Um filme sobre "meninice". Pequenos Gangsteres é um bom coming of age que fala com uma geração de meninos sexualizados colocando-os em situações que parecem gloriosas em telas e raps, mas que não funcionam na vida real - coisa que todo garoto parece descobrir em algum ponto, uns mais cedo, outros mais tarde.
Em determinado momento de Live By Night, enquanto Ben Affleck contemplava o horizonte numa cena, eu me peguei imaginando como seria uma trilogia gangster dirigida por ele. E esse pensamento não é à toa, Ben Affleck quis fazer seu Poderoso Chefão, só que sem a maestria dos personagens de Puzo e sem a mão de Coppola.
Eu gosto de Ben Affleck, assim como gosto de The Town e Argo. Porém todos esses são filmes que compartilham do mesmo erro: Extensão longa demais, história desnecessariamente complexa, diálogos grandes ou maquiados com frases feitas, personagens que exigem uma carga dramática num filme que não dá espaço para isso.
E a cada filme que Affleck faz, ele parece repetir o mesmo erro cada vez mais intensamente. The Town se salva por ser uma história mais dinâmica e com cenas de ação mais presentes. Argo se salva pelas boas atuações, os personagens carismáticos e uma história simples (apesar do teor político complexo que não afeta o filme). Mas Live By Night não agrada em nenhum desses pontos e só evidencia o que Ben Affleck precisa fazer para aproveitar seu potencial todo: Parar de querer fazer filmes maiores que ele e investir em histórias que falem mais sobre o que ele quer contar e menos sobre as diversas formas megalomaníacas que elas podem ser contadas.
Morris From America perde uma ótima chance de criar um coming of age único e poderoso. Mesmo assim, o filme tem seu charme e um ótimo ritmo equilibrando perfeitamente o humor e o drama que acerca a vida de Morris. Vale também a ressalva de que o diretor/escritor do filme, Chad Hartigan, é branco e escreveu os freestyles explícitos que Morris canta no filme, o que pode levantar uma ótima discussão sobre o filme.
Mr. Church é uma nova e boa página na carreira de Eddie Murphy que mostra que também pode facilmente se encarregar de um filme dramático. Por outro lado, a trama clichê, por vezes pretensiosamente dramática, estraga qualquer subjetividade do filme nos entregando uma história comovente, mas que se rende à uma simplicidade irritante.
Até quando vão insistir nesses filmes de personagens excêntricos, com habilidades incomuns e antissociais? O Contador é conduzido de forma precisa e impecável por Gavin O'Connor e Ben Affleck está ótimo surrando vários bandidos. O único pecado do filme é não inovar na trama, se tornando apenas mais um bom filme de ação quando podia ser bem mais que isso.
Magistralmente conduzido, os diretores de Swiss Army Man não parecem nem de longe estreantes ao nos encantarem com uma história ousada que se utiliza de peidos para construir suas metáforas e uma conexão sincera de um homem perdido (em muitos sentidos) com um corpo morto.
Sem medo de hipérbole, Edgar Wright é um dos melhores, maiores, criativos e inteligentes diretores do circuito mainstream britânico.
Chumbo Grosso é uma comédia que consegue abranger muitos gêneros ora homenageando-os, ora percorrendo quase que inevitavelmente devido à elasticidade da história. O roteiro de Wright e Pegg é impecável, cheio de piadas inteligentes, arcos bem fechados e cutucadas em clichês hollywoodianos. A dupla Simon Pegg e Nick Frost consegue repetir o carisma de Shaun of the Dead (também de Wright, 2004) deixando a sensação de que talvez esse filme não fosse possível ter um resultado tão positivo com outros atores.
Apesar disso tudo, o que mais chama atenção é a energia de Edgar Wright que pauta o roteiro em sequências malucas de ação complementando com seu estilo inconfundível na direção onde tenta esconder transições de cena dando a impressão de que o filme inteiro é um longo shot. Chumbo Grosso é uma comédia muito divertida que não se intimida com piadas simples, sacadas que podem ser manjadas e assim, se leva à sério da maneira ideal.
Uma construção de suspense como poucos filmes sabem fazer, The Invitation é um dos melhores longas de seu gênero. Durante seus pouco mais de noventa minutos, o filme brinca com reviravoltas pelo viés de Will deixando o espectador perturbado e confuso, o que é o suficiente para que na sequência chave do terceiro ato teimemos contra nosso próprio instinto de desconfiança para com os anfitriões.
Ótimo suspense, ótima trilha sonora e ótima condução.
Acho que já podemos dizer que esses filmes de jantares de "confraternização de amigos que não se veem há anos" como The Gift, Coherence são os novos "amigos vão passar um final de semana numa cabana afastada da cidade."
Com uma trama simples e um protagonista desiludido, Mojave pode enganar muitas pessoas fingindo ser despretensioso. Monahan constrói nesse filme um bom estudo de anti-heroísmo colocando o sofrimento e desilusão do protagonista à prova de um conflito moral de sobrevivência. Talvez o filme tivesse melhor desenvolvimento se protagonista e antagonista - se é que existe essa definição de quem é quem nesse filme - fossem melhor explorados. Porém, ainda assim, a simplicidade da trama não esconde a faísca de brilhantismo nas entrelinhas.
Super construção visual e narrativa. Com um tom investigativo de dar inveja a muitos filmes do gênero, Brick tem um protagonista forte e um roteiro irônico que usa os limites da verossimilhança à favor do plot. A direção de Rian Johnson é facilmente identificável, dando ao filme uma identidade característica.
Talvez o único problema de Brick seja a transição do segundo ato para a conclusão, etapa essa que o filme pode perder o espectador ao optar por diálogos longos e tomadas lentas.
Porém, mesmo assim, Brick é definitivamente um ótimo filme com muitos plot twists e um protagonista apaixonante que realmente lembra o belo ambiente de Cowboy Bebop (anime que inspirou o diretor). A última cena é linda e conclui magistralmente o filme provando que a mão de diretor de Johnson é profissional.
Assim que Burnt começa, a premissa pode chamar atenção. Não iremos acompanhar uma história sobre um viciado que passará por uma mudança. Não. Em Burnt, acompanhamos Adam Jones já recuperado dos seus vícios e isso sozinho poderia ser interessante para construir um filme bom, mas não foi bem assim.
Burnt é uma verdadeira bagunça. Nada nesse filme funciona. Um filme em que direção, roteiro e edição não poderiam ser combinados de uma forma pior ou com um pior desempenho. Além de possuir personagens ora desnecessários, ora sub-explorados, o filme não te recompensa nem ao menos com tomadas interessantes ou sacadas diferentes. Muito pelo contrário, todas as tensões, piadas e até mesmo a arrogância de Bradley Cooper são previsíveis e já batidas. Por trás do protagonista, os personagens coadjuvantes funcionam todos à favor de Adam Jones e todas as construções dramáticas em cima deles só deixa mais claro tudo isso.
Sendo assim, Pegando Fogo é um filme medíocre, feito apenas para entrar no hype (que inclusive já está mudando de direção) dos chefes de cozinha arrogantes e descolados, mas que falha miseravelmente ao entregar um drama muito mal estruturado e escrito com personagens à quem, frases blasés e uma edição que além de te confundir a narrativa, evidencia o quão bagunçado o filme é.
Com um bom argumento e bons personagens, é uma pena que o longa não se deixe enriquecer nas divagações e nos próprios questionamentos entre mãe, filha e clone. A ambientação mundana transparece a tristeza e o descontentamento de uma raça preoucupada com a própria insuficiencia. A dinâmica de comunicação humana não é nada muito novo, mas é usada criativamente e sem exageros. Com bons diálogos e uma direção que pode desagradar alguns, Advantageous é um bom filme que poderia sido mais explorado, mas que entrega uma história tocante que tende entre a complexidade requerida da trama e a que realmente é apresentada.
Um dos melhores roteiros dessa geração do terror americano. A velha formula de fomentar uma química entre os personagens interligando-os por laços de amizades e memórias nostálgicas é uma tirada clássica e inteligente. Isso só ajuda a incrementar a dinâmica (muito bem feita e até estilosa) do desenrolar de uma história simples e envolvente. It Follows é um ótimo filme e que conta com uma direção redonda que captura o ar tenebroso e desconfiado do subúrbio dos protagonistas de Detroit. Sem spoilers, o final pode ser enxergado como inconclusivo por alguns, mas essa não é uma conclusão muito justa. O final é enigmático e fecha a paranoia que cerca a trama.
Jay talvez não tenha transado com os homens da lancha - ou talvez tenha, mas eles morreram. Paul, após transar com Jay, talvez tenha passado (ou não) a maldição para as prostitutas. Na última cena é possível ver um menino atrás de Jay e Paul enquanto andam pela rua o que nos faz questionar se Paul se livrou da maldição anteriormente.
Forte candidato a entrar na lista dos melhores do ano, Ex Machina é um filme de poderosas indagações e argumentos.O filme conta com um trabalho técnico de arrepiar no som e nos efeitos visuais, complementando a direção de Alex Garland e a fotografia de Rob Hardy que pintam quadro a quadro de forma eficaz. Com um elenco eficiente, Ex Machina não peca no que propõe. É um ótimo sci-fi que vai te prender e te fazer pensar em algumas questões interessantes (vide a cena de Ava colocando o vestido pela primeira vez). Olhando para outras questões, o filme não considera, por exemplo, as três leis da robótica de Asimov - que poderiam resolver ou incrementar a trama. Porém, ao final do filme - calma, não é spoiler - me questionei se a IA deveria mesmo ser concebida com regras e limitações e se seria tão "real" quanto Nathan concebeu que fosse. Ótimo filme. Precisamos de mais assim.
Um filme que sofre explicitamente com o ritmo mal construído e planejado, My Week With Marilyn nos mostra uma das maiores estrelas do cinema em sete dias de sua vida glamorosa e turbulenta. Pelos olhos de Colin somos conduzidos à pouco mais de uma hora e meia em um filme que parece ter sido construído de forma apressada e mal pensada com cortes abruptos entre cenas que tentam (muitas das vezes, sem sucesso) nos emocionar, o que pode trazer o espectador para fora da trama por diversas vezes. Talvez uma construção mais intimista sobre a relação de Colin com o cinema até seu amor platônico por Marilyn pudesse homogenizar as cenas do longa que parecem deslocadas e "mal colocadas" por diversos momentos. Com tais problemas, a atuação e dedicação Michelle Williams ao construir Marilyn são ofuscados pelo holofote que deveria destaca-los e destaca-la.
The Village é um filme rico. A trama discute pontos intrigantes que vão desde o isolamento de um grupo de pessoas fartas com atrocidades humanas incontroláveis ao inevitável desejo de controle e persuasão social. Além disso, contrapõe o que os próprios protagonistas defendem - o isolamento para evitar tais atrocidades - quando um dos próprios membros do grupo comete uma atrocidade tão cruel quanto as de fora da vila. A maioria das pessoas critica esse filme levando em conta apenas a fama dele e muitas dizem que o filme tem erros - ora essa, todos têm! Esse filme sofre por causa dessa fama quando, na verdade, é um longa de tamanha originalidade que conquista esse status merecidamente ao mesclar fantasia com um clima de terror psicológico e ainda nos envolve com romance.
De boas intenções o inferno está cheio. Porto dos Mortos se destaca negativamente ao subestimar o gênero de zumbis que anda em voga novamente. Apesar das referências interessantes e legais à Romero e até mesmo Tarantino, o filme é completamente perdido em âmbitos como roteiro, continuidade e nem mesmo a produção de arte ajuda ao criar cenários previsíveis e artificiais. Talvez uma HQ funcionasse melhor.
Detachment surpreende aos poucos. Com a premissa de entregar mais um filme de professores e alunos, ele nos surpreende ao entregar uma visão particular e intrínseca de cada um de seus personagens. Além disso, toca em assuntos sérios e que deveriam ser cada vez mais discutidos como educação, o importante papel da conexão entre escola e família, a importância dos professores, além de assuntos mais gerais como exploração sexual e até mesmo o "marketing da destruição" que aponta estereótipos de perfeição e imperfeição. Ao abrir-se poeticamente após algum tempo de filme, o lado psicológico de seus personagens é retratado com uma delicadeza sutil que surte efeito de forma muito eficaz ao nos fazer entender que um problema é apenas um emaranhado em vários outros problemas de várias outras pessoas. Como se não fosse o bastante, ainda brinca com analogias e comparações com obras literárias (vide 1984, de Orwell, e A Queda da Casa de Usher, de Allan Poe). As poucas falhas do filme surgem quando avaliamos em questão de direção em âmbitos de angulação e fotografia que em alguns momentos parece ser amadora e dispersa. Porém, o filme se sustenta com seu ótimo roteiro que não deixa Detachment se tornar esquecível.
Os roteiristas sorriem para esse filme enquanto diretores podem se incomodar. Com um roteiro interessante, Crash peca em sua argumentação visual ao insistir na crítica mal estabelecida sobre a xenofobia americana e o racismo que não chegam a serem abertas, mas que também não chega a ser irônica. Talvez a culpa se dê mais a direção do que ao próprio roteiro, uma vez que Paul Haggis não parece ter controle de todos os arcos do filme. Um filme de potencial altíssimo, mas que não mereceu o Oscar de melhor filme por se resolver de forma tão simplista e preguiçosa utilizando-se de músicas e cortes para causar comoção sem se justificar argumentativamente. Vale assistir, só não vale endeusar.
Gostei do filme, mas é realmente uma pena uma trama tão boa como essa não ter seu potencial explorado ao máximo. Porém, ainda assim vale as quase duas horas de duração.
O Grande Herói (titulo ridículo e incompreensível) é um filme competente. Com cenas de ação muito bem dirigidas e aperfeiçoadas tecnicamente (som e montagem), a trama ganha um palco para se apresentar. O filme foge do óbvio brincando num arquétipo muito conhecido nesse gênero. Ao contrário do que muitos falaram, o filme, apesar de ilustrar um pouco o espírito e orgulho americano (afinal, o filme é americano), faz muito bem e acerta em cheio ao retratar um grupo de afegãos como os verdadeiros heróis da história; essa, uma atitude muito corajosa por parte de Berg e muito inteligente também.
O cinema, antes de tudo, deve despertar em seu receptor uma ânsia para vida, para o que está atrás das câmeras. É um guia, um empurrãozinho; seja isso uma lição ou fazer despertar uma emoção. A Vida Secreta de Walter Mitty é o cinema em sua forma mais sincera. A famosa subjetividade é tratada de forma original ao transgredir algumas "regras" cinematográficas, fazendo o filme explanar-se num universo próprio e desafiador. Segurado por Ben Stiller, as quase duas horas de filme não pendem em nenhum momento e o roteiro de Steve Conrad é simples, porém, muito inteligente ao construir o suspense gradativamente ao desenvolvimento do personagem de Stiller. Um filme que te faz pensar sobre o assunto que a sétima arte venera: Vida.
Magnifico retrato e insight de uma produção integra e bem pensada. É um tesouro para todos aqueles que estudam cinema, assim como o trabalho de Coutinho é pro cinema brasileiro.
Pequenos Gângsteres
3.0 39Um filme sobre "meninice". Pequenos Gangsteres é um bom coming of age que fala com uma geração de meninos sexualizados colocando-os em situações que parecem gloriosas em telas e raps, mas que não funcionam na vida real - coisa que todo garoto parece descobrir em algum ponto, uns mais cedo, outros mais tarde.
A Lei da Noite
3.2 208 Assista AgoraEm determinado momento de Live By Night, enquanto Ben Affleck contemplava o horizonte numa cena, eu me peguei imaginando como seria uma trilogia gangster dirigida por ele. E esse pensamento não é à toa, Ben Affleck quis fazer seu Poderoso Chefão, só que sem a maestria dos personagens de Puzo e sem a mão de Coppola.
Eu gosto de Ben Affleck, assim como gosto de The Town e Argo. Porém todos esses são filmes que compartilham do mesmo erro: Extensão longa demais, história desnecessariamente complexa, diálogos grandes ou maquiados com frases feitas, personagens que exigem uma carga dramática num filme que não dá espaço para isso.
E a cada filme que Affleck faz, ele parece repetir o mesmo erro cada vez mais intensamente. The Town se salva por ser uma história mais dinâmica e com cenas de ação mais presentes. Argo se salva pelas boas atuações, os personagens carismáticos e uma história simples (apesar do teor político complexo que não afeta o filme). Mas Live By Night não agrada em nenhum desses pontos e só evidencia o que Ben Affleck precisa fazer para aproveitar seu potencial todo: Parar de querer fazer filmes maiores que ele e investir em histórias que falem mais sobre o que ele quer contar e menos sobre as diversas formas megalomaníacas que elas podem ser contadas.
Morris from America
3.4 12Morris From America perde uma ótima chance de criar um coming of age único e poderoso. Mesmo assim, o filme tem seu charme e um ótimo ritmo equilibrando perfeitamente o humor e o drama que acerca a vida de Morris. Vale também a ressalva de que o diretor/escritor do filme, Chad Hartigan, é branco e escreveu os freestyles explícitos que Morris canta no filme, o que pode levantar uma ótima discussão sobre o filme.
Mr. Church
4.0 62Mr. Church é uma nova e boa página na carreira de Eddie Murphy que mostra que também pode facilmente se encarregar de um filme dramático. Por outro lado, a trama clichê, por vezes pretensiosamente dramática, estraga qualquer subjetividade do filme nos entregando uma história comovente, mas que se rende à uma simplicidade irritante.
O Contador
3.7 647 Assista AgoraAté quando vão insistir nesses filmes de personagens excêntricos, com habilidades incomuns e antissociais? O Contador é conduzido de forma precisa e impecável por Gavin O'Connor e Ben Affleck está ótimo surrando vários bandidos. O único pecado do filme é não inovar na trama, se tornando apenas mais um bom filme de ação quando podia ser bem mais que isso.
Um Cadáver para Sobreviver
3.5 936 Assista AgoraMagistralmente conduzido, os diretores de Swiss Army Man não parecem nem de longe estreantes ao nos encantarem com uma história ousada que se utiliza de peidos para construir suas metáforas e uma conexão sincera de um homem perdido (em muitos sentidos) com um corpo morto.
Chumbo Grosso
3.9 532 Assista AgoraSem medo de hipérbole, Edgar Wright é um dos melhores, maiores, criativos e inteligentes diretores do circuito mainstream britânico.
Chumbo Grosso é uma comédia que consegue abranger muitos gêneros ora homenageando-os, ora percorrendo quase que inevitavelmente devido à elasticidade da história. O roteiro de Wright e Pegg é impecável, cheio de piadas inteligentes, arcos bem fechados e cutucadas em clichês hollywoodianos. A dupla Simon Pegg e Nick Frost consegue repetir o carisma de Shaun of the Dead (também de Wright, 2004) deixando a sensação de que talvez esse filme não fosse possível ter um resultado tão positivo com outros atores.
Apesar disso tudo, o que mais chama atenção é a energia de Edgar Wright que pauta o roteiro em sequências malucas de ação complementando com seu estilo inconfundível na direção onde tenta esconder transições de cena dando a impressão de que o filme inteiro é um longo shot. Chumbo Grosso é uma comédia muito divertida que não se intimida com piadas simples, sacadas que podem ser manjadas e assim, se leva à sério da maneira ideal.
O Convite
3.3 1,1KUma construção de suspense como poucos filmes sabem fazer, The Invitation é um dos melhores longas de seu gênero. Durante seus pouco mais de noventa minutos, o filme brinca com reviravoltas pelo viés de Will deixando o espectador perturbado e confuso, o que é o suficiente para que na sequência chave do terceiro ato teimemos contra nosso próprio instinto de desconfiança para com os anfitriões.
Ótimo suspense, ótima trilha sonora e ótima condução.
Acho que já podemos dizer que esses filmes de jantares de "confraternização de amigos que não se veem há anos" como The Gift, Coherence são os novos "amigos vão passar um final de semana numa cabana afastada da cidade."
O Assassino do Mojave
2.5 24 Assista AgoraCom uma trama simples e um protagonista desiludido, Mojave pode enganar muitas pessoas fingindo ser despretensioso. Monahan constrói nesse filme um bom estudo de anti-heroísmo colocando o sofrimento e desilusão do protagonista à prova de um conflito moral de sobrevivência. Talvez o filme tivesse melhor desenvolvimento se protagonista e antagonista - se é que existe essa definição de quem é quem nesse filme - fossem melhor explorados. Porém, ainda assim, a simplicidade da trama não esconde a faísca de brilhantismo nas entrelinhas.
A Ponta de um Crime
3.5 132 Assista AgoraSuper construção visual e narrativa. Com um tom investigativo de dar inveja a muitos filmes do gênero, Brick tem um protagonista forte e um roteiro irônico que usa os limites da verossimilhança à favor do plot. A direção de Rian Johnson é facilmente identificável, dando ao filme uma identidade característica.
Talvez o único problema de Brick seja a transição do segundo ato para a conclusão, etapa essa que o filme pode perder o espectador ao optar por diálogos longos e tomadas lentas.
Porém, mesmo assim, Brick é definitivamente um ótimo filme com muitos plot twists e um protagonista apaixonante que realmente lembra o belo ambiente de Cowboy Bebop (anime que inspirou o diretor). A última cena é linda e conclui magistralmente o filme provando que a mão de diretor de Johnson é profissional.
Pegando Fogo
3.3 545 Assista AgoraAssim que Burnt começa, a premissa pode chamar atenção. Não iremos acompanhar uma história sobre um viciado que passará por uma mudança. Não. Em Burnt, acompanhamos Adam Jones já recuperado dos seus vícios e isso sozinho poderia ser interessante para construir um filme bom, mas não foi bem assim.
Burnt é uma verdadeira bagunça. Nada nesse filme funciona. Um filme em que direção, roteiro e edição não poderiam ser combinados de uma forma pior ou com um pior desempenho. Além de possuir personagens ora desnecessários, ora sub-explorados, o filme não te recompensa nem ao menos com tomadas interessantes ou sacadas diferentes. Muito pelo contrário, todas as tensões, piadas e até mesmo a arrogância de Bradley Cooper são previsíveis e já batidas. Por trás do protagonista, os personagens coadjuvantes funcionam todos à favor de Adam Jones e todas as construções dramáticas em cima deles só deixa mais claro tudo isso.
Sendo assim, Pegando Fogo é um filme medíocre, feito apenas para entrar no hype (que inclusive já está mudando de direção) dos chefes de cozinha arrogantes e descolados, mas que falha miseravelmente ao entregar um drama muito mal estruturado e escrito com personagens à quem, frases blasés e uma edição que além de te confundir a narrativa, evidencia o quão bagunçado o filme é.
Advantageous
3.4 77 Assista AgoraCom um bom argumento e bons personagens, é uma pena que o longa não se deixe enriquecer nas divagações e nos próprios questionamentos entre mãe, filha e clone. A ambientação mundana transparece a tristeza e o descontentamento de uma raça preoucupada com a própria insuficiencia. A dinâmica de comunicação humana não é nada muito novo, mas é usada criativamente e sem exageros.
Com bons diálogos e uma direção que pode desagradar alguns, Advantageous é um bom filme que poderia sido mais explorado, mas que entrega uma história tocante que tende entre a complexidade requerida da trama e a que realmente é apresentada.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraUm dos melhores roteiros dessa geração do terror americano. A velha formula de fomentar uma química entre os personagens interligando-os por laços de amizades e memórias nostálgicas é uma tirada clássica e inteligente. Isso só ajuda a incrementar a dinâmica (muito bem feita e até estilosa) do desenrolar de uma história simples e envolvente.
It Follows é um ótimo filme e que conta com uma direção redonda que captura o ar tenebroso e desconfiado do subúrbio dos protagonistas de Detroit. Sem spoilers, o final pode ser enxergado como inconclusivo por alguns, mas essa não é uma conclusão muito justa. O final é enigmático e fecha a paranoia que cerca a trama.
Note que:
Jay talvez não tenha transado com os homens da lancha - ou talvez tenha, mas eles morreram.
Paul, após transar com Jay, talvez tenha passado (ou não) a maldição para as prostitutas.
Na última cena é possível ver um menino atrás de Jay e Paul enquanto andam pela rua o que nos faz questionar se Paul se livrou da maldição anteriormente.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraForte candidato a entrar na lista dos melhores do ano, Ex Machina é um filme de poderosas indagações e argumentos.O filme conta com um trabalho técnico de arrepiar no som e nos efeitos visuais, complementando a direção de Alex Garland e a fotografia de Rob Hardy que pintam quadro a quadro de forma eficaz.
Com um elenco eficiente, Ex Machina não peca no que propõe. É um ótimo sci-fi que vai te prender e te fazer pensar em algumas questões interessantes (vide a cena de Ava colocando o vestido pela primeira vez). Olhando para outras questões, o filme não considera, por exemplo, as três leis da robótica de Asimov - que poderiam resolver ou incrementar a trama. Porém, ao final do filme - calma, não é spoiler - me questionei se a IA deveria mesmo ser concebida com regras e limitações e se seria tão "real" quanto Nathan concebeu que fosse.
Ótimo filme. Precisamos de mais assim.
Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraUm filme que sofre explicitamente com o ritmo mal construído e planejado, My Week With Marilyn nos mostra uma das maiores estrelas do cinema em sete dias de sua vida glamorosa e turbulenta.
Pelos olhos de Colin somos conduzidos à pouco mais de uma hora e meia em um filme que parece ter sido construído de forma apressada e mal pensada com cortes abruptos entre cenas que tentam (muitas das vezes, sem sucesso) nos emocionar, o que pode trazer o espectador para fora da trama por diversas vezes.
Talvez uma construção mais intimista sobre a relação de Colin com o cinema até seu amor platônico por Marilyn pudesse homogenizar as cenas do longa que parecem deslocadas e "mal colocadas" por diversos momentos. Com tais problemas, a atuação e dedicação Michelle Williams ao construir Marilyn são ofuscados pelo holofote que deveria destaca-los e destaca-la.
A Vila
3.3 1,6KThe Village é um filme rico. A trama discute pontos intrigantes que vão desde o isolamento de um grupo de pessoas fartas com atrocidades humanas incontroláveis ao inevitável desejo de controle e persuasão social. Além disso, contrapõe o que os próprios protagonistas defendem - o isolamento para evitar tais atrocidades - quando um dos próprios membros do grupo comete uma atrocidade tão cruel quanto as de fora da vila.
A maioria das pessoas critica esse filme levando em conta apenas a fama dele e muitas dizem que o filme tem erros - ora essa, todos têm! Esse filme sofre por causa dessa fama quando, na verdade, é um longa de tamanha originalidade que conquista esse status merecidamente ao mesclar fantasia com um clima de terror psicológico e ainda nos envolve com romance.
Em Segredo
3.3 99 Assista AgoraÉ como uma versão sombria de Romeu e Julieta.
Porto dos Mortos
2.1 28De boas intenções o inferno está cheio. Porto dos Mortos se destaca negativamente ao subestimar o gênero de zumbis que anda em voga novamente. Apesar das referências interessantes e legais à Romero e até mesmo Tarantino, o filme é completamente perdido em âmbitos como roteiro, continuidade e nem mesmo a produção de arte ajuda ao criar cenários previsíveis e artificiais.
Talvez uma HQ funcionasse melhor.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraDetachment surpreende aos poucos. Com a premissa de entregar mais um filme de professores e alunos, ele nos surpreende ao entregar uma visão particular e intrínseca de cada um de seus personagens. Além disso, toca em assuntos sérios e que deveriam ser cada vez mais discutidos como educação, o importante papel da conexão entre escola e família, a importância dos professores, além de assuntos mais gerais como exploração sexual e até mesmo o "marketing da destruição" que aponta estereótipos de perfeição e imperfeição.
Ao abrir-se poeticamente após algum tempo de filme, o lado psicológico de seus personagens é retratado com uma delicadeza sutil que surte efeito de forma muito eficaz ao nos fazer entender que um problema é apenas um emaranhado em vários outros problemas de várias outras pessoas. Como se não fosse o bastante, ainda brinca com analogias e comparações com obras literárias (vide 1984, de Orwell, e A Queda da Casa de Usher, de Allan Poe).
As poucas falhas do filme surgem quando avaliamos em questão de direção em âmbitos de angulação e fotografia que em alguns momentos parece ser amadora e dispersa. Porém, o filme se sustenta com seu ótimo roteiro que não deixa Detachment se tornar esquecível.
Crash: No Limite
3.9 1,2KOs roteiristas sorriem para esse filme enquanto diretores podem se incomodar. Com um roteiro interessante, Crash peca em sua argumentação visual ao insistir na crítica mal estabelecida sobre a xenofobia americana e o racismo que não chegam a serem abertas, mas que também não chega a ser irônica. Talvez a culpa se dê mais a direção do que ao próprio roteiro, uma vez que Paul Haggis não parece ter controle de todos os arcos do filme.
Um filme de potencial altíssimo, mas que não mereceu o Oscar de melhor filme por se resolver de forma tão simplista e preguiçosa utilizando-se de músicas e cortes para causar comoção sem se justificar argumentativamente.
Vale assistir, só não vale endeusar.
O Preço do Amanhã
3.6 2,9K Assista AgoraGostei do filme, mas é realmente uma pena uma trama tão boa como essa não ter seu potencial explorado ao máximo. Porém, ainda assim vale as quase duas horas de duração.
O Grande Herói
3.8 471 Assista AgoraO Grande Herói (titulo ridículo e incompreensível) é um filme competente. Com cenas de ação muito bem dirigidas e aperfeiçoadas tecnicamente (som e montagem), a trama ganha um palco para se apresentar. O filme foge do óbvio brincando num arquétipo muito conhecido nesse gênero. Ao contrário do que muitos falaram, o filme, apesar de ilustrar um pouco o espírito e orgulho americano (afinal, o filme é americano), faz muito bem e acerta em cheio ao retratar um grupo de afegãos como os verdadeiros heróis da história; essa, uma atitude muito corajosa por parte de Berg e muito inteligente também.
A Vida Secreta de Walter Mitty
3.8 2,0K Assista AgoraO cinema, antes de tudo, deve despertar em seu receptor uma ânsia para vida, para o que está atrás das câmeras. É um guia, um empurrãozinho; seja isso uma lição ou fazer despertar uma emoção.
A Vida Secreta de Walter Mitty é o cinema em sua forma mais sincera. A famosa subjetividade é tratada de forma original ao transgredir algumas "regras" cinematográficas, fazendo o filme explanar-se num universo próprio e desafiador. Segurado por Ben Stiller, as quase duas horas de filme não pendem em nenhum momento e o roteiro de Steve Conrad é simples, porém, muito inteligente ao construir o suspense gradativamente ao desenvolvimento do personagem de Stiller.
Um filme que te faz pensar sobre o assunto que a sétima arte venera: Vida.
Coutinho.doc - Apartamento 608
4.3 7Magnifico retrato e insight de uma produção integra e bem pensada. É um tesouro para todos aqueles que estudam cinema, assim como o trabalho de Coutinho é pro cinema brasileiro.