Impossível não prender a respiração com a tensão que Andrew sofre. Atuações sensacionais do Miles Teller e do J.K. Simmons. Bateu até uma nostalgia de quando sonhava em ser músico com uns 13 anos.
mas a cena pela qual mais me encantei foi justamente aquela no ônibus em que Antoine e Cléo se entreolham enquanto o vento a despenteia. Achei de uma simplicidade grande e de uma beleza maior ainda.
Acho que uma frase que ficou ecoando na minha cabeça ao terminar o filme é "eu faço o meu melhor enquanto eu posso?".
Esse filme é um tapa na cara de muitas coisas, do nosso conceito de "conviver", da seriedade em cada escolha que fazemos, seja ela a mais boba (aparentemente) que for, e coisas do tipo.
Uma coisa muito interessante de "dar vida aos mortos" usando, basicamente, o remorso como tema central, é que vemos que a culpa é uma dor que ninguém quer carregar, então ela, muitas vezes, é jogada de alguém pra outrem. Somos assim cotidianamente, o que causa conflitos desnecessários. Preferimos achar um culpado ao invés de nos prontificarmos a fazer a nossa parte ou a fazer, no mínimo, o bem.
Gosto muito do Monty Python por duas coisas principalmente: o humor como crítica social e a capacidade de fazer piadas que façam rir tanto os que entendem quanto os que não entendem
(em A vida de Brian especificamente, aquela cena da Judith pedindo ação imediata e eles enrolando pra salvar o Brian da crucificação dizendo "isso é o feminismo despontando" é sensacional. Uma puta crítica aos intelectuais de sofá, mas que também faria rir os mais despolitizados).
Enfim, Monty Python consegue fazer humor útil e engraçado ao mesmo tempo. Coisa rara nos dias atuais.
O diálogo metafórico da cena em que jogam a pedra na janela é sensacional:
"- Pergunto-me o que faria no lugar deles... A mesma coisa. - Você atiraria pedras? - Se estivesse no lugar deles? Claro. E o mesmo princípio se aplica a todas as pessoas que julguei [quando atuava como juiz]. Se tivesse as vidas deles, e nas condições deles, também roubaria, mataria, mentiria, com certeza."
Eis o primeiro passo para o amor fraternal: colocar-se no lugar do outro. Assim como no filme anterior da trilogia, essa mentalidade de colocar-se no lugar de quem julgamos impotente/inferior/imoral rodeia a trama.
Analisando a trilogia como uma coisa única, vê-se que Kieslowski tenta apontar sobre desconstrução de status quo, principalmente no que concerne a visão de família.
No primeiro filme, uma família é dissolvida por uma fatalidade, mas conforme a trama se desenrola percebe-se que a família era um encenação por parte do marido, e estava fadada ao fracasso ou à encenação vitalícia.
No segundo filme, o filme se inicia com a dissolução de um casal em tribunal, e a história nos mostra um plano do protagonista de reunir-se com a amada através de fazê-la sentir-se tão impotente quanto ele; um paradoxo amoroso, onde é necessário fazer a amada sofrer para então fazê-la entender como é estar em seu lugar e, por fim, poder estar com ela.
No último, a família desestruturada com uma filha distante, um filho viciado e uma mãe alheia à realidade nos confirma a mensagem de toda a trilogia: a construção e a manutenção de uma família é uma encenação teatral, e quem assiste é a sociedade. O final deste nos mostra onde todos somos iguais e onde todos somos fraternos: na desgraça, na tragédia. Unir os personagens principais da trilogia nessa cena final pode parecer forçado, mas, assim como a maioria das cenas do filme, nos passa a mensagem de maneira sútil ainda que profunda.
Desde o começo, esse filme me atraiu mais que o anterior da trilogia. A simpatia pelo Karol (Zbigniew Zamachowski) é imediata, mas a admiração continua a crescer ao longo da trama. Kieslowski retratou uma coisa genial nesse filme: a luta por igualdade nem sempre é justa. A aparência quase inocente de Karol foi importantíssima pra deixar claro que não se tratava de uma vingança, porque vingar-se não era do feitio dele, mas tratava-se de uma busca por igualdade. Igualdade na impotência -- sexual da parte de Karol e jurídica da parte de Dominique. De fato a cena final sintetiza toda essa mensagem, nos mostrando que muitas vezes precisamos sofrer na mesma intensidade que nosso próximo para podermos sentir o que ele (ou como ele) se sente.
"A existência precede a essência." Se aplicarmos essa citação de Sartre à condição da protagonista, vemos que ela existe, mas muito pouco sente -- ou quer sentir -- sua essência.
"Eu tenho apenas uma coisa restante a fazer: nada. Eu não quero nenhum pertence ou memórias. Nem amigos, nem amor. Isso tudo são armadilhas.". Nesse momento, vê-se que Julie (Juliette Binoche) quer desprender-se de sua essência. A personagem parece apagar-se do mundo, mas aquilo que outrora ela pensava ser sua essência (a qual ela tenta abandonar) pode ter reminiscências: a música.
Em uma das tardes em que Julie sai da "cafeteria" onde ia com frequência após mudar-se, encontra-se com o flautista anônimo deitado na calçada e ajuda-o a ajeitar a cabeça sobre a case de sua flauta. Nessa cena há a frase que talvez tenha a alma do filme: "É preciso agarrar-se a algo". Esse algo, pelo desenrolar da trama, com certeza não é a família, mas o que seria?
Esse filme, pra mim, é o mais fraco da trilogia, mas traz consigo cenas e questionamentos passíveis de reflexão mais aprofundada.
O foco no protagonista, ignorando as pessoas que conviviam com o mesmo antes do tratamento, com exceção de Thomas (Hans Olav Brenner), nos mostra logo de cara uma das maiores consequências de um viciado: o isolamento.
Mesmo o amigo aparentando proximidade, com o passar da história vê-se que esse também é alguém que não faz muita diferença.
O filme cresce em nós, de dentro para fora, até conseguir nos comover com lágrimas no desfecho. De início, pode-se cair em pré-conceitos e imaginar que o filme vai contar com um roteiro de auto ajuda ou conterá alguma lição de moral, mas a partir da metade (ou até antes) nota-se que não se trata de um filme de características recorrentes, e então certa agonia e um aperto no peito começam a nos acompanhar. Um suicida viciado ou um viciado suicida? Não importa. O protagonista traz questões que deveríamos nós mesmos trazer à tona no cotidiano: é essa vida que quero pra mim? Existe um tipo de vida certo? O final consolida a quietude de todo o filme. Joachim consegue nos mostrar que a simplicidade cinematográfica pode ser altamente impactante quando lidamos com a realidade sem rodeios.
P.s: atuação muito boa do A. D. Lie, os quase-sorrisos dele ao longo do filme me davam pena do personagem. Realmente muito boa.
O "Battlefield" que o traficante estava jogando quando o Anders vai comprar a droga foi o pagamento de Thomas por drogas, correto? Isso expande mais ainda o diálogo sobre "essa vida é correta?", mostrando que aqueles ditos felizes também têm suas válvulas de escape, no caso de Thomas é o vício.
Um filme imersivo, que te prende sem precisar de movimentação ou ação corriqueiras. O que nos prende ao filme é, justamente, sua veracidade. Todos, seja em maior ou menor grau, se identificam de certa forma. Sensível na medida certa.
O filme é bom e tem seus méritos, mas a história poderia ter sido mais longa e mais desenvolvida. Aparentou que o roteirista estava com pressa de fazer o script. Apesar disso, as atuações foram excelentes.
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Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraImpossível não prender a respiração com a tensão que Andrew sofre. Atuações sensacionais do Miles Teller e do J.K. Simmons.
Bateu até uma nostalgia de quando sonhava em ser músico com uns 13 anos.
Obrigado por Fumar
3.9 797 Assista AgoraÓtimo filme pra quem estuda a retórica, o discurso e a comunicação como um todo.
Cléo das 5 às 7
4.2 200 Assista Agora"Todo grande sentimento está cheio de pequenas vaidades."
Foi o primeiro filme que assisti da Varda e achei sensacional.
Os diálogos firmes e curiosos da Nouvelle Vague me atraíram bastante,
mas a cena pela qual mais me encantei foi justamente aquela no ônibus em que Antoine e Cléo se entreolham enquanto o vento a despenteia. Achei de uma simplicidade grande e de uma beleza maior ainda.
22 de Maio
3.9 22 Assista AgoraAcho que uma frase que ficou ecoando na minha cabeça ao terminar o filme é "eu faço o meu melhor enquanto eu posso?".
Esse filme é um tapa na cara de muitas coisas, do nosso conceito de "conviver", da seriedade em cada escolha que fazemos, seja ela a mais boba (aparentemente) que for, e coisas do tipo.
Uma coisa muito interessante de "dar vida aos mortos" usando, basicamente, o remorso como tema central, é que vemos que a culpa é uma dor que ninguém quer carregar, então ela, muitas vezes, é jogada de alguém pra outrem. Somos assim cotidianamente, o que causa conflitos desnecessários. Preferimos achar um culpado ao invés de nos prontificarmos a fazer a nossa parte ou a fazer, no mínimo, o bem.
Filme sensacional, me surpreendeu.
Os Vingadores
4.0 6,9K Assista AgoraSuperestimado, mas dá pra passar o tempo assistindo.
A Vida de Brian
4.2 560 Assista AgoraGosto muito do Monty Python por duas coisas principalmente: o humor como crítica social e a capacidade de fazer piadas que façam rir tanto os que entendem quanto os que não entendem
(em A vida de Brian especificamente, aquela cena da Judith pedindo ação imediata e eles enrolando pra salvar o Brian da crucificação dizendo "isso é o feminismo despontando" é sensacional. Uma puta crítica aos intelectuais de sofá, mas que também faria rir os mais despolitizados).
Enfim, Monty Python consegue fazer humor útil e engraçado ao mesmo tempo. Coisa rara nos dias atuais.
A Fraternidade é Vermelha
4.2 439 Assista AgoraEsse filme nos traz pequenas lições em doses homeopáticas, seja pelos diálogos entre o juiz e a protagonista, seja pelas atitudes em algumas cenas.
O diálogo metafórico da cena em que jogam a pedra na janela é sensacional:
"- Pergunto-me o que faria no lugar deles... A mesma coisa.
- Você atiraria pedras?
- Se estivesse no lugar deles? Claro. E o mesmo princípio se aplica a todas as pessoas que julguei [quando atuava como juiz]. Se tivesse as vidas deles, e nas condições deles, também roubaria, mataria, mentiria, com certeza."
Eis o primeiro passo para o amor fraternal: colocar-se no lugar do outro. Assim como no filme anterior da trilogia, essa mentalidade de colocar-se no lugar de quem julgamos impotente/inferior/imoral rodeia a trama.
Não sei se gosto mais de Rouge ou Blanc!
Analisando a trilogia como uma coisa única, vê-se que Kieslowski tenta apontar sobre desconstrução de status quo, principalmente no que concerne a visão de família.
No primeiro filme, uma família é dissolvida por uma fatalidade, mas conforme a trama se desenrola percebe-se que a família era um encenação por parte do marido, e estava fadada ao fracasso ou à encenação vitalícia.
No segundo filme, o filme se inicia com a dissolução de um casal em tribunal, e a história nos mostra um plano do protagonista de reunir-se com a amada através de fazê-la sentir-se tão impotente quanto ele; um paradoxo amoroso, onde é necessário fazer a amada sofrer para então fazê-la entender como é estar em seu lugar e, por fim, poder estar com ela.
No último, a família desestruturada com uma filha distante, um filho viciado e uma mãe alheia à realidade nos confirma a mensagem de toda a trilogia: a construção e a manutenção de uma família é uma encenação teatral, e quem assiste é a sociedade. O final deste nos mostra onde todos somos iguais e onde todos somos fraternos: na desgraça, na tragédia. Unir os personagens principais da trilogia nessa cena final pode parecer forçado, mas, assim como a maioria das cenas do filme, nos passa a mensagem de maneira sútil ainda que profunda.
A Igualdade é Branca
4.0 365 Assista AgoraDesde o começo, esse filme me atraiu mais que o anterior da trilogia. A simpatia pelo Karol (Zbigniew Zamachowski) é imediata, mas a admiração continua a crescer ao longo da trama. Kieslowski retratou uma coisa genial nesse filme: a luta por igualdade nem sempre é justa.
A aparência quase inocente de Karol foi importantíssima pra deixar claro que não se tratava de uma vingança, porque vingar-se não era do feitio dele, mas tratava-se de uma busca por igualdade. Igualdade na impotência -- sexual da parte de Karol e jurídica da parte de Dominique.
De fato a cena final sintetiza toda essa mensagem, nos mostrando que muitas vezes precisamos sofrer na mesma intensidade que nosso próximo para podermos sentir o que ele (ou como ele) se sente.
P.s: atuação tocante do Zamachowski.
A Liberdade é Azul
4.1 649 Assista Agora"A existência precede a essência."
Se aplicarmos essa citação de Sartre à condição da protagonista, vemos que ela existe, mas muito pouco sente -- ou quer sentir -- sua essência.
"Eu tenho apenas uma coisa restante a fazer: nada. Eu não quero nenhum pertence ou memórias. Nem amigos, nem amor. Isso tudo são armadilhas.". Nesse momento, vê-se que Julie (Juliette Binoche) quer desprender-se de sua essência. A personagem parece apagar-se do mundo, mas aquilo que outrora ela pensava ser sua essência (a qual ela tenta abandonar) pode ter reminiscências: a música.
Em uma das tardes em que Julie sai da "cafeteria" onde ia com frequência após mudar-se, encontra-se com o flautista anônimo deitado na calçada e ajuda-o a ajeitar a cabeça sobre a case de sua flauta. Nessa cena há a frase que talvez tenha a alma do filme: "É preciso agarrar-se a algo". Esse algo, pelo desenrolar da trama, com certeza não é a família, mas o que seria?
Esse filme, pra mim, é o mais fraco da trilogia, mas traz consigo cenas e questionamentos passíveis de reflexão mais aprofundada.
A direção é ótima.
Oslo, 31 de Agosto
3.9 194O foco no protagonista, ignorando as pessoas que conviviam com o mesmo antes do tratamento, com exceção de Thomas (Hans Olav Brenner), nos mostra logo de cara uma das maiores consequências de um viciado: o isolamento.
Mesmo o amigo aparentando proximidade, com o passar da história vê-se que esse também é alguém que não faz muita diferença.
O filme cresce em nós, de dentro para fora, até conseguir nos comover com lágrimas no desfecho. De início, pode-se cair em pré-conceitos e imaginar que o filme vai contar com um roteiro de auto ajuda ou conterá alguma lição de moral, mas a partir da metade (ou até antes) nota-se que não se trata de um filme de características recorrentes, e então certa agonia e um aperto no peito começam a nos acompanhar.
Um suicida viciado ou um viciado suicida? Não importa. O protagonista traz questões que deveríamos nós mesmos trazer à tona no cotidiano: é essa vida que quero pra mim? Existe um tipo de vida certo?
O final consolida a quietude de todo o filme.
Joachim consegue nos mostrar que a simplicidade cinematográfica pode ser altamente impactante quando lidamos com a realidade sem rodeios.
P.s: atuação muito boa do A. D. Lie, os quase-sorrisos dele ao longo do filme me davam pena do personagem. Realmente muito boa.
O "Battlefield" que o traficante estava jogando quando o Anders vai comprar a droga foi o pagamento de Thomas por drogas, correto? Isso expande mais ainda o diálogo sobre "essa vida é correta?", mostrando que aqueles ditos felizes também têm suas válvulas de escape, no caso de Thomas é o vício.
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraSensacional. Os plots do roteiro são um melhor que o outro.
O Sentido da Vida
4.0 327 Assista AgoraUm grande exemplo de como o humor é uma grande ferramenta de crítica social. Simplesmente Monty Python.
Guardiões da Galáxia
4.1 3,8K Assista AgoraWe are Groot.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraUm filme imersivo, que te prende sem precisar de movimentação ou ação corriqueiras. O que nos prende ao filme é, justamente, sua veracidade. Todos, seja em maior ou menor grau, se identificam de certa forma. Sensível na medida certa.
London River - Destinos Cruzados
3.4 40O filme é bom e tem seus méritos, mas a história poderia ter sido mais longa e mais desenvolvida. Aparentou que o roteirista estava com pressa de fazer o script. Apesar disso, as atuações foram excelentes.