Acabei de assistir ADAM, um filme muito simpático de 2009 que estava a algum tempo na minha lista de filmes para ver! É irônico como um filme que trata de uma síndrome, como a de Asperger, seja tão sutil e profundo nas entrelinhas. O diretor soube traduzir muito bem a fragilidade de uma relação quando a sinceridade e a verdade não podem ser disfarçadas... ou fantasiadas. Hugh Dancy e Rose Byrne, muito bem juntos :)
Em 1998 quando surgiram as primeiras notícias de que estavam regravando PSICOSE, eu até sabia quem era Hitchcock, mas nunca tinha assistindo nenhum dos seus filmes. No auge da maturidade dos meus 13 anos, ou eu locava aquele VHS mofado ou esperava para ser apresentado a história do Norman Bates nos cinemas, afinal esse era exatamente o propósito do diretor Gus Van Sant: apresentar o clássico do Hitchcock para toda uma nova geração.
Em janeiro de 1999 quando o filme finalmente estreou nos cinemas, nada era novidade, os programas de televisão já tinham explorado as principais cenas do original a exaustão e eu já sabia tudo - do assassinato no chuveiro ao cadáver empalhado da mãe. Mesmo assim, eu fui para o cinema e o resultado foi muito, muito, muito estranho - aquilo tudo que eu tinha acabado de ver não fazia sentido nenhum. Só alguns anos depois, em DVD, que eu fui conhecer o original - mas aí já tinha se perdido o encanto da novidade. Em resumo, Gus Van Sant não só protagonizou uma das situações mais bizarras da industria do cinema como também conseguiu destruir o impacto de toda uma geração que de qualquer forma iria descobrir o original em DVD alguns anos depois.
Q-U-E-P-O-R-R-A-É-E-S-S-A Tchê! Eu sabia que era ruim, mas não imaginava que era tanto. Sério, qual o propósito de um filme desses existir? O Mr. Lanterna Verde eu até entendo, esse tem o dedo podre para escolher roteiros. Mas o Sr. Lebowski, que papelão em heim!
Que NOAH seria uma obra questionadora, disso eu não tenho dúvida, mas que o diretor Darren Aronofsky (nascido judeu e hoje declarado ateu) atiraria para todos os lados isso foi novidade. Porra, tem de tudo neste balaio, digo arca: criacionismo, evolucionismo, ambientalismo (tem ismo saindo pelas orelhas) tudo costurado com contornos fantásticos a la middle earth (com guardiões de pedra) e momentos new age. Só com muito chá de cogumelo na cabeça pra aguentar as quase três horas de filme.
O filme demora para mostrar a que veio e o Noé do Aronofsky deve ser o herói mais boring dos épicos bíblicos - eu não consegui me importar em nenhum momento com a causa dele. Tipo, falta alguma coisa naquela jornada do herói... Acho que é carne! Putz, o "Bob Construtor" da arca é um vegetariano metido a ativista. Sério, segundo o diretor, "o criador" quer recomeçar a humanidade com um ativista vegano... aaaaah, larguei de mão esse post, tchau! P.S: a arca de Noé do Roland Emmerich, no filme 2012, é muito mais atual e verdadeira: só sobrevive aqueles que podem pagar para entrar o_O
Estava ouvindo o nerdcast sobre os finais f#d@s do cinema e um maluco (que eu não lembro o nome) apareceu com uma teoria que faz muito sentido sobre o final polêmico do filme. Bom, para quem não lembra, o filme é sobre os monstros e a situação improvável em que os personagens se encontram, mas foca também no desenvolvimento da relação do grupo que está dentro do supermercado. A tensão que se forma entre essas pessoas é proporcional ao medo dos monstros que estão do lado de fora. Até aí, tudo bem!
A situação piora quando forma-se um grupo religioso fundamentalista liderado por uma velha louca que o tempo todo afirma que aquilo tudo é um castigo de Deus. O caos acontece quando ela chega a conclusão que é preciso fazer um sacrifício de sangue puro, no caso o filho do protagonista. Por causa disso, eles fogem e acontece tudo aquilo que vocês viram no filme. Segundo esse maluco do nerdcast, o que vocês não perceberam é que o exército só aparece quando o protagonista mata seu filho. Ou seja, ele fez o sacrifício de sangue. Ele grita no final não somente por ter matado aquelas pessoas, mas por ter percebido que a velha louca estava certa. Boooom! Sua mente explodiu neste momento né?
O diretor brasileiro Carlos Saldanha é bem feijão com arroz! Como principal criativo da Blue Sky, ele até faz o básico bem feito, mas ousadia não é o seu forte. Tenho a sensação que todos os filmes do estúdio são iguais, mudam os cenários, a paleta de cores, mas os personagens são sempre os mesmos, as piadas então, nem se fala! ERA DO GELO 1-4, ROBÔS (esse é o mais medonho), RIO, todos iguais e com o mesmo problema: roteiro.
Com exceção do primeiro ERA DO GELO é difícil entender quem realmente se importa com todas aquelas sequências boring. Com RIO é a mesma coisa! Tirando o fator novidade, o espetáculo de ver o nosso país representado em uma animação tecnicamente impecável, não resta muita coisa. O roteiro é fraco, o lance do desmatamento da Amazônia e a extinção das espécies (principais mensagens do filme) são tão superficiais quando o senso de urgência em fazer caber tudo e todos em uma hora e meia de filme – e sem perder a atenção da criançada. Já a cena de abertura em Copacabana; a viagem das araras do Rio para a Amazônia; os números musicais cheios de ritmo, são bem interessantes. Resumindo, RIO 2 é tecnicamente é lindo, mas o conteúdo, uma pena!
Tem uma galera incomodadíssima com esse curta de terror hahahaha. Olha a quantidade de dislike nos comentários positivos. É engraçado ver o desespero deles para baixar a nota do filme. Para os que gostaram, como eu, esse mesmo diretor fez um outro curta semelhante CAM CLOSER, assista: http://www.jaimejunior.net/?p=10549
Quem acompanhou as notícias de produção da adaptação do game NEED FOR SPEED já sabia o tipo de filme que assistiria no cinema. Bom, eu sabia! E foi exatamente o que eu vi na telona. Um road movie divertido, sincero, despretensioso e com bons atores. Aaron Paul, sem comentários - já gastei todos os meus elogios com ele em BREAKING BAD. Dominic Cooper (baita ator britânico), Rami Malek, Harrison Gilbertson, todos já tinham chamado a atenção em produções menores. Pena que Michael Keaton esteja tão insuportável em cena - certo que o seu personagem (um locutor de corridas clandestinas) fez escola com o nosso Galvão Bueno.
O fato das corridas usarem mais efeitos mecânicos (e menos digitais) ajuda a aproximar o longa das séries de perseguição setentista - de onde vem (claro!) a maior parte das referências. A estrutura narrativa de road movie também facilita a aproximação com os personagens. Outra coisa legal é que sai as periguetes se esfregando nos carros (tão comum neste tipo de filme) para dar espaço a sensualidade moleca de Imogen Poots - sempre mostrada em longos closes que favorecem os belos olhos azuis e o sorriso doce. Como bem disse a crítica do omelete "NEED FOR SPEED ostenta seus carros e paisagens, não os pilotos e habilidades ao volante" - isso é bom, porque ajuda a distanciar o longa do Scott Waugh do veterano e agora, principal adversário VELOZES & FURIOSOS.
AZUL É A COR MAIS QUENTE é só mais um exemplo do quanto o cinema francês é superior e evoluído - não a toa foi o berço dessa arte que domina tão bem. O diretor tunisiano Abdellatif Kechiche desmistifica o corpo, o sexo e a intimidade para falar da interdependência do indivíduo que causa efeito direto no coletivo, mas que também sofre forte influência do todo. O diretor foi muito além do romance ao explorar essa relação de outridade que nos faz enxergar na cultura do outro a nossa própria identidade cultural. Ah, Adèle Exarchopoulosm, sua linda... e talentosa. P.S: almoço de hoje: macarrão.
O ROBOCOP de 1987 é incrível - um produto de sua época, ponto! O ROBOCOP do José Padilha é outra coisa - o que não faz dele um filme ruim. Pelo contrário, é um filmaço! Se for pra fazer comparações que seja com TROPA DE ELITE.
O longa tem um trio de coadjuvantes (Samuel L. Jackson, Gary Oldman e Michael Keaton) muito bem desenvolvidos que levantam uma série de questões sociais sobre corrupção, ética, poder e política em torno do Frankenstein robótico - algo muito marcante na filmografia do cineasta que sempre se cercou de bons coadjuvantes para expor os muitos pontos de vista que quase se anulam no final. Já Alex Murphy tem muito do Capitão Nascimento, o policial incorruptível que vai perdendo a humanidade durante o processo.
Sem spoilers, eu digo o que ROBOCOP não é: não é um filme do Paul Verhoeven e passa longe de querer ser; não tem aquela violência gore oitentista, e nem precisa. Tem ação? Quando necessário! O ROBOCOP do Padilha é o BATMAN BEGINS do Nolan - pode causar estranheza no início; é ~diferente~, e não se propõe a substituir a obra anterior (a sagrada do Tim Burton, neste caso). ROBOCOP é original? Não. Mas se você não for armado até os dentes com pré julgamentos para a sala de cinema, talvez consiga enxergar as qualidades desse blockbuster com muito mais conteúdo do que aparenta ter, feito com competência por um brasileiro.
P.S: antes de encher a boca pra dizer que o filme é ruim. Lembre-se do último remake de um filme do Verhoeven, O VINGADOR DO FUTURO de 2012. Aquilo sim foi ruim e desnecessário! Um produto enlatado e sem personalidade feito só pra tirar umas verdinhas. O ROBOCOP do Padilha (que foi teimoso o suficiente para não deixar isso acontecer) está anos luz a frente desse resultado medíocre - só por isso já merece o nosso respeito.
UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA é dividido em quatro épocas distintas: três no passado e uma no futuro. O roteiro é bom, mas os três primeiros trechos parecem bater na mesma tecla ao dizer que "viver sem conhecer o passado é viver no escuro". Uma gigantesca introdução para aquele Rio de Janeiro distópico e vertical de 2096 - de longe a melhor coisa do filme. Sem mentira nenhuma, até a animação fica mais fluída e harmoniosa no trecho final. Não sei se é carência minha por mais filmes nacionais de ficção científica, mas talvez o diretor fosse mais bem-sucedido se tivesse se concentrado a imaginar o futuro.
É fácil entender quem olhe com desconfiança para o cartaz de UMA AVENTURA LEGO. Afinal, as chances eram grandes do longa ser só mais um comercial gigante para vender mais do brinquedo. Confesso que pensei isso no início, mas foi só assistir o primeiro trailer que a minha percepção mudou. Sim, UMA AVENTURA LEGO é bom demais! E tem aquele magnetismo de unir um bloquinho no outro.
A animação que simula um stop motion só enriquece ainda mais essa produção que já é um encanto. As ondas, as explosões, os tiros, a areia do deserto, até a fumaça do trem, tudo é feito com pecinhas de Lego - uma riqueza de detalhes que produz um efeito impressionante. O roteiro que está muito bem amarrado com a filosofia da marca, tem ritmo, é envolvente, engraçado e carregado de figuras licenciadas do universo Lego. Tem Star Wars, O Senhor dos Anéis, Tartarugas Ninja, antigos astros da NBA e até os heróis da DC - destaque para o Batman que tem as melhores piadas do longa. Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o final é surpreendente e mexe com a imaginação de adultos e crianças. Não se sinta uma bobo ao sair cantarolando a música tema no final da sessão, afinal: ♪ tudo é incrível ♫
Aclamado em festivais nacionais e escolhido pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores filmes de 2012 - além de receber elogios de outras publicações como Los Angeles Times e Village Voice - O SOM AO REDOR é um crônica bem brasileira que se propõe a comentar a vida no país a partir de uma rua de classe média do Recife. Cheio de humor e suspense, o longa de estreia do diretor Kleber Mendonça Filho é uma reflexão sobre história, violência e barulho.
O filme por si só já é um presente, mas a edição em DVD e Blu-ray dupla - cheia de extras - vem ainda com os curtas-metragens do diretor: A MENINA DE ALGODÃO (2003), VINIL VERDE (2004), ELETRODOMÉSTICA (2005), NOITE DE SEXTA, MANHÃ DE SÁBADO (2006), LUZ INDUSTRIAL MÁGICA (2008) e RECIFE FRIO (2009). É um prazer acompanhar a evolução do trabalho desse diretor que consegue fugir da estética “cabeça”, pouco palatável e experimental demais e mesmo assim fazer do seu estilo uma assinatura própria. Não a toa, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Filme Estrangeiro 2014.
Diante de uma opinião tão unânime, me sinto constrangido de dizer que o que mais me incomodou em EL CUERPO foi justamente o final. Me desculpem, mas foi! Então, vou expor o meu sentimento aqui e vocês tem três opções: ignorar; discutir o assunto; ou expressar todo o ódio no botão deslike.
EL CUERPO é um suspense policial, com forte aspiração noir, daqueles de assistir sentado na pontinha da poltrona roendo as unhas. O roteiro, do Oriol Paulo, ganha a nossa atenção já nos minutos inicias com o mistério em torno do desaparecimento de um corpo do necrotério - mas não um corpo qualquer e sim o da poderosa Mayka (Belén Ruenda). Mistério esse que é muito bem orquestrado pelo inspetor Jaime Peña (José Coronado) e o seu compromisso com a verdade. Tudo é muito bem desenvolvido a medida que os personagens são apresentados e suas motivações exploradas através de flashbacks: a obsessão e o sentimento de posse que Mayka tem em relação ao marido Alex (Hugo Silva) - mais novo, inseguro, infiel e preso em uma relação unilateral. Ninguém é inocente nesse relacionamento carregado de tensão! A medida que o filme avança a grande questão parece ficar bem clara: quem vai ganhar essa batalha? O orgulho e a obsessão de Mayka? Ou o desespero e o medo de Alex em sair da relação? Puta filme né! NÃO :(
O grande problema é que o roteiro te trai no final! Sou um grande entusiasta de finais surpreendentes e - depois de Hitchcock e Shyamalan - o cinema espanhol é quem tem feito isso da forma mais incrível possível: EL ORFANATO (J.A. Bayona), LOS OJOS DE JULIA (Guillem Morales), LA CARA OCULTA (Andrés Baiz) e LA PIEL QUE HABITO (Almodóvar) - são só alguns exemplos. Porém, uma coisa é o diretor iludir o espectador durante duas horas para no final revelar a grande VERDADE que esteve ali o filme inteiro, só você que não viu. Outra é o roteiro de guiar pela mão, desenvolvendo personagens, explorando suas motivações, para nos minutos finais, um terceiro personagem (que nada interferiu durante o filme), entrar em cena e discursar como um típico vilão de filme B seu plano maligno e mirabolante, sem pé nem cabeça de vingança e ódio - recheado de inserts que tentam de forma quase desesperada linkar as situações e dar um novo sentido para o filme.
Em todos os filmes citados acima, você consegue entender as motivações que levaram a reviravolta. J.A. Bayona, Guillem Morales, Andrés Baiz e Almodóvar te desafiam a rever seus filmes por um outro ponto de vista. Já Oriol Paulo não! Quem rever EL CUERPO vai continuar vendo uma grande história sobre poder e medo, que se transforma, sem motivo algum, em uma trama rasa e desnecessária sobre vingança e ódio.
É impossível assistir FRUITVALE STATION sem traçar um paralelo com a nossa produção brazuca JEAN CHARLES. Ambos tentam reproduzir na telona os últimos dias de personagens verídicos, vitimas do acaso, do preconceito, da impunidade e da tensão que vivemos em torno da violência. Coincidentemente os dois fatos ocorreram em uma estação de trem - um na Califórnia (USA) e o outro em Londres (UK).
Diferentemente do diretor de JEAN CHARLES que não soube muito bem onde mirar a sua crítica social, o diretor de FRUITVALE STATION, Ryan Coogler, foi certeiro ao mostrar logo nos créditos iniciais as cenas reais gravadas nos celulares das pessoas que estavam na estação Fruitvale, no réveillon de 2009. Oscar, é a vítima ali, ponto! O diretor deixa isso bem claro antes de colocar a sua câmera no ombro e voltar no tempo para mostrar de forma quase documental as últimas horas do nosso mártir, cheio de defeitos e muita bondade - reforçando que nada justifica a ação covarde da polícia.
SAVING MR. BANKS é supercalifragilisticexpialidocious! Fiquei sem palavras - exatamente como a Mary Poppins do filme de 1964 ficou antes de inventar uma. Walt Disney é um ícone tão vivo e presente que é impossível ver/ouvir qualquer história sua sem que a magia logo ganhe vida com o seu pó de pirinpinpin, personagens animados e belas canções. Apesar de bem pé no chão nesse aspecto, o longa é repleto de simbolismos e humanidade. Se os fatos são verdadeiros ou pura licença poética não importa, quando o assunto é Walt Disney, até as verdades mais difíceis, ganham contornos fantásticos.
Minha única ressalva é quanto ao roteiro que perde tempo demais nos flashbacks - tempo esse que poderia ser melhor aproveitado para desenvolver a relação entre Travers e Disney. Tom Hanks, fantástico como de costume, é quem fica mais prejudicado com o excesso de flashbacks. Contudo, ele precisa de uma única cena para mostrar toda a sua genialidade como ator e capacidade de sintetizar a vida de um mito em um olhar; um gesto; uma conversa franca. Já Emma Thompson, tão irritante, doce e cheia de camadas - quase uma criança. Enfim, o título original SAVING MR. BANKS soa tão apropriado no terceiro ato e a vontade de rever MARY POPPINS vem quase como uma necessidade no fim da sessão.
Quando assisti O VENCEDOR e O LADO BOM DA VIDA, sai de ambas as sessões com aquela cara de "alguém peidou aqui, será que só eu senti?", Então pensei: não.. são bons filmes... o problema sou eu! o_O Acabei de assistir TRAPAÇA com a mesma cara de "alguém peidou aqui". Assim, de boa... David O. Russel, você é um diretor limitado e sem personalidade. #prontofalei
O problema é que ele sabe disso, mas também sabe escolher bons atores. É justamente nessa liberdade que o elenco tem de improvisar que ele se consagra. Só que isso não é mérito seu, idiota! As atuações do quarteto (Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence) jogam a nota do filme lá em cima, mas essa tentativa constrangedora de ser Martin Scorsese joga a nota lá em baixo. O roteiro é manjado e previsível, a montagem não tem ritmo, as reviravoltas então... um tédio. É sr. Russel, aproveita que vc vai estar na festa de premiação do Oscar e pede umas aulinhas pra aquele velhinho de sobrancelhas grossas - depois assiste O LOBO DE WALL STREET, você vai perceber que as coisas evoluíram um pouco desde OS BONS COMPANHEIROS.
O LOBO DE WALL STREET é um desbunde! São três horas de muita insanidade, orgias, drogas e muito, muito, mas muito dinheiro. Ao mesmo tempo em que o longa parece "celebrar um estilo de vida excessivo e egoísta, dominado pelo consumo de drogas e gastos desenfreados", ele também escancara essa realidade maluca de negligência e excessos de Wall Street - INSIDE JOB já tinha chamado a atenção para o assunto em 2010.
Críticas a parte, o longa é um deboche só! Leonardo DiCaprio faz o nosso "rei do camarote" parecer um motoboy de cerveja choca na mão. Já Martin Scorsese é um safado! Depois da poesia imagética de HUGO CABRET, ele resolveu cheirar umas carreiras de cocaína, subir pelado na mesa e dar de pinto murcho na cara dos membros da academia - relembrando os bons tempos de CASSINO. Leonardo de DiCaprio FANTÁSTICO! Realmente, o Scorsese sabe tirar o máximo dos seus atores. Aliás nenhuma participação é gratuita: Jean Dujardin, Jon Favreau, Matthew McConaughey, Rob Reiner, Jon Bernthal, ninguém faz feio na frente do mestre - Jonah Hill então! Meu coadjuvante favorito.
Bah, ÁLBUM DE FAMÍLIA já está nos cinemas! Certo que com ele vem a Meryl Streep de chinelo na mão pra te dar mais uma chinelada na cara com seus personagens fortes, cheios de verdade e apaixonantes. Certo que vai deixar todos embasbacados com mais uma atuação monstruosa. Na boa, a academia podia substituir a estatueta do Oscar por um bobblehead dourado da Meryl Streep. Vc é hors concours!
QUESTÃO DE TEMPO só reforça a minha teoria de que todo filme sobre viagem no tempo (isso não é spoiler, tá na sinopse) é na pior das hipóteses DIVERTIDO. E com longa do Richard Curtis não é diferente! Mesmo sendo vendido como uma simples comédia romântica, o longa vai um pouco além do casal apaixonado, para explorar de forma doce a relação de Tim com a família e principalmente com o pai, seu melhor amigo - aliás, todos os personagens estão muito bem dosados no roteiro. Roteiro esse que exclui os conflitos do casal (porque você perderia tempo com brigas se pudesse refazer o momento) para reforçar as escolhas, ganhos e perdas de se mexer no tempo - sempre com o foco nas relações, claro! Enfim, Richard Curtis foi muito feliz em usar a fantasia para falar de AMOR em seus diferentes níveis. P.S: vai com fé, assista! Seu cérebro não vai atrofiar.
Esse tem a grife Cameron Crowe. A trilha sonora é um dos pontos altos da obra, dando destaque à maravilhosa “In Your Eyes” de Peter Gabriel, cuja cena virou ícone do cinema moderno. Mais do que isso, o longa é feito com verdade constrangedora e realismo cativante, é um sinal claro do surgimento de um cineasta com identidade e talento para escrever e dirigir cenas.
Adam
3.9 825Acabei de assistir ADAM, um filme muito simpático de 2009 que estava a algum tempo na minha lista de filmes para ver! É irônico como um filme que trata de uma síndrome, como a de Asperger, seja tão sutil e profundo nas entrelinhas. O diretor soube traduzir muito bem a fragilidade de uma relação quando a sinceridade e a verdade não podem ser disfarçadas... ou fantasiadas. Hugh Dancy e Rose Byrne, muito bem juntos :)
Prehistoric Beast
3.4 3O curta pode ser assistido canal oficial do Tippett Studio no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=hlaXIRTjNfo
Psicose
3.1 468 Assista AgoraEm 1998 quando surgiram as primeiras notícias de que estavam regravando PSICOSE, eu até sabia quem era Hitchcock, mas nunca tinha assistindo nenhum dos seus filmes. No auge da maturidade dos meus 13 anos, ou eu locava aquele VHS mofado ou esperava para ser apresentado a história do Norman Bates nos cinemas, afinal esse era exatamente o propósito do diretor Gus Van Sant: apresentar o clássico do Hitchcock para toda uma nova geração.
Em janeiro de 1999 quando o filme finalmente estreou nos cinemas, nada era novidade, os programas de televisão já tinham explorado as principais cenas do original a exaustão e eu já sabia tudo - do assassinato no chuveiro ao cadáver empalhado da mãe. Mesmo assim, eu fui para o cinema e o resultado foi muito, muito, muito estranho - aquilo tudo que eu tinha acabado de ver não fazia sentido nenhum. Só alguns anos depois, em DVD, que eu fui conhecer o original - mas aí já tinha se perdido o encanto da novidade. Em resumo, Gus Van Sant não só protagonizou uma das situações mais bizarras da industria do cinema como também conseguiu destruir o impacto de toda uma geração que de qualquer forma iria descobrir o original em DVD alguns anos depois.
R.I.P.D.:Agentes do Além
2.7 590 Assista AgoraQ-U-E-P-O-R-R-A-É-E-S-S-A Tchê! Eu sabia que era ruim, mas não imaginava que era tanto. Sério, qual o propósito de um filme desses existir? O Mr. Lanterna Verde eu até entendo, esse tem o dedo podre para escolher roteiros. Mas o Sr. Lebowski, que papelão em heim!
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraQue NOAH seria uma obra questionadora, disso eu não tenho dúvida, mas que o diretor Darren Aronofsky (nascido judeu e hoje declarado ateu) atiraria para todos os lados isso foi novidade. Porra, tem de tudo neste balaio, digo arca: criacionismo, evolucionismo, ambientalismo (tem ismo saindo pelas orelhas) tudo costurado com contornos fantásticos a la middle earth (com guardiões de pedra) e momentos new age. Só com muito chá de cogumelo na cabeça pra aguentar as quase três horas de filme.
O filme demora para mostrar a que veio e o Noé do Aronofsky deve ser o herói mais boring dos épicos bíblicos - eu não consegui me importar em nenhum momento com a causa dele. Tipo, falta alguma coisa naquela jornada do herói... Acho que é carne! Putz, o "Bob Construtor" da arca é um vegetariano metido a ativista. Sério, segundo o diretor, "o criador" quer recomeçar a humanidade com um ativista vegano... aaaaah, larguei de mão esse post, tchau! P.S: a arca de Noé do Roland Emmerich, no filme 2012, é muito mais atual e verdadeira: só sobrevive aqueles que podem pagar para entrar o_O
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraEstava ouvindo o nerdcast sobre os finais f#d@s do cinema e um maluco (que eu não lembro o nome) apareceu com uma teoria que faz muito sentido sobre o final polêmico do filme. Bom, para quem não lembra, o filme é sobre os monstros e a situação improvável em que os personagens se encontram, mas foca também no desenvolvimento da relação do grupo que está dentro do supermercado. A tensão que se forma entre essas pessoas é proporcional ao medo dos monstros que estão do lado de fora. Até aí, tudo bem!
A situação piora quando forma-se um grupo religioso fundamentalista liderado por uma velha louca que o tempo todo afirma que aquilo tudo é um castigo de Deus. O caos acontece quando ela chega a conclusão que é preciso fazer um sacrifício de sangue puro, no caso o filho do protagonista. Por causa disso, eles fogem e acontece tudo aquilo que vocês viram no filme. Segundo esse maluco do nerdcast, o que vocês não perceberam é que o exército só aparece quando o protagonista mata seu filho. Ou seja, ele fez o sacrifício de sangue. Ele grita no final não somente por ter matado aquelas pessoas, mas por ter percebido que a velha louca estava certa. Boooom! Sua mente explodiu neste momento né?
Rio 2
3.3 606 Assista AgoraO diretor brasileiro Carlos Saldanha é bem feijão com arroz! Como principal criativo da Blue Sky, ele até faz o básico bem feito, mas ousadia não é o seu forte. Tenho a sensação que todos os filmes do estúdio são iguais, mudam os cenários, a paleta de cores, mas os personagens são sempre os mesmos, as piadas então, nem se fala! ERA DO GELO 1-4, ROBÔS (esse é o mais medonho), RIO, todos iguais e com o mesmo problema: roteiro.
Com exceção do primeiro ERA DO GELO é difícil entender quem realmente se importa com todas aquelas sequências boring. Com RIO é a mesma coisa! Tirando o fator novidade, o espetáculo de ver o nosso país representado em uma animação tecnicamente impecável, não resta muita coisa. O roteiro é fraco, o lance do desmatamento da Amazônia e a extinção das espécies (principais mensagens do filme) são tão superficiais quando o senso de urgência em fazer caber tudo e todos em uma hora e meia de filme – e sem perder a atenção da criançada. Já a cena de abertura em Copacabana; a viagem das araras do Rio para a Amazônia; os números musicais cheios de ritmo, são bem interessantes. Resumindo, RIO 2 é tecnicamente é lindo, mas o conteúdo, uma pena!
Luzes Apagadas
3.8 287Tem uma galera incomodadíssima com esse curta de terror hahahaha. Olha a quantidade de dislike nos comentários positivos. É engraçado ver o desespero deles para baixar a nota do filme. Para os que gostaram, como eu, esse mesmo diretor fez um outro curta semelhante CAM CLOSER, assista: http://www.jaimejunior.net/?p=10549
Cam Closer
3.4 42Assista o curta: http://www.jaimejunior.net/?p=10549
Need for Speed - O Filme
3.2 875Quem acompanhou as notícias de produção da adaptação do game NEED FOR SPEED já sabia o tipo de filme que assistiria no cinema. Bom, eu sabia! E foi exatamente o que eu vi na telona. Um road movie divertido, sincero, despretensioso e com bons atores. Aaron Paul, sem comentários - já gastei todos os meus elogios com ele em BREAKING BAD. Dominic Cooper (baita ator britânico), Rami Malek, Harrison Gilbertson, todos já tinham chamado a atenção em produções menores. Pena que Michael Keaton esteja tão insuportável em cena - certo que o seu personagem (um locutor de corridas clandestinas) fez escola com o nosso Galvão Bueno.
O fato das corridas usarem mais efeitos mecânicos (e menos digitais) ajuda a aproximar o longa das séries de perseguição setentista - de onde vem (claro!) a maior parte das referências. A estrutura narrativa de road movie também facilita a aproximação com os personagens. Outra coisa legal é que sai as periguetes se esfregando nos carros (tão comum neste tipo de filme) para dar espaço a sensualidade moleca de Imogen Poots - sempre mostrada em longos closes que favorecem os belos olhos azuis e o sorriso doce. Como bem disse a crítica do omelete "NEED FOR SPEED ostenta seus carros e paisagens, não os pilotos e habilidades ao volante" - isso é bom, porque ajuda a distanciar o longa do Scott Waugh do veterano e agora, principal adversário VELOZES & FURIOSOS.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraAZUL É A COR MAIS QUENTE é só mais um exemplo do quanto o cinema francês é superior e evoluído - não a toa foi o berço dessa arte que domina tão bem. O diretor tunisiano Abdellatif Kechiche desmistifica o corpo, o sexo e a intimidade para falar da interdependência do indivíduo que causa efeito direto no coletivo, mas que também sofre forte influência do todo. O diretor foi muito além do romance ao explorar essa relação de outridade que nos faz enxergar na cultura do outro a nossa própria identidade cultural. Ah, Adèle Exarchopoulosm, sua linda... e talentosa. P.S: almoço de hoje: macarrão.
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraO ROBOCOP de 1987 é incrível - um produto de sua época, ponto! O ROBOCOP do José Padilha é outra coisa - o que não faz dele um filme ruim. Pelo contrário, é um filmaço! Se for pra fazer comparações que seja com TROPA DE ELITE.
O longa tem um trio de coadjuvantes (Samuel L. Jackson, Gary Oldman e Michael Keaton) muito bem desenvolvidos que levantam uma série de questões sociais sobre corrupção, ética, poder e política em torno do Frankenstein robótico - algo muito marcante na filmografia do cineasta que sempre se cercou de bons coadjuvantes para expor os muitos pontos de vista que quase se anulam no final. Já Alex Murphy tem muito do Capitão Nascimento, o policial incorruptível que vai perdendo a humanidade durante o processo.
Sem spoilers, eu digo o que ROBOCOP não é: não é um filme do Paul Verhoeven e passa longe de querer ser; não tem aquela violência gore oitentista, e nem precisa. Tem ação? Quando necessário! O ROBOCOP do Padilha é o BATMAN BEGINS do Nolan - pode causar estranheza no início; é ~diferente~, e não se propõe a substituir a obra anterior (a sagrada do Tim Burton, neste caso). ROBOCOP é original? Não. Mas se você não for armado até os dentes com pré julgamentos para a sala de cinema, talvez consiga enxergar as qualidades desse blockbuster com muito mais conteúdo do que aparenta ter, feito com competência por um brasileiro.
P.S: antes de encher a boca pra dizer que o filme é ruim. Lembre-se do último remake de um filme do Verhoeven, O VINGADOR DO FUTURO de 2012. Aquilo sim foi ruim e desnecessário! Um produto enlatado e sem personalidade feito só pra tirar umas verdinhas. O ROBOCOP do Padilha (que foi teimoso o suficiente para não deixar isso acontecer) está anos luz a frente desse resultado medíocre - só por isso já merece o nosso respeito.
Everything I Can See From Here
3.7 1O curta de animação (indicado ao BAFTA 2014) está disponível na íntegra no site oficial da produtora: http://www.thelineanimation.com
Uma História de Amor e Fúria
4.0 659UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA é dividido em quatro épocas distintas: três no passado e uma no futuro. O roteiro é bom, mas os três primeiros trechos parecem bater na mesma tecla ao dizer que "viver sem conhecer o passado é viver no escuro". Uma gigantesca introdução para aquele Rio de Janeiro distópico e vertical de 2096 - de longe a melhor coisa do filme. Sem mentira nenhuma, até a animação fica mais fluída e harmoniosa no trecho final. Não sei se é carência minha por mais filmes nacionais de ficção científica, mas talvez o diretor fosse mais bem-sucedido se tivesse se concentrado a imaginar o futuro.
Uma Aventura LEGO
3.8 907 Assista AgoraÉ fácil entender quem olhe com desconfiança para o cartaz de UMA AVENTURA LEGO. Afinal, as chances eram grandes do longa ser só mais um comercial gigante para vender mais do brinquedo. Confesso que pensei isso no início, mas foi só assistir o primeiro trailer que a minha percepção mudou. Sim, UMA AVENTURA LEGO é bom demais! E tem aquele magnetismo de unir um bloquinho no outro.
A animação que simula um stop motion só enriquece ainda mais essa produção que já é um encanto. As ondas, as explosões, os tiros, a areia do deserto, até a fumaça do trem, tudo é feito com pecinhas de Lego - uma riqueza de detalhes que produz um efeito impressionante. O roteiro que está muito bem amarrado com a filosofia da marca, tem ritmo, é envolvente, engraçado e carregado de figuras licenciadas do universo Lego. Tem Star Wars, O Senhor dos Anéis, Tartarugas Ninja, antigos astros da NBA e até os heróis da DC - destaque para o Batman que tem as melhores piadas do longa. Como se tudo isso já não fosse o suficiente, o final é surpreendente e mexe com a imaginação de adultos e crianças. Não se sinta uma bobo ao sair cantarolando a música tema no final da sessão, afinal: ♪ tudo é incrível ♫
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraAclamado em festivais nacionais e escolhido pelo jornal The New York Times como um dos dez melhores filmes de 2012 - além de receber elogios de outras publicações como Los Angeles Times e Village Voice - O SOM AO REDOR é um crônica bem brasileira que se propõe a comentar a vida no país a partir de uma rua de classe média do Recife. Cheio de humor e suspense, o longa de estreia do diretor Kleber Mendonça Filho é uma reflexão sobre história, violência e barulho.
O filme por si só já é um presente, mas a edição em DVD e Blu-ray dupla - cheia de extras - vem ainda com os curtas-metragens do diretor: A MENINA DE ALGODÃO (2003), VINIL VERDE (2004), ELETRODOMÉSTICA (2005), NOITE DE SEXTA, MANHÃ DE SÁBADO (2006), LUZ INDUSTRIAL MÁGICA (2008) e RECIFE FRIO (2009). É um prazer acompanhar a evolução do trabalho desse diretor que consegue fugir da estética “cabeça”, pouco palatável e experimental demais e mesmo assim fazer do seu estilo uma assinatura própria. Não a toa, foi escolhido para representar o Brasil no Oscar de Filme Estrangeiro 2014.
O Corpo
4.1 1,0KDiante de uma opinião tão unânime, me sinto constrangido de dizer que o que mais me incomodou em EL CUERPO foi justamente o final. Me desculpem, mas foi! Então, vou expor o meu sentimento aqui e vocês tem três opções: ignorar; discutir o assunto; ou expressar todo o ódio no botão deslike.
EL CUERPO é um suspense policial, com forte aspiração noir, daqueles de assistir sentado na pontinha da poltrona roendo as unhas. O roteiro, do Oriol Paulo, ganha a nossa atenção já nos minutos inicias com o mistério em torno do desaparecimento de um corpo do necrotério - mas não um corpo qualquer e sim o da poderosa Mayka (Belén Ruenda). Mistério esse que é muito bem orquestrado pelo inspetor Jaime Peña (José Coronado) e o seu compromisso com a verdade. Tudo é muito bem desenvolvido a medida que os personagens são apresentados e suas motivações exploradas através de flashbacks: a obsessão e o sentimento de posse que Mayka tem em relação ao marido Alex (Hugo Silva) - mais novo, inseguro, infiel e preso em uma relação unilateral. Ninguém é inocente nesse relacionamento carregado de tensão! A medida que o filme avança a grande questão parece ficar bem clara: quem vai ganhar essa batalha? O orgulho e a obsessão de Mayka? Ou o desespero e o medo de Alex em sair da relação? Puta filme né! NÃO :(
O grande problema é que o roteiro te trai no final! Sou um grande entusiasta de finais surpreendentes e - depois de Hitchcock e Shyamalan - o cinema espanhol é quem tem feito isso da forma mais incrível possível: EL ORFANATO (J.A. Bayona), LOS OJOS DE JULIA (Guillem Morales), LA CARA OCULTA (Andrés Baiz) e LA PIEL QUE HABITO (Almodóvar) - são só alguns exemplos. Porém, uma coisa é o diretor iludir o espectador durante duas horas para no final revelar a grande VERDADE que esteve ali o filme inteiro, só você que não viu. Outra é o roteiro de guiar pela mão, desenvolvendo personagens, explorando suas motivações, para nos minutos finais, um terceiro personagem (que nada interferiu durante o filme), entrar em cena e discursar como um típico vilão de filme B seu plano maligno e mirabolante, sem pé nem cabeça de vingança e ódio - recheado de inserts que tentam de forma quase desesperada linkar as situações e dar um novo sentido para o filme.
Em todos os filmes citados acima, você consegue entender as motivações que levaram a reviravolta. J.A. Bayona, Guillem Morales, Andrés Baiz e Almodóvar te desafiam a rever seus filmes por um outro ponto de vista. Já Oriol Paulo não! Quem rever EL CUERPO vai continuar vendo uma grande história sobre poder e medo, que se transforma, sem motivo algum, em uma trama rasa e desnecessária sobre vingança e ódio.
Fruitvale Station - A Última Parada
3.9 333 Assista AgoraÉ impossível assistir FRUITVALE STATION sem traçar um paralelo com a nossa produção brazuca JEAN CHARLES. Ambos tentam reproduzir na telona os últimos dias de personagens verídicos, vitimas do acaso, do preconceito, da impunidade e da tensão que vivemos em torno da violência. Coincidentemente os dois fatos ocorreram em uma estação de trem - um na Califórnia (USA) e o outro em Londres (UK).
Diferentemente do diretor de JEAN CHARLES que não soube muito bem onde mirar a sua crítica social, o diretor de FRUITVALE STATION, Ryan Coogler, foi certeiro ao mostrar logo nos créditos iniciais as cenas reais gravadas nos celulares das pessoas que estavam na estação Fruitvale, no réveillon de 2009. Oscar, é a vítima ali, ponto! O diretor deixa isso bem claro antes de colocar a sua câmera no ombro e voltar no tempo para mostrar de forma quase documental as últimas horas do nosso mártir, cheio de defeitos e muita bondade - reforçando que nada justifica a ação covarde da polícia.
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista AgoraSAVING MR. BANKS é supercalifragilisticexpialidocious! Fiquei sem palavras - exatamente como a Mary Poppins do filme de 1964 ficou antes de inventar uma. Walt Disney é um ícone tão vivo e presente que é impossível ver/ouvir qualquer história sua sem que a magia logo ganhe vida com o seu pó de pirinpinpin, personagens animados e belas canções. Apesar de bem pé no chão nesse aspecto, o longa é repleto de simbolismos e humanidade. Se os fatos são verdadeiros ou pura licença poética não importa, quando o assunto é Walt Disney, até as verdades mais difíceis, ganham contornos fantásticos.
Minha única ressalva é quanto ao roteiro que perde tempo demais nos flashbacks - tempo esse que poderia ser melhor aproveitado para desenvolver a relação entre Travers e Disney. Tom Hanks, fantástico como de costume, é quem fica mais prejudicado com o excesso de flashbacks. Contudo, ele precisa de uma única cena para mostrar toda a sua genialidade como ator e capacidade de sintetizar a vida de um mito em um olhar; um gesto; uma conversa franca. Já Emma Thompson, tão irritante, doce e cheia de camadas - quase uma criança. Enfim, o título original SAVING MR. BANKS soa tão apropriado no terceiro ato e a vontade de rever MARY POPPINS vem quase como uma necessidade no fim da sessão.
Trapaça
3.4 2,2K Assista AgoraQuando assisti O VENCEDOR e O LADO BOM DA VIDA, sai de ambas as sessões com aquela cara de "alguém peidou aqui, será que só eu senti?", Então pensei: não.. são bons filmes... o problema sou eu! o_O Acabei de assistir TRAPAÇA com a mesma cara de "alguém peidou aqui". Assim, de boa... David O. Russel, você é um diretor limitado e sem personalidade. #prontofalei
O problema é que ele sabe disso, mas também sabe escolher bons atores. É justamente nessa liberdade que o elenco tem de improvisar que ele se consagra. Só que isso não é mérito seu, idiota! As atuações do quarteto (Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence) jogam a nota do filme lá em cima, mas essa tentativa constrangedora de ser Martin Scorsese joga a nota lá em baixo. O roteiro é manjado e previsível, a montagem não tem ritmo, as reviravoltas então... um tédio. É sr. Russel, aproveita que vc vai estar na festa de premiação do Oscar e pede umas aulinhas pra aquele velhinho de sobrancelhas grossas - depois assiste O LOBO DE WALL STREET, você vai perceber que as coisas evoluíram um pouco desde OS BONS COMPANHEIROS.
O Lobo de Wall Street
4.1 3,4K Assista AgoraO LOBO DE WALL STREET é um desbunde! São três horas de muita insanidade, orgias, drogas e muito, muito, mas muito dinheiro. Ao mesmo tempo em que o longa parece "celebrar um estilo de vida excessivo e egoísta, dominado pelo consumo de drogas e gastos desenfreados", ele também escancara essa realidade maluca de negligência e excessos de Wall Street - INSIDE JOB já tinha chamado a atenção para o assunto em 2010.
Críticas a parte, o longa é um deboche só! Leonardo DiCaprio faz o nosso "rei do camarote" parecer um motoboy de cerveja choca na mão. Já Martin Scorsese é um safado! Depois da poesia imagética de HUGO CABRET, ele resolveu cheirar umas carreiras de cocaína, subir pelado na mesa e dar de pinto murcho na cara dos membros da academia - relembrando os bons tempos de CASSINO. Leonardo de DiCaprio FANTÁSTICO! Realmente, o Scorsese sabe tirar o máximo dos seus atores. Aliás nenhuma participação é gratuita: Jean Dujardin, Jon Favreau, Matthew McConaughey, Rob Reiner, Jon Bernthal, ninguém faz feio na frente do mestre - Jonah Hill então! Meu coadjuvante favorito.
Álbum de Família
3.9 1,4K Assista AgoraBah, ÁLBUM DE FAMÍLIA já está nos cinemas! Certo que com ele vem a Meryl Streep de chinelo na mão pra te dar mais uma chinelada na cara com seus personagens fortes, cheios de verdade e apaixonantes. Certo que vai deixar todos embasbacados com mais uma atuação monstruosa. Na boa, a academia podia substituir a estatueta do Oscar por um bobblehead dourado da Meryl Streep. Vc é hors concours!
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraQUESTÃO DE TEMPO só reforça a minha teoria de que todo filme sobre viagem no tempo (isso não é spoiler, tá na sinopse) é na pior das hipóteses DIVERTIDO. E com longa do Richard Curtis não é diferente! Mesmo sendo vendido como uma simples comédia romântica, o longa vai um pouco além do casal apaixonado, para explorar de forma doce a relação de Tim com a família e principalmente com o pai, seu melhor amigo - aliás, todos os personagens estão muito bem dosados no roteiro. Roteiro esse que exclui os conflitos do casal (porque você perderia tempo com brigas se pudesse refazer o momento) para reforçar as escolhas, ganhos e perdas de se mexer no tempo - sempre com o foco nas relações, claro! Enfim, Richard Curtis foi muito feliz em usar a fantasia para falar de AMOR em seus diferentes níveis. P.S: vai com fé, assista! Seu cérebro não vai atrofiar.
Digam o Que Quiserem
3.7 352Esse tem a grife Cameron Crowe. A trilha sonora é um dos pontos altos da obra, dando destaque à maravilhosa “In Your Eyes” de Peter Gabriel, cuja cena virou ícone do cinema moderno. Mais do que isso, o longa é feito com verdade constrangedora e realismo cativante, é um sinal claro do surgimento de um cineasta com identidade e talento para escrever e dirigir cenas.