Muito bom! Tanto a genialidade como os conflitos internos e externos de Brian Wilson foram bem representados em ambas as narrativas. Mas o surto criativo que foi a fase Pet Sounds com Paul Dano como um jovem e entusiasmado Brian é o ponto alto na minha opinião, enquanto o romance com Melinda e a opressão de Gene, trouxeram a redenção de um amor e a mesquinhez do espírito humano, respectivamente.
PS: O título em português é muito inapropriado, poderia simplesmente ser "Amor e Misericórdia".
Na primavera, uma revelação. No verão, um amor. No outono, uma culpa. No inverno, uma redenção.
Na primavera, uma (velha) revelação.
Uma das coisas mais belas e fascinantes que já assisti. A impetuosidade do desejar humano e o indiferente seguir da natureza são dois lados da mesma moeda. A transcendência da mente se segue ao ato de reflexão, a sensualidade do corpo simplesmente é (tão natural e crua como o ciclo das estações).
Muito apropriado o padre defender a opinião pela autonomia do indivíduo, já que o livre-arbítrio é um dos fundamentos do cristianismo e, por outro lado, o estado defender o controle e o condicionamento, já que em boa parte do século XX os governos lutavam pelos "corações e mentes" dos cidadãos.
A beleza do sonho, a dureza da realidade... Mais do que ilusão, o escape num momento de dificuldade é uma forma de garantir a própria sobrevivência. É revigorante, é redentor, é passageiro. No final, a realidade é inexorável. Sempre será.
Um dos meus preferidos do cinema nacional, sem dúvida. Interessante ver atores que posteriormente seriam conhecidos por fazerem comédias na globo, atuando em um drama tenso como esse. Quando vi o Luiz Fernando Guimarães, pensei: "agora o negócio vai descambar pra zoeira". Ainda bem que não foi assim. Tudo foi muito bem contado, mantendo sempre a seriedade das situações que o grupo enfrentava, bem como as referências ao panorama histórico onde tudo ocorreu.
Nunca um lençol foi dobrado de forma tão bela. Muito bom o contraste entre a problemática humana de duas pessoas e o vazio ufanista de multidões. Belíssimo filme.
(Vanessa Redgrave balançando a cabeça como um robô em curto ao acompanhar a música, a plateia apática no show dos Yardbirds, a brincadeira com as ninfetas, etc..)
. O filme é especialmente agradável para os olhos ao prestar tributo à fotografia analógica e à moda inglesa de meados dos anos 60 (aquela sessão com cinco modelos é belíssima). Quanto ao significado:
Claramente temos um questionamento à nossa noção de percepção da realidade. Vemos o mundo como ele é ou como gostaríamos que fosse? Uma vida fútil e entediante e a assimilação inconsciente das observações sobre o processo criativo de um pintor são suficientes para colocar o protagonista no centro de um mistério. Nesse sentido, as telas do pintor e as fotografias de Thomas são análogas: obras destituídas de significado primordial, exercícios de gratuidade artística e só. Ambas só passam a ter sentido a partir da contemplação de seus respectivos autores e, enquanto o pintor vê "uma perna", o fotógrafo vê o que acha ser a prova de um crime. É nesse ponto que muitos de decepcionam com o filme. O que segue a 'descoberta' do cadáver, não é uma investigação policial, não há respostas sobre identidades ou motivações. Não temos um filme de detetive, como se poderia imaginar a primeira vista. Ao contrário, continuamos focados na pessoa errante de Thomas e como sua noção de realidade vai se desconstruindo até o momento em que ele aparentemente se conforma com a sua impotência de distinguir o real do ilusório. Então vem a cena final: simplesmente uma das mais fantásticas que já vi em um filme. Num silêncio perfeito, um grupo de mímicos jogam uma partida de tênis com uma bola imaginária. Thomas observa e num dado momento devolve a bola para os mímicos. Ou seja: ele se integra ao grupo daqueles que vivem entre o falso e o real e calmamente percebe que a realidade é um conceito que transcende à classificação do homem. Destaque para o grupo de mímicos, brilhantemente introduzidos no começo do filme e poeticamente representados no final.
Filme extremamente inteligente e bem produzido. Um obra prima do cinema europeu, sem dúvida.
Esse é um filme sobre felicidade. Sobre vivê-la espontaneamente em um momento e depois buscá-la desesperadamente num futuro cinza. Kane primeiramente aparece como um menino que vive em um estado inconsciente e irrefletido de felicidade. Tão natural quanto brincar na neve. Sua vida é a expressão exata de simplicidade, de satisfação, de plenitude. Esse é o seu "Rosebud". Quando crescido e transformado em um magnata da imprensa, vemos um Kane diferente: sombrio, sisudo, aspirante à mil e uma coisas. Um homem que luta ferozmente pra conquistar aquilo que lhe atrai, ao ponto de querer transformar em estrela do canto uma pessoa que não tem talento para tal. Uma vontade doentia de transformar o mundo ao seu redor, enquanto seu mundo interno é semelhante à sua mansão: cheia de espaços vazios. "Xanadu" representa a tentativa metódica do homem de ser feliz. Era como se o pobre dissesse pra si mesmo: "Pronto, agora eu serei feliz". Um sábio já disse "O conceito de 'busca pela felicidade' anula a possibilidade de felicidade". O que se segue à construção de Xanadu é um clima claustrofóbico, estéril, vago e pobre de espírito, clima que envolve o patético casal. O suspiro final de Kane é a aceitação daquilo que sua vida provava enquanto argumento: existe um estado sublime de felicidade em nossas vidas, estado que não podemos controlar e que se vai com o passar do tempo. Apesar de ser expresso na vida de um milionário, não creio que esse ocaso existencial seja consequência da riqueza. Todos nós estamos sujeitos a isso, a sermos vítimas de nossas aspirações. Nós tivemos o nosso "Rosebud" e morremos enquanto tentamos construir o nosso "Xanadu".
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The Beach Boys: Uma História de Sucesso
3.9 169 Assista AgoraMuito bom! Tanto a genialidade como os conflitos internos e externos de Brian Wilson foram bem representados em ambas as narrativas. Mas o surto criativo que foi a fase Pet Sounds com Paul Dano como um jovem e entusiasmado Brian é o ponto alto na minha opinião, enquanto o romance com Melinda e a opressão de Gene, trouxeram a redenção de um amor e a mesquinhez do espírito humano, respectivamente.
PS: O título em português é muito inapropriado, poderia simplesmente ser "Amor e Misericórdia".
Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera
4.3 377Na primavera, uma revelação.
No verão, um amor.
No outono, uma culpa.
No inverno, uma redenção.
Na primavera, uma (velha) revelação.
Uma das coisas mais belas e fascinantes que já assisti.
A impetuosidade do desejar humano e o indiferente seguir da natureza são dois lados da mesma moeda.
A transcendência da mente se segue ao ato de reflexão, a sensualidade do corpo simplesmente é (tão natural e crua como o ciclo das estações).
Hair
4.1 526 Assista AgoraQue final perfeito! Como a guerra consegue privar o mundo de pessoas de bom coração...
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraMuito apropriado o padre defender a opinião pela autonomia do indivíduo, já que o livre-arbítrio é um dos fundamentos do cristianismo e, por outro lado, o estado defender o controle e o condicionamento, já que em boa parte do século XX os governos lutavam pelos "corações e mentes" dos cidadãos.
A Rosa Púrpura do Cairo
4.1 591 Assista AgoraA beleza do sonho, a dureza da realidade...
Mais do que ilusão, o escape num momento de dificuldade é uma forma de garantir a própria sobrevivência. É revigorante, é redentor, é passageiro. No final, a realidade é inexorável. Sempre será.
O Que é Isso, Companheiro?
3.8 341 Assista AgoraUm dos meus preferidos do cinema nacional, sem dúvida. Interessante ver atores que posteriormente seriam conhecidos por fazerem comédias na globo, atuando em um drama tenso como esse. Quando vi o Luiz Fernando Guimarães, pensei: "agora o negócio vai descambar pra zoeira". Ainda bem que não foi assim. Tudo foi muito bem contado, mantendo sempre a seriedade das situações que o grupo enfrentava, bem como as referências ao panorama histórico onde tudo ocorreu.
Um Dia Muito Especial
4.4 91Nunca um lençol foi dobrado de forma tão bela. Muito bom o contraste entre a problemática humana de duas pessoas e o vazio ufanista de multidões. Belíssimo filme.
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraUm dia incomum na vida de um homem comum.
Sim, o ritmo do filme é lento, existem longos períodos de silêncio e cenas aparentemente aleatórias e estranhas
(Vanessa Redgrave balançando a cabeça como um robô em curto ao acompanhar a música, a plateia apática no show dos Yardbirds, a brincadeira com as ninfetas, etc..)
Claramente temos um questionamento à nossa noção de percepção da realidade. Vemos o mundo como ele é ou como gostaríamos que fosse? Uma vida fútil e entediante e a assimilação inconsciente das observações sobre o processo criativo de um pintor são suficientes para colocar o protagonista no centro de um mistério. Nesse sentido, as telas do pintor e as fotografias de Thomas são análogas: obras destituídas de significado primordial, exercícios de gratuidade artística e só. Ambas só passam a ter sentido a partir da contemplação de seus respectivos autores e, enquanto o pintor vê "uma perna", o fotógrafo vê o que acha ser a prova de um crime. É nesse ponto que muitos de decepcionam com o filme. O que segue a 'descoberta' do cadáver, não é uma investigação policial, não há respostas sobre identidades ou motivações. Não temos um filme de detetive, como se poderia imaginar a primeira vista. Ao contrário, continuamos focados na pessoa errante de Thomas e como sua noção de realidade vai se desconstruindo até o momento em que ele aparentemente se conforma com a sua impotência de distinguir o real do ilusório. Então vem a cena final: simplesmente uma das mais fantásticas que já vi em um filme. Num silêncio perfeito, um grupo de mímicos jogam uma partida de tênis com uma bola imaginária. Thomas observa e num dado momento devolve a bola para os mímicos. Ou seja: ele se integra ao grupo daqueles que vivem entre o falso e o real e calmamente percebe que a realidade é um conceito que transcende à classificação do homem. Destaque para o grupo de mímicos, brilhantemente introduzidos no começo do filme e poeticamente representados no final.
Filme extremamente inteligente e bem produzido. Um obra prima do cinema europeu, sem dúvida.
Os Bons Companheiros
4.4 1,2K Assista AgoraJoe Pesci, fantástico e assustador. Na minha opinião, conseguiu ofuscar o próprio DeNiro. Até agora o melhor de Scorsese que vi.
Cidadão Kane
4.3 990 Assista AgoraEsse é um filme sobre felicidade. Sobre vivê-la espontaneamente em um momento e depois buscá-la desesperadamente num futuro cinza. Kane primeiramente aparece como um menino que vive em um estado inconsciente e irrefletido de felicidade. Tão natural quanto brincar na neve. Sua vida é a expressão exata de simplicidade, de satisfação, de plenitude. Esse é o seu "Rosebud". Quando crescido e transformado em um magnata da imprensa, vemos um Kane diferente: sombrio, sisudo, aspirante à mil e uma coisas. Um homem que luta ferozmente pra conquistar aquilo que lhe atrai, ao ponto de querer transformar em estrela do canto uma pessoa que não tem talento para tal. Uma vontade doentia de transformar o mundo ao seu redor, enquanto seu mundo interno é semelhante à sua mansão: cheia de espaços vazios. "Xanadu" representa a tentativa metódica do homem de ser feliz. Era como se o pobre dissesse pra si mesmo: "Pronto, agora eu serei feliz". Um sábio já disse "O conceito de 'busca pela felicidade' anula a possibilidade de felicidade". O que se segue à construção de Xanadu é um clima claustrofóbico, estéril, vago e pobre de espírito, clima que envolve o patético casal. O suspiro final de Kane é a aceitação daquilo que sua vida provava enquanto argumento: existe um estado sublime de felicidade em nossas vidas, estado que não podemos controlar e que se vai com o passar do tempo. Apesar de ser expresso na vida de um milionário, não creio que esse ocaso existencial seja consequência da riqueza. Todos nós estamos sujeitos a isso, a sermos vítimas de nossas aspirações. Nós tivemos o nosso "Rosebud" e morremos enquanto tentamos construir o nosso "Xanadu".