Por anos as pessoas teorizam o significado do cut-to-black, mas do que importa saber isso se ignorarmos a verdadeira lição da série? A vida é cheia de momentos tediosos, horrendos e deprimentes, mas precisamos aproveitar os bons momentos com aqueles que amamos, porque um dia iremos morrer.
Tony Soprano esqueceu suas próprias palavras, mas nós precisamos lembrar:
“I'd like to propose a toast, to my family. Someday soon, you're gonna have families of your own. And if you're lucky, you'll remember the little moments, like this. That were good. Cheers!”
Don't stop believin.
Big Mouth (2ª Temporada)
4.1 117 Assista AgoraDepois de uma primeira temporada divertida e repleta de potencial mas ainda com o humor muito instável, um nonsense por vezes exagerado demais e estereótipos ainda por serem subvertidos, a série parece tomar forma na segunda temporada, onde um aspecto mais crítico surge na obra e personagens que eram só figuras padrão de filme adolescente (Matthew/Lola) ganham humanidade e deixam de ser unidimensionais. A criação de novos conceitos além dos Monstros Hormonais expande o universo e são uma cartada certa dos criadores, já que o "Shane Lizard" (eu não gostava muito do Coach Steve na primeira temporada, mas nessa ele esteve hilário) e a Depression Kitty também são aspectos fundamentais da puberdade e a aparição dela no último episódio é uma excelente representação de como a depressão muitas vezes só é percebida muito depois, visto que a Jessi já apresentava sinais claros, mas praticamente ninguém percebeu.
No mais, estou no aguardo da próxima temporada.
Família Soprano (3ª Temporada)
4.6 139 Assista AgoraA melhor temporada até agora, carregada de contrastes e visceralidade, mas tudo feito com a temperança de David Chase, que não transforma os momentos de exploitation em violência romantizada, mas muito pelo contrário, os torna pináculos do realismo da série.
Vários personagens são aprofundados e novas camadas e conflitos são inseridos a trama e vários experimentalismos interessantes são feitos como o mashup incrível ocorrido no primeiro episódio e o uso de CGI para "ressuscitar" Nancy Marchand.
Praticamente todos os episódios dessa temporada são marcantes de alguma forma, mas existem destaques como os polêmicos Employee of the Month e University, os dois primeiros episódios da temporada (Mr. Ruggerio's Neighborhood e Proshai, Livushka) e, claro, os três episódios finais <3
"Fuck you, Paulie. Captain or no captain, right now, we're just two assholes lost in the woods."
Família Soprano (2ª Temporada)
4.6 118 Assista AgoraA cada episódio me encanto mais com toda a profundidade dessa trama, seus personagens e problemas. Não é a toa que essa série foi paradigmática. Episódios como Funhouse demonstram toda a grandeza dela.
E vamos a terceira temporada...
Os Simpsons (1ª Temporada)
4.4 115 Assista AgoraApesar de imbuída num certo moralismo um tanto quanto desnecessário, a primeira temporada dos Simpsons já mostra seu potencial apresentando a nossa estimada cidade de Springfield, seus personagens, dilemas e piadas. Aqui tudo está ainda num processo de aperfeiçoamento que vai tomando forma nas temporadas seguintes onde a série alcança sua plenitude como sitcom subversivo que satiriza a sociedade americana. Mas aqui já temos algumas críticas interessantes e uma boa caracterização dos personagens.
Os melhores episódios: Simpsons Roasting on an Open Fire, Bart the Genius, Bart the General, Moaning Lisa, The Call of the Simpsons , Krusty Gets Busted
Mad Men (1ª Temporada)
4.4 346 Assista AgoraUma representação muito fiel dos anos 60, do american way of life e todos os seus problemas no período, que vão desde a inferiorização da mulher até o racismo. Desde o primeiro episódio Mad Men já apresenta o que vai demonstrar: um mundo de ilusões.
Don Draper em si é uma ilusão, é uma propaganda. Como protagonista, ele parece a representação máxima do próprio conceito de publicidade e sociedade americana apresentados. Nem o próprio nome que possui é seu. A família tradicional burguesa que ele possui é bela na superfície, mas ele tem uma relação fria para com a esposa e os filhos, que parece ter simplesmente para se encaixar na ideia de figura social ideal no seu meio. Mas enquanto ele manipula a mulher e é indiferente para com suas crianças, ele vive uma vida de traição, vícios e vazio existencial. Vazio esse que ele aproveita para se afundar ainda mais nos vícios como se fosse uma desculpa.
É um homem louco como todos os outros da Sterling Cooper. Se existe algo são na série, são mulheres como Peggy, Betty e Joan, que são manipuladas por consequência de uma sociedade machista onde a mulher é vista como figura secundária, como dona de casa. Mas enquanto a série exibe a decadência desses homens, é surgida a ascensão delas. Afinal, os anos 60, por mais conservadores que tenham sido, também tiveram seu lado libertador, a revolução cultural que modificou o papel feminino. Ainda que cada uma dessas protagonistas represente uma ótica feminina do período, todas sofrem as transformações das mudanças advindas do período e vão se tornando mais independentes, empoderadas, livres do jugo masculino.
Mad Men é o descortinar de um período e suas ilusões. Ou como foi dito desde o primeiro episódio:
"Advertising is based on one thing: happiness. And do you know what happiness is? Happiness is the smell of a new car. It’s freedom from fear. It’s a billboard on the side of a road that screams with reassurance that whatever you’re doing is OK. You are OK".
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista AgoraO que vocês pensam acerca das teorias relativas a Diane e a entrada no túnel? Teria alguma relação com a psicóloga da Diane a chamando de Princesa Diana ou vocês acreditam que é uma perspectiva mais otimista do que isso?
BoJack Horseman (5ª Temporada)
4.5 193 Assista AgoraUma piada feita pelo criador de Bojack ao confirmar a season 5 era que ela seria um reboot da série. Estranhamente, parece que ele falava sério.
Se compararmos bem, a quinta temporada parece revisitar completamente a primeira temporada, desde tramas (o episódio 11 dessa nova temporada parece uma versão ainda mais densa do episódio 11 da primeira temporada, Downer Ending) até piadas, mas ao invés de ser um mero "reboot", uma repetição da trama, ela subverte os assuntos do passado e faz um espelhamento.
O Bojack de hoje, por mais que tenha melhorado como pessoa, ainda reflete aquela mesma figura que clamava no final da primeira temporada "Diane, tell me that I'm good". E por mais que ele tente se tornar bom, ele continua falhando e repetindo círculos viciosos de falhas e tentando validar seus defeitos com os problemas do passado.
Nosso protagonista, claro, não é a única personagem que carrega esses problemas cíclicos em si. Todos os personagens principais ainda possuem seus fardos, alguns surgidos nas últimas temporadas (como o divórcio entre a Diane e o Mr. Peanutbutter) e outros que já existem desde o inicio da trama (as atitudes workaholics da Princess Carolyn interferindo na sua vida privada). E esses problemas são revisitados, tomam outras formas, constroem e desconstroem os personagens, mas sem fazer com que percam suas essências e se tornem falsos.
Na verdade, eles são cada vez mais reais. E numa temporada que tanto prezou por episódios experimentais, desde o formato Buzzfeed do segundo episódio até o monólogo de vinte minutos de Free Churro e as novas identidades dos personagens em INT.SUB, é incrível como essas variações na narrativa só parecem dar ainda mais humanidade a uma série que desde seu princípio ganhou fama por conseguir transformar uma comédia de animais antropomorfizados em uma trama existencialista sobre interações humanas.
Serei sincero. Quando a quarta temporada terminou, eu não pensava que Bojack Horseman poderia ficar melhor ainda. Raphael Bob-Waksberg, eu te subestimei e espero ansioso a sexta temporada.
Lost (5ª Temporada)
4.1 343 Assista AgoraDepois de uma quarta temporada cheia de altos e baixos, a quinta temporada começa um tanto devagar mas progressivamente vai crescendo em qualidade, reinventando a trama da série ao aprofundar de vez o enredo com viagens temporais que começou a ser inserido na temporada anterior.
Diversas pontas soltas são resolvidas e a mitologia da série cresce exponencialmente com uma melhor explicação de conceitos como a Dharma Iniciative, Jacob e a Black Smoke. Como nas outras temporadas, existem alguns momentos fracos mas que são dignos de absolvição quando observamos a grandeza dos melhores episódios.
Agora é seguir em frente e enfrentar a polêmica temporada final. Vamos ver se é ruim como dizem...
Melhores episódios: The Life and Death of Jeremy Bentham, LaFleur, The Variable, The Incident
Steven Universo (5ª Temporada)
4.7 72FINAL DE TEMPORADA PERFEITO.
Aliás, acho que essa foi a temporada melhor construída de toda a série.
E pensar que agora é esperar o hiato...
Archer (1ª Temporada)
4.1 33 Assista AgoraA Jessica Walter nasceu pra fazer papel de mãe autoritária, simplesmente nasceu pra isso...
Arrested Development (4ª Temporada)
3.7 124Acho que o pessoal ficou de muito drama com essa 4° temporada. A qualidade decaiu bem pouco, o que houve foi uma mudança de estrutura narrativa que por certa ótica foi bem interessante. Acho que o maior problema dessa temporada em si é que alguns personagens não tem o mesmo holofote que tiveram na temporada anterior. Mas no resto, continua sendo Arrested Development.
Estou ansioso pela 5° temporada!
Arrested Development (1ª Temporada)
4.3 213 Assista AgoraÉ uma série onde toda a extravagância por vezes até caricatural é de tal forma bem usada que ainda assim tudo parece suficientemente real. Às vezes o exagero é o que melhor pode definir uma família e são esses excessos que vemos manifestos nos personagens: a manipulação de Lucille e a relação de interdependência destrutiva com o Buster, a necessidade de prover e proteger de Michael, a forma correta e que geralmente traz problemas de George Michael, os mal-entendidos de Tobias, a necessidade de ter os holofotes da Lindsay, a inferioridade e as atitudes mulherengas de Job, a necessidade de se rebelar da Maeby. Todas essas estranhezas criam personagens igualmente profundos e hilários e desde o primeiro episódio já somos contemplados com uma comédia diferenciada, onde tudo parece ser feito com um destreza humorística, desde as piadas mais polêmicas até os jogos de palavras mais simples, como esse do Piloto:
- Hey, you’re my cousin, aren’t you? ("Hey, você é minha prima, não é?")
- Maeby. (cuja sonoridade relembra Maybe, então ao mesmo tempo que ela dizia o próprio nome ela parecia dizer "Talvez", o que talvez faça alusão a trama do George Michael tentando descobrir se ela era mesmo prima dele)
Hannibal (3ª Temporada)
4.3 766 Assista AgoraApesar de tudo ter sido concluído de maneira apressada por causa do cancelamento, a série conclui sua trama com a devida elegância que já era esperada desta maravilhosa obra. Agora é esperar pelo retorno triunfal depois desse cliffhanger do final...
Hannibal (2ª Temporada)
4.5 802O final dessa temporada teve um dos melhores plot-twists de sempre. Esplendida!
Hannibal (1ª Temporada)
4.4 983 Assista AgoraUm verdadeiro espetáculo filosófico, macabro e visual. Terror mesclado com elegância e existencialismo. A arte em seu estado de massacre. Ou o massacre em seu estado de arte?
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraConrado é encontrado morto chupando o próprio cérebro após tentar entender o final dessa temporada.
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Os produtores da série, os verdadeiros assassinos de Laura Palmer. Se eles não tivessem forçado o Lynch a revelar o assassino no meio do caminho, certamente essa temporada teria a mesma força que a primeira carrega. Ainda assim, apesar da recaída depois da revelação, a história progressivamente recupera a sua força até chegarmos ao esplêndido final, onde David Lynch chuta a barraca e dá uma de Shakespeare:
"There are more things in heaven and earth, Horatio, Than are dreamt of in your philosophy."
BoJack Horseman (4ª Temporada)
4.5 240 Assista AgoraBojack cada vez mais amadurecendo e aprendendo a lidar com seus problemas apesar de ainda ter umas recaídas. Acredito que essa foi a melhor temporada.
Freaks and Geeks (1ª Temporada)
4.6 546 Assista AgoraEm 18 episódios conseguiu descrever melhor adolescência, ensino médio, questões existenciais, panelinhas escolares, política e sociedade do que mais de 10 temporadas de Malhação juntas.
Steven Universo (5ª Temporada)
4.7 72Esses novos episódios estão eletrizantes... Muitas revelações bombásticas! Acho que essa vai ser a TEMPORADA!