pra se chocar com a falta de limites e de bom senso da mídia na espetacularização da violência, esse é o curta mais chocante que já vi.
fazem qualquer trabalho sujo pra conseguir ibope.
que loucura ver os apresentadores de telejornal telefonando pra negociar ao vivo com o sequestrador da eloá (e ainda tem o jornalista que disse que seria um "final feliz" se eles se casassem).
Amei, amei, amei! Que documentário lindo, muito poderoso, muito significativo pra ser compartilhado e assistido nos dias de hoje. Em certo sentido, me fez lembrar dos documentários de Eduardo Coutinho: aqui, o poder da fala é completamente atribuído aos entrevistados, são somente eles que falam das suas experiências de vida, que expõem suas próprias visões de mundo, que performam e se empoderam em frente à câmera, na passagem dessas histórias da vida privada para o âmbito coletivo.
E pra quem ainda tem o pensamento velho e chato de não aceitar que as bichas tenham visibilidade e reconhecimento, 'Bichas - o documentário' é um maravilhoso e bem dado tapa na cara.
Separei aqui só algumas citações desses entrevistados incríveis:
"Eu ouvi que eu era bicha, que eu era viado, quando eu tinha seis anos de idade. Eu tava em uma padaria e um cara falou isso pra mim. Eu não sabia o que era aquilo, mas o jeito que ele falou era tão pesado que eu entendi que era uma coisa muito ruim".
"A palavra machucava, ela sempre vinha e não só me machucava naquele momento, como ela reforçava o meu pensamento de não querer ser bicha"
"(Quando eu saí da igreja) foi tipo Miley Cyrus virando Hannah Montanna".
"Ressignificando a palavra (bicha) a gente muda a nossa perspectiva em relação às coisas, especialmente em relação a essa palavra. Acho que, você tendo a noção de que aquela palavra pode unir pessoas - como une a comunidade LGBT - é uma coisa muito gostosa de se ouvir entre pessoas iguais a você".
"A bicha preta periférica tá lá tentando sobreviver todo dia. Os gays brancos também sofrem, mas qual é a probabilidade maior: você apanhar no beco da favela, onde a polícia não vai tá dando a mínima importância, ou na rua, em um bairro branco de classe média, onde vai ter uma repercussão sobre o caso?"
"É importante falar que é bicha, é importante mostrar que é bicha, é importante escrever isso no seu facebook, é importante pichar um muro dizendo que é viado. Porque é isso que você é - e quanto mais pessoas que forem bichas disserem, mais normal vai ser, menos estigma vai ter".
"Eu falo pra tocar na ferida mesmo, pra dizer: ó, reveja seu privilégio, porque no alto da sua branquitude tem uma bicha preta se fudendo legal (...) e não se ofenda quando a gente tá na universidade produzindo textos acadêmicos e sendo reconhecidas, ganhando pós-graduações e sendo reconhecida, não se ofenda porque vai ter preta e vai ter bicha nesse caralho (universidade) sim!"
"Todo dia mais bicha, todo dia um level a mais. Igual pokémon".
Assisti esse curta no Festival Internacional de Cinema Independente Kino-Olho (Rio Claro, SP) em 2015, mas depois disso não consegui encontrá-lo online.
É um filme muito simples com uma ideia genial: durante sete minutos, a câmera permanece estática filmando uma rua com duas possibilidades de movimentação - do lado esquerdo da tela, os carros dão continuidade ao fluxo de um trânsito bem movimentado; do lado direito, modelos com roupas exóticas vêm e vão em um desfile inusitado sobre a faixa de pedestres. A intervenção no movimento da rua causa duas reações possíveis: aqueles que estão nos automóveis e os guardinhas da rua ficam muito irritados; aqueles que estão nas calçadas acham o espetáculo muito divertido - ao ponto que alguns entram na brincadeira e passam a desfilar junto com os modelos/atores, enquanto outros aplaudem e dão muita risada.
Estes últimos reagiram da mesma forma como aqueles que assistiram ao curta: durante os sete minutos de exibição, eu e os outros espectadores no festival de cinema demos muita - muita - risada. Caso alguém encontre este curta disponível pela internet, por favor me avise! - eu ficaria eternamente grato por isso.
Achei tão interessante a música de João Gilberto aparecer assim de repente nesse curta - é como se a Disney estivesse dando continuidade ao companheirismo musical que estabeleceu com o Brasil lá atrás, no ano de 1942, quando fez com que Pato Donald se encontrasse com Zé Carioca (ou Joe Carioca) no filme 'Saludos Amigos'.
Adorei esse curta! Além de ser bastante divertido e inteligente com a linguagem da animação, ele é ótimo pra pensarmos na questão da ortotanásia - a 'boa morte', natural e sem sofrimento. Isto nos torna mais sensíveis no momento de evitar que pacientes próximos da morte sofram com tratamentos desnecessários, porque as intervenções médicas para prolongar a vida a todo custo - como as medidas do médico bonitão desse curta - nem sempre são uma boa escolha.
Pra quem se interessar, fiquei mais atento nessa questão depois de escutar esse ótimo décimo episódio do podcast Mamilos: ~ o filmow não deixou eu colocar o link no comentário, então joga assim no google: 'Mamilos 10 – A boa morte, rombo na Petrobrás, realitys bizarros e seca' (a discussão desse tema começa nos 20 min. e 40 s. do programa).
Assim como a casa - que é feita de pequenos cubinhos - a memória também se constituí e se sustenta sobre pequenas lembranças.
"A Casa de Pequenos Cubinhos" é lindo, pois consegue combinar de maneira muito sensível animação e trilha-sonora - inclusive, não sei explicar o porquê, mas os compositores japoneses como Kenji Kondo e Joe Hisaishi têm um toque sensível e comovente (ouvir a deste curta me lembrou "Viagem de Chihiro" e "O conto da princesa Kaguya"), o que é perfeito para criar um efeito nostálgico.
Com certeza este vai ser mais um cubinho dentre os outros que terão um lugar especial em minha memória de cinéfilo.
Ah... Depois de ver esse curta compreendi ainda mais como Spike Jonze é um dos meus diretores contemporâneos favoritos!
"Estou aqui" é uma referência perfeita para entendermos algumas marcas características de seus filmes, dentre as quais eu destacaria a capacidade incrível de harmonização entre a trilha sonora - muitas vezes melancólica - e uma fotografia tocante. É o que se vê em 'Onde vivem os monstros', 'Her' e também neste curta-metragem. Com isso, não podemos esquecer que, antes de mergulhar na direção de longas-metragens, Jonze fora diretor de clipes musicais reconhecidos - como 'Sabotage', dos Beastie Boys, ou 'The Suburbs', do Arcade Fire.
Sonora e visualmente chorável (♥), Spike Jonze consegue ser bastante sensível não só com a linguagem cinematográfica, mas principalmente com a representação dos afetos humanas.
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
Quem Matou Eloá?
4.6 70 Assista Agorapra se chocar com a falta de limites e de bom senso da mídia na espetacularização da violência, esse é o curta mais chocante que já vi.
fazem qualquer trabalho sujo pra conseguir ibope.
que loucura ver os apresentadores de telejornal telefonando pra negociar ao vivo com o sequestrador da eloá (e ainda tem o jornalista que disse que seria um "final feliz" se eles se casassem).
La Cabina
4.1 23"Meooo isso é muito Black Mirror"
Bichas, o Documentário
4.3 83Amei, amei, amei! Que documentário lindo, muito poderoso, muito significativo pra ser compartilhado e assistido nos dias de hoje. Em certo sentido, me fez lembrar dos documentários de Eduardo Coutinho: aqui, o poder da fala é completamente atribuído aos entrevistados, são somente eles que falam das suas experiências de vida, que expõem suas próprias visões de mundo, que performam e se empoderam em frente à câmera, na passagem dessas histórias da vida privada para o âmbito coletivo.
E pra quem ainda tem o pensamento velho e chato de não aceitar que as bichas tenham visibilidade e reconhecimento, 'Bichas - o documentário' é um maravilhoso e bem dado tapa na cara.
Separei aqui só algumas citações desses entrevistados incríveis:
"Eu ouvi que eu era bicha, que eu era viado, quando eu tinha seis anos de idade. Eu tava em uma padaria e um cara falou isso pra mim. Eu não sabia o que era aquilo, mas o jeito que ele falou era tão pesado que eu entendi que era uma coisa muito ruim".
"A palavra machucava, ela sempre vinha e não só me machucava naquele momento,
como ela reforçava o meu pensamento de não querer ser bicha"
"(Quando eu saí da igreja) foi tipo Miley Cyrus virando Hannah Montanna".
"Ressignificando a palavra (bicha) a gente muda a nossa perspectiva em relação às coisas, especialmente em relação a essa palavra. Acho que, você tendo a noção de que aquela palavra pode unir pessoas - como une a comunidade LGBT - é uma coisa muito gostosa de se ouvir entre pessoas iguais a você".
"A bicha preta periférica tá lá tentando sobreviver todo dia. Os gays brancos também sofrem, mas qual é a probabilidade maior: você apanhar no beco da favela, onde a polícia não vai tá dando a mínima importância, ou na rua, em um bairro branco de classe média, onde vai ter uma repercussão sobre o caso?"
"É importante falar que é bicha, é importante mostrar que é bicha, é importante escrever isso no seu facebook, é importante pichar um muro dizendo que é viado. Porque é isso que você é - e quanto mais pessoas que forem bichas disserem, mais normal vai ser, menos estigma vai ter".
"Eu falo pra tocar na ferida mesmo, pra dizer: ó, reveja seu privilégio, porque no alto da sua branquitude tem uma bicha preta se fudendo legal (...) e não se ofenda quando a gente tá na universidade produzindo textos acadêmicos e sendo reconhecidas, ganhando pós-graduações e sendo reconhecida, não se ofenda porque vai ter preta e vai ter bicha nesse caralho (universidade) sim!"
"Todo dia mais bicha, todo dia um level a mais. Igual pokémon".
Desfile
3.5 1Assisti esse curta no Festival Internacional de Cinema Independente Kino-Olho (Rio Claro, SP) em 2015, mas depois disso não consegui encontrá-lo online.
É um filme muito simples com uma ideia genial: durante sete minutos, a câmera permanece estática filmando uma rua com duas possibilidades de movimentação - do lado esquerdo da tela, os carros dão continuidade ao fluxo de um trânsito bem movimentado; do lado direito, modelos com roupas exóticas vêm e vão em um desfile inusitado sobre a faixa de pedestres. A intervenção no movimento da rua causa duas reações possíveis: aqueles que estão nos automóveis e os guardinhas da rua ficam muito irritados; aqueles que estão nas calçadas acham o espetáculo muito divertido - ao ponto que alguns entram na brincadeira e passam a desfilar junto com os modelos/atores, enquanto outros aplaudem e dão muita risada.
Estes últimos reagiram da mesma forma como aqueles que assistiram ao curta: durante os sete minutos de exibição, eu e os outros espectadores no festival de cinema demos muita - muita - risada. Caso alguém encontre este curta disponível pela internet, por favor me avise! - eu ficaria eternamente grato por isso.
As Aventuras de uma Caixa de Papelão
3.9 74Tão simples - e tão bonito por causa disso. Todo mundo já teve uma caixa de papelão quando era criança, né?
Dia & Noite
4.3 484 Assista AgoraAchei tão interessante a música de João Gilberto aparecer assim de repente nesse curta - é como se a Disney estivesse dando continuidade ao companheirismo musical que estabeleceu com o Brasil lá atrás, no ano de 1942, quando fez com que Pato Donald se encontrasse com Zé Carioca (ou Joe Carioca) no filme 'Saludos Amigos'.
O Guarda-Chuva Azul
4.1 303 Assista AgoraMuito bonitinho. O curta brinca de forma divertida com a pareidolia (vai lá, joga essa palavra no google imagens).
A Senhora e a Morte
4.0 370Adorei esse curta! Além de ser bastante divertido e inteligente com a linguagem da animação, ele é ótimo pra pensarmos na questão da ortotanásia - a 'boa morte', natural e sem sofrimento. Isto nos torna mais sensíveis no momento de evitar que pacientes próximos da morte sofram com tratamentos desnecessários, porque as intervenções médicas para prolongar a vida a todo custo - como as medidas do médico bonitão desse curta - nem sempre são uma boa escolha.
Pra quem se interessar, fiquei mais atento nessa questão depois de escutar esse ótimo décimo episódio do podcast Mamilos: ~ o filmow não deixou eu colocar o link no comentário, então joga assim no google: 'Mamilos 10 – A boa morte, rombo na Petrobrás, realitys bizarros e seca' (a discussão desse tema começa nos 20 min. e 40 s. do programa).
A Casa de Pequenos Cubinhos
4.5 766Assim como a casa - que é feita de pequenos cubinhos - a memória também se constituí e se sustenta sobre pequenas lembranças.
"A Casa de Pequenos Cubinhos" é lindo, pois consegue combinar de maneira muito sensível animação e trilha-sonora - inclusive, não sei explicar o porquê, mas os compositores japoneses como Kenji Kondo e Joe Hisaishi têm um toque sensível e comovente (ouvir a deste curta me lembrou "Viagem de Chihiro" e "O conto da princesa Kaguya"), o que é perfeito para criar um efeito nostálgico.
Com certeza este vai ser mais um cubinho dentre os outros que terão um lugar especial em minha memória de cinéfilo.
Estou Aqui
4.2 732Ah... Depois de ver esse curta compreendi ainda mais como Spike Jonze é um dos meus diretores contemporâneos favoritos!
"Estou aqui" é uma referência perfeita para entendermos algumas marcas características de seus filmes, dentre as quais eu destacaria a capacidade incrível de harmonização entre a trilha sonora - muitas vezes melancólica - e uma fotografia tocante. É o que se vê em 'Onde vivem os monstros', 'Her' e também neste curta-metragem. Com isso, não podemos esquecer que, antes de mergulhar na direção de longas-metragens, Jonze fora diretor de clipes musicais reconhecidos - como 'Sabotage', dos Beastie Boys, ou 'The Suburbs', do Arcade Fire.
Sonora e visualmente chorável (♥), Spike Jonze consegue ser bastante sensível não só com a linguagem cinematográfica, mas principalmente com a representação dos afetos humanas.