Alan Ball escreveu um roteiro engenhoso e preciso no seu esforço de retratar a classe média americana, surgindo a partir deste ponto, uma síntese muito pertinente sobre os problemas desta classe. Sem a necessidade de extrapolações, Ball escreve com a leveza de um autor, na medida em que insere beleza em cenas singelas como diálogos familiares na cozinha. Tive a chance de assistir ao longa após terminar a série Six Feet Under, seriado do mesmo roteirista; é possível visualizar uma certa continuidade nos temas e elementos tratados por Ball neste filme em sua série, esta estreou pouco tempo depois do lançamento do longa. A representação dos desejos dos personagens através de planos oníricos e alucinógenos, sem apelar para recursos demasiadamente alegóricos e abstratos é um traço memorável em seus roteiros.
Há um ponto bem interessante no longa: o uso de metalinguagem não do cinema, mas do próprio filme. Enquanto o personagem Fitts utiliza sua câmera para registrar o "belo", ele acaba nos puxando para dentro do filme, evocando uma sensação de veracidade na trama, na qual o telespectador é praticamente atraído magneticamente para o interior dos planos; tornando-se subsequentemente, um personagem extra e invisível. Assim, o filme parece ser causa e efeito ao mesmo tempo; isto é, o filme é a causa de si mesmo. A narração de Spacey parece compactuar com a cinematografia de American Beauty, na medida em que o protagonista é um narrador defunto, portanto, ele narra os eventos sob uma perspectiva autobiográfica; isto é, ele deliberadamente é o compositor do filme, como se ele fosse o roteirista do longa sobre os eventos derradeiro de sua vida. Sendo assim, tanto o roteiro como o método de direção do filme parecem corroborar com uma visão de independência do filme, ou seja, de que American Beauty foi escrita e protagonizada pelos seus próprios personagens, empoderando, assim, a força de expressão artística do enredo.
Impressionante como o filme é simétrico, geralmente é esperado que um filme de 3h seja cansativo, ainda mais um filme dramático e complexo como Magnolia. Contudo, isso não transparece no filme, são pouquíssimas cenas desnecessárias.
Funciona em tantos diferentes níveis, do simplório descaso dos filhos com os pais ao criticismo de uma sociedade tecnológica frígida, que só tem tempo para o trabalho. Pode ser visto como uma olhadela para o futuro, caso olhemos a partir da perspectiva do idoso sentindo-se como um fardo, incapaz de se adaptar ao novo paradigma da sociedade, solitário e entediado. Enfim, isso é só a superfície de um filme extremamente meticuloso.
Tive uma experiência bizarra com esse filme. Achei oneroso assisti-lo, apesar de sua duração pequena eu estava louco que o filme terminasse logo. Contudo, não posso reclamar de nada do filme; o elenco teve uma ótima atuação, o roteiro e direção foram interessantes e bem executados, por isso, fiquei com uma sensação estranha. Escrevo isso um dia após tê-lo visto, pois até agora não entendi porque eu não gostei do filme.
Paul Thomas Anderson conseguiu expressar o caráter mórbido e sádico das relações humanas. O filme é cheio de nuances, principalmente centradas na personagem Alma; exigindo, por sua vez, uma atuação exímia de Vicky Krieps. A execução do filme me lembrou alguns dos filmes de Bergman com uma temática similar, todavia, o filme segue a linearidade da mente de seu diretor, afastando-se de certas tendências (ou vícios) de histórias como esta. Desta maneira, temos um roteiro que no papel não aparenta ser o que vemos na tela, isto é, o mérito do longa é todo do diretor e de seu elenco.
Gostei muito da direção deste filme, ao contrastar a vida de um menino com deficiência e a outras crianças sem deficiência, o diretor conseguiu sair dos clichês e, por conseguinte, foi capaz de introduzir profundidade e originalidade mesmo nos personagens colaterais.
O filme não tem medo de explorar, Auggie, é como qualquer criança de sua idade; desta maneira, o filme sai do convencional retrato sobre pessoas com deficiência, nos quais os últimos são extremamente frágeis, indefesos e retraídos - Auggie é o oposto de tudo isso, é uma garoto engraçado, carismático e, muitas vezes, corajoso -. Além disso, o filme não é a todo momento centralizado em seu protagonista, mas, distancia-se deste quando necessário, objetivando nos mostrar o impacto causado por Auggie em suas vidas; assim, as mudanças de concepções dos personagens são essenciais no longa.
Ademais, Wonder passa uma mensagem muito importante: todos somos extraordinários, não no sentido popular, mas no sentido intrínseco, isto é, como indivíduos. Portanto, o longa se afasta da dualidade bom e mau, na qual os seres humanos são divididos arbitrariamente e sem possibilidade de mudança, seguindo em uma direção mais palpável em que as mudanças internas no caráter são, na verdade, algo constante na vida humana; contudo, para que elas ocorram devemos estar aptos a ouvir, antes de julgar.
Uma obra atemporal, riquíssima em conteúdo e detalhes. Fé, justiça e destino são temas inesgotáveis, presentes em toda a história do cinema e da literatura. Contudo, Glauber Rocha consegue abordar o tema a partir de uma perspectiva original, fiel a cultura brasileira.
A câmera na mão foi mal executada em muitos momentos, apesar de ser uma boa ideia para filmar as cenas ao ar livre. Contudo, foi desnecessário utilizar tal técnica durante todo o filme. Além disso, no começo parecia que o filme utilizaria o método de Machado de Assis em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", isto é, de defunto narrador; se este fosse o caso o filme ficaria mais conciso e esteticamente mais agradável. No entanto, foi uma cena perdida, uma vez que o narrador não é mais visto durante o filme, de modo que o filme continuaria o mesmo sem a cena em questão.
O filme no geral não é ruim, todavia, ao assisti-lo fica claro que havia potencial para ser superior ao que foi apresentado, talvez por ter sido um filme pequeno.
Um filme que diz mais sobre a própria psique do diretor do que sobre a condição humana. Mother! é um retrato de uma mente conturbada e isso transparece no roteiro de uma forma bizarra e desnecessária.
Um bom filme, mas limitado para o telespectador. Claramente um filme muito pessoal, talvez um dos mais profundos para o diretor; no entanto, com exceção de algumas cenas, o filme me pareceu distante.
Beleza Americana
4.1 2,9K Assista AgoraAlan Ball escreveu um roteiro engenhoso e preciso no seu esforço de retratar a classe média americana, surgindo a partir deste ponto, uma síntese muito pertinente sobre os problemas desta classe. Sem a necessidade de extrapolações,
Ball escreve com a leveza de um autor, na medida em que insere beleza em cenas singelas como diálogos familiares na cozinha. Tive a chance de assistir ao longa após terminar a série Six Feet Under, seriado do mesmo roteirista; é possível visualizar uma certa continuidade nos temas e elementos tratados por Ball neste filme em sua série, esta estreou pouco tempo depois do lançamento do longa. A representação dos desejos dos personagens através de planos oníricos e alucinógenos, sem apelar para recursos demasiadamente alegóricos e abstratos é um traço memorável em seus roteiros.
Há um ponto bem interessante no longa: o uso de metalinguagem não do cinema, mas do próprio filme. Enquanto o personagem Fitts utiliza sua câmera para registrar o "belo", ele acaba nos puxando para dentro do filme, evocando uma sensação de veracidade na trama, na qual o telespectador é praticamente atraído magneticamente para o interior dos planos; tornando-se subsequentemente, um personagem extra e invisível. Assim, o filme parece ser causa e efeito ao mesmo tempo; isto é, o filme é a causa de si mesmo. A narração de Spacey parece compactuar com a cinematografia de American Beauty, na medida em que o protagonista é um narrador defunto, portanto, ele narra os eventos sob uma perspectiva autobiográfica; isto é, ele deliberadamente é o compositor do filme, como se ele fosse o roteirista do longa sobre os eventos derradeiro de sua vida. Sendo assim, tanto o roteiro como o método de direção do filme parecem corroborar com uma visão de independência do filme, ou seja, de que American Beauty foi escrita e protagonizada pelos seus próprios personagens, empoderando, assim, a força de expressão artística do enredo.
Rastros de Ódio
4.1 266 Assista AgoraÉ difícil defender um filme com tanto teor racista e com um protagonista que supostamente seria o herói do longa, mas, na verdade é um sociopata.
Magnólia
4.1 1,3K Assista AgoraImpressionante como o filme é simétrico, geralmente é esperado que um filme de 3h seja cansativo, ainda mais um filme dramático e complexo como Magnolia. Contudo, isso não transparece no filme, são pouquíssimas cenas desnecessárias.
Era uma Vez em Tóquio
4.4 187 Assista AgoraFunciona em tantos diferentes níveis, do simplório descaso dos filhos com os pais ao criticismo de uma sociedade tecnológica frígida, que só tem tempo para o trabalho. Pode ser visto como uma olhadela para o futuro, caso olhemos a partir da perspectiva do idoso sentindo-se como um fardo, incapaz de se adaptar ao novo paradigma da sociedade, solitário e entediado. Enfim, isso é só a superfície de um filme extremamente meticuloso.
O Apartamento
3.9 258 Assista AgoraTive uma experiência bizarra com esse filme. Achei oneroso assisti-lo, apesar de sua duração pequena eu estava louco que o filme terminasse logo. Contudo, não posso reclamar de nada do filme; o elenco teve uma ótima atuação, o roteiro e direção foram interessantes e bem executados, por isso, fiquei com uma sensação estranha. Escrevo isso um dia após tê-lo visto, pois até agora não entendi porque eu não gostei do filme.
Trama Fantasma
3.7 805 Assista AgoraPaul Thomas Anderson conseguiu expressar o caráter mórbido e sádico das relações humanas. O filme é cheio de nuances, principalmente centradas na personagem Alma; exigindo, por sua vez, uma atuação exímia de Vicky Krieps. A execução do filme me lembrou alguns dos filmes de Bergman com uma temática similar, todavia, o filme segue a linearidade da mente de seu diretor, afastando-se de certas tendências (ou vícios) de histórias como esta. Desta maneira, temos um roteiro que no papel não aparenta ser o que vemos na tela, isto é, o mérito do longa é todo do diretor e de seu elenco.
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraGostei muito da direção deste filme, ao contrastar a vida de um menino com deficiência e a outras crianças sem deficiência, o diretor conseguiu sair dos clichês e, por conseguinte, foi capaz de introduzir profundidade e originalidade mesmo nos personagens colaterais.
O filme não tem medo de explorar, Auggie, é como qualquer criança de sua idade; desta maneira, o filme sai do convencional retrato sobre pessoas com deficiência, nos quais os últimos são extremamente frágeis, indefesos e retraídos - Auggie é o oposto de tudo isso, é uma garoto engraçado, carismático e, muitas vezes, corajoso -. Além disso, o filme não é a todo momento centralizado em seu protagonista, mas, distancia-se deste quando necessário, objetivando nos mostrar o impacto causado por Auggie em suas vidas; assim, as mudanças de concepções dos personagens são essenciais no longa.
Ademais, Wonder passa uma mensagem muito importante: todos somos extraordinários, não no sentido popular, mas no sentido intrínseco, isto é, como indivíduos. Portanto, o longa se afasta da dualidade bom e mau, na qual os seres humanos são divididos arbitrariamente e sem possibilidade de mudança, seguindo em uma direção mais palpável em que as mudanças internas no caráter são, na verdade, algo constante na vida humana; contudo, para que elas ocorram devemos estar aptos a ouvir, antes de julgar.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 430 Assista AgoraUma obra atemporal, riquíssima em conteúdo e detalhes. Fé, justiça e destino são temas inesgotáveis, presentes em toda a história do cinema e da literatura. Contudo, Glauber Rocha consegue abordar o tema a partir de uma perspectiva original, fiel a cultura brasileira.
Joaquim
3.6 72 Assista AgoraA câmera na mão foi mal executada em muitos momentos, apesar de ser uma boa ideia para filmar as cenas ao ar livre. Contudo, foi desnecessário utilizar tal técnica durante todo o filme. Além disso, no começo parecia que o filme utilizaria o método de Machado de Assis em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", isto é, de defunto narrador; se este fosse o caso o filme ficaria mais conciso e esteticamente mais agradável. No entanto, foi uma cena perdida, uma vez que o narrador não é mais visto durante o filme, de modo que o filme continuaria o mesmo sem a cena em questão.
O filme no geral não é ruim, todavia, ao assisti-lo fica claro que havia potencial para ser superior ao que foi apresentado, talvez por ter sido um filme pequeno.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraUm filme que diz mais sobre a própria psique do diretor do que sobre a condição humana. Mother! é um retrato de uma mente conturbada e isso transparece no roteiro de uma forma bizarra e desnecessária.
O Silêncio
4.1 110Um bom filme, mas limitado para o telespectador. Claramente um filme muito pessoal, talvez um dos mais profundos para o diretor; no entanto, com exceção de algumas cenas, o filme me pareceu distante.