Fábio

Taí o Esquadrão Suicida que a Viola Davis merece.

Vi este filme faz cinco dias e ainda estou impactado com o desempenho da Setsuko Hara. Ela consegue evoluir seu personagem de uma moça caprichosa e confusa para uma combinação fascinante de luto, determinação e dignidade. Maravilhoso.

Há uma cumplicidade de simulacros entre duas gerações, no que enganam a si mesmas e no que se esquivam uma da outra. A geração madura cultiva narrativas supostamente edificantes a respeito de seus dramas passados, mas que mascaram os vícios destes personagens (a volúpia e a covardia de Alphonse, a compulsão de Hélène). A nova geração, por seu lado, esconde os atos de barbárie cometidos em favor da conveniência e das narrativas da geração madura (aqui no caso na presença colonizadora da França na Argélia). Na desonestidade com que o passado é constantemente remanejado segundo o que parece oportuno ou vendável (os móveis do apartamento de Hélène de uso provisório e destinados ao comércio), o ambiente se torna sistematicamente insuportável para Bernard, que se isola noutro local, de culpa e nostalgia, com uma namorada que, assim como Muriel, só ele e o perverso amigo Roland conhecem. Muriel é a vítima ausente deste acordo de hipocrisias sociais, cada vez mais difícil de se sustentar. Ao fim, os jovens Bernard e Françoise tem a chance de escapar, recusando as mentiras que lhes foram propostas (Françoise vencendo a sedução por Alphonse) e as que eles mesmos usaram para se defender (Bernard vencendo a presença ameaçadora de Roland).

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