Quando assisti ao "episódio piloto" de "3%", em 2011 (que na verdade era uma tentativa de captação de recursos para a série), fiquei bastante entusiasmado com a ideia de uma sci-fi brasileira de qualidade. A expectativa chegou no topo quando soube que a Netflix finalmente produziria a série. Parecia perfeito: uma ótima ideia levada a cabo por uma produtora de séries com alto nível de qualidade em suas produções!
A experiência de assistir "3%" foi, contudo, bem frustrante.
Não que a série seja um desperdício total. Algumas cenas são interessantes e realmente há alguma tensão e curiosidade sobre o futuro dos personagens (que são bem diferentes entre si, com suas características e motivações). Mas o saldo é abaixo do que se podia esperar de algo tão promissor.
O roteiro é raso de dar pena, com uma trama batida e previsível. Das profundas reflexões que esperamos de uma boa ficção científica, só há uma sombra. E do ponto de vista técnico, não se sai melhor: atuações (no geral) pouco inspiradas, direção frouxa e climão de série da TV Globo, com todos os seus vícios e limitações.
Resta saber se a série consegue emplacar uma segunda temporada. Porque apesar do final em aberto, a expectativa com relação ao futuro dos personagens e da estória é apenas uma fração daquela que havia antes da primeira temporada. Talvez tenha restado apenas uns 3%...
A 2ª temporada de NARCOS consolida a imagem da NETFLIX como uma das melhores produtoras de séries da atualidade - e julgo dizer que hoje só a HBO ainda é capaz de rivalizar com ela em termos de qualidade.
Cada episódio é uma obra de arte. Da mesma forma que na 1ª temporada, a Colômbia da época em que os eventos se passam é recriada em detalhes - e se a série toma algumas liberdades artísticas na "história" de Pablo Escobar e de todos os envolvidos, a caracterização do narcotraficante e impressionante. Aliás, Wagner Moura deve abocanhar mais alguns prêmios por esta temporada, onde ele se mostra mais seguro e à vontade na pele do "El Patrón". Mas não é apenas ele que atua brilhantemente; embora monopolize a tela sempre que está presente, ele é apenas o ator mais em evidência em um elenco afiadíssimo. Dificil imaginar, em alguns momentos, que Pedro Pascal (o agente Javier Peña), Maurice Compte (o Coronel Carrillo) ou Cristina Umaña (a criminosa Judy Moncada) não são realmente aqueles personagens que interpretam.
Embora em alguns momentos a série pareça diminuir o ritmo (talvez para preencher a "cota" de episódios), o saldo é de uma temporada eletrizante, com tiroteios e cenas de ação em todos os capítulos. É difícil não fazer maratonas, e ao final fica aquela sensação de abstinência e de vontade de assistir à próxima temporada.
E aqui eu vou precisar dar um spoiler (se é que a dramatização de uma figura tão conhecida possa ter algum spoiler). Continue por sua conta e risco...
A NETFLIX já confirmou mais duas temporadas. Claro que, com a morte de Escobar na 2ª temporada (e consequente a queda do Cartel de Medellín), Wagner Moura não retorna mais. A série então se concentrará na história do Cartel de Cáli. Resta saber se sem Moura e seu marcante personagem, NARCOS continuará com fôlego. Esperemos que sim!
De qualquer forma, agora teremos que aguardar para ver a representação do legado de um dos mais perigosos e sanguinários criminosos da história do narcotráfico, vivido de forma tão intensa e examinado de forma tão profunda que nos faz ter a sensação de tê-lo conhecido. Algo perturbador!
A primeira temporada de NARCOS é do tipo que, quando termina, deixa o expectador em agonia por ter que esperar a próxima temporada.
Apesar de tratar de uma estória cujo final já sabemos, a produção é tensa na medida certa. Captura o interesse já no primeiro capítulo, e o formato de streaming ajuda muito na tarefa de assisti-la um episódio após o outro.
Numa produção de 1o. mundo da Netflix, José Padilha, produtor-executivo e diretor de alguns episódios, apresenta sua melhor obra desde "Tropa de Elite 2"! É impossível não notar o estilo do brasileiro!
E por falar em brasileiro, Wagner Moura está impecável como Pablo Escobar! Aliás, pelo que parece, seu sotaque como o traficante não ficou tão impecável. Juro que não percebi, mas entendo os colombianos, já que também me incomoda o portunhol falado por alguns personagens que deveriam falar português do Brasil em filmes estrangeiros. Mas ainda assim creio que este é um ponto que não atrapalha a série, pelo menos pra quem não seja tão íntimo do sotaque local. Além do mais, acredito que este seja um ponto que será melhorado na(s) próxima(s) temporada(s).
Temporada (s) muito aguardadas, porque queremos mais. O que acaba sendo irônico para uma série como esta. Afinal, NARCOS é viciante!
Finalmente assisti à 1a. temporada de "TRUE DETECTIVE", e posso dizer que não apenas é uma das melhores séries que já vi, mas também é icônica no sentido de mostrar que o formato de filmes para o cinema já não é o mais indicado para obras que dependam de tempo para desenvolver personagens e provocar reflexões mais profundas. E "TRUE DETECTIVE" nada mais é que um ótimo filme que, com 8h de duração, não precisa condensar ou eliminar os detalhes que fazem de uma obra um clássico. Apesar de ter roteiro original, é tudo o que uma boa adaptação de livro deveria ser.
Matthew McConaughey entrega a melhor interpretação da sua carreira! Woody Harrelson também está impecável, e parece ter compreendido que o seu papel era bem menos complexo que o do colega, deixando-o à vontade para roubar as cenas (a propósito, Harrelson disse ter ficado feliz em atuar ao lado do seu amigo de infância, naquele que ele também considera a melhor atuação da vida de McConaughey).
Sem preocupações em ser apelativa ou muito expositiva (obrigado por respeitar a nossa inteligência, HBO), "TRUE DETECTIVE" mostra que pode-se fazer sucesso e ainda assim ser uma obra de arte em todos os sentidos.
E agora vou ser obrigado a ler "O Rei Amarelo"! ;-)
"Demolidor" é uma das melhores (senão a melhor) produção da Marvel representando seu universo em live action! Uma produção acertadamente lançada em série, já que duas horas de filme não nos apresentariam o rico microuniverso de Hell's Kitchen com tamanha eficiência.
Violenta e crua na medida certa, a série tem uma trama bem conduzida, num crescente de tensão que culmina em um final catártico na medida para deixar qualquer fã do personagem ou de cinema (no sentido lato) satisfeito. Os eventos da estória ocorrem no mesmo universo que a Marvel tem paulatinamente montado (o Demolidor deve participar da Guerra Civil no próximo filme do Capitão América) e há easter eggs de sobra pra fazer qualquer aficionado vibrar.
Mas o ponto alto da série são os personagens, tridimensionais e profundos. Começando pelo protagonista e seu dilema de ser justo ao mesmo tempo que espanca os bandidos até quase a morte, passando por figuras com as quais realmente nos importamos (e cujos destinos nos preocupam), até aquele que é, sem dúvida, o melhor personagem da obra: Wilson Fisk!
No papel da sua vida, Vincent D'Onofrio rouba todas as cenas da qual participa. Além do ótimo intérprete, o personagem foi presenteado com uma personalidade que, apesar de sua crueldade extrema, demonstra sensibilidade e romantismo em vários momentos, a ponto de fazer com que o público identifique-se com o drama de um monstro psicopata. Embora siga a cartilha de "vilão que se tornou assim pelo passado terrível", convence e é absurdamente crível!
O Demônio da Cozinha do Inferno que me perdoe, mas, pelo menos nesta primeira temporada, a série deveria ser intitulada: "O REI DO CRIME"!
Um final digno e poético para uma série excelente. A trágica estória de Walter White e sua trajetória rumo ao caos ficará eternizada como uma das melhores produções da TV!
Assistir a 'FAMÍLIA SOPRANO' é um passatempo curioso: o seriado é um convite a maratonas, com episódios que prendem o espectador à poltrona e o deixam aflito pelo que ocorrerá em seguida; no entanto, não raro, a sensação ao fim de muitos episódios é a de um estranho incômodo.
Esta inquietação, não obstante termos assistido a uma obra de ficção, é causada pela identificação. Sim, porque embora os personagens da trama sejam criminosos violentíssimos, psicopatas amorais capazes de atos de crueldade que nos deixam perplexos em vários capítulos, conseguimos neles enxergar um traço de humanidade que preferiríamos imaginar que não existissem em monstros.
Tony Soprano é o típico pai de família da classe média americana. Possui uma esposa dedicada (e consumista), filhos rebeldes e uma bela casa com piscina e jardim, onde costuma se reunir para um churrasco com as famílias de seus amigos, alguns de infância, outros conquistados através dos negócios. Faz terapia para tratar ataques de pânico, preocupa-se com a educação dos filhos, tem problemas com a mãe dominadora. E tenta ascender em sua carreira, competindo com outros profissionais do ramo em que atua. Tudo perfeitamente normal, com exceção de que Tony é um gangster de uma tradicional família mafiosa de Nova Jersey.
Soprano é, sem sombra de dúvida, um dos mais controversos protagonistas de todos os tempos. Cercado de facínoras, consegue superar a todos em instabilidade e perigo. Estar próximo dele é estar sob constante ameaça de sua personalidade descontrolada e violenta, capaz de surrar ou matar alguém de forma impensada e pelos motivos mais fúteis. Mas ele também é capaz de demonstrar ternura e preocupação com os filhos e esposas dos amigos, de se encantar com a natureza e com a música, ou ainda de se revoltar com a crueldade contra animais. É enigmático, cheio de facetas. Como nós.
Durantes as seis temporadas da série, torcemos constantemente e tememos pela segurança de figuras horrendas, como Christopher Moltisanti, Silvio Dante, Paulie Gualtieri ou Bobby Bacala. Pessoas da tipo que, na vida real, são alvos de nossa aversão quando vemos suas fotos nos jornais (e cujas mortes não raramente nos causa alívio). E, o mais chocante, tememos que sejam presos. Vemos com antipatia os agentes do FBI que ameaçam aquele reino de terror. Vários tratados de psicologia foram escritos explicando essa nossa aproximação com o mal nas telas. 'O PODEROSO CHEFÃO', 'SCARFACE' e 'CÃES DE ALUGUEL' são algumas obras famosas, dentre outras, por nos abrir essa "janela segura" por onde podemos espiar o pior que a humanidade pode produzir, sem o risco de ser atingido. Neste sentido, 'FAMÍLIA SOPRANO' indubitavelmente entrou para o panteão do gênero.
Apesar dos altos e baixos (embora muito premiada, a série se perde em alguns momentos que destoam do conjunto), o saldo é satisfatório e quase esquecemos estes problemas. Destaque para os minutos finais da série, um desfecho irretocável, merecedor de aplausos e que originou várias discussões entre o público.
Quando a cortina se fecha e somos catapultados de volta à realidade, temos que seguir em frente. Deixamos Tony Soprano e os seus comparsas no mundo da ficção, porém lembrando que aqui, no mundo real, eles estão por aí. Como seria bom se não parecêssemos em absolutamente nada com eles!
Nota 10
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3% (1ª Temporada)
3.6 772 Assista AgoraQuando assisti ao "episódio piloto" de "3%", em 2011 (que na verdade era uma tentativa de captação de recursos para a série), fiquei bastante entusiasmado com a ideia de uma sci-fi brasileira de qualidade. A expectativa chegou no topo quando soube que a Netflix finalmente produziria a série. Parecia perfeito: uma ótima ideia levada a cabo por uma produtora de séries com alto nível de qualidade em suas produções!
A experiência de assistir "3%" foi, contudo, bem frustrante.
Não que a série seja um desperdício total. Algumas cenas são interessantes e realmente há alguma tensão e curiosidade sobre o futuro dos personagens (que são bem diferentes entre si, com suas características e motivações). Mas o saldo é abaixo do que se podia esperar de algo tão promissor.
O roteiro é raso de dar pena, com uma trama batida e previsível. Das profundas reflexões que esperamos de uma boa ficção científica, só há uma sombra. E do ponto de vista técnico, não se sai melhor: atuações (no geral) pouco inspiradas, direção frouxa e climão de série da TV Globo, com todos os seus vícios e limitações.
Resta saber se a série consegue emplacar uma segunda temporada. Porque apesar do final em aberto, a expectativa com relação ao futuro dos personagens e da estória é apenas uma fração daquela que havia antes da primeira temporada. Talvez tenha restado apenas uns 3%...
Nota 4
Narcos (2ª Temporada)
4.4 460 Assista AgoraA 2ª temporada de NARCOS consolida a imagem da NETFLIX como uma das melhores produtoras de séries da atualidade - e julgo dizer que hoje só a HBO ainda é capaz de rivalizar com ela em termos de qualidade.
Cada episódio é uma obra de arte. Da mesma forma que na 1ª temporada, a Colômbia da época em que os eventos se passam é recriada em detalhes - e se a série toma algumas liberdades artísticas na "história" de Pablo Escobar e de todos os envolvidos, a caracterização do narcotraficante e impressionante. Aliás, Wagner Moura deve abocanhar mais alguns prêmios por esta temporada, onde ele se mostra mais seguro e à vontade na pele do "El Patrón". Mas não é apenas ele que atua brilhantemente; embora monopolize a tela sempre que está presente, ele é apenas o ator mais em evidência em um elenco afiadíssimo. Dificil imaginar, em alguns momentos, que Pedro Pascal (o agente Javier Peña), Maurice Compte (o Coronel Carrillo) ou Cristina Umaña (a criminosa Judy Moncada) não são realmente aqueles personagens que interpretam.
Embora em alguns momentos a série pareça diminuir o ritmo (talvez para preencher a "cota" de episódios), o saldo é de uma temporada eletrizante, com tiroteios e cenas de ação em todos os capítulos. É difícil não fazer maratonas, e ao final fica aquela sensação de abstinência e de vontade de assistir à próxima temporada.
E aqui eu vou precisar dar um spoiler (se é que a dramatização de uma figura tão conhecida possa ter algum spoiler). Continue por sua conta e risco...
A NETFLIX já confirmou mais duas temporadas. Claro que, com a morte de Escobar na 2ª temporada (e consequente a queda do Cartel de Medellín), Wagner Moura não retorna mais. A série então se concentrará na história do Cartel de Cáli. Resta saber se sem Moura e seu marcante personagem, NARCOS continuará com fôlego. Esperemos que sim!
De qualquer forma, agora teremos que aguardar para ver a representação do legado de um dos mais perigosos e sanguinários criminosos da história do narcotráfico, vivido de forma tão intensa e examinado de forma tão profunda que nos faz ter a sensação de tê-lo conhecido. Algo perturbador!
Nota 10!
Narcos (1ª Temporada)
4.4 898 Assista AgoraA primeira temporada de NARCOS é do tipo que, quando termina, deixa o expectador em agonia por ter que esperar a próxima temporada.
Apesar de tratar de uma estória cujo final já sabemos, a produção é tensa na medida certa. Captura o interesse já no primeiro capítulo, e o formato de streaming ajuda muito na tarefa de assisti-la um episódio após o outro.
Numa produção de 1o. mundo da Netflix, José Padilha, produtor-executivo e diretor de alguns episódios, apresenta sua melhor obra desde "Tropa de Elite 2"! É impossível não notar o estilo do brasileiro!
E por falar em brasileiro, Wagner Moura está impecável como Pablo Escobar! Aliás, pelo que parece, seu sotaque como o traficante não ficou tão impecável. Juro que não percebi, mas entendo os colombianos, já que também me incomoda o portunhol falado por alguns personagens que deveriam falar português do Brasil em filmes estrangeiros. Mas ainda assim creio que este é um ponto que não atrapalha a série, pelo menos pra quem não seja tão íntimo do sotaque local. Além do mais, acredito que este seja um ponto que será melhorado na(s) próxima(s) temporada(s).
Temporada (s) muito aguardadas, porque queremos mais. O que acaba sendo irônico para uma série como esta. Afinal, NARCOS é viciante!
Nota 10
True Detective (1ª Temporada)
4.7 1,6K Assista AgoraFinalmente assisti à 1a. temporada de "TRUE DETECTIVE", e posso dizer que não apenas é uma das melhores séries que já vi, mas também é icônica no sentido de mostrar que o formato de filmes para o cinema já não é o mais indicado para obras que dependam de tempo para desenvolver personagens e provocar reflexões mais profundas. E "TRUE DETECTIVE" nada mais é que um ótimo filme que, com 8h de duração, não precisa condensar ou eliminar os detalhes que fazem de uma obra um clássico. Apesar de ter roteiro original, é tudo o que uma boa adaptação de livro deveria ser.
Matthew McConaughey entrega a melhor interpretação da sua carreira! Woody Harrelson também está impecável, e parece ter compreendido que o seu papel era bem menos complexo que o do colega, deixando-o à vontade para roubar as cenas (a propósito, Harrelson disse ter ficado feliz em atuar ao lado do seu amigo de infância, naquele que ele também considera a melhor atuação da vida de McConaughey).
Sem preocupações em ser apelativa ou muito expositiva (obrigado por respeitar a nossa inteligência, HBO), "TRUE DETECTIVE" mostra que pode-se fazer sucesso e ainda assim ser uma obra de arte em todos os sentidos.
E agora vou ser obrigado a ler "O Rei Amarelo"!
;-)
Nota 10
Demolidor (1ª Temporada)
4.4 1,5K Assista Agora"Demolidor" é uma das melhores (senão a melhor) produção da Marvel representando seu universo em live action! Uma produção acertadamente lançada em série, já que duas horas de filme não nos apresentariam o rico microuniverso de Hell's Kitchen com tamanha eficiência.
Violenta e crua na medida certa, a série tem uma trama bem conduzida, num crescente de tensão que culmina em um final catártico na medida para deixar qualquer fã do personagem ou de cinema (no sentido lato) satisfeito. Os eventos da estória ocorrem no mesmo universo que a Marvel tem paulatinamente montado (o Demolidor deve participar da Guerra Civil no próximo filme do Capitão América) e há easter eggs de sobra pra fazer qualquer aficionado vibrar.
Mas o ponto alto da série são os personagens, tridimensionais e profundos. Começando pelo protagonista e seu dilema de ser justo ao mesmo tempo que espanca os bandidos até quase a morte, passando por figuras com as quais realmente nos importamos (e cujos destinos nos preocupam), até aquele que é, sem dúvida, o melhor personagem da obra: Wilson Fisk!
No papel da sua vida, Vincent D'Onofrio rouba todas as cenas da qual participa. Além do ótimo intérprete, o personagem foi presenteado com uma personalidade que, apesar de sua crueldade extrema, demonstra sensibilidade e romantismo em vários momentos, a ponto de fazer com que o público identifique-se com o drama de um monstro psicopata. Embora siga a cartilha de "vilão que se tornou assim pelo passado terrível", convence e é absurdamente crível!
O Demônio da Cozinha do Inferno que me perdoe, mas, pelo menos nesta primeira temporada, a série deveria ser intitulada: "O REI DO CRIME"!
Nota 10
Breaking Bad (5ª Temporada)
4.8 3,0K Assista AgoraUm final digno e poético para uma série excelente. A trágica estória de Walter White e sua trajetória rumo ao caos ficará eternizada como uma das melhores produções da TV!
Família Soprano (6ª Temporada)
4.7 307 Assista AgoraAssistir a 'FAMÍLIA SOPRANO' é um passatempo curioso: o seriado é um convite a maratonas, com episódios que prendem o espectador à poltrona e o deixam aflito pelo que ocorrerá em seguida; no entanto, não raro, a sensação ao fim de muitos episódios é a de um estranho incômodo.
Esta inquietação, não obstante termos assistido a uma obra de ficção, é causada pela identificação. Sim, porque embora os personagens da trama sejam criminosos violentíssimos, psicopatas amorais capazes de atos de crueldade que nos deixam perplexos em vários capítulos, conseguimos neles enxergar um traço de humanidade que preferiríamos imaginar que não existissem em monstros.
Tony Soprano é o típico pai de família da classe média americana. Possui uma esposa dedicada (e consumista), filhos rebeldes e uma bela casa com piscina e jardim, onde costuma se reunir para um churrasco com as famílias de seus amigos, alguns de infância, outros conquistados através dos negócios. Faz terapia para tratar ataques de pânico, preocupa-se com a educação dos filhos, tem problemas com a mãe dominadora. E tenta ascender em sua carreira, competindo com outros profissionais do ramo em que atua. Tudo perfeitamente normal, com exceção de que Tony é um gangster de uma tradicional família mafiosa de Nova Jersey.
Soprano é, sem sombra de dúvida, um dos mais controversos protagonistas de todos os tempos. Cercado de facínoras, consegue superar a todos em instabilidade e perigo. Estar próximo dele é estar sob constante ameaça de sua personalidade descontrolada e violenta, capaz de surrar ou matar alguém de forma impensada e pelos motivos mais fúteis. Mas ele também é capaz de demonstrar ternura e preocupação com os filhos e esposas dos amigos, de se encantar com a natureza e com a música, ou ainda de se revoltar com a crueldade contra animais. É enigmático, cheio de facetas. Como nós.
Durantes as seis temporadas da série, torcemos constantemente e tememos pela segurança de figuras horrendas, como Christopher Moltisanti, Silvio Dante, Paulie Gualtieri ou Bobby Bacala. Pessoas da tipo que, na vida real, são alvos de nossa aversão quando vemos suas fotos nos jornais (e cujas mortes não raramente nos causa alívio). E, o mais chocante, tememos que sejam presos. Vemos com antipatia os agentes do FBI que ameaçam aquele reino de terror. Vários tratados de psicologia foram escritos explicando essa nossa aproximação com o mal nas telas. 'O PODEROSO CHEFÃO', 'SCARFACE' e 'CÃES DE ALUGUEL' são algumas obras famosas, dentre outras, por nos abrir essa "janela segura" por onde podemos espiar o pior que a humanidade pode produzir, sem o risco de ser atingido. Neste sentido, 'FAMÍLIA SOPRANO' indubitavelmente entrou para o panteão do gênero.
Apesar dos altos e baixos (embora muito premiada, a série se perde em alguns momentos que destoam do conjunto), o saldo é satisfatório e quase esquecemos estes problemas. Destaque para os minutos finais da série, um desfecho irretocável, merecedor de aplausos e que originou várias discussões entre o público.
Quando a cortina se fecha e somos catapultados de volta à realidade, temos que seguir em frente. Deixamos Tony Soprano e os seus comparsas no mundo da ficção, porém lembrando que aqui, no mundo real, eles estão por aí. Como seria bom se não parecêssemos em absolutamente nada com eles!
Nota 10