Canibais faz referências o tempo todo ao clássico gore Cannibal Holocaust, e ao tentar se comparar a um filme tão emblemático só se empalidece. Se assistir Cannibal Holocaust é uma experiência angustiante e desesperadora exatamente por acreditarmos que tudo o que está acontecendo ali é real, assistir Canibais é como ver qualquer outro filme de torture porn que o próprio Eli Roth popularizou com O Albergue. Com personagens pouco interessantes, sem coragem de abraçar completamente a violência e o gore e com um desnecessário gancho para uma continuação, Canibais é decepcionante.
É quase impossível descrever a maravilha que é assistir essa loucura. Do começo que tenta imitar Alien às incríveis sequências em que os "vampiros espaciais" atacam, esse filme é um clássico kitsch indispensável. Pena que o final se estenda um pouco mais do que o necessário.
Até hoje ninguém entendeu o que aconteceu com o M Night Shyamalan. De "novo Steven Spielberg" ele passou a ser piada da indústria graças a bobagens como A dama da água e o último mestre do ar. Mas não vamos esquecer que ele é o responsável por genialidades como o sexto sentido e corpo fechado, e nessa montanha russa louca aparece um The visit, que pode não ser um retorno glorioso mas é bom no que tem que ser. Os protagonistas são adoráveis, o clima de suspense é bem construído e o final é inspirado. Que seja um sinal que os bons tempos voltaram.
É fácil se perder no deslumbre visual que é A Colina Escarlate, e esse até poderia ser o caso não fossem a trama, os atores e a direção tão sensacionais. Mais uma vez Guillermo del Toro consegue fazer um terror à moda antiga, sem ser extremamente referencial e chato, pelo contrário, sendo vibrante e irresistível com uma mistura mais que acertada de charme gótico e violência brutal. Um clássico.
Amy Schumer e Bill Hader estão deliciosos nos papéis principais, assim como o filme, que em seu primeiro momento - focado nas loucuras de Amy - é divertidíssimo. Mas quando a comédia rasgada vira comédia romântica as coisas perdem um pouco o rumo.
A vulnerabilidade masculina de resistir às tentações já rendeu clássicos soft-porn aos montes, tendo nos anos 90 seu auge com os filmes dos musos Michael Douglas e Sharon Stone. Em meio a um mundo de repetições deste tema, é revigorante ver que Eli Roth - que está longe de ser o melhor diretor por aí - consegue não só apenas dar um gás novo ao que já foi visto como ao mesmo tempo que brincar com o que já foi estabelecido. Não não há fora do lugar em Bata antes de entrar: o início é todo uma homage aos filmes dos anos 90 e a quebra brusca deste ritmo logo após o deslize de Evan é pertinente e esperto pois nos deixa tão desnorteados quanto o personagem. Roubando o filme em todos os momentos, as lindas Ana de Armas e Lorenza Izzo são o esfuziante contraponto perfeito para o abilolado personagem de Keanu Reeves que passa o filme entre o choque completo e a patetice involuntária - duas expressões que caem como uma luva ao ator, Uma ótima surpresa.
Sempre esbarrando no clichê de que é muito difícil adaptar um seriado de sucesso para os cinemas, vamos lá... acho que nos cinemas, o Vai que Cola perde muito do que faz da série um sucesso: o contato direto com o público. Ainda que o filme tente manter a liberdade de improvisação e a metalinguagem, não soa tão orgânico como acontece na TV, o que é um problema. Para mim ficou a impressão de que o filme funciona pra dois públicos específicos: os que não conhecem o seriado, e os que são completamente alucinados por ele. Os que não conhecem vão se divertir com os personagens e as piadas - que são praticamente todas recicladas -, e os fãs alucinados vão adorar rever pela décima vez as piadas que já conhecem da TV. Para os que conhecem e gostam do programa, mas não são fãs alucinados (como eu), é divertido mas um pouco decepcionante.
Ia ser muito difícil Ted 2 conseguir pegar o público de surpresa como o primeiro filme fez. Então, é justo que muitos torçam o nariz para a sequencia de cara, mas quando a poeria abaixa, é possível ver que Ted 2 mantém muito do que fez do primeiro filme um sucesso, e que, em alguns poucos momentos, consegue ser melhor que o original.
A trama dessa vez é mais inspirada com Ted lutando por seus direitos civis e apesar do começo emperrado, o filme consegue dar a volta por cima com uma mistura de humor físico nonsense e piadas que acertam o alvo (o momento em que Ted e John instigam comediantes a fazer piadas com temas espinhosos é simplesmente sensacional).
Os dois primeiros capítulos da franquia Sobrenatural, antes de serem um veículo para a carreira de James Wan, serviram para mostrar que o terror à moda antiga ainda conseguia sobreviver na Hollywood inundada por filmes found-footage.
Apostando na criação de um clima pesado e com inspirações claras em sucessos do passado – principalmente Poltergeist -, James Wan fez de Sobrenatural 1 e 2 ilhas de frescor que abriram caminho para os sucessos que foram Invocação do Mal e Annabelle. Seguindo a mesma linha, o terceiro capítulo de Sobrenatural mantém a franquia como uma das mais interessantes da atualidade ainda que não seja tão eficiente em suas tentativas de recriar o clima tenso e carregado dos dois primeiros filmes.
Capítulo 3 prefere, na maioria das vezes, pegar o espectador de surpresa com sustos bem orquestrados e trilha sonora precisa. Pena que os momentos finais não conseguem trazer nada de novo ao mundo obscuro apresentado nos dois primeiros filmes, o que não deixa ser anticlímax, mas não chega a comprometer o todo da experiência.
Renascida do Inferno não tem o menor pudor em ripar na cara dura o enredo de Cemitério Maldito (livro de Stephen King adaptado para os cinemas nos anos 80), então não tem razão para não compararmos as duas obras. E quando a gente faz isso, a coisa fica feia para o filme novo. Se em Cemitério Maldito (mais no livro, em boa parte no filme), a trama é lentamente construída usando o desespero, o luto e a culpa de um pai de família em sua tentativa de trazer o filho de volta à vida, Renascida do Inferno usa como pano de fundo uma chatíssima equipe de pesquisadores que em nenhum momento conquista a torcida do público. A escolha de uma esquipe científica é outra bola fora. O maior trunfo de uma boa história de terror é o apelo ao desconhecido, e Cemitério Maldito usava isso muito bom com o cemitério indígena amaldiçoado, mas Renascida do Inferno tenta o tempo todo explicar o mecanismo pelo qual os mortos voltam à vida, o que deixa tudo chato, e francamente desinteressante. Com nada novo para falar, o filme acaba se perdendo em sustos induzidos pela trilha sonora e efeitos gritantes que só servem para esconder a falta de conteúdo. Melhor ficar com a produção dos anos 1980, que tem um charme trash e sabe aproveitar muito do que foi escrito por King.
Não que muita gente esteja esperando muito de mais uma trama que recicla (pela centésima vez) a premissa de Atração Fatal, mas até para os que estão, O garoto da casa lado é um pouco decepcionante.
O envolvimento de Jennifer Lopez com o vizinho é morno, as atitudes do garoto nunca são devidamente explicadas, a influência que ele tem sobre o filho da protagonista e sobre todos que o cercam é forçada, sem falar nos personagens que aparecem e desaparecem sem motivo ou a mínima noção do que está acontecendo ( que função tem o tio do vizinho obcecado na trama??)
O filme só surpreende mesmo em seus momentos finais quando a clima de suspense sugerido o tempo todo descamba para uma quase homenagem ao terrir dos anos 1980. É uma mudança divertida, mas que não combina com o filme que começa sem graça e termina confuso.
Eu realmente admiro o que o José Padilha tentou fazer no novo RoboCop: se afastar do original apenas o suficiente para manter compreensíveis as referências, transformar o remake numa mistura de thriller político e ficção científica, usar os policiais-robôs como alegoria para a desumanização que pode acontecer a uma parcela daqueles que começam a usar farda... Sim, eu entendo tudo isso. E por isso tudo, o novo RoboCop não é um filme ruim. Mas ainda assim, eu senti falta da violência gratuita e do clima sujo presente em cada momento do RoboCop original. A assepsia do remake pode até servir a um propósito, mas não é a diversão.
Tá aqui a razão pela qual os remakes de filmes de terror quase nunca funcionam. As pessoas continuam achando que o terror é um emaranhado de sustos inofensivo sem nenhum discurso. Terrível engano. É só ver Carrie, por exemplo. Tanto o livro de Stephen King quanto o filme de Brian de Palma (dos anos 70) são emblemáticos não por falarem sobre a vingança de uma garota telecinética, mas por usarem isso como pano de fundo para discorrer sobre a retomada do poder pelas mulheres depois de séculos sendo reprimidas pela Igreja e pela sociedade. A cena que mostra Carrie (Sissy Spacek) dizimando um ginásio cheio de estudantes com nada mais que um olhar ameaçador é uma metáfora para as mulheres que assumiam seu lugar num mundo machista e conservador na década de 1970, onde os números de divórcios explodiram e mais mulheres tiveram que se virar sozinhas. É isso exatamente que falta ao novo Carrie: o subtexto. O mais óbvio – e talvez esperto – seria transformar a vingança de Carrie numa metáfora para os massacres ocasionados pelo bullying indiscriminado nos colégios americanos. Mas o remake se perde em pirotecnias que não apenas esvaziam o clímax, como impedem o filme de dizer muita coisa. Sem a sutileza necessária, o impacto é zero.
Não teve muita coisa que eu gostei em A culpa é das estrelas, o livro. Achei pedante em muitos sentidos, cínico em sua maioria e, como um todo, escrito quase com mediocridade. Que bom que o filme deixou para trás tudo isso, e aproveitou bem o lado positivo do romance. Nas telas, Hazel não é tão verborragicamente insuportável (na verdade, é adorável), Gus não se parece tanto um sociopata e a história de amor dos dois faz todo sentido (até mesmo a sempre constrangedora cena do beijo seguido de aplausos).
Acho que desde Fogo no Céu (do meio dos anos 1990) não se produz em Hollywood um bom filme sobre abduções. Gostei de Contatos de 4º Grau, mas só porque eu queria gostar muito, não precisamente por ser um filme coeso. Acabei de assistir um novo sobre o tema, Alien Abduction, e entre mortos e feridos, a produção tem seus méritos. Se apoiar no found-footage (coisa que eu não gosto muito) aqui tem seu valor, principalmente em sequências assustadoras como aquela do túnel. Mas depois disso, o filme não apresenta muita coisa: o segundo ato numa cabana é sem sentido e o final é apressado e sem consistência (como é praxe nos filmes found-footage). Uma pena, mas vale uma conferida.
A ideia não era de todo ruim. Na verdade, era ótima. Misturar o máximo de contos de fada numa única trama, jogar Meryl Streep no meio, contratar um diretor versado em blockbusters, caprichar na produção e lançar o filme perto da temporada de prêmios embalado num pacote Disney. Bang! Não tinha como Caminhos da Floresta dar errado. E não dá. Pelo menos nos primeiros quarenta minutos. O roteiro costura espertamente os contos de fadas, Meryl Streep está se divertindo horrores, as músicas têm certo apelo e você até começa a torcer pelo casal de padeiros e a pobre Cinderella. Mas depois, o castelo começa a cair quando o samba do príncipe encantado doido perde o compasso com personagens demais, diversão de menos e uma duração excessiva. Fosse um pouco mais Irmão Grimm e um pouco menos Once Upon a Time, Caminhos da Floresta teriam cumprido as expectativas que gerou.
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Canibais
2.6 518 Assista AgoraCanibais faz referências o tempo todo ao clássico gore Cannibal Holocaust, e ao tentar se comparar a um filme tão emblemático só se empalidece. Se assistir Cannibal Holocaust é uma experiência angustiante e desesperadora exatamente por acreditarmos que tudo o que está acontecendo ali é real, assistir Canibais é como ver qualquer outro filme de torture porn que o próprio Eli Roth popularizou com O Albergue. Com personagens pouco interessantes, sem coragem de abraçar completamente a violência e o gore e com um desnecessário gancho para uma continuação, Canibais é decepcionante.
Força Sinistra
3.4 155 Assista AgoraÉ quase impossível descrever a maravilha que é assistir essa loucura. Do começo que tenta imitar Alien às incríveis sequências em que os "vampiros espaciais" atacam, esse filme é um clássico kitsch indispensável. Pena que o final se estenda um pouco mais do que o necessário.
A Visita
3.3 1,6K Assista AgoraAté hoje ninguém entendeu o que aconteceu com o M Night Shyamalan. De "novo Steven Spielberg" ele passou a ser piada da indústria graças a bobagens como A dama da água e o último mestre do ar. Mas não vamos esquecer que ele é o responsável por genialidades como o sexto sentido e corpo fechado, e nessa montanha russa louca aparece um The visit, que pode não ser um retorno glorioso mas é bom no que tem que ser. Os protagonistas são adoráveis, o clima de suspense é bem construído e o final é inspirado. Que seja um sinal que os bons tempos voltaram.
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraÉ fácil se perder no deslumbre visual que é A Colina Escarlate, e esse até poderia ser o caso não fossem a trama, os atores e a direção tão sensacionais. Mais uma vez Guillermo del Toro consegue fazer um terror à moda antiga, sem ser extremamente referencial e chato, pelo contrário, sendo vibrante e irresistível com uma mistura mais que acertada de charme gótico e violência brutal. Um clássico.
Descompensada
2.9 347 Assista AgoraAmy Schumer e Bill Hader estão deliciosos nos papéis principais, assim como o filme, que em seu primeiro momento - focado nas loucuras de Amy - é divertidíssimo. Mas quando a comédia rasgada vira comédia romântica as coisas perdem um pouco o rumo.
Bata Antes de Entrar
2.3 997 Assista AgoraA vulnerabilidade masculina de resistir às tentações já rendeu clássicos soft-porn aos montes, tendo nos anos 90 seu auge com os filmes dos musos Michael Douglas e Sharon Stone. Em meio a um mundo de repetições deste tema, é revigorante ver que Eli Roth - que está longe de ser o melhor diretor por aí - consegue não só apenas dar um gás novo ao que já foi visto como ao mesmo tempo que brincar com o que já foi estabelecido.
Não não há fora do lugar em Bata antes de entrar: o início é todo uma homage aos filmes dos anos 90 e a quebra brusca deste ritmo logo após o deslize de Evan é pertinente e esperto pois nos deixa tão desnorteados quanto o personagem. Roubando o filme em todos os momentos, as lindas Ana de Armas e Lorenza Izzo são o esfuziante contraponto perfeito para o abilolado personagem de Keanu Reeves que passa o filme entre o choque completo e a patetice involuntária - duas expressões que caem como uma luva ao ator, Uma ótima surpresa.
Vai Que Cola - O Filme
2.7 526 Assista AgoraSempre esbarrando no clichê de que é muito difícil adaptar um seriado de sucesso para os cinemas, vamos lá... acho que nos cinemas, o Vai que Cola perde muito do que faz da série um sucesso: o contato direto com o público. Ainda que o filme tente manter a liberdade de improvisação e a metalinguagem, não soa tão orgânico como acontece na TV, o que é um problema. Para mim ficou a impressão de que o filme funciona pra dois públicos específicos: os que não conhecem o seriado, e os que são completamente alucinados por ele. Os que não conhecem vão se divertir com os personagens e as piadas - que são praticamente todas recicladas -, e os fãs alucinados vão adorar rever pela décima vez as piadas que já conhecem da TV. Para os que conhecem e gostam do programa, mas não são fãs alucinados (como eu), é divertido mas um pouco decepcionante.
Ted 2
2.8 519 Assista AgoraIa ser muito difícil Ted 2 conseguir pegar o público de surpresa como o primeiro filme fez. Então, é justo que muitos torçam o nariz para a sequencia de cara, mas quando a poeria abaixa, é possível ver que Ted 2 mantém muito do que fez do primeiro filme um sucesso, e que, em alguns poucos momentos, consegue ser melhor que o original.
A trama dessa vez é mais inspirada com Ted lutando por seus direitos civis e apesar do começo emperrado, o filme consegue dar a volta por cima com uma mistura de humor físico nonsense e piadas que acertam o alvo (o momento em que Ted e John instigam comediantes a fazer piadas com temas espinhosos é simplesmente sensacional).
Sobrenatural: A Origem
3.1 728 Assista AgoraOs dois primeiros capítulos da franquia Sobrenatural, antes de serem um veículo para a carreira de James Wan, serviram para mostrar que o terror à moda antiga ainda conseguia sobreviver na Hollywood inundada por filmes found-footage.
Apostando na criação de um clima pesado e com inspirações claras em sucessos do passado – principalmente Poltergeist -, James Wan fez de Sobrenatural 1 e 2 ilhas de frescor que abriram caminho para os sucessos que foram Invocação do Mal e Annabelle. Seguindo a mesma linha, o terceiro capítulo de Sobrenatural mantém a franquia como uma das mais interessantes da atualidade ainda que não seja tão eficiente em suas tentativas de recriar o clima tenso e carregado dos dois primeiros filmes.
Capítulo 3 prefere, na maioria das vezes, pegar o espectador de surpresa com sustos bem orquestrados e trilha sonora precisa. Pena que os momentos finais não conseguem trazer nada de novo ao mundo obscuro apresentado nos dois primeiros filmes, o que não deixa ser anticlímax, mas não chega a comprometer o todo da experiência.
Renascida do Inferno
2.2 577 Assista AgoraRenascida do Inferno não tem o menor pudor em ripar na cara dura o enredo de Cemitério Maldito (livro de Stephen King adaptado para os cinemas nos anos 80), então não tem razão para não compararmos as duas obras. E quando a gente faz isso, a coisa fica feia para o filme novo.
Se em Cemitério Maldito (mais no livro, em boa parte no filme), a trama é lentamente construída usando o desespero, o luto e a culpa de um pai de família em sua tentativa de trazer o filho de volta à vida, Renascida do Inferno usa como pano de fundo uma chatíssima equipe de pesquisadores que em nenhum momento conquista a torcida do público. A escolha de uma esquipe científica é outra bola fora. O maior trunfo de uma boa história de terror é o apelo ao desconhecido, e Cemitério Maldito usava isso muito bom com o cemitério indígena amaldiçoado, mas Renascida do Inferno tenta o tempo todo explicar o mecanismo pelo qual os mortos voltam à vida, o que deixa tudo chato, e francamente desinteressante. Com nada novo para falar, o filme acaba se perdendo em sustos induzidos pela trilha sonora e efeitos gritantes que só servem para esconder a falta de conteúdo. Melhor ficar com a produção dos anos 1980, que tem um charme trash e sabe aproveitar muito do que foi escrito por King.
O Garoto da Casa ao Lado
2.5 615 Assista AgoraNão que muita gente esteja esperando muito de mais uma trama que recicla (pela centésima vez) a premissa de Atração Fatal, mas até para os que estão, O garoto da casa lado é um pouco decepcionante.
O envolvimento de Jennifer Lopez com o vizinho é morno, as atitudes do garoto nunca são devidamente explicadas, a influência que ele tem sobre o filho da protagonista e sobre todos que o cercam é forçada, sem falar nos personagens que aparecem e desaparecem sem motivo ou a mínima noção do que está acontecendo ( que função tem o tio do vizinho obcecado na trama??)
O filme só surpreende mesmo em seus momentos finais quando a clima de suspense sugerido o tempo todo descamba para uma quase homenagem ao terrir dos anos 1980. É uma mudança divertida, mas que não combina com o filme que começa sem graça e termina confuso.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraEu realmente admiro o que o José Padilha tentou fazer no novo RoboCop: se afastar do original apenas o suficiente para manter compreensíveis as referências, transformar o remake numa mistura de thriller político e ficção científica, usar os policiais-robôs como alegoria para a desumanização que pode acontecer a uma parcela daqueles que começam a usar farda... Sim, eu entendo tudo isso. E por isso tudo, o novo RoboCop não é um filme ruim. Mas ainda assim, eu senti falta da violência gratuita e do clima sujo presente em cada momento do RoboCop original. A assepsia do remake pode até servir a um propósito, mas não é a diversão.
Carrie, a Estranha
2.8 3,5K Assista AgoraTá aqui a razão pela qual os remakes de filmes de terror quase nunca funcionam. As pessoas continuam achando que o terror é um emaranhado de sustos inofensivo sem nenhum discurso. Terrível engano. É só ver Carrie, por exemplo. Tanto o livro de Stephen King quanto o filme de Brian de Palma (dos anos 70) são emblemáticos não por falarem sobre a vingança de uma garota telecinética, mas por usarem isso como pano de fundo para discorrer sobre a retomada do poder pelas mulheres depois de séculos sendo reprimidas pela Igreja e pela sociedade. A cena que mostra Carrie (Sissy Spacek) dizimando um ginásio cheio de estudantes com nada mais que um olhar ameaçador é uma metáfora para as mulheres que assumiam seu lugar num mundo machista e conservador na década de 1970, onde os números de divórcios explodiram e mais mulheres tiveram que se virar sozinhas. É isso exatamente que falta ao novo Carrie: o subtexto. O mais óbvio – e talvez esperto – seria transformar a vingança de Carrie numa metáfora para os massacres ocasionados pelo bullying indiscriminado nos colégios americanos. Mas o remake se perde em pirotecnias que não apenas esvaziam o clímax, como impedem o filme de dizer muita coisa. Sem a sutileza necessária, o impacto é zero.
A Culpa é das Estrelas
3.7 4,0K Assista AgoraNão teve muita coisa que eu gostei em A culpa é das estrelas, o livro. Achei pedante em muitos sentidos, cínico em sua maioria e, como um todo, escrito quase com mediocridade. Que bom que o filme deixou para trás tudo isso, e aproveitou bem o lado positivo do romance. Nas telas, Hazel não é tão verborragicamente insuportável (na verdade, é adorável), Gus não se parece tanto um sociopata e a história de amor dos dois faz todo sentido (até mesmo a sempre constrangedora cena do beijo seguido de aplausos).
Abdução
2.5 173 Assista AgoraAcho que desde Fogo no Céu (do meio dos anos 1990) não se produz em Hollywood um bom filme sobre abduções. Gostei de Contatos de 4º Grau, mas só porque eu queria gostar muito, não precisamente por ser um filme coeso. Acabei de assistir um novo sobre o tema, Alien Abduction, e entre mortos e feridos, a produção tem seus méritos. Se apoiar no found-footage (coisa que eu não gosto muito) aqui tem seu valor, principalmente em sequências assustadoras como aquela do túnel. Mas depois disso, o filme não apresenta muita coisa: o segundo ato numa cabana é sem sentido e o final é apressado e sem consistência (como é praxe nos filmes found-footage). Uma pena, mas vale uma conferida.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraA ideia não era de todo ruim. Na verdade, era ótima. Misturar o máximo de contos de fada numa única trama, jogar Meryl Streep no meio, contratar um diretor versado em blockbusters, caprichar na produção e lançar o filme perto da temporada de prêmios embalado num pacote Disney. Bang! Não tinha como Caminhos da Floresta dar errado. E não dá. Pelo menos nos primeiros quarenta minutos. O roteiro costura espertamente os contos de fadas, Meryl Streep está se divertindo horrores, as músicas têm certo apelo e você até começa a torcer pelo casal de padeiros e a pobre Cinderella. Mas depois, o castelo começa a cair quando o samba do príncipe encantado doido perde o compasso com personagens demais, diversão de menos e uma duração excessiva. Fosse um pouco mais Irmão Grimm e um pouco menos Once Upon a Time, Caminhos da Floresta teriam cumprido as expectativas que gerou.