fazia tempo que um filme não me empolgava de um jeito tão arrebatador e genuíno quanto aconteceu com Projeto Flórida, um daqueles longas com orçamento limitado e uma história simples e dura sobre pessoas comuns. o que o diretor e roteirista Sean Baker fez aqui foi cinema de afeto, um retrato da infância sem lentes amenizadoras, mas com um olhar sensível e bastante consciente.
não é preciso ir muito além pra entender que Projeto Flórida não é pra todo mundo. se eu te convencer de alguma forma a dar uma chance ao longa, não vá esperando grandes acontecimentos ou personagens cativantes, porque ao invés disso o que você vai ver são pessoas na margem da sociedade, tomando decisões questionáveis e sem nenhuma perspectiva de mudança.
o longa segue o dia a dia de Moonee, uma garotinha de seis anos que junto com seus amigos provoca o caos no motel onde mora com sua mãe Halley, que mais parece sua irmã (em idade e atitudes). Halley não consegue arranjar emprego pra sustentar a filha, vive de pequenos golpes e cria a menina com uma negligência que deixa qualquer um de cabelo em pé.
sendo assim, pelo menos nos primeiros 40 minutos, é bem difícil ter qualquer tipo de simpatia por esses personagens tamanha a confusão que eles parecem ser. mas, ultrapassada essa barreira, o texto é tão bem construído, tão humano e sutil que é impossível não ficar completamente hipnotizado pelo filme. as atuações ultrarrealistas de Projeto Flórida só intensificam a experiência. o trio Brooklynn Prince, Bria Vinaite e Willem Dafoe (que interpreta o gerente do motel e melhor personagem do filme) está completamente estonteante em seus papéis, mas a mensagem do longa extrapola qualquer qualidade técnica.
Projeto Flórida surpreende por mostrar o amor nos lugares onde menos esperamos vê-lo. o contraste entre o afeto artificial da Disney e o desajustado motel Magic Castle são gritantes, mas para quem assiste ao filme não há dúvidas: por mais problemáticos que sejam seus moradores, é na realidade nada alienadora do não-conto de fadas onde podemos encontrar amor em sua forma mais verdadeira.
cada olhadela de canto de olho da protagonista de Fleabag para o público toda vez que uma situação precisa ser comentada é fantástica. você se sente amiga, confidente e cúmplice de todas as suas incansáveis tentativas de viver a vida da melhor forma que ela consegue. é com dor no coração que vemos ela se dando mal, sendo rejeitada, vivendo relacionamentos tóxicos, sendo subestimada, desvalorizada e lutando muito para conseguir superar seus fantasmas do passado. por isso que é com tanta alegria que comemoramos cada volta por cima, cada conquista, cada pequena evolução que ela consegue fazer como se fossemos nós mesmas.
e é tão, tão fácil se identificar. talvez nem tanto homens, mas as mulheres têm nessa pequena pérola de duas temporadas exibidas pela Amazon Prime um refúgio onde, mais do que julgar, somos levadas a entender e acolher essa mulher em apuros, que poderia ser qualquer uma de nós. afinal, é muito mais fácil atirar pedras naquela que caminha por fora da curva do que enaltecer os passos que ela dá em busca de autoconhecimento.
e em Fleabag você tem isso de forma inteligente, com diálogos bem construídos, situações complexas e personagens sensacionais. o humor afiado da protagonista (que não tem nome, mas que carinhosamente chamamos de Fleabag) e suas constantes quebras da quarta parede (quando ela olha e fala com “quem assiste”) são prova do talento soberbo de Phoebe Waller-Bridge, tanto como atriz como quanto roteirista.
o que ela faz aqui lembra bastante o que a Lenna Dunham fez em Girls, da HBO, porém numa versão “mulher de 30 anos”, mais refinada e enfrentando outros dilemas da vida adulta. Fleabag e Hannah se parecem muito por serem as protagonistas politicamente incorretas e nada ortodoxas que tomam atitudes de m*rda, mas que nós adoramos amar. e (porque não?) nos identificar.
as duas temporadas (curtíssimas, infelizmente) de Fleabag estão aí pra ser aquele escape, gostoso e britânico, doloroso de tão real, que é impossível de largar e mais ainda de esquecer. Vá esperando fundo do poço, humor refinado, cenas poderosas e muito bem escritas. é uma experiência fantástica.
Phoebe Waller-Bridge conte conosco para absolutamente TUDO.
outro dia, Patricia Arquette e Joey King estavam em todas as premiações levando os louros pela primeira temporada de The Act, a nova série do serviço de streaming Hulu e que deu o que falar no ano passado. a proposta da série é dramatizar histórias reais que ganharam destaque no noticiário policial por sua bizarrice e seu tom grotesco.
essa temporada dá conta do caso Dee Dee e Gipsy Blanchard, mãe e filha que protagonizaram os noticiários americanos em 2015. nela, acompanhamos o relacionamento doentio que elas alimentam uma pela outra, uma vez que Dee Dee faz Gipsy acreditar que, desde criança, ela possui diversas doenças incuráveis, mas que não passam de pretexto para que Dee Dee a mantenha sempre dependente. por outro lado, Gipsy vive dividida entre o “amor” que sente pela mãe e a vontade constante de viver sua própria vida.
quanto menos você souber sobre a trama, melhor ela fica, então eu vou parando por aqui. o mistério de The Act é maior se você enfrenta a maratona quase zerado e, vai por mim, a cada episódio seu interesse em saber os porquês e o final da história vai aumentando e vale cada minuto investido. quanto mais se aprofunda no caso da família Blanchard, mais se nota que ele permite bem mais questionamentos do que se poderia esperar. não tem como não se envolver com a série.
além de um roteiro pra lá de bem escrito e executado em quase 100% da temporada (lá pelo episódio 5 ou 6 as coisas vão ficando um pouco arrastadas), a força da série está quase que inteira na dupla de atrizes principais, que se entregam aos papéis e dão um verdadeiro show. Patricia faz aqui um de seus trabalhos mais intensos e profundos (e assustadores). Joey também não fica pra trás. destaque para a maquiagem usada em ambas as personagens e nos trejeitos de King para se parecer com uma pré-adolescente.
com oito episódios de 40-50 minutos, mais ou menos, a primeira temporada de The Act é um prato cheio pra quem, assim como eu, adora boas histórias policiais com algum suspense e um drama familiar. some isso ao fato dela brindar o espectador com discussões complexas sobre patologias, dependência afetiva, relacionamentos tóxicos e as consequências a que tudo isso pode levar.
o terror dos anos 80 não teria sido o mesmo sem o mestre John Carpenter que com criatividade, efeitos práticos e muito gore fez clássicos eternos como The Thing, também conhecido como O Enigma de Outro Mundo. devo dizer que não sou fã do cinema do gênero, são poucos os filmes atuais de terror que eu chego a assistir, mas certos elementos em The Thing são simplesmente irresistíveis, principalmente o fato do suspense ser seu ponto forte.
o enredo tem o tipo de simplicidade que sempre me deixa curiosa: coisas estranhas passam a acontecer depois da chegada de um cachorro a uma estação americana na Antártica onde trabalham doze cientistas. não é fácil escrever histórias que se passam em ambientes fechados com poucos personagens, mas quando um bom texto consegue fazer isso bem, ele se torna especialmente interessante.
o roteiro é enxuto, começa como quem não quer nada e lentamente vai ficando cada vez mais tenso, não te deixando desgrudar os olhos da tela. o ambiente claustrofóbico e a sensação de que cada um dos personagens pode ser o inimigo estabelecem o suspense, que se complementa de forma certeira pela trilha sonora de outro mestre, o Ennio Morricone. aqui ele preenche qualquer falha de Carpenter com talento e essa sutileza se torna indispensável para elevar o suspense a outro patamar.
de longe, o que mais diverte e encanta em The Thing é o fato do terror não ser tanto a criatura (construída por meio de efeitos práticos fascinantes), mas sim a desconfiança sobre cada um dos personagens, compartilhada por eles e pelo público. quem é homem e quem é monstro? é impossível não ficar apreensivo na cena em que o personagem do Kurt Russell começa a testar cada amostra de sangue para encontrar qual não é a humana.
saber quem é confiável ou não é o jogo de tensão que John Carpenter nos propõe neste filme sensacional que envelheceu muito bem, um clássico atemporal do sci-fi que prende qualquer espectador e merece algumas horas do seu tempo.
Assisti primeiro o remake da Sofia Copolla, mas fiquei tão intrigada com a história que vim logo assistir o original, dito melhor que o de 2017. E é verdade. Existe muito mais vida aqui. Gostei muito das interpretações sutis do remake, mas o filme de 71 consegue deixar a história mais interessante, deixa mais explícito (de um jeito bom) a intenção dos personagens e seus desejos. Em relação a esse tópico, achei que são quase dois filmes diferentes, aqui é possível ver melhor a malícia do soldado, o desejo das mulheres por ele, além de suscitar outros temas com a existência de outros personagens que não estão no filme da Sofia. A única coisa que me incomodou foi o diretor ter apelado para explicitar alguns pensamentos dos personagens, achei um recurso pobre e que passaria perfeitamente sem ele. É uma história propositalmente estranha e que chega a ter consequências extremamente inesperadas, mas é isso que o torna tão fascinante.
O filme é tão interessante e bem amarrado que as três horas passam rapidinho, eu nem senti. Ele mostra mostra o como a natureza humana pode ser feia, tanto nos personagens quanto em nós mesmos, que ficamos esperando pela vingança de Grace. Fiquei chocada, mas extremamente fascinada por esse filme.
O tempo passa rapidinho enquanto a gente fica dentro dessa sala com os 12 participantes do júri. É muito interessante como aos poucos, o fato de deixarem os preconceitos de lado e começarem a encarar os fatos com racionalidade vai mudando as opiniões deles em relação ao caso. Os enquadramentos ajudam a criar uma tensão perfeita que o transforma quase num filme de terror. Aqui, definitivamente, cada detalhe precisa ser levado em conta. Com certeza um filmão.
Realmente um dos melhores roteiros de todos os tempos. Redondinho, ágil sem ser apressado, sem cenas ou diálogos a mais, tudo é extremamente essencial à obra. Muitas passagens memoráveis e twists interessantes. Um clássico verdadeiro.
Um ótimo filme de suspense. O final é um tanto previsível depois que você assiste filmes como O Sexto Sentido, por exemplo, mas que na última cartada ainda consegue surpreender. Só não é superior a ele porque poderia ser bem mais sutil em suas revelações, no desenvolver do mistério e nos sustos. Os últimos 10 minutos são altamente explicativos verbalmente, nós já tínhamos entendido, não precisava ter falado tudo de novo, foi um recurso pobre. Esses são defeitos graves para um filme do gênero, mas não deixa de ser uma experiência ótima.
Descobri esse filme através de (500) Dias Com Ela e foi muito divertido fazer um paralelo entre os personagens principais. Em (500) Dias o narrador fala que Tom (o personagem principal) faz uma interpretação completamente errônea desse filme: ele acredita que só seria realmente feliz quando encontrasse a garota da sua vida. E quando ele a "encontra", o tempo passa e ele começa ver que existe mais do que isso. É exatamente o que acontece com Ben em The Graduate. Ele acabou de se formar e tudo que lhe perguntam é o que ele quer fazer. Ele começa a escapar dessa pressão com a Mrs. Robinson.
Então ele conhece a Elaine e se "apaixona" completamente por ela, ele acredita que ela seria a resolução para todo o futuro dele e começa essa caça obsessiva por ela. Até que acontece a cena do ônibus, primeiro eles riem, acham completamente engraçado tudo o que aconteceu e se sentem bem felizes, mas depois Ben para e começa a olhar para o nada. E de novo o futuro vem bater na porta dele, o "e agora?" fica martelando na cabeça dele e de novo a pressão para fazer as coisas certas, para saber se fez a coisa certa ou para simplesmente fazer algo. E no fim consegui entender a cena de (500) Dias quando Tom e Summer vão ao cinema assistir ao filme: Summer começa a chorar desesperadamente no final e Tom acha estranho essa reação dela e logo em seguida ela termina com ele. Enfim, esse final permite essa dupla interpretação, uma romântica e uma realista.
Nunca fui de acompanhar séries, mas The Big Bang Theory é a única que eu faço questão. Sou completamente viciada pela história, pelos personagens. Simplesmente hilária, surpreendentemente inteligente e maravilhosamente incrível!
Projeto Flórida
4.1 1,0Kfazia tempo que um filme não me empolgava de um jeito tão arrebatador e genuíno quanto aconteceu com Projeto Flórida, um daqueles longas com orçamento limitado e uma história simples e dura sobre pessoas comuns. o que o diretor e roteirista Sean Baker fez aqui foi cinema de afeto, um retrato da infância sem lentes amenizadoras, mas com um olhar sensível e bastante consciente.
não é preciso ir muito além pra entender que Projeto Flórida não é pra todo mundo. se eu te convencer de alguma forma a dar uma chance ao longa, não vá esperando grandes acontecimentos ou personagens cativantes, porque ao invés disso o que você vai ver são pessoas na margem da sociedade, tomando decisões questionáveis e sem nenhuma perspectiva de mudança.
o longa segue o dia a dia de Moonee, uma garotinha de seis anos que junto com seus amigos provoca o caos no motel onde mora com sua mãe Halley, que mais parece sua irmã (em idade e atitudes). Halley não consegue arranjar emprego pra sustentar a filha, vive de pequenos golpes e cria a menina com uma negligência que deixa qualquer um de cabelo em pé.
sendo assim, pelo menos nos primeiros 40 minutos, é bem difícil ter qualquer tipo de simpatia por esses personagens tamanha a confusão que eles parecem ser. mas, ultrapassada essa barreira, o texto é tão bem construído, tão humano e sutil que é impossível não ficar completamente hipnotizado pelo filme. as atuações ultrarrealistas de Projeto Flórida só intensificam a experiência. o trio Brooklynn Prince, Bria Vinaite e Willem Dafoe (que interpreta o gerente do motel e melhor personagem do filme) está completamente estonteante em seus papéis, mas a mensagem do longa extrapola qualquer qualidade técnica.
Projeto Flórida surpreende por mostrar o amor nos lugares onde menos esperamos vê-lo. o contraste entre o afeto artificial da Disney e o desajustado motel Magic Castle são gritantes, mas para quem assiste ao filme não há dúvidas: por mais problemáticos que sejam seus moradores, é na realidade nada alienadora do não-conto de fadas onde podemos encontrar amor em sua forma mais verdadeira.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 886 Assista Agoracada olhadela de canto de olho da protagonista de Fleabag para o público toda vez que uma situação precisa ser comentada é fantástica. você se sente amiga, confidente e cúmplice de todas as suas incansáveis tentativas de viver a vida da melhor forma que ela consegue. é com dor no coração que vemos ela se dando mal, sendo rejeitada, vivendo relacionamentos tóxicos, sendo subestimada, desvalorizada e lutando muito para conseguir superar seus fantasmas do passado. por isso que é com tanta alegria que comemoramos cada volta por cima, cada conquista, cada pequena evolução que ela consegue fazer como se fossemos nós mesmas.
e é tão, tão fácil se identificar. talvez nem tanto homens, mas as mulheres têm nessa pequena pérola de duas temporadas exibidas pela Amazon Prime um refúgio onde, mais do que julgar, somos levadas a entender e acolher essa mulher em apuros, que poderia ser qualquer uma de nós. afinal, é muito mais fácil atirar pedras naquela que caminha por fora da curva do que enaltecer os passos que ela dá em busca de autoconhecimento.
e em Fleabag você tem isso de forma inteligente, com diálogos bem construídos, situações complexas e personagens sensacionais. o humor afiado da protagonista (que não tem nome, mas que carinhosamente chamamos de Fleabag) e suas constantes quebras da quarta parede (quando ela olha e fala com “quem assiste”) são prova do talento soberbo de Phoebe Waller-Bridge, tanto como atriz como quanto roteirista.
o que ela faz aqui lembra bastante o que a Lenna Dunham fez em Girls, da HBO, porém numa versão “mulher de 30 anos”, mais refinada e enfrentando outros dilemas da vida adulta. Fleabag e Hannah se parecem muito por serem as protagonistas politicamente incorretas e nada ortodoxas que tomam atitudes de m*rda, mas que nós adoramos amar. e (porque não?) nos identificar.
as duas temporadas (curtíssimas, infelizmente) de Fleabag estão aí pra ser aquele escape, gostoso e britânico, doloroso de tão real, que é impossível de largar e mais ainda de esquecer. Vá esperando fundo do poço, humor refinado, cenas poderosas e muito bem escritas. é uma experiência fantástica.
Phoebe Waller-Bridge conte conosco para absolutamente TUDO.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
The Act
4.3 392outro dia, Patricia Arquette e Joey King estavam em todas as premiações levando os louros pela primeira temporada de The Act, a nova série do serviço de streaming Hulu e que deu o que falar no ano passado. a proposta da série é dramatizar histórias reais que ganharam destaque no noticiário policial por sua bizarrice e seu tom grotesco.
essa temporada dá conta do caso Dee Dee e Gipsy Blanchard, mãe e filha que protagonizaram os noticiários americanos em 2015. nela, acompanhamos o relacionamento doentio que elas alimentam uma pela outra, uma vez que Dee Dee faz Gipsy acreditar que, desde criança, ela possui diversas doenças incuráveis, mas que não passam de pretexto para que Dee Dee a mantenha sempre dependente. por outro lado, Gipsy vive dividida entre o “amor” que sente pela mãe e a vontade constante de viver sua própria vida.
quanto menos você souber sobre a trama, melhor ela fica, então eu vou parando por aqui. o mistério de The Act é maior se você enfrenta a maratona quase zerado e, vai por mim, a cada episódio seu interesse em saber os porquês e o final da história vai aumentando e vale cada minuto investido. quanto mais se aprofunda no caso da família Blanchard, mais se nota que ele permite bem mais questionamentos do que se poderia esperar. não tem como não se envolver com a série.
além de um roteiro pra lá de bem escrito e executado em quase 100% da temporada (lá pelo episódio 5 ou 6 as coisas vão ficando um pouco arrastadas), a força da série está quase que inteira na dupla de atrizes principais, que se entregam aos papéis e dão um verdadeiro show. Patricia faz aqui um de seus trabalhos mais intensos e profundos (e assustadores). Joey também não fica pra trás. destaque para a maquiagem usada em ambas as personagens e nos trejeitos de King para se parecer com uma pré-adolescente.
com oito episódios de 40-50 minutos, mais ou menos, a primeira temporada de The Act é um prato cheio pra quem, assim como eu, adora boas histórias policiais com algum suspense e um drama familiar. some isso ao fato dela brindar o espectador com discussões complexas sobre patologias, dependência afetiva, relacionamentos tóxicos e as consequências a que tudo isso pode levar.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
O Enigma de Outro Mundo
4.0 981 Assista Agorao terror dos anos 80 não teria sido o mesmo sem o mestre John Carpenter que com criatividade, efeitos práticos e muito gore fez clássicos eternos como The Thing, também conhecido como O Enigma de Outro Mundo. devo dizer que não sou fã do cinema do gênero, são poucos os filmes atuais de terror que eu chego a assistir, mas certos elementos em The Thing são simplesmente irresistíveis, principalmente o fato do suspense ser seu ponto forte.
o enredo tem o tipo de simplicidade que sempre me deixa curiosa: coisas estranhas passam a acontecer depois da chegada de um cachorro a uma estação americana na Antártica onde trabalham doze cientistas. não é fácil escrever histórias que se passam em ambientes fechados com poucos personagens, mas quando um bom texto consegue fazer isso bem, ele se torna especialmente interessante.
o roteiro é enxuto, começa como quem não quer nada e lentamente vai ficando cada vez mais tenso, não te deixando desgrudar os olhos da tela. o ambiente claustrofóbico e a sensação de que cada um dos personagens pode ser o inimigo estabelecem o suspense, que se complementa de forma certeira pela trilha sonora de outro mestre, o Ennio Morricone. aqui ele preenche qualquer falha de Carpenter com talento e essa sutileza se torna indispensável para elevar o suspense a outro patamar.
de longe, o que mais diverte e encanta em The Thing é o fato do terror não ser tanto a criatura (construída por meio de efeitos práticos fascinantes), mas sim a desconfiança sobre cada um dos personagens, compartilhada por eles e pelo público. quem é homem e quem é monstro? é impossível não ficar apreensivo na cena em que o personagem do Kurt Russell começa a testar cada amostra de sangue para encontrar qual não é a humana.
saber quem é confiável ou não é o jogo de tensão que John Carpenter nos propõe neste filme sensacional que envelheceu muito bem, um clássico atemporal do sci-fi que prende qualquer espectador e merece algumas horas do seu tempo.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
O Estranho Que Nós Amamos
3.9 131 Assista AgoraAssisti primeiro o remake da Sofia Copolla, mas fiquei tão intrigada com a história que vim logo assistir o original, dito melhor que o de 2017. E é verdade. Existe muito mais vida aqui. Gostei muito das interpretações sutis do remake, mas o filme de 71 consegue deixar a história mais interessante, deixa mais explícito (de um jeito bom) a intenção dos personagens e seus desejos. Em relação a esse tópico, achei que são quase dois filmes diferentes, aqui é possível ver melhor a malícia do soldado, o desejo das mulheres por ele, além de suscitar outros temas com a existência de outros personagens que não estão no filme da Sofia. A única coisa que me incomodou foi o diretor ter apelado para explicitar alguns pensamentos dos personagens, achei um recurso pobre e que passaria perfeitamente sem ele. É uma história propositalmente estranha e que chega a ter consequências extremamente inesperadas, mas é isso que o torna tão fascinante.
Dogville
4.3 2,0K Assista AgoraO filme é tão interessante e bem amarrado que as três horas passam rapidinho, eu nem senti. Ele mostra mostra o como a natureza humana pode ser feia, tanto nos personagens quanto em nós mesmos, que ficamos esperando pela vingança de Grace. Fiquei chocada, mas extremamente fascinada por esse filme.
12 Homens e Uma Sentença
4.6 1,2K Assista AgoraO tempo passa rapidinho enquanto a gente fica dentro dessa sala com os 12 participantes do júri. É muito interessante como aos poucos, o fato de deixarem os preconceitos de lado e começarem a encarar os fatos com racionalidade vai mudando as opiniões deles em relação ao caso. Os enquadramentos ajudam a criar uma tensão perfeita que o transforma quase num filme de terror. Aqui, definitivamente, cada detalhe precisa ser levado em conta. Com certeza um filmão.
Casablanca
4.3 1,0K Assista AgoraRealmente um dos melhores roteiros de todos os tempos. Redondinho, ágil sem ser apressado, sem cenas ou diálogos a mais, tudo é extremamente essencial à obra. Muitas passagens memoráveis e twists interessantes. Um clássico verdadeiro.
Os Outros
4.1 2,5K Assista AgoraUm ótimo filme de suspense. O final é um tanto previsível depois que você assiste filmes como O Sexto Sentido, por exemplo, mas que na última cartada ainda consegue surpreender. Só não é superior a ele porque poderia ser bem mais sutil em suas revelações, no desenvolver do mistério e nos sustos. Os últimos 10 minutos são altamente explicativos verbalmente, nós já tínhamos entendido, não precisava ter falado tudo de novo, foi um recurso pobre. Esses são defeitos graves para um filme do gênero, mas não deixa de ser uma experiência ótima.
A Primeira Noite de Um Homem
4.1 810 Assista AgoraDescobri esse filme através de (500) Dias Com Ela e foi muito divertido fazer um paralelo entre os personagens principais. Em (500) Dias o narrador fala que Tom (o personagem principal) faz uma interpretação completamente errônea desse filme: ele acredita que só seria realmente feliz quando encontrasse a garota da sua vida. E quando ele a "encontra", o tempo passa e ele começa ver que existe mais do que isso. É exatamente o que acontece com Ben em The Graduate. Ele acabou de se formar e tudo que lhe perguntam é o que ele quer fazer. Ele começa a escapar dessa pressão com a Mrs. Robinson.
Então ele conhece a Elaine e se "apaixona" completamente por ela, ele acredita que ela seria a resolução para todo o futuro dele e começa essa caça obsessiva por ela. Até que acontece a cena do ônibus, primeiro eles riem, acham completamente engraçado tudo o que aconteceu e se sentem bem felizes, mas depois Ben para e começa a olhar para o nada. E de novo o futuro vem bater na porta dele, o "e agora?" fica martelando na cabeça dele e de novo a pressão para fazer as coisas certas, para saber se fez a coisa certa ou para simplesmente fazer algo. E no fim consegui entender a cena de (500) Dias quando Tom e Summer vão ao cinema assistir ao filme: Summer começa a chorar desesperadamente no final e Tom acha estranho essa reação dela e logo em seguida ela termina com ele. Enfim, esse final permite essa dupla interpretação, uma romântica e uma realista.
Big Bang: A Teoria (1ª Temporada)
4.4 774 Assista AgoraNunca fui de acompanhar séries, mas The Big Bang Theory é a única que eu faço questão. Sou completamente viciada pela história, pelos personagens. Simplesmente hilária, surpreendentemente inteligente e maravilhosamente incrível!