Juliana Zago Mendes

"Vedaaaaa, devolva minhas fantasiaaaaas"

Machismo camuflado de poesia, galera engole sem nem mastigar.

Uma poesia visual belíssima forjada em cima da ideia de um feminismo bastante palatável em 2021, o que explica sua recepção muito positiva. Um feminismo liberal de classe média. Não trarei aqui a questão de raça que talvez não caiba tanto na França do sec XVIII. Mas a questão de classe... ahhh... França pré Revolução neah beechas? Para escrever sua poesia a diretora preferiu suprimir as diferenças de classe e uniu por sororidade orgânica mulheres que NUNCA se misturariam. Porque esse é o retrato de seu feminismo. Como compreendo a sua escolha narrativa e seu caminho pelo BELO e não pelo REAL com compromisso histórico, consigo ainda apreciar o filme como uma tela em museu. É belíssimo. Obra de arte. Fotografia estupenda. Releitura de Orfeu. Um dos mais belos finais do cinema, com Vivaldi. Também valorizo por ser uma diretorA, assumidamente lésbica, e como mulher lésbica e feminista SEMPRE valorizarei minhas pares.
Mas me pego pensando se o filme teria a mesma recepção se trouxesse um feminismo insterseccionalizado, com os abismos sociais entre essas mulheres (em especial a criada e as camponesas). Basta o gênero para nos unir, como a diretora quer provar? Não tenho a resposta para isso, mas sei com certeza que tal visão vende bem, posto que é facilmente absorvida pelo capitalismo. E tal é o feminismo europeu, raça e classe é coisa para nós fodidos das colônias kkkkkk
Creio que valha olhar filmes com resenhas mistas portanto. Se um filme provoca incômodo em certos setores da sociedade e faz a maioria de homens brancos héteros críticos de cinema repudiarem, talvez lá esteja representado aquilo que a maioria dominante deseja esconder...
RESUMINDO: se um filme feminista foi bem aceito pela critica especializada masculina e homens em geral, eu sempre acharei que CUTUCOU FOI POUCO