Acho que um dos filmes mais preguiçosos, auto-indulgentes e "textão lacrador de Facebook" que já vi. Provavelmente a única coisa que o Aronofsky queria fazer com esse filme era massagear o próprio ego e pagar de inteligente, usando justamente a mensagem mais batida e óbvia da humanidade.
Sou muito fã do Wenders, mas entendi nada do que ele queria com essa coisa. O filme todo é muito desequilibrado, com mudanças de tom e estilo que não parecem intencionais e com situações e saltos temporais totalmente deslocados. E ainda teve uma tentativa de clímax e resolução de conflito que não funcionou de modo algum. Espero que o Wim Wenders não entre nessa de fazer filme todo ano e passe a fazer coisas desse tipo, porque, pra mim, esse filme foi feito corrido, sem criatividade nem inspiração.
De onde vieram esses dois? Pra onde eles estão indo? Qual a relação deles? Bom, nada disso importa quando você está perdido no deserto porque, afinal, você está fucking perdido no deserto e a única coisa que você quer é achar seu caminho pra qualquer lugar que seja. Você sente dor, fome, sede, está cansado, queimado de sol. Você se desespera, mas tenta ignorar, pensar em coisas boas, se aproveita do benéfico bloqueio que a mente humana tem de não conseguir deixar o pior tangível. Nada disso é palavras. Aí reside a grandeza de Gerry. Nada é dito, o demonstrável é demonstrado. Graças a isso, você consegue sentir um pouco do que os personagens sentem. É vazio, monótono, "nada acontece", porque é mais ou menos isso que é estar caminhando pra não-sei-aonde no deserto. Você não vai fazer um breve resumo da sua vida e falar em voz alta chorando, falar o quanto você merece viver e tudo que deixou para trás. Você vai andar e procurar sair dali. Lindamente fotografado e com um som diegético muito interessante, Gerry só se perde quando apela pra recursos sem sua mesma geral crueza, como, por exemplo, uma música triste que toca lá pelos 15 minutos finais do filme, que soa totalmente artificial. Mas, no geral, achei um ótimo filme.
Acho que uma questão que sempre permeia obras abstratas e surreais é se o que está sendo apresentado é realmente algo significativo e bem construído ou se não passa de algo que tencionava ser profundo, mas não fornecia os elementos necessários para isso e, ao vestir a máscara do "conceitual", não é mais é mais passível de crítica, afinal, é tudo interpretação, claro, como você não viu? Por ser grande fã de filmes mais abstratos, sempre ficava me indagando sobre a real profundidade, a real presença de significados, se o que eu estava vendo era algo que eu preenchia e que me direcionava ou se algo que eu criava quase que inteiramente, devido à total falta de um propósito concreto. Bom, é impossível afirmar com certeza se o que está assistindo é a obra de um gênio ou a de um charlatão (perdão pelos maniqueísmos, não me ocorreram termos menos extremos), mas percebo que um bom filme abstrato sempre deixa um bom "aftertaste", um sentimento de estar diante de algo bem feito, um impacto. Aquele "foda" que vem na sua mente assim que o filme termina. Não um "ok, meh, deve ser isso" esquecível. Dito isso, pra mim, Upstream Color soa vazio. Muito mais uma tentativa de ser um filme um filme profundo e sensível do que um filme efetivamente, minimamente, profundo e sensível. O filme apela demasiadamente para o apoio da trilha sonora para induzir efeitos que suas imagens não conseguem provocar, para contantes planos de choro, tristeza, pessoas com cara de peixe morto (aliás, achei a atuação dos protagonistas fraca), cenas idênticas a comédias românticas hollywoodianas e para uma montagem que, pra mim, pareceu igualmente sem sentido. Embora visualmente lindo e com minutos iniciais promissores, pra mim, fica a mesma sensação que uma pessoa comentou aqui em baixo: "Podia ser, mas né, não foi".
Acho que o mais impressionante da majistral cena de dança é que ela é feita para quem está assistindo o filme. Não é simplesmente alguém filmando uma dança, a dança foi construída na tela, para o espectador do filme. O realismo do filme é quebrado - a câmera deixa de ser uma observadora da ação para ser uma construtora da mesma -, mas exclusivamente para compensar o espectador do filme com um espetáculo que foi feito pra ele e não para a fictícia platéia do ballet; é a substituição do voyeurismo cinematográfico pela interação da realidade. Incrível!
Acho que uma das cenas mais importantes do filme é quando as mulheres do trabalho de Emmi voltam a conversar com ela e excluem uma outra da conversa por ela "estar num nível abaixo", devido ao seu menor salário - e Emmi acaba aceitando aquela situação. Fassbinder, assim, manda a mensagem de que sofrer preconceito não te faz combatê-lo, nem, muito menos, inabilita-o de cometê-lo.
associações feitas quando Ingrid está "criando" aquela história
quanto pela forma que ela brinca com espaço e representa a "visão" que a personagem tem do exterior. Além disso, o roteiro faz uma "brincadeira" extremamente bem construída, que nas mãos de alguém menos cuidadoso poderia soar como um plot twist mal feito. Por fim, Blind reafirma aquela velha história
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraAcho que um dos filmes mais preguiçosos, auto-indulgentes e "textão lacrador de Facebook" que já vi. Provavelmente a única coisa que o Aronofsky queria fazer com esse filme era massagear o próprio ego e pagar de inteligente, usando justamente a mensagem mais batida e óbvia da humanidade.
Possessão
3.9 585Tava achando o filme extremamente misógino, moralista e condescendente demais com o marido, até que
você chega no final e descobre que o "demônio" é ele, ele é a causa de tudo aquilo.
Filme incrível demais!
Tudo Vai Ficar Bem
2.8 117 Assista grátisSou muito fã do Wenders, mas entendi nada do que ele queria com essa coisa. O filme todo é muito desequilibrado, com mudanças de tom e estilo que não parecem intencionais e com situações e saltos temporais totalmente deslocados. E ainda teve uma tentativa de clímax e resolução de conflito que não funcionou de modo algum. Espero que o Wim Wenders não entre nessa de fazer filme todo ano e passe a fazer coisas desse tipo, porque, pra mim, esse filme foi feito corrido, sem criatividade nem inspiração.
Gerry
3.3 92De onde vieram esses dois? Pra onde eles estão indo? Qual a relação deles? Bom, nada disso importa quando você está perdido no deserto porque, afinal, você está fucking perdido no deserto e a única coisa que você quer é achar seu caminho pra qualquer lugar que seja. Você sente dor, fome, sede, está cansado, queimado de sol. Você se desespera, mas tenta ignorar, pensar em coisas boas, se aproveita do benéfico bloqueio que a mente humana tem de não conseguir deixar o pior tangível. Nada disso é palavras.
Aí reside a grandeza de Gerry. Nada é dito, o demonstrável é demonstrado. Graças a isso, você consegue sentir um pouco do que os personagens sentem. É vazio, monótono, "nada acontece", porque é mais ou menos isso que é estar caminhando pra não-sei-aonde no deserto. Você não vai fazer um breve resumo da sua vida e falar em voz alta chorando, falar o quanto você merece viver e tudo que deixou para trás. Você vai andar e procurar sair dali.
Lindamente fotografado e com um som diegético muito interessante, Gerry só se perde quando apela pra recursos sem sua mesma geral crueza, como, por exemplo, uma música triste que toca lá pelos 15 minutos finais do filme, que soa totalmente artificial. Mas, no geral, achei um ótimo filme.
Cores do Destino
3.5 196 Assista AgoraAcho que uma questão que sempre permeia obras abstratas e surreais é se o que está sendo apresentado é realmente algo significativo e bem construído ou se não passa de algo que tencionava ser profundo, mas não fornecia os elementos necessários para isso e, ao vestir a máscara do "conceitual", não é mais é mais passível de crítica, afinal, é tudo interpretação, claro, como você não viu?
Por ser grande fã de filmes mais abstratos, sempre ficava me indagando sobre a real profundidade, a real presença de significados, se o que eu estava vendo era algo que eu preenchia e que me direcionava ou se algo que eu criava quase que inteiramente, devido à total falta de um propósito concreto. Bom, é impossível afirmar com certeza se o que está assistindo é a obra de um gênio ou a de um charlatão (perdão pelos maniqueísmos, não me ocorreram termos menos extremos), mas percebo que um bom filme abstrato sempre deixa um bom "aftertaste", um sentimento de estar diante de algo bem feito, um impacto. Aquele "foda" que vem na sua mente assim que o filme termina. Não um "ok, meh, deve ser isso" esquecível.
Dito isso, pra mim, Upstream Color soa vazio. Muito mais uma tentativa de ser um filme um filme profundo e sensível do que um filme efetivamente, minimamente, profundo e sensível. O filme apela demasiadamente para o apoio da trilha sonora para induzir efeitos que suas imagens não conseguem provocar, para contantes planos de choro, tristeza, pessoas com cara de peixe morto (aliás, achei a atuação dos protagonistas fraca), cenas idênticas a comédias românticas hollywoodianas e para uma montagem que, pra mim, pareceu igualmente sem sentido.
Embora visualmente lindo e com minutos iniciais promissores, pra mim, fica a mesma sensação que uma pessoa comentou aqui em baixo: "Podia ser, mas né, não foi".
Os Sapatinhos Vermelhos
4.3 171 Assista AgoraAcho que o mais impressionante da majistral cena de dança é que ela é feita para quem está assistindo o filme. Não é simplesmente alguém filmando uma dança, a dança foi construída na tela, para o espectador do filme. O realismo do filme é quebrado - a câmera deixa de ser uma observadora da ação para ser uma construtora da mesma -, mas exclusivamente para compensar o espectador do filme com um espetáculo que foi feito pra ele e não para a fictícia platéia do ballet; é a substituição do voyeurismo cinematográfico pela interação da realidade. Incrível!
O Medo Devora a Alma
4.3 105 Assista AgoraAcho que uma das cenas mais importantes do filme é quando as mulheres do trabalho de Emmi voltam a conversar com ela e excluem uma outra da conversa por ela "estar num nível abaixo", devido ao seu menor salário - e Emmi acaba aceitando aquela situação. Fassbinder, assim, manda a mensagem de que sofrer preconceito não te faz combatê-lo, nem, muito menos, inabilita-o de cometê-lo.
Blind
3.7 123 Assista AgoraUma das melhores montagens que já vi - tanto pelas
associações feitas quando Ingrid está "criando" aquela história
Além disso, o roteiro faz uma "brincadeira" extremamente bem construída, que nas mãos de alguém menos cuidadoso poderia soar como um plot twist mal feito.
Por fim, Blind reafirma aquela velha história
de que sempre tendemos a imaginar o pior quando não temos certeza de algo, e que, nesse pior, projetamos nossos próprios fantasmas.