Não adianta uma direção foda com um roteiro merda. [SPOILER] Aquele plano que mostra o 'Renton' com o dinheiro no assoalho estragou o final, seria bem mais doido se a maior parte fosse falsa desde o início.
Simples e suave, com metáforas que explicam a si mesmas, críticas que se fazem no implícito, mas nunca sendo tolo ou irritante (pelo menos eu me irrito com a maioria dos filmes assim). Tem algum comentário por aqui que diz que o filme é superficial e/ou sem emoções. Pois bem: não se trata de um filme de imersão. A abordagem geral do filme é da mesma intensidade constitutiva da paixão da personagem da Miranda pelo vendedor de sapatos; [SPOILER] o filme não mostra relações intensas, e sim relações de uma subjetividade com outra, tanto que a cena pré-final é do primeiro contato físico da personagem com a pessoal pela qual está apaixonada, e um dos poucos signos vagos do filme está justamente na cena seguinte em que o guri estabelece uma relação não com uma outra pessoa, mas com o sol, enquanto bate desritmadamente uma moeda num poste, que acabara de ganhar de um cara. Tenho a intuição que é esta a relação que o filme busca que tenhamos com ele, não se trata de entrar num mundo ou numa cabeça, e sim em sua superfície (não no mero sentido pejorativo que desqualifica a complexidade simples do filme) e essência quase óbvia. A ideia central e a conclusão é que vivemos em equívocos comunicacionais, seja no que tange a mera sexualidade, o "amor", a solidão; talvez seja necessário aprender a falar na mesma medida que se aprende a ouvir, e este é um clichê bem explorado, na categoria de críticas implícitas que citei no início do texto.
Começa muito bem, com personagens que parecem interessantes, tem umas cores bem bonitas, uma montagem maneira; mas não dá pra dizer que o roteiro é preguiçoso por ter sua mecânica pautada em coincidências que ocorrem a cada dez minutos, pois o filme se constitui disso. O sentido moral do filme é tão óbvio, que o final é completamente decepcionante. Mas se não bastasse ser óbvia, essa moral é bastante problemática em sentido político; o filme aborda a vida de pessoas que vivem na rua, como se esta condição fosse completamente fruto da liberdade individual de cada um (o que na diegese é completamente lógico), sendo então um filme com uma abordagem e filosofia completamente voltada a valorização da família, num sentido implicitamente conservador que se justifica na construção psicológica das personagens, que não são tolas porque moram na rua, e sim moram na rua porque são tolas. Quase toda a humanização feita ao longo do filme perde seu potencial crítico-inovador.
Esperava mais do Satoshi Kon após ver Perfect Blue.
O Liu deixou claro que não entendeu - ou não quis executar - todas as nuances presentes na HQ, o que comprometeu muito a própria compreensão filosófica da história. Não é um dos melhores trabalhos do Alan Moore, mas é uma boa história, e o roteiro adaptado do Azzarello não salva uma má direção.
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O Império dos Sentidos
3.3 304 Assista Agoraviajem minha ou o filme era pra ser um exotismo pra francês consumir?
Arquitetura da Destruição
4.2 136 Assista AgoraSó achei meio repetitiva a abordagem. No mais, genial a figura do hitler que construíram: um idiota hermético na cultura alemã.
Pornocracy: The New Sex Multinationals
3.2 34 Assista AgoraSe tivessem feito uma análise realmente marxista teria sido muito foda.
Mektoub, My Love: Canto Uno
2.8 6nenhum lugar pra baixar :)
Cova Rasa
3.9 312Não adianta uma direção foda com um roteiro merda. [SPOILER] Aquele plano que mostra o 'Renton' com o dinheiro no assoalho estragou o final, seria bem mais doido se a maior parte fosse falsa desde o início.
Happy People: A Year In The Taiga
4.1 28No cadastramento aqui no filmow tá creditando apenas o Herzog como diretor, quando na real foi codirigido com o Vasyukov.
Eu, Você e Todos Nós
3.8 166Simples e suave, com metáforas que explicam a si mesmas, críticas que se fazem no implícito, mas nunca sendo tolo ou irritante (pelo menos eu me irrito com a maioria dos filmes assim).
Tem algum comentário por aqui que diz que o filme é superficial e/ou sem emoções. Pois bem: não se trata de um filme de imersão. A abordagem geral do filme é da mesma intensidade constitutiva da paixão da personagem da Miranda pelo vendedor de sapatos; [SPOILER] o filme não mostra relações intensas, e sim relações de uma subjetividade com outra, tanto que a cena pré-final é do primeiro contato físico da personagem com a pessoal pela qual está apaixonada, e um dos poucos signos vagos do filme está justamente na cena seguinte em que o guri estabelece uma relação não com uma outra pessoa, mas com o sol, enquanto bate desritmadamente uma moeda num poste, que acabara de ganhar de um cara. Tenho a intuição que é esta a relação que o filme busca que tenhamos com ele, não se trata de entrar num mundo ou numa cabeça, e sim em sua superfície (não no mero sentido pejorativo que desqualifica a complexidade simples do filme) e essência quase óbvia. A ideia central e a conclusão é que vivemos em equívocos comunicacionais, seja no que tange a mera sexualidade, o "amor", a solidão; talvez seja necessário aprender a falar na mesma medida que se aprende a ouvir, e este é um clichê bem explorado, na categoria de críticas implícitas que citei no início do texto.
Um encontro com Lacan
4.2 14O documentário cria uma imagem heroica do Lacan. Chega quase a ser patético.
Padrinhos de Tóquio
4.3 202 Assista AgoraComeça muito bem, com personagens que parecem interessantes, tem umas cores bem bonitas, uma montagem maneira; mas não dá pra dizer que o roteiro é preguiçoso por ter sua mecânica pautada em coincidências que ocorrem a cada dez minutos, pois o filme se constitui disso. O sentido moral do filme é tão óbvio, que o final é completamente decepcionante. Mas se não bastasse ser óbvia, essa moral é bastante problemática em sentido político; o filme aborda a vida de pessoas que vivem na rua, como se esta condição fosse completamente fruto da liberdade individual de cada um (o que na diegese é completamente lógico), sendo então um filme com uma abordagem e filosofia completamente voltada a valorização da família, num sentido implicitamente conservador que se justifica na construção psicológica das personagens, que não são tolas porque moram na rua, e sim moram na rua porque são tolas. Quase toda a humanização feita ao longo do filme perde seu potencial crítico-inovador.
Esperava mais do Satoshi Kon após ver Perfect Blue.
Batman: A Piada Mortal
3.3 495 Assista AgoraO Liu deixou claro que não entendeu - ou não quis executar - todas as nuances presentes na HQ, o que comprometeu muito a própria compreensão filosófica da história. Não é um dos melhores trabalhos do Alan Moore, mas é uma boa história, e o roteiro adaptado do Azzarello não salva uma má direção.