Quatro cartas sobre tristeza, sobre memórias dolorosas, sobre saudade. Gomes usa imagens de arquivo e histórias de outras pessoas para compor um pequeno mosaico sobre como os sentimentos alheios dialogam com os nossos.
Nebraska não é propriamente cínico nem pessimista, mas raros são os momentos que Alexander Payne permite um respiro de vivacidade à seus personagens. Mesmo as parcelas mais doces e poéticas do filme -quase sempre atreladas à Will Forte e sua performance discreta, que parece não querer estragar o espetáculo de Bruce Dern- estão mergulhadas num preto e branco amargo, num sentimento de estagnação, da qual aquelas pessoas e seus desejos muito provavelmente jamais conseguirão se libertar. É o filme mais sombrio de toda a bela carreira de Payne, e isso é um enorme elogio.
Último Desejo é mais uma das notáveis evidências do pouco talento que James Franco tem para dirigir filmes, e também do enorme talento que ele tem para fugir totalmente da essência de seu material original. O seminal romance de William Faulkner é um sombrio e deprimente retrato de um sul esquecido, ao qual Franco não consegue impôr o tom necessário. Os esforços de atuação, que são as únicas coisas boas do longa, parecem vir mais dos próprios atores do que das ideias do diretor e seu ego descontrolado.
Mais um interessante trabalho de Nicole Holofcener, que segue retratando incansavelmente as mulheres americanas de classe média alta e seus problemas cotidianos. À Procura do Amor é um de seus projetos mais coesos, um filme que respeita tanto seus personagens a ponto de não demonizar nenhum deles, ainda que estejam fazendo coisas moralmente duvidosas, e concede tempo e espaço para seu desenvolvimento. Louis-Dreyfus e Gandolfini estão maravilhosos, adultos que agem e sofrem como tal; coisa rara em comédias românticas Hollywoodianas, que simplesmente relega personagens com mais de 40 anos ao papel de coadjuvantes, ou faz com que eles se portem como adolescentes.
Assim como em À Procura do Amor, a estreante Jill Soloway se mostra muito interessada na vida de mulheres comuns da classe média-alta e suburbana dos Estados Unidos, mas diferente dos filmes de Nicole Holofcener, a comédia não é exatamente o tom preferido. Auxiliada pela impecável performance de Kathryn Hahn, que surpreende ao mostrar -enorme- talento para muito além da comédia, Soloway faz com que seu filme saia de um ambiente muito divertido e caminhe com precisão clínica até um doloroso desfecho. Se não por qualquer outra razão, vale para se divertir com a sempre maravilhosa Juno Temple.
Quinto filme baseado no personagem Jack Ryan, dos livros de Tom Clancy, este Operação Sombra é uma espécie de “reboot” que mostra as origens do agente. Assim como boa parte do cinema de espionagem atutal, o filme está muito mais para a ação do que para o noir. Ainda que a visão clássica de Branagh consiga empurrar um respiro aqui e ali, e no geral as atuações sejam bastante contidas, toda a trama de terrorismo econômico e russos malvados é bastante boba.
Para um filme que ecoa tantos clichês do cinema de horror, enquanto caminha por uma linha tão delicada de drama familiar, o poder que emana de Quando Eu Era Vivo só não é uma surpresa maior porque a competência de Marco Dutra já havia sido provada em muitas outras ocasiões. Em seu primeiro longa solo depois do maravilhoso Trabalhar Cansa, feito em parceira com Juliana Rojas, Dutra explora o campo do sobrenatural com menos sutileza; este é claramente um filme de assombrações, que deve um tanto de sua estranha aura à tradição americana nesse nicho, mas também reflete com carinho subversivo uma infância vivida no brasil durante os anos 80/90: estão lá os bonecos do Fofão, os discos de vinil tocados ao contrário, as fitas vhs com imagens escuras. Quando Eu Era Vivo é um road-movie sentimental, uma volta forçada às origens, que termina com o mais amargo dos finais felizes. Em tempo, Marat Descartes está absolutamente impecável, e Sandy surpreende com eficiência e humildade que jamais esperei dela.
A seriedade e melancolia com a qual os Coen tratam Llewyn Davis, é provavelmente a principal fonte de estranheza do filme. O conto sobre alguns dias na vida de um cantor de folk music na Nova York dos anos 60 parece muito simples na superfície, mas como em todo bom trabalhos dos irmãos, existe algo a ser encontrado nas entrelinhas; e neste caso em especial, também nos impecáveis números musicais que Oscar Isaac, Justin Timberlake, Carey Mulligan e companhia interpretam com potência quase sobrenatural. Talvez seja um estranho corte temporal, talvez sejam as piscadelas para Ulisses e a Odisséia, mas é fato que não se trata simplesmente de um olhar para "dentro" do personagem título, como o título original sugere. Tudo que está ao redor dele também é bastante importante.
Short Term 12 é dessas pequenas pérolas que o cinema independente americano cria de tempos em tempos, e que há muito estava devendo. Baseado em seu curta homônimo -e este por sua vez baseado em suas próprias experiências de trabalho num orfanato- Destin Cretton lança um olhar honesto sobre alguns personagens que precisam estar naquele lugar, olhando para seu passado e futuro como forma de compreendê-los agora. Focando na cuidadora maravilhosamente construída por Brie Larson, sua relação com seu parceiro de trabalho e algumas crianças que estão sob seu cuidado, Cretton consegue fazer um filme potente, sem ser exatamente alegre, mas também sem ceder à certa tendência pessimista e decadente que parece ter acometido os jovens realizadores americanos na última década.
Pouco comentado fora da França à época de seu lançamento, o sci-fi/drama/suspense de Robin Campillo que leva o 'filme de zumbi' para um lugar novo e curioso ganhou alguma projeção por ter servido de base para a criação de um seriado homônimo. Ainda que a série ganhe, por dar mais espaço as complicadíssimas inflexões morais e sentimentais que o fato de ver um ente querido retornar à vida de maneira funcional pode acarretar, o filme também funciona muito bem, provavelmente por sua estranheza e distanciamento, que se mostram muito sedutores.
Ninfomaníaca é uma peça de teatro, em que Gainsbourg e Stellan Skarsgard conversam sobre as desventuras sexuais dela, mas também é um livro, cheio de referências à outras obras, teorias e lugares, e por fim também é um filme, que não encontra as “barreiras”, que as outras artes teriam, para nos levar a qualquer um desses lugares. Toda a comoção em volta do sexo explícito parece agora uma das muitas brincadeiras de gosto duvidoso que o diretor dinamarquês gosta de propor, porque no fim das contas, este é um filme muito mais interessado no cérebro do que em qualquer outra parte do corpo de sua protagonista. (...) Leia mais em http://www.abananaprolixa.com/2014/01/critica-ninfomaniaca-vol-1.html
(...) Fato é que Carrie, o remake, de Kimberly Peirce tem alguns dos mesmos defeitos do original. E jamais consegue se beneficiar disso. E pior, diferente de alguns exemplares que conseguem injetar qualquer coisa de originalidade nos roteiros que se propõem a recriar -como por exemplo A Mosca, O Enigma de Outro Mundo e Madrugada dos Mortos, para ficar na seara do horror-, o filme de Peirce acaba sendo vitimado pela fatal pergunta: pra quê? Se a ideia era fazer desta nova Carrie uma releitura jovem, ágil e moderna daquela dos anos 70, as falhas são gritantes em todas as instâncias.
A precisão e eloquência com as quais Kechiche conduz seu conto sobre uma adolescente entrando na idade adulta faz com que suas 3 horas jamais soem excessivas. É verdade que Azul é a Cor Mais Quente poderia ser menor, mas certamente seria outro filme. A partir de um minucioso olhar na vida sentimental de Adéle, o diretor e a protagonista atingem notas precisas e prendem a atenção em todos os gestos e todas as conversas que, por sinal, nunca são gratuitas. Sartre, vestibular, leitura, um macarrão à bolonhesa; Kechiche consegue aplicar significado e beleza aos menores momentos, e só por isso Azul já seria um filme inesquecível.
É quase inacreditável que um filme como este remake de Carrie possa existir. Os incontáveis equívocos, que vão desde a involuntária aura de filme B criada pelas atuações patéticas e efeitos toscos, até a completa falta de ritmo, causada por roteiro ruim, edição descompassada e direção inexistente. Kimberly Peirce se reafirma como uma one-hit wonder, e Chloë Grace Moretz vai precisar de muitas escolhas certeiras para tentar contar os danos que esta performance desastrosa pode causar em sua carreira. Não serve nem como comédia.
Guardando boa parte do charme e criatividade que garantiram apreço de crítica e público ao primeiro filme, o capítulo dois de Sobrenatural é literalmente o que seu título sugere. A história começa do ponto onde o filme anterior terminou, e apesar de forçar a barra aqui e ali para se conectar com o predecessor, não é um filme completamente inútil. James Wan segue como um diretor de enorme consciência cinematográfica, que apesar da preferência por 'jump scares', sabe manter seu filme num delicioso clima de tensão, inclusive quando nada de relevante está acontecendo.
A ligação entre o sexo e a finitude funciona como uma linha guia do filme de Guiraudie. A exposição do sexo por vezes parece gratuita, mas o diretor constrói tão bem o seu protagonista, e a sucessão de fatos que o levam a seu perturbador final, que os defeitos soam como pormenores.
Acusado de ser excessivamente cínico e pessimista por aqueles que obviamente não percebem que Woody Allen jamais foi um cineasta particularmente carinhoso, Blue Jasmine une dois recortes da vida de sua protagonista, que soa como uma Blanche Dubois moderna -maravilhosamente composta por Cate Blanchett- simplesmente por fazê-lo. Não há "lição", não há "mensagem", não há redenção, Allen simplesmente observa uma pessoa detestável, a maneira como ela se coloca no mundo, e seus breves lampejos de humanidade, que soam mais como dispositivos de sobrevivência. Desde Match Point não se via alguém tão odiosamente adorável surgir em um filme de Woody, que parece ter no desprezo um conforto para suas aflições.
Personagens mal construídos, bons atores perdidos numa direção inexistente, roteiro sem qualquer ritmo, e principalmente a falta de brega num filme que deveria respirá-lo, são apenas algumas das razões pra este aqui não decolar.
O virtuosismo técnico e estético é inegável, e só por oferecer algumas das imagens mais hipnóticas dos últimos anos, Gravidade já garante um lugar de destaque no cinema de ficção científica. Somado a isso está a performance bastante competente de Sandra Bullock, que faz o que pode com a microtrama criada por Alfonso Cuarón. O problema reside justamente aí: para um filme que parece querer atingir certo nível de contemplação e imersão no elemento humano, Gravidade termina sendo tão somente um punhado de belíssimas imagens. O melodrama vem fora de hora, as referências a Kubrick soam bobas, e no fim das contas Cuarón parece ter acreditado tanto em sua técnica, que esqueceu de injetar alguma alma em seu filme.
Além da total incapacidade de Hirschbiegel em conduzir o filme, do roteiro formulaico, e das absurdas duas horas de duração; a dupla protagonista não tem uma gota de química, e faz a experiência de assistir Diana -personagem que poderia render algo realmente interessante- um verdadeiro tormento. Naomi Watts raramente decepciona, mas quando o faz, decepciona com vontade.
É perceptível que, em algum lugar debaixo da bagunça feita por Ridley Scott, um filme muito interessante está acontecendo. O Conselheiro do Crime, primeiro roteiro de Cormac McCarthy para o cinema, é essencialmente um conto de crime e castigo, um amontoado de diálogos -muito interessantes- sobre escolhas erradas e punição terrena, mas que, envelopado numa embalagem de filme de ação, acaba suscitando expectativas completamente erradas e, nesse caso, isso não é bom. Todo elenco está trabalhando em baixa voltagem, e o destaque fica por conta de Brad Pitt, que tem linhas espertíssimas e uma cena final incrível.
É péssimo ver uma ideia interessante diluída em um filme ruim. Uma Noite de Crime pode não ser propriamente original, mas a ideia de utopia construída através de distopia que James DeMonaco tenta encenar poderia ter rendido um filme impactante, caso o diretor não tivesse se resumido à mais rasa seara do cinema de ação/horror e desperdiçado todos os trunfos que possuia.
Redemption
4.4 5Quatro cartas sobre tristeza, sobre memórias dolorosas, sobre saudade. Gomes usa imagens de arquivo e histórias de outras pessoas para compor um pequeno mosaico sobre como os sentimentos alheios dialogam com os nossos.
Nebraska
4.1 1,0K Assista AgoraNebraska não é propriamente cínico nem pessimista, mas raros são os momentos que Alexander Payne permite um respiro de vivacidade à seus personagens. Mesmo as parcelas mais doces e poéticas do filme -quase sempre atreladas à Will Forte e sua performance discreta, que parece não querer estragar o espetáculo de Bruce Dern- estão mergulhadas num preto e branco amargo, num sentimento de estagnação, da qual aquelas pessoas e seus desejos muito provavelmente jamais conseguirão se libertar. É o filme mais sombrio de toda a bela carreira de Payne, e isso é um enorme elogio.
Último Desejo
3.2 51Último Desejo é mais uma das notáveis evidências do pouco talento que James Franco tem para dirigir filmes, e também do enorme talento que ele tem para fugir totalmente da essência de seu material original. O seminal romance de William Faulkner é um sombrio e deprimente retrato de um sul esquecido, ao qual Franco não consegue impôr o tom necessário. Os esforços de atuação, que são as únicas coisas boas do longa, parecem vir mais dos próprios atores do que das ideias do diretor e seu ego descontrolado.
À Procura do Amor
3.5 275 Assista AgoraMais um interessante trabalho de Nicole Holofcener, que segue retratando incansavelmente as mulheres americanas de classe média alta e seus problemas cotidianos. À Procura do Amor é um de seus projetos mais coesos, um filme que respeita tanto seus personagens a ponto de não demonizar nenhum deles, ainda que estejam fazendo coisas moralmente duvidosas, e concede tempo e espaço para seu desenvolvimento. Louis-Dreyfus e Gandolfini estão maravilhosos, adultos que agem e sofrem como tal; coisa rara em comédias românticas Hollywoodianas, que simplesmente relega personagens com mais de 40 anos ao papel de coadjuvantes, ou faz com que eles se portem como adolescentes.
As Delícias da Tarde
2.9 116 Assista AgoraAssim como em À Procura do Amor, a estreante Jill Soloway se mostra muito interessada na vida de mulheres comuns da classe média-alta e suburbana dos Estados Unidos, mas diferente dos filmes de Nicole Holofcener, a comédia não é exatamente o tom preferido. Auxiliada pela impecável performance de Kathryn Hahn, que surpreende ao mostrar -enorme- talento para muito além da comédia, Soloway faz com que seu filme saia de um ambiente muito divertido e caminhe com precisão clínica até um doloroso desfecho. Se não por qualquer outra razão, vale para se divertir com a sempre maravilhosa Juno Temple.
Operação Sombra - Jack Ryan
3.1 322 Assista AgoraQuinto filme baseado no personagem Jack Ryan, dos livros de Tom Clancy, este Operação Sombra é uma espécie de “reboot” que mostra as origens do agente. Assim como boa parte do cinema de espionagem atutal, o filme está muito mais para a ação do que para o noir. Ainda que a visão clássica de Branagh consiga empurrar um respiro aqui e ali, e no geral as atuações sejam bastante contidas, toda a trama de terrorismo econômico e russos malvados é bastante boba.
Quando Eu Era Vivo
2.9 323Para um filme que ecoa tantos clichês do cinema de horror, enquanto caminha por uma linha tão delicada de drama familiar, o poder que emana de Quando Eu Era Vivo só não é uma surpresa maior porque a competência de Marco Dutra já havia sido provada em muitas outras ocasiões. Em seu primeiro longa solo depois do maravilhoso Trabalhar Cansa, feito em parceira com Juliana Rojas, Dutra explora o campo do sobrenatural com menos sutileza; este é claramente um filme de assombrações, que deve um tanto de sua estranha aura à tradição americana nesse nicho, mas também reflete com carinho subversivo uma infância vivida no brasil durante os anos 80/90: estão lá os bonecos do Fofão, os discos de vinil tocados ao contrário, as fitas vhs com imagens escuras. Quando Eu Era Vivo é um road-movie sentimental, uma volta forçada às origens, que termina com o mais amargo dos finais felizes. Em tempo, Marat Descartes está absolutamente impecável, e Sandy surpreende com eficiência e humildade que jamais esperei dela.
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraA seriedade e melancolia com a qual os Coen tratam Llewyn Davis, é provavelmente a principal fonte de estranheza do filme. O conto sobre alguns dias na vida de um cantor de folk music na Nova York dos anos 60 parece muito simples na superfície, mas como em todo bom trabalhos dos irmãos, existe algo a ser encontrado nas entrelinhas; e neste caso em especial, também nos impecáveis números musicais que Oscar Isaac, Justin Timberlake, Carey Mulligan e companhia interpretam com potência quase sobrenatural. Talvez seja um estranho corte temporal, talvez sejam as piscadelas para Ulisses e a Odisséia, mas é fato que não se trata simplesmente de um olhar para "dentro" do personagem título, como o título original sugere. Tudo que está ao redor dele também é bastante importante.
Temporário 12
4.3 590Short Term 12 é dessas pequenas pérolas que o cinema independente americano cria de tempos em tempos, e que há muito estava devendo. Baseado em seu curta homônimo -e este por sua vez baseado em suas próprias experiências de trabalho num orfanato- Destin Cretton lança um olhar honesto sobre alguns personagens que precisam estar naquele lugar, olhando para seu passado e futuro como forma de compreendê-los agora. Focando na cuidadora maravilhosamente construída por Brie Larson, sua relação com seu parceiro de trabalho e algumas crianças que estão sob seu cuidado, Cretton consegue fazer um filme potente, sem ser exatamente alegre, mas também sem ceder à certa tendência pessimista e decadente que parece ter acometido os jovens realizadores americanos na última década.
Eles Voltaram
2.7 41Pouco comentado fora da França à época de seu lançamento, o sci-fi/drama/suspense de Robin Campillo que leva o 'filme de zumbi' para um lugar novo e curioso ganhou alguma projeção por ter servido de base para a criação de um seriado homônimo. Ainda que a série ganhe, por dar mais espaço as complicadíssimas inflexões morais e sentimentais que o fato de ver um ente querido retornar à vida de maneira funcional pode acarretar, o filme também funciona muito bem, provavelmente por sua estranheza e distanciamento, que se mostram muito sedutores.
Clube de Compras Dallas
4.3 2,8K Assista Agoraé sério esse titulo?
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraNinfomaníaca é uma peça de teatro, em que Gainsbourg e Stellan Skarsgard conversam sobre as desventuras sexuais dela, mas também é um livro, cheio de referências à outras obras, teorias e lugares, e por fim também é um filme, que não encontra as “barreiras”, que as outras artes teriam, para nos levar a qualquer um desses lugares. Toda a comoção em volta do sexo explícito parece agora uma das muitas brincadeiras de gosto duvidoso que o diretor dinamarquês gosta de propor, porque no fim das contas, este é um filme muito mais interessado no cérebro do que em qualquer outra parte do corpo de sua protagonista. (...)
Leia mais em http://www.abananaprolixa.com/2014/01/critica-ninfomaniaca-vol-1.html
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista Agora(...) Fato é que Carrie, o remake, de Kimberly Peirce tem alguns dos mesmos defeitos do original. E jamais consegue se beneficiar disso. E pior, diferente de alguns exemplares que conseguem injetar qualquer coisa de originalidade nos roteiros que se propõem a recriar -como por exemplo A Mosca, O Enigma de Outro Mundo e Madrugada dos Mortos, para ficar na seara do horror-, o filme de Peirce acaba sendo vitimado pela fatal pergunta: pra quê? Se a ideia era fazer desta nova Carrie uma releitura jovem, ágil e moderna daquela dos anos 70, as falhas são gritantes em todas as instâncias.
http://www.abananaprolixa.com/2013/12/critica-carrie-estranha.html
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraA precisão e eloquência com as quais Kechiche conduz seu conto sobre uma adolescente entrando na idade adulta faz com que suas 3 horas jamais soem excessivas. É verdade que Azul é a Cor Mais Quente poderia ser menor, mas certamente seria outro filme. A partir de um minucioso olhar na vida sentimental de Adéle, o diretor e a protagonista atingem notas precisas e prendem a atenção em todos os gestos e todas as conversas que, por sinal, nunca são gratuitas. Sartre, vestibular, leitura, um macarrão à bolonhesa; Kechiche consegue aplicar significado e beleza aos menores momentos, e só por isso Azul já seria um filme inesquecível.
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraÉ quase inacreditável que um filme como este remake de Carrie possa existir. Os incontáveis equívocos, que vão desde a involuntária aura de filme B criada pelas atuações patéticas e efeitos toscos, até a completa falta de ritmo, causada por roteiro ruim, edição descompassada e direção inexistente. Kimberly Peirce se reafirma como uma one-hit wonder, e Chloë Grace Moretz vai precisar de muitas escolhas certeiras para tentar contar os danos que esta performance desastrosa pode causar em sua carreira. Não serve nem como comédia.
Sobrenatural: Capítulo 2
3.4 1,2K Assista AgoraGuardando boa parte do charme e criatividade que garantiram apreço de crítica e público ao primeiro filme, o capítulo dois de Sobrenatural é literalmente o que seu título sugere. A história começa do ponto onde o filme anterior terminou, e apesar de forçar a barra aqui e ali para se conectar com o predecessor, não é um filme completamente inútil. James Wan segue como um diretor de enorme consciência cinematográfica, que apesar da preferência por 'jump scares', sabe manter seu filme num delicioso clima de tensão, inclusive quando nada de relevante está acontecendo.
http://www.abananaprolixa.com/2013/11/critica-sobrenatural-capitulo-2.html
Um Estranho no Lago
3.3 465 Assista AgoraA ligação entre o sexo e a finitude funciona como uma linha guia do filme de Guiraudie. A exposição do sexo por vezes parece gratuita, mas o diretor constrói tão bem o seu protagonista, e a sucessão de fatos que o levam a seu perturbador final, que os defeitos soam como pormenores.
Blue Jasmine
3.7 1,7K Assista AgoraAcusado de ser excessivamente cínico e pessimista por aqueles que obviamente não percebem que Woody Allen jamais foi um cineasta particularmente carinhoso, Blue Jasmine une dois recortes da vida de sua protagonista, que soa como uma Blanche Dubois moderna -maravilhosamente composta por Cate Blanchett- simplesmente por fazê-lo. Não há "lição", não há "mensagem", não há redenção, Allen simplesmente observa uma pessoa detestável, a maneira como ela se coloca no mundo, e seus breves lampejos de humanidade, que soam mais como dispositivos de sobrevivência. Desde Match Point não se via alguém tão odiosamente adorável surgir em um filme de Woody, que parece ter no desprezo um conforto para suas aflições.
Amor, Plástico e Barulho
3.5 75Personagens mal construídos, bons atores perdidos numa direção inexistente, roteiro sem qualquer ritmo, e principalmente a falta de brega num filme que deveria respirá-lo, são apenas algumas das razões pra este aqui não decolar.
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraO virtuosismo técnico e estético é inegável, e só por oferecer algumas das imagens mais hipnóticas dos últimos anos, Gravidade já garante um lugar de destaque no cinema de ficção científica. Somado a isso está a performance bastante competente de Sandra Bullock, que faz o que pode com a microtrama criada por Alfonso Cuarón. O problema reside justamente aí: para um filme que parece querer atingir certo nível de contemplação e imersão no elemento humano, Gravidade termina sendo tão somente um punhado de belíssimas imagens. O melodrama vem fora de hora, as referências a Kubrick soam bobas, e no fim das contas Cuarón parece ter acreditado tanto em sua técnica, que esqueceu de injetar alguma alma em seu filme.
Diana
3.0 346 Assista AgoraAlém da total incapacidade de Hirschbiegel em conduzir o filme, do roteiro formulaico, e das absurdas duas horas de duração; a dupla protagonista não tem uma gota de química, e faz a experiência de assistir Diana -personagem que poderia render algo realmente interessante- um verdadeiro tormento. Naomi Watts raramente decepciona, mas quando o faz, decepciona com vontade.
O Conselheiro do Crime
2.4 584É perceptível que, em algum lugar debaixo da bagunça feita por Ridley Scott, um filme muito interessante está acontecendo. O Conselheiro do Crime, primeiro roteiro de Cormac McCarthy para o cinema, é essencialmente um conto de crime e castigo, um amontoado de diálogos -muito interessantes- sobre escolhas erradas e punição terrena, mas que, envelopado numa embalagem de filme de ação, acaba suscitando expectativas completamente erradas e, nesse caso, isso não é bom. Todo elenco está trabalhando em baixa voltagem, e o destaque fica por conta de Brad Pitt, que tem linhas espertíssimas e uma cena final incrível.
Uma Noite de Crime
3.2 2,2K Assista AgoraÉ péssimo ver uma ideia interessante diluída em um filme ruim. Uma Noite de Crime pode não ser propriamente original, mas a ideia de utopia construída através de distopia que James DeMonaco tenta encenar poderia ter rendido um filme impactante, caso o diretor não tivesse se resumido à mais rasa seara do cinema de ação/horror e desperdiçado todos os trunfos que possuia.
Quando a Noite Cai em Bucareste ou Metabolismo
3.2 10À margem do cinema, existe outro cinema. Em ambos, aquilo que é interessante fica no centro do quadro. Espetacular.