Nota: 9,1. O estudo do passado pode parecer cansativo justamente, porque há a ideia de que atualidade vive e depende do presente; porém, é sabido que é preciso regressar para se entender o porque das relações sociais atuais serem como são. Na obra em questão, além disso, a importância do pretérito desvenda a imutabilidade dos sentimentos humanos, perceptíveis em todas épocas, ainda que surgindo por motivos ou situações diferentes. Para exemplificar isso, dar-se espaço para o humano e questões existenciais, apesar do viés grandioso. Embora o romance em que o filme se baseia seja o responsável pelo debate sobre as interações para a manutenção de poderes, a sétima arte aqui confere veracidade a isso, o que deixa mais exposto a inteligência da história. Essa fidedignidade é conquistada por exemplo, na atuação do protagonista que sabe construir um personagem como sendo um exímio estrategista, um observador atento que entende a sua época, os porquês das transformações; e então, quando se trata de tais mudanças, o ator evidencia o traço saudosista do personagem que provoca tristezas e pessimismo (agravado quando o personagem se une a determinado jogo de sombras e a um certo desgaste de cenários). A preparação do resto do elenco também impressiona, característico pelo trejeitos de época. As locações, direção de arte e figurino assustam por serem tão próximas ao imaginário do que seria de fato, a história no contexto do séc. XIX. A direção e seu estudo sobre a época, ao misturar isso com a fotografia impõe a interessante impressão de se estar assistindo pinturas vivas. Assim, tudo isso contribui excepcionalmente para uma marca épica intrínseca. O roteiro em si, por mais que seja longo, é objetivo e sabe dar espaço a construções conceituais de personagens e lugares, em prol de uma melhor compreensão da película; sabe ser também eficientemente sugestivo sobre a revolução não necessitando portanto, a existência de muitos cenas de batalhas. Por fim, os esforços do diretor sem dúvidas, fizeram de 'O Leopardo' uma das melhores adaptações cinematográficas da história.
Nota: 8,8. O leve toque de surrealismo parece fazer transparecer uma linha tênue entre o real e irreal. Assim, a dose do surreal é dignamente adaptada à história. A crítica embutida sobre as classes dominantes, foge da delimitação obtendo dessa forma, pluralidade de interpretações. Uma obra de leitura cortante/irônica sobre as sociedades que investem e usam máscaras para promoção social mas, que no fundo guardam severos monstros, mostrando suas garras afiadas quando seus anseios egocêntricos não são atendidos. Buñuel destaca também que esse individualismo, ao levar os seres a ignorância, impossibilita a sua coexistência com a racionalidade. Instiga-se os espectadores à inquietude, às indagações: é preciso destacar que 'O Anjo Exterminador' por isso, carrega consigo o objetivo genuíno do cinema, sendo dessa forma louvável.
Nota: 8,9. 'Tudo o que é sólido desmancha no ar' Marx, Karl; O Surrealismo, gênero cinematográfico mais oculto e controverso, é caracterizado por uma inconstância de sequências narrativas, no entanto, engana-se um provável aspirante a artista num provável pensamento que resuma o surreal como a junção de imagens sem nenhum nexo. O inicio do surrealismo no cinema, já provava o contrário, com seus pioneiros e seu forte propulsor, 'Um Cão Andaluz', a célebre junção de Luis Buñuel e Dali; aqui esses provam a necessidade de uma sensação de narrativa para, além da estranheza peculiar, provocar uma miscelânea de sensações. Com 'Holy Motors' de pronto, não é diferente; o filme é capaz de passar por picos distintos de emoções e também de misturar sinceramente, vários gêneros da sétima arte, proporcionando ao espectador uma confusão emocional. Leos Carax dirige com amor: o seu filme perpassa por diversas locações que traz ironicamente, uma verossimilhança límpida; a câmera sugestiva participa ativamente para a loucura com a luz boêmia ou degradante; a atuação de Denis Lavant perturba pelo modo que o ator incrivelmente entende a personagem, entregando várias figuras nos demais contextos. Compreendo o surrealismo, numa lógica individual porém visível, em 'Holy Motors', como uma alusão à supracitada assertiva de Marx: tudo muda, nada consta, no micro e macro simultaneamente.
Nota: 8,8. Representar o cotidiano de uma família em filme pode passar algo como tedioso e sem objetivo. Porém, quando se escolhe os momentos corretos desse cotidiano causado por distintas situações, para defender uma visão, tudo se torna o contrário. É isso que acontece com essa obra. A vida simples é poética, incluindo-se os divergências do dia a dia. Toda película possui um efeito contemplativo, como se fôssemos intrusos e estivéssemos vendo tudo de esguelha: a câmera é quase que proibida de entrar por exemplo numa discussão e estar dentro de um estabelecimento, como no caso de vê-se muitas vezes o vidro como primeiro plano: aproveita-se ao máximo um ângulo lembrando o efeito de uma 'câmera de segurança'; a quase inexistência de trilha sonora; a direção de arte intimista por exemplo, ao representar fielmente uma residência carregada de expressões únicas de indivíduos que ali convivem; o roteiro que emprega diálogos de vida comum e bastante naturais responsável pela escolha daqueles momentos (há um momento de genialidade em que a própria família é posta a contemplar outra família, é como se as personagens fossem espectadores do seu próprio filme). É importante ressaltar o elenco e a escolha das locações que confirmam o caráter de simples vida corriqueira. Juntar tudo isso em ótima sintonia para retratar, e passar a ideia de vida comum foi responsabilidade de Edward Yang, e por isso muito merecido o prêmio de Cannes, direção bastante inteligente.
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O Leopardo
4.2 105 Assista AgoraNota: 9,1. O estudo do passado pode parecer cansativo justamente, porque há a ideia de que atualidade vive e depende do presente; porém, é sabido que é preciso regressar para se entender o porque das relações sociais atuais serem como são. Na obra em questão, além disso, a importância do pretérito desvenda a imutabilidade dos sentimentos humanos, perceptíveis em todas épocas, ainda que surgindo por motivos ou situações diferentes. Para exemplificar isso, dar-se espaço para o humano e questões existenciais, apesar do viés grandioso. Embora o romance em que o filme se baseia seja o responsável pelo debate sobre as interações para a manutenção de poderes, a sétima arte aqui confere veracidade a isso, o que deixa mais exposto a inteligência da história. Essa fidedignidade é conquistada por exemplo, na atuação do protagonista que sabe construir um personagem como sendo um exímio estrategista, um observador atento que entende a sua época, os porquês das transformações; e então, quando se trata de tais mudanças, o ator evidencia o traço saudosista do personagem que provoca tristezas e pessimismo (agravado quando o personagem se une a determinado jogo de sombras e a um certo desgaste de cenários). A preparação do resto do elenco também impressiona, característico pelo trejeitos de época. As locações, direção de arte e figurino assustam por serem tão próximas ao imaginário do que seria de fato, a história no contexto do séc. XIX. A direção e seu estudo sobre a época, ao misturar isso com a fotografia impõe a interessante impressão de se estar assistindo pinturas vivas. Assim, tudo isso contribui excepcionalmente para uma marca épica intrínseca. O roteiro em si, por mais que seja longo, é objetivo e sabe dar espaço a construções conceituais de personagens e lugares, em prol de uma melhor compreensão da película; sabe ser também eficientemente sugestivo sobre a revolução não necessitando portanto, a existência de muitos cenas de batalhas. Por fim, os esforços do diretor sem dúvidas, fizeram de 'O Leopardo' uma das melhores adaptações cinematográficas da história.
O Anjo Exterminador
4.3 376 Assista AgoraNota: 8,8. O leve toque de surrealismo parece fazer transparecer uma linha tênue entre o real e irreal. Assim, a dose do surreal é dignamente adaptada à história. A crítica embutida sobre as classes dominantes, foge da delimitação obtendo dessa forma, pluralidade de interpretações. Uma obra de leitura cortante/irônica sobre as sociedades que investem e usam máscaras para promoção social mas, que no fundo guardam severos monstros, mostrando suas garras afiadas quando seus anseios egocêntricos não são atendidos. Buñuel destaca também que esse individualismo, ao levar os seres a ignorância, impossibilita a sua coexistência com a racionalidade. Instiga-se os espectadores à inquietude, às indagações: é preciso destacar que 'O Anjo Exterminador' por isso, carrega consigo o objetivo genuíno do cinema, sendo dessa forma louvável.
Holy Motors
3.9 652 Assista AgoraNota: 8,9. 'Tudo o que é sólido desmancha no ar' Marx, Karl; O Surrealismo, gênero cinematográfico mais oculto e controverso, é caracterizado por uma inconstância de sequências narrativas, no entanto, engana-se um provável aspirante a artista num provável pensamento que resuma o surreal como a junção de imagens sem nenhum nexo. O inicio do surrealismo no cinema, já provava o contrário, com seus pioneiros e seu forte propulsor, 'Um Cão Andaluz', a célebre junção de Luis Buñuel e Dali; aqui esses provam a necessidade de uma sensação de narrativa para, além da estranheza peculiar, provocar uma miscelânea de sensações. Com 'Holy Motors' de pronto, não é diferente; o filme é capaz de passar por picos distintos de emoções e também de misturar sinceramente, vários gêneros da sétima arte, proporcionando ao espectador uma confusão emocional. Leos Carax dirige com amor: o seu filme perpassa por diversas locações que traz ironicamente, uma verossimilhança límpida; a câmera sugestiva participa ativamente para a loucura com a luz boêmia ou degradante; a atuação de Denis Lavant perturba pelo modo que o ator incrivelmente entende a personagem, entregando várias figuras nos demais contextos. Compreendo o surrealismo, numa lógica individual porém visível, em 'Holy Motors', como uma alusão à supracitada assertiva de Marx: tudo muda, nada consta, no micro e macro simultaneamente.
As Coisas Simples da Vida
4.3 120Nota: 8,8. Representar o cotidiano de uma família em filme pode passar algo como tedioso e sem objetivo. Porém, quando se escolhe os momentos corretos desse cotidiano causado por distintas situações, para defender uma visão, tudo se torna o contrário. É isso que acontece com essa obra. A vida simples é poética, incluindo-se os divergências do dia a dia. Toda película possui um efeito contemplativo, como se fôssemos intrusos e estivéssemos vendo tudo de esguelha: a câmera é quase que proibida de entrar por exemplo numa discussão e estar dentro de um estabelecimento, como no caso de vê-se muitas vezes o vidro como primeiro plano: aproveita-se ao máximo um ângulo lembrando o efeito de uma 'câmera de segurança'; a quase inexistência de trilha sonora; a direção de arte intimista por exemplo, ao representar fielmente uma residência carregada de expressões únicas de indivíduos que ali convivem; o roteiro que emprega diálogos de vida comum e bastante naturais responsável pela escolha daqueles momentos (há um momento de genialidade em que a própria família é posta a contemplar outra família, é como se as personagens fossem espectadores do seu próprio filme). É importante ressaltar o elenco e a escolha das locações que confirmam o caráter de simples vida corriqueira. Juntar tudo isso em ótima sintonia para retratar, e passar a ideia de vida comum foi responsabilidade de Edward Yang, e por isso muito merecido o prêmio de Cannes, direção bastante inteligente.