Assista sem compromisso. A série é ótima, mas não dialoga com todos os públicos. Apesar de ser um comentário óbvio, por toda série ter seu público-alvo, isso é de vital importância para quem se interessou pela temática – não é uma série que visa o relacionamento da figura de "Deus" com o homem, e sim com as múltiplas definições e culturas dessa palavra, bem como o livro deseja. Recheado de metáforas, American Gods demora a se desenvolver, e nós demoramos a identificar os personagens – demorei um certo tempo pra deixar minha ficha cair quanto alguns deles, mesmo lendo o livro ao mesmo tempo (na verdade, essa demora na identificação demora até mesmo no livro, já que eles não vem com o nome dos deuses nos capítulos e é deixado a livre interpretação até certa parte da narrativa, onde tudo começa a se amarrar). A fotografia é bela, apesar de carregar um ar metade sinistro e metade futurista à lá luzes de neon em todo lugar. Mas entre as categorias técnicas é a trilha sonora que ganha destaque, apesar de, nas edições, ficar bem suave em muitos momentos – ainda sim, consegue roubar a cena durante as metáforas ou explicações, dando um tom macabro e sobrenatural, ao mesmo tempo em que traz a tona o sentimento de uma situação blasé, comum e vulgar.
Não que Neil Gaiman seja marcado por uma escrita ou história misógina, mas a série cumpre seu papel como projeto de uma emissora e carrega seu tom, mostra bem a realidade, por exemplo, de mulheres e negros, ao longo da história – representando-os com todo seu peso e terror nas histórias de vida. Desde rainhas sendo sobrepujadas até o início da compreensão de escravidão, a metáfora do narrador segue seu curso: "E não há fim para a crueldade de um homem ameaçado pela força de uma mulher. Então o que uma Rainha faz, quando isso acontece? Ela se ajoelha. Ela toma e faz o que não quer. E nós assistimos e julgamos facilmente, e fingimos que faríamos tudo diferente no lugar dela". Algo interessante a se notar é que os trejeitos de alguns dos personagens batem quase que perfeitamente como imaginado nos livros, como o caso do Leprechaun – que, diga-se de passagem, roubou a cena inúmeras vezes ao longo dos episódios. A cena de revelação do personagem Mr. Wednesday é algo muito mais forte e profundo que nos livros, por exemplo.
O que me deixou em choque, durante a exibição dos episódios, é justamente essa facilidade que o canal teve em unir o sobrenatural sem freios de censura, dando um tom único – se fosse de outra forma, seria completamente inaceitável e errado. Pode-se dizer, então, que a série acerta nisso: intensificar certas cenas, dando peso e poder – ou delicadeza – a personagens que antes pareciam tão simples – ouso dizer que, no começo dos livros, cheguei a comparar Wednesday com o personagem de O Velho e o Mar (de Hemingway). Ouso dizer ainda que, por mais que não seja a intenção, o ritmo da série é lento no começo, mas tende (também) a se intensificar com ferocidade, pendendo para o caos justo no clímax da temporada – daí o toque bárbaro e, ao mesmo tempo, moderno.
ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS. Resolvi ver "Ponte dos Espiões" (Bridge of Spies), sinceramente já não esperava muita coisa por conta da sinopse - e consegui me decepcionar ainda mais.
Que Tom Hanks é um bom ator, é inegável. Mas o filme tenta prosseguir com um roteiro de um clichê norte-americano (e que talvez POR ISSO tenha sido indicado ao Oscar), com um ritmo extremamente lento - ao ponto de você dispersar quase o filme todo - e as defesas de tribunal não convencem.
O longa todo é basicamente sobre a reflexão "Os EUA defendem a liberdade, de ser quem você é, de fazer o que quiser. Por quê não dar o mesmo direito à um condenado?", onde basicamente reflete a política dos EUA, durante a história, de caracterizar enquanto produto os símbolos comunistas durante a Guerra Fria (isto é, fazer camisetas, brinquedos, desenhos, quadrinhos, qualquer coisa comerciável) - além de trazer o seguinte pensamento à tona: "mesmo ele não sendo norte-americano, ele agiu pelo governo dele, estava cumprindo ordens. Porque dar um fim a ele se não queremos que o façam com os nossos espiões? Porque não tentar uma troca?".
Mark Rylance atua como uma espécie de alívio cômico ("Eu deveria estar preocupado?"), bem sutil, que segura a ternura do filme e "enlaça" com a atuação de Hanks, mas o filme simplesmente parece fazer os minutos se tornaram insuportáveis até a chegada da cena da ponte.
A trilha sonora, ali, é a grande heroína - que te faz criar um vínculo com Tom e Mark de uma forma que mais nada do filme foi capaz de fazer - e o jogo de cores (o clássico clichê de impressionar os telespectadores com aquele cenário de neve e concreto) mantém um pouco do interesse.
Não faço idéia de como esse filme conseguiu ser indicado ao Oscar - e confesso ter sido um sacrifício tanto ver como fazer a crítica.
Hoje decidi sentar e ver "O Quarto de Jack". E me deparei com uma narrativa e técnica maravilhosas. O longa se dá na visão de Jack, um menino que, quando fez 5 anos, teve sua vida mudada por completo. Ao longo do filme descobrimos toda uma maravilha de roteiro: a história é contada na visão de Jack, mas é justamente sobre a mãe dele. É um filme sobre as sequelas de uma adolescência interrompida da pior forma, é sobre aquele amor materno que se dá conforme a recuperação da sanidade que se perdeu naquele primeiro momento de ruptura de realidade da mãe (onde ela conta ao menino como ela foi parar ali, de uma forma bem sutil), e principalmente sobre "relacionamentos" abusivos (ainda que forçado, ela convivia com ele - e é nesse sentido que falo). Qualquer pessoa que seja filho de mãe solteira entende bem o significado da frase dita por ela, pouco antes do final do filme. "Jack é só meu, e de mais ninguém": a superproteção que ela tem, seja consigo mesma e seja com o menino, em tomar todo o cuidado do mundo para não associar a imagem da criança à de seu agressor - e nem para que outras pessoas o façam, também. Vemos a sanidade de Joy regredir, ao longo do filme - e uma ótima atuação de Jacob Tremblay, espontaneo, como qualquer outra criança da idade; que não sabe reagir a determinadas situações, que não viveu nem metade do que uma criança da idade dele deveria viver, que não consegue alegrar a mãe e, por isso, entristece também. É um filme, acima de tudo, sobre a recuperação que você tem daquele primeiro machucado que teve - a estranheza, a dor, a conformidade, tudo isso está incluso. Mas, acima de tudo, sobre como você pode cair e alguém te ajudar a levantar - como quando Jack corta o cabelo em busca da recuperação da mãe. Creio que só tenha deixado a desejar sobre o que aconteceu com o "Old Nick", já que você fica se perguntando sobre o personagem durante todo o restante do filme. O jogo de cores e afins não me impressionou tanto quanto em "O Regresso", porém os ângulos foram tão bem explorados quanto, e os cortes bem feitos (alguns quase imperceptíveis em alguns casos). Fazer a maior parte de um filme em um mesmo ambiente, que é completamente fechado (quase claustrofóbico), é algo extremamente raro e difícil. A trilha sonora é sutil, combinando com cada momento, mas abrindo espaço para a atuação e a história em si, de forma que você seja levado completamente pela situação claustrofóbica, desesperadora, que se dá ao longo da maior parte do filme. Uma das minhas apostas ao "Melhor Filme" no Oscar.
(ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS) A primeira coisa que eu falei, quando o filme começou, foi: "Wooooow". Não porque sou fã do DiCaprio desde pequena, e também não porque "o roteiro mudou meu mundo". O meu "WOW" veio da mesma forma que uma criança fica maravilhada com alguma das sete maravilhas do mundo - tudo isso graças à beleza da fotografia desse filme (mesmo não sendo formada em nada de cinema e não conhecendo as técnicas à fundo, arrisco dizer ser uma das filmografias com cenários, ângulos e 'balanço de cores' mais lindos que já vi - apesar de ao longo do tempo ficar cansativo).
As cenas de luta, em geral, estão muito bem filmadas (confesso que tive uma certa agonia "das lutas sem fim" filmadas por tantos ângulos que, ao longo do tempo, ficaram cansativas de tanto que usavam) Meio que passou a sensação de "Ok, já entendi que está bonito, pode parar e voltar para o clichê".
O roteiro não é grande coisa (a clássica saga da vingança e "redenção", algo já batido - isso generalizando a história toda). Mas a atuação do Leonardo DiCaprio é espetacular. Não se prende aos dramas e aos choros, não se prende às frases feitas e soltas. Mas sim à simples e pura atuação - você vê nitidamente, por exemplo, o urso em CGI e a expressão de dor, agonizante, do ator.
Tudo que os efeitos "limitam", ele compensa com suas expressões - dor, ódio, agonia, tristeza, nostalgia, principalmente. Como uma pessoa que viu a maioria dos filmes dele, devo dizer que é um dos filmes em que ele fica mais quieto, quase não fala, quase não choca nesse aspecto - mas, sinceramente, não tem nem o porquê. Tudo que se vê é uma máquina, focada e ferida, tentando sanar as próprias dores de todas as formas possíveis.
E a última cena... Ah! Só aquela expressão de "uma compreensão súbita de mundo e/ou algo mais profundo que o esperado" já descreve. Sinceramente, quase não reparei na trilha sonora, de tão focada que estava - e, pelo menos quanto a isso, não posso fazer crítica alguma por motivos óbvios.
Mas se por um lado atuação dele foi maravilhosa, e a fotografia bela, pelo outro o roteiro é raso - um filme que provavelmente não ganhará de "Melhor Filme", tudo pelo peso do roteiro (onde arrisco dizer que pesa mais que as demais categorias).
"Into the Woods" é um filme que desconstrói finais felizes e é sim feito para os pais, de almas sensíveis, das crianças que estão no cinema - um filme sobre desapego, sobre lidar com os próprios erros, e acima de tudo sobre as crianças ouvirem sim o que falam (podendo seguir ou não); de forma que seus pais tenham que saber lidar com isso. Um filme sobre continuar seguindo em frente depois de se ser destroçado, sobre tentar quando não se faz idéia do que se está fazendo. E, cá entre nós, um filme que dá maior perspectiva quanto ao erro.
Possui um bom roteiro, de forma que possamos compará-lo ao aspecto filosófico do "Homem e a Caverna" (onde existem várias pessoas morando em uma caverna, ou nas profundezas da mesma, e julgam loucos os que ousam dela sair. A caverna representa um local onde a curiosidade e o conhecimento são arduamente repudiados) além de toda a trama familiar bem desenvolvida (ainda que sutilmente clichê, claro. Mas considerando-se o real intuito do filme, "clichê" não é algo tão ruim assim) e psicológico limitado propositalmente, das personagens - havendo, ali, uma descoberta de sentimentos e toda uma gama de novidades que levam o telespectador a divagar sobre conceitos de mudanças e idéias. Ouso dizer que o longa ficaria com um traço mais bonito em 2D, considerando as cenas iniciais e finais, mas a animação não deixa a desejar nesse aspecto. Além disso, um comentário bem pessoal: é o tipo de filme que seria muito bem utilizado para se ensinar algo útil às crianças (na verdade, é um filme de adultos feito para crianças), uma vez que achei o longa uma animação muito mais profunda que a maioria vista por aí.
O filme apresenta uma boa técnica quanto à filmagem, surpreendendo-nos com filmagens em "primeira pessoa" e transmitindo de uma forma mais proveitosa as sensações desejadas (tais como desespero, principalmente nas cenas em que a protagonista corre contra o tempo e ausência de CO2; falta de ar, durante as cenas de CO2; reflexos involuntários, que ocorrem nas cenas principais e etc). A empatia para com a protagonista dá um toque muito mais humano - e só a idéia de que tudo isso poderia ocorrer e ninguém saberia, suspeitaria ou ligaria, só dá mais ênfase ao sentimento - mas não ao ponto de tornar um filme todo um dramalhão blockbuster baseado só no emocional. Pelo contrário, o filme contém ações até demais, e isso não dá sossego ao telespectador - que sempre está em alerta e tenso, esperando o pior e quase sendo GUIADO ao desejo de que todo o sofrimento dela acabe. O alívio humorístico é bem utilizado e o personagem de Clooney muito bem aproveitado. Ouvi críticas sobre o filme, onde comentam que George Clooney rouba a cena mesmo sendo coadjuvante. Diria que não, mas que é sim importante no papel de desenvolvimento da protagonista - ao ponto de seu ápice (o de Clooney) ser o delírio, que só acrescenta para com a empatia por Sandra. A atenção dada aos detalhes, principalmente à física envolvida no espaço, é extasiante e surpreendente. Ao ponto de comover o telespectador logo no finalzinho do filme (se ele já não tiver chorado durante todo o restante) - um detalhezinho tão sutil, tão "bobo" para tantos filmes, que dá todo o toque de vitória de Oscar à cena. A trilha sonora (ou a ausência dela) é muito bem utilizada, sem exageros ou o clichê básico de créditos ao som de alguma música feliz que dá empolgação sem motivo ao cinéfilo. Sem dúvida alguma, "Gravidade" é uma ótima pedida (valendo TODO O DINHEIRO gasto no cinema), tendo como forte tanto a técnica como a roteirização (uma combinação difícil de se encontrar), e que ouso dizer: digna de Oscar.
O filme teve ação ao ponto das situações começarem a se tornar repetitivas, insuportáveis e previsíveis. Houve fuga de (em) alguns aspectos de personalidade de personagens, porém manteve uma ótima trilha sonora (que muitas vezes pareceu sustentar o filme inteiro, se a introdução do filme não contar como clímax). Uma boa pedida para quem se quer Nostalgia pura, mas que jamais compararia com o que já foi lançado anteriormente ou ligaria para detalhes relacionados à forma tecnológica ou com que o filme foi reproduzida.
Jurei que não veria o filme, uma vez que o enredo não parece nem um pouco promissor e não consigo ficar nem um pouco atraída por uma história de zumbis. O filme brinca com um tema muitas vezes vão (mas de profunda reflexão) e o faz tomar grandes proporções, tem momentos de comédia um pouco "ingênua" e usa e abusa do que muita gente queria na vida: trilha sonora - sem jamais deixar de expor que os próprios personagens que ativam a trilha sonora. Contém um ritmo lento, quase me fazendo desistir de continuar. Mas a trama começa a ficar sutilmente interessante quando as críticas sobre tudo o que todo ser precisa é "reaprender a viver", "ter esperanças", "se afastar um pouco de tecnologia" e o que poderíamos chamar de "sentir" - tornar-se sensível a algo, absorver suas sensações como se fosse a primeira vez. Essa parte do enredo é muito bem reaproveitada (e até mal usada, por reaproveitarem demais algo que manipula tão bem vários de seus espectadores) em filmes de grande orçamento, cujo enredo prende de forma melhor e a reflexão acaba se tornando vã - sendo apenas um motivador, por exemplo. Não existiram explicações suficientes sobre como tudo ocorreu, deixando o espectador à deriva de como tudo começou - uma vez que a clássica resposta seria um "isso não faz sentido, afinal, uma pessoa que eu conheço morreu e mesmo com alguém a amá-la, ela não voltou à vida", despertando-o assim do enredo. No entanto, talvez o espectador em questão decida deixar para lá e simplesmente aceitar a idéia e vê-lo como um filme que, como muitos disseram, encaixa-se bem no lado "Sessão da Tarde", de cada um de nós.
Deuses Americanos (1ª Temporada)
4.1 515 Assista AgoraAssista sem compromisso. A série é ótima, mas não dialoga com todos os públicos. Apesar de ser um comentário óbvio, por toda série ter seu público-alvo, isso é de vital importância para quem se interessou pela temática – não é uma série que visa o relacionamento da figura de "Deus" com o homem, e sim com as múltiplas definições e culturas dessa palavra, bem como o livro deseja. Recheado de metáforas, American Gods demora a se desenvolver, e nós demoramos a identificar os personagens – demorei um certo tempo pra deixar minha ficha cair quanto alguns deles, mesmo lendo o livro ao mesmo tempo (na verdade, essa demora na identificação demora até mesmo no livro, já que eles não vem com o nome dos deuses nos capítulos e é deixado a livre interpretação até certa parte da narrativa, onde tudo começa a se amarrar). A fotografia é bela, apesar de carregar um ar metade sinistro e metade futurista à lá luzes de neon em todo lugar. Mas entre as categorias técnicas é a trilha sonora que ganha destaque, apesar de, nas edições, ficar bem suave em muitos momentos – ainda sim, consegue roubar a cena durante as metáforas ou explicações, dando um tom macabro e sobrenatural, ao mesmo tempo em que traz a tona o sentimento de uma situação blasé, comum e vulgar.
Não que Neil Gaiman seja marcado por uma escrita ou história misógina, mas a série cumpre seu papel como projeto de uma emissora e carrega seu tom, mostra bem a realidade, por exemplo, de mulheres e negros, ao longo da história – representando-os com todo seu peso e terror nas histórias de vida. Desde rainhas sendo sobrepujadas até o início da compreensão de escravidão, a metáfora do narrador segue seu curso: "E não há fim para a crueldade de um homem ameaçado pela força de uma mulher. Então o que uma Rainha faz, quando isso acontece? Ela se ajoelha. Ela toma e faz o que não quer. E nós assistimos e julgamos facilmente, e fingimos que faríamos tudo diferente no lugar dela". Algo interessante a se notar é que os trejeitos de alguns dos personagens batem quase que perfeitamente como imaginado nos livros, como o caso do Leprechaun – que, diga-se de passagem, roubou a cena inúmeras vezes ao longo dos episódios. A cena de revelação do personagem Mr. Wednesday é algo muito mais forte e profundo que nos livros, por exemplo.
O que me deixou em choque, durante a exibição dos episódios, é justamente essa facilidade que o canal teve em unir o sobrenatural sem freios de censura, dando um tom único – se fosse de outra forma, seria completamente inaceitável e errado. Pode-se dizer, então, que a série acerta nisso: intensificar certas cenas, dando peso e poder – ou delicadeza – a personagens que antes pareciam tão simples – ouso dizer que, no começo dos livros, cheguei a comparar Wednesday com o personagem de O Velho e o Mar (de Hemingway). Ouso dizer ainda que, por mais que não seja a intenção, o ritmo da série é lento no começo, mas tende (também) a se intensificar com ferocidade, pendendo para o caos justo no clímax da temporada – daí o toque bárbaro e, ao mesmo tempo, moderno.
Ponte dos Espiões
3.7 694ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS.
Resolvi ver "Ponte dos Espiões" (Bridge of Spies), sinceramente já não esperava muita coisa por conta da sinopse - e consegui me decepcionar ainda mais.
Que Tom Hanks é um bom ator, é inegável. Mas o filme tenta prosseguir com um roteiro de um clichê norte-americano (e que talvez POR ISSO tenha sido indicado ao Oscar), com um ritmo extremamente lento - ao ponto de você dispersar quase o filme todo - e as defesas de tribunal não convencem.
O longa todo é basicamente sobre a reflexão "Os EUA defendem a liberdade, de ser quem você é, de fazer o que quiser. Por quê não dar o mesmo direito à um condenado?", onde basicamente reflete a política dos EUA, durante a história, de caracterizar enquanto produto os símbolos comunistas durante a Guerra Fria (isto é, fazer camisetas, brinquedos, desenhos, quadrinhos, qualquer coisa comerciável) - além de trazer o seguinte pensamento à tona: "mesmo ele não sendo norte-americano, ele agiu pelo governo dele, estava cumprindo ordens. Porque dar um fim a ele se não queremos que o façam com os nossos espiões? Porque não tentar uma troca?".
Mark Rylance atua como uma espécie de alívio cômico ("Eu deveria estar preocupado?"), bem sutil, que segura a ternura do filme e "enlaça" com a atuação de Hanks, mas o filme simplesmente parece fazer os minutos se tornaram insuportáveis até a chegada da cena da ponte.
A trilha sonora, ali, é a grande heroína - que te faz criar um vínculo com Tom e Mark de uma forma que mais nada do filme foi capaz de fazer - e o jogo de cores (o clássico clichê de impressionar os telespectadores com aquele cenário de neve e concreto) mantém um pouco do interesse.
Não faço idéia de como esse filme conseguiu ser indicado ao Oscar - e confesso ter sido um sacrifício tanto ver como fazer a crítica.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraHoje decidi sentar e ver "O Quarto de Jack".
E me deparei com uma narrativa e técnica maravilhosas.
O longa se dá na visão de Jack, um menino que, quando fez 5 anos, teve sua vida mudada por completo. Ao longo do filme descobrimos toda uma maravilha de roteiro: a história é contada na visão de Jack, mas é justamente sobre a mãe dele. É um filme sobre as sequelas de uma adolescência interrompida da pior forma, é sobre aquele amor materno que se dá conforme a recuperação da sanidade que se perdeu naquele primeiro momento de ruptura de realidade da mãe (onde ela conta ao menino como ela foi parar ali, de uma forma bem sutil), e principalmente sobre "relacionamentos" abusivos (ainda que forçado, ela convivia com ele - e é nesse sentido que falo). Qualquer pessoa que seja filho de mãe solteira entende bem o significado da frase dita por ela, pouco antes do final do filme. "Jack é só meu, e de mais ninguém": a superproteção que ela tem, seja consigo mesma e seja com o menino, em tomar todo o cuidado do mundo para não associar a imagem da criança à de seu agressor - e nem para que outras pessoas o façam, também. Vemos a sanidade de Joy regredir, ao longo do filme - e uma ótima atuação de Jacob Tremblay, espontaneo, como qualquer outra criança da idade; que não sabe reagir a determinadas situações, que não viveu nem metade do que uma criança da idade dele deveria viver, que não consegue alegrar a mãe e, por isso, entristece também. É um filme, acima de tudo, sobre a recuperação que você tem daquele primeiro machucado que teve - a estranheza, a dor, a conformidade, tudo isso está incluso. Mas, acima de tudo, sobre como você pode cair e alguém te ajudar a levantar - como quando Jack corta o cabelo em busca da recuperação da mãe. Creio que só tenha deixado a desejar sobre o que aconteceu com o "Old Nick", já que você fica se perguntando sobre o personagem durante todo o restante do filme.
O jogo de cores e afins não me impressionou tanto quanto em "O Regresso", porém os ângulos foram tão bem explorados quanto, e os cortes bem feitos (alguns quase imperceptíveis em alguns casos). Fazer a maior parte de um filme em um mesmo ambiente, que é completamente fechado (quase claustrofóbico), é algo extremamente raro e difícil.
A trilha sonora é sutil, combinando com cada momento, mas abrindo espaço para a atuação e a história em si, de forma que você seja levado completamente pela situação claustrofóbica, desesperadora, que se dá ao longo da maior parte do filme.
Uma das minhas apostas ao "Melhor Filme" no Oscar.
O Regresso
4.0 3,5K Assista Agora(ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS)
A primeira coisa que eu falei, quando o filme começou, foi: "Wooooow". Não porque sou fã do DiCaprio desde pequena, e também não porque "o roteiro mudou meu mundo". O meu "WOW" veio da mesma forma que uma criança fica maravilhada com alguma das sete maravilhas do mundo - tudo isso graças à beleza da fotografia desse filme (mesmo não sendo formada em nada de cinema e não conhecendo as técnicas à fundo, arrisco dizer ser uma das filmografias com cenários, ângulos e 'balanço de cores' mais lindos que já vi - apesar de ao longo do tempo ficar cansativo).
As cenas de luta, em geral, estão muito bem filmadas (confesso que tive uma certa agonia "das lutas sem fim" filmadas por tantos ângulos que, ao longo do tempo, ficaram cansativas de tanto que usavam) Meio que passou a sensação de "Ok, já entendi que está bonito, pode parar e voltar para o clichê".
O roteiro não é grande coisa (a clássica saga da vingança e "redenção", algo já batido - isso generalizando a história toda). Mas a atuação do Leonardo DiCaprio é espetacular. Não se prende aos dramas e aos choros, não se prende às frases feitas e soltas. Mas sim à simples e pura atuação - você vê nitidamente, por exemplo, o urso em CGI e a expressão de dor, agonizante, do ator.
Tudo que os efeitos "limitam", ele compensa com suas expressões - dor, ódio, agonia, tristeza, nostalgia, principalmente. Como uma pessoa que viu a maioria dos filmes dele, devo dizer que é um dos filmes em que ele fica mais quieto, quase não fala, quase não choca nesse aspecto - mas, sinceramente, não tem nem o porquê. Tudo que se vê é uma máquina, focada e ferida, tentando sanar as próprias dores de todas as formas possíveis.
E a última cena... Ah! Só aquela expressão de "uma compreensão súbita de mundo e/ou algo mais profundo que o esperado" já descreve. Sinceramente, quase não reparei na trilha sonora, de tão focada que estava - e, pelo menos quanto a isso, não posso fazer crítica alguma por motivos óbvios.
Mas se por um lado atuação dele foi maravilhosa, e a fotografia bela, pelo outro o roteiro é raso - um filme que provavelmente não ganhará de "Melhor Filme", tudo pelo peso do roteiro (onde arrisco dizer que pesa mais que as demais categorias).
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista Agora"Into the Woods" é um filme que desconstrói finais felizes e é sim feito para os pais, de almas sensíveis, das crianças que estão no cinema - um filme sobre desapego, sobre lidar com os próprios erros, e acima de tudo sobre as crianças ouvirem sim o que falam (podendo seguir ou não); de forma que seus pais tenham que saber lidar com isso. Um filme sobre continuar seguindo em frente depois de se ser destroçado, sobre tentar quando não se faz idéia do que se está fazendo.
E, cá entre nós, um filme que dá maior perspectiva quanto ao erro.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraO filme mais doce que eu já vi. <3
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista AgoraApenas tenho isso a dizer: um filme lindo. Não consigo pensar em mais nenhuma palavra aceitável.
Os Croods
3.7 1,1K Assista AgoraPossui um bom roteiro, de forma que possamos compará-lo ao aspecto filosófico do "Homem e a Caverna" (onde existem várias pessoas morando em uma caverna, ou nas profundezas da mesma, e julgam loucos os que ousam dela sair. A caverna representa um local onde a curiosidade e o conhecimento são arduamente repudiados) além de toda a trama familiar bem desenvolvida (ainda que sutilmente clichê, claro. Mas considerando-se o real intuito do filme, "clichê" não é algo tão ruim assim) e psicológico limitado propositalmente, das personagens - havendo, ali, uma descoberta de sentimentos e toda uma gama de novidades que levam o telespectador a divagar sobre conceitos de mudanças e idéias. Ouso dizer que o longa ficaria com um traço mais bonito em 2D, considerando as cenas iniciais e finais, mas a animação não deixa a desejar nesse aspecto.
Além disso, um comentário bem pessoal: é o tipo de filme que seria muito bem utilizado para se ensinar algo útil às crianças (na verdade, é um filme de adultos feito para crianças), uma vez que achei o longa uma animação muito mais profunda que a maioria vista por aí.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraJá vi que vou demorar pra conseguir ver o filme... :/
Gravidade
3.9 5,1K Assista AgoraO filme apresenta uma boa técnica quanto à filmagem, surpreendendo-nos com filmagens em "primeira pessoa" e transmitindo de uma forma mais proveitosa as sensações desejadas (tais como desespero, principalmente nas cenas em que a protagonista corre contra o tempo e ausência de CO2; falta de ar, durante as cenas de CO2; reflexos involuntários, que ocorrem nas cenas principais e etc). A empatia para com a protagonista dá um toque muito mais humano - e só a idéia de que tudo isso poderia ocorrer e ninguém saberia, suspeitaria ou ligaria, só dá mais ênfase ao sentimento - mas não ao ponto de tornar um filme todo um dramalhão blockbuster baseado só no emocional. Pelo contrário, o filme contém ações até demais, e isso não dá sossego ao telespectador - que sempre está em alerta e tenso, esperando o pior e quase sendo GUIADO ao desejo de que todo o sofrimento dela acabe. O alívio humorístico é bem utilizado e o personagem de Clooney muito bem aproveitado. Ouvi críticas sobre o filme, onde comentam que George Clooney rouba a cena mesmo sendo coadjuvante. Diria que não, mas que é sim importante no papel de desenvolvimento da protagonista - ao ponto de seu ápice (o de Clooney) ser o delírio, que só acrescenta para com a empatia por Sandra.
A atenção dada aos detalhes, principalmente à física envolvida no espaço, é extasiante e surpreendente. Ao ponto de comover o telespectador logo no finalzinho do filme (se ele já não tiver chorado durante todo o restante) - um detalhezinho tão sutil, tão "bobo" para tantos filmes, que dá todo o toque de vitória de Oscar à cena. A trilha sonora (ou a ausência dela) é muito bem utilizada, sem exageros ou o clichê básico de créditos ao som de alguma música feliz que dá empolgação sem motivo ao cinéfilo.
Sem dúvida alguma, "Gravidade" é uma ótima pedida (valendo TODO O DINHEIRO gasto no cinema), tendo como forte tanto a técnica como a roteirização (uma combinação difícil de se encontrar), e que ouso dizer: digna de Oscar.
Além da Escuridão: Star Trek
4.0 1,4K Assista AgoraO filme teve ação ao ponto das situações começarem a se tornar repetitivas, insuportáveis e previsíveis. Houve fuga de (em) alguns aspectos de personalidade de personagens, porém manteve uma ótima trilha sonora (que muitas vezes pareceu sustentar o filme inteiro, se a introdução do filme não contar como clímax). Uma boa pedida para quem se quer Nostalgia pura, mas que jamais compararia com o que já foi lançado anteriormente ou ligaria para detalhes relacionados à forma tecnológica ou com que o filme foi reproduzida.
Meu Namorado é um Zumbi
2.9 2,6K Assista AgoraJurei que não veria o filme, uma vez que o enredo não parece nem um pouco promissor e não consigo ficar nem um pouco atraída por uma história de zumbis. O filme brinca com um tema muitas vezes vão (mas de profunda reflexão) e o faz tomar grandes proporções, tem momentos de comédia um pouco "ingênua" e usa e abusa do que muita gente queria na vida: trilha sonora - sem jamais deixar de expor que os próprios personagens que ativam a trilha sonora. Contém um ritmo lento, quase me fazendo desistir de continuar. Mas a trama começa a ficar sutilmente interessante quando as críticas sobre tudo o que todo ser precisa é "reaprender a viver", "ter esperanças", "se afastar um pouco de tecnologia" e o que poderíamos chamar de "sentir" - tornar-se sensível a algo, absorver suas sensações como se fosse a primeira vez. Essa parte do enredo é muito bem reaproveitada (e até mal usada, por reaproveitarem demais algo que manipula tão bem vários de seus espectadores) em filmes de grande orçamento, cujo enredo prende de forma melhor e a reflexão acaba se tornando vã - sendo apenas um motivador, por exemplo.
Não existiram explicações suficientes sobre como tudo ocorreu, deixando o espectador à deriva de como tudo começou - uma vez que a clássica resposta seria um "isso não faz sentido, afinal, uma pessoa que eu conheço morreu e mesmo com alguém a amá-la, ela não voltou à vida", despertando-o assim do enredo. No entanto, talvez o espectador em questão decida deixar para lá e simplesmente aceitar a idéia e vê-lo como um filme que, como muitos disseram, encaixa-se bem no lado "Sessão da Tarde", de cada um de nós.
Dezesseis Luas
2.6 1,4K Assista AgoraUm enredo que parecia promissor mostrou-se uma total decepção.