O documentário ''Seoul Train'' me deixou destroçado, é um dos mais aterrorizantes e angustiantes que pude ver. E pela data de lançamento, já fazem mais de 10 anos que uma das maiores crises humanitárias do mundo não teve nenhum progresso em relação as vidas dos refugiados norte coreanos. A grande verdade é que as perspectivas retroagiram de forma ainda mais alarmante, onde nenhuma nação opta por confrontar a China. Milhares de norte coreanos tentam atravessar a fronteira com a China, para dali tentarem ir a Coréia do Sul via Mongólia, e de qualquer forma escapar da fome e falta de liberdade e perspectivas na Coréia do Norte. O governo chinês, único aliado da Coréia do Norte, categoriza como imigrantes ilegais e os prende, mandando-os de volta para a Coréia do Norte, onde a deserção é considerada crime capital e implica em no mínimo pena de trabalhos forçados e punições das mais severas. Algumas organizações humanitárias, entre elas os Médicos Sem Fronteiras e a Comissão de Refugiados das Nações Unidas lutam pelos direitos dos norte coreanos, tentando, geralmente em vão, argumentar com o Ministério das Relações Exteriores do governo chinês. No documentário são mostrados alguns líderes ativistas, inclusive um considerado o Schindler coreano, pela forma como ele tenta ajudar os refugiados, e algumas pessoas dispostas a lutar por maior reconhecimento internacional da causa. Uma das maiores crises humanitárias do mundo, sem dúvida, mas que na contramão do progresso chinês, onde seu poderio só eleva sua falta de perspectiva para os direitos humanos, onde uma macabra coincidência que quanto mais a China se consolida como uma grande potência, mais tirana ela fica. A Coréia do Norte é como uma criação do mais utópico comunismo, e só serve para algum pouco turismo. A realidade é que um colapso do regime causaria uma crise sem precedentes para a própria China, que na prática absorveria mais imigrantes norte coreanos que a própria Coréia do Sul. Uma unificação é praticamente impensável, esta sim a mais utópica das possíveis realidades. A época do documentário, Kim Jong-Il ainda governava, hoje já estamos sob a égide bizarra de seu filho, que vem se mostrando um líder estúpido e amalucado, blefando internacionalmente e tentando consolidar ainda mais seu poder, que já é absoluto, na mais irracional nação do mundo. As relações internacionais só pioram, seja com a Coréia do Sul, seja do Ocidente em relação a China. Estima-se hoje que beira o milhão o número de tentativas de deserção e refúgio, mas de números cada vez mais desconhecidos, e de cada vez mais mãos lavadas da comunidade internacional. Os milhares de norte coreanos que tentam acabam sendo presos e mandados de volta. A China é irredutível em suas políticas, e é as perspectivas de nação mais poderosa do mundo só fazem com que ela não queira absorver os problemas da Coréia do Norte. Quando conveniente, a China anexa uma região (Mongólia Interior e Tibete, por exemplo), em busca de bens naturais, clama que por direito o território é seu. A Coréia do Norte resta como fantoche, inapta a qualquer reforma, com milhões de esfomeados e pessoas destroçadas, sem qualquer recurso, indesejada mesmo pelos sul coreanos. E pensar que a guerra já dura décadas, hoje a sociedade sul coreana já é bem separada da norte coreana, apesar de algumas famílias separadas pela fronteira, a grande maioria já sabe da utopia de uma unificação, e não creem tanto nos blefes de Pyongyang, ao contrário do mundo. Eles sofrem em silêncio, mas como se aceitassem o destino de que seus irmãos padecerão, e não são mais eles quem poderão salvá-los. Não há possibilidade de nenhuma incursão para derrubar o regime, a reforma viria de dentro, mas pouco se sabe de dentro do país. Sabemos que cada vez mais o mundo ri de Jong-un, mas esquece de seus cidadãos que morrem aos poucos. Jong-un tenta sequestrar uma atenção do mundo afim de atrair alguns poucos recursos, mas no fim acaba virando um ciclo macabro de alimentação do culto, onde não existe oposição ou rebeldia, apenas culto a ideia Juche. De tempos em tempos, Jong-un tentará voltar alguma atenção para si, e logo será ridicularizado ou esquecido. Posteriormente, tenta alguma incursão militar, algum missilzinho no mar do Japão, ganha notícias, ganha algum retorno de organizações humanitárias, e fim. O povo caducando, morrendo, e o colapso perdurará. Percebo uma grande ironia de inúmeros comentários com a celebração na época da escolha de Pequim como cidade das Olimpiadas. O COI e o mundo curvavam-se naquele que seria o símbolo da hipocrisia, celebrar o país que mais comete atrocidades no mundo, seja na fronteira com a Coréia do Norte, seja contra Taiwan, seja na Mongólia Interior e no Tibete, seja contra seus cidadãos comuns removidos e mortos. O mundo celebra a China, e o mundo ignorará tudo que se opor a ela. Esta é a faceta das próximas décadas, cada vez mais consolidados, e infelizmente com milhões de usurpados e mortos.
Vou lembrar pra sempre daqueles que são retratados no filme.
''O país está tão próspero que agora podemos parar um rio!'' _
''É muito difícil ser um ser humano, mas ser um cidadão comum na China é mais difícil ainda. A China é muito dura para pessoas comuns. Alguns oficiais são como bandidos, roubando, quebrando, destruindo. Até ter um teto é difícil. Quando nos obrigam a nos mudar, somos despejados e apanhamos. Se não há dinheiro para subornar os oficiais, eles transformam nossa vida num inferno. Para pessoas comuns vivendo o dia a dia...não é nada fácil.''
Às lágrimas, o simples comerciante, com o busto de Mao ao fundo, agoniza relatando o que é ser chinês. Um cidadão comum.
Este é realmente um dos grandes documentários sobre a China contemporânea.
Um filme que homenageia o Brasil (mas as cenas no nosso país foram feitas na Colômbia), e o personagem principal sempre cita da sua vida aqui, onde foi vizinho de Ronaldo Nazário de Lima e nunca se interessou por nenhuma mulher ''que dançam em plumas''. A sensacional trilha sonora conta com fados portugueses (os produtos devem ter pensado que é um estilo famoso por aqui), Gilberto Gil, technos de Macau e a grande música da carreira da diva taiwanesa Teresa Teng, Wo Zhi Zai Hu Ni (I Only Care For You), recorrente para a tema como um todo.
A técnica de filmagem é da notória escola honconguesa, e o filme conta com pontas de estrelas do cinema chines, taiwanês e honconguês. É um misto de comédia dramática com filmes policiais que fizeram a escola de cinema de Hong Kong, cheio de referências boas e outras incrivelmente ruins, mas que dão um charme todo especial ao filme. Não se sabe o porque da homenagem ao Brasil, já que o fato de Leopardo da Montanha ter vivido aqui pouco importa para a trama, mas são recorrentes os fatos citados do BÁH-CIL serem uma forma de homenagear nosso país. Eric Tsang até tenta umas frases em português.
O filme me chamou atenção pelo título, ''Metade Fumaca'', lançado internacionalmente em português mesmo, e sem a cedilha. É um filme cultuado pelos fãs de cinema honconguês e vale a pena conferir.
''Petição'' é um excelente documentário de Zhao Liang, aonde a imersão é plena, o que de fato é aterrorizante. Terror é o sentimento recorrente ao assisti-lo.
Por anos o documentarista acompanha a saga de peticionários chineses, sendo a petição um reles formulário aonde o cidadão faz reclamações buscando justiça, sendo que a instância maior são os tribunais centrais da capital Pequim. Esta é a única forma conhecida de justiça para milhões de chineses. São anos buscando alguma indenização, retratação ou compensação por danos diversos, desde abusos da polícia, de chefes de vilarejos ou pequenas cidades, casos de suborno, estupros, descaso do poder público, entre milhares de outras reivindicações. Formam-se pequenas aglomerações de barracos próximos ao local de análise das petições, para que os peticionários recorram aos ''tribunais'' todos os dias, ao pelo menos tentem. Nas pequenas vilas e cidades os peticionários já são oprimidos ou expulsos sem maiores explicações, prisões e espancamentos por autoridades são comuns. Os peticionários então partem a Pequim, na esperança que o governo central os ouça, mas muitos já chegaram a conclusão que a busca é em vão.
O diretor acompanha diversos cidadãos, estes que já se denominam como cidadãos peticionários. A dor de cada cidadão é exposta de forma muito intensa e cruel, coletando relatos e posteriormente filmando com uma câmera escondida o desserviço das autoridades chinesas, dos policiais aos analistas de petições. Os casos vão sendo mostrados e você acompanha toda a luta de cada um.
Alguns cidadãos já chegaram a constatação de que não há evolução da sociedade chinesa sem reformas. O PC Chinês, único e central, jamais tolerará qualquer revolta, poucos são os corajosos cidadãos que levantam questionamentos ao partido. Qualquer forma de oposição é exterminada.
Um filme que mostra bem a busca de justiça por cidadãos comuns da China é http://filmow.com/a-historia-de-qiu-ju-t11624/ Qiu Jiu, uma camponesa, busca apenas a retratação de um líder de sua vila que aleijou seu esposo, saindo dos confins da China em busca de peticionar as autoridades centrais de Pequim. Outro caso claro de corrupção a moda chinesa é no primeiro conto de http://filmow.com/um-toque-de-pecado-t77798/. Em ''Um Toque de Pecado'', o cidadão Dahai questiona um líder local sobre o dinheiro desviado de uma grande venda de propriedade, que traria melhorias para a sociedade, mas que só se viu o enriquecimento absurdo do próprio líder. O acobertamento do contador da cidade e após diversas recusas do líder da cidade em recebe-lo levam Dahai a revolta. Com os poucos filmes que ousam demonstrar a revolta do cidadão comum, podemos notar que pouco mudou na noção de justiça desde a Revolução Cultural. O país que cresce absurdamente ao ano pouco implementou em reformas, alçou a classe média 400 milhões de habitantes, mas ainda são outros 600 milhões de miseráveis, além de remoções diversas, opressão aos povos da Mongólia Interior (anexada), Tibet (invadido), Xinjiang, além de problemas com Taiwan (que considera uma província rebelde) e o sistema jurídico ''ocidental'' de Hong Kong. Só não houve uma nova ocupação de Tianmen (1989, conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial) pois o crescimento econômico provê, em teoria, bem estar social da maioria. Só não se sabe quando a demanda por democracia e fim da corrupção vai estourar.
Os grandes cineastas da China precisam de financiamento internacional e são grandes párias para o Partido Comunista, vivem na ilegalidade e somente através de seus filmes conseguem demonstrar sua oposição e mostrar a realidade da China. Zhao Liang é um grande documentarista e precisa ser mais conhecido.
Petição é uma daquelas grandes obras que você nunca mais quer voltar a ver para não ter a mesma experiência, neste caso de completo terror, revolta e tristeza.
''Eu me apaixonei no primeiro instante. Sei, muito bem, que você deve estar acostumado a ouvir mulheres dizendo que o amam. Mas, por favor, acredite em mim. Nenhuma mulher o ama com tanta devoção como eu amo no passado, e até agora. Nada neste mundo pode se comparar ao amor de uma menina, que ainda nem tem consciência disso, porque esse amor é sem esperanças e submisso, paciente e apaixonado. Este amor é diferente do amor ilimitado de mulheres adultas Somente uma menina solitária consegue manter juntos, o amor e a paixão. Eu não estava preparada para isso, mas é o meu destino. Como uma queda no abismo. A partir desse momento
O personagem de Zhao Benshan lembra o mesmo senhor Zhao de Happy Times (Zhang Yimou), daria pra dizer que é o mesmo personagem! O timing cômico nos leva a uma deliciosa interpretação de todos os sentimentos que afligem e inspiram os seres humanos. Cada personagem que interage com Zhao e seu amigo nos emocionam, por trazerem seus medos, seus traumas e suas perspectivas. O filme mostra de forma trágico-cômica a falta de solidariedade, ganância e miséria; mas de forma mais pujante o amor, a lealdade e beleza nas relações humanas.
Zhao é sempre o ser errante, humilde e de pouco conquistado na vida, mas adorável em sua compaixão, lealdade e amizade. Ele se mostra como aquele que é só e tem muito pouco, mas tem um coração belíssimo.
Yang Zhang mais uma vez nos traz um filme incrível. Todos filmes que vi dele mostram certas peculiaridades do diretor, e nesse a sempre frequente história da China contada de forma paralela não fica evidente, neste filme é mostrado mais a beleza das paisagens e os costumes de cada região, sem mostrar a voracidade da China moderna como acompanhamos em Flores do Amanhã e Banhos.
Sempre vem a clemência para que mais pessoas conheçam este filme e este diretor.
Revolução Cultural de tantos amores perdidos, famílias destroçadas e histórias tristes.
Achei um filme sobretudo corajoso, apesar das milhões de vidas ceifadas e tragédias sem fim, a Revolução Cultural sempre é vista e retratada como um dos pilares da sociedade chinesa, definida assim pelo grande pai da nação, Mao Zedong. Temendo repreensões diversas dos censores chineses, acho bravo que a diretora tenha mostrado que a corrupção assola o país desde sempre, onde os ideais comunistas podiam ser manipulados como forma de subornos, privilégios e abusos. O filme tem o bravo tibetano Lao Jin, personagem fiel e zeloso com Xiu Xiu, além de ser de uma etnia constantemente sobrepujada pelos chineses, ele se mostra incorruptível.
O filme começa leve, parecendo rumar a uma propaganda de leve do PC Chinês. Aos poucos ele vai te dilacerando, e ao fim você está tão sobrepujado e dilacerado quanto Lao Jin e Xiu Xiu.
Surpresa também ter visto que a diretora é a bela e talentosa atriz Joan Chen!
Que ator estupendo este Rodrigo Noya! Uma criança genial sem soar artificial ou forçado, de sensibilidade ímpar, divagando sobre o que mais aflige a si mesmo e os adultos ao redor.
Todos personagens são ótimos e o filme poderia ser mais longo. Um pouco de Tornatore, um padrão argentino de contar lindas histórias, a direção sensível de Agresti e atores formidáveis. Coisa linda este filme, daqueles que revigoram os sentimentos e que aprimoram o caráter.
Extremamente bem montado, cativante e belo. Excelente trilha sonora e me emocionou em várias passagens, é sensacional a forma como ele mostra as metas da vida de cada um, bem como seu caráter e as emoções aflorando. É contagiante em vários momentos e parte seu coração em outros. Parece que temos um mocinho e um vilão, e o duelo é explorado de forma perfeita.
Metas, caráter, domínio, rivalidade, pressão, estresse. tristeza, expectativa, orgulho, arrogância....tanta coisa que o documentário mostrou bem nessa história que parecia focada nos games mas serve mais para apresentar vidas.
Que saudades de Fliperamas e agora tenho vontade imensa de conhecer um lugar como a Funsport. E o Walter Day rouba a cena, que figuraça.
Silêncio
3.8 576Issei Ogata é ídolo.
Seoul Train
3.7 2O documentário ''Seoul Train'' me deixou destroçado, é um dos mais aterrorizantes e angustiantes que pude ver. E pela data de lançamento, já fazem mais de 10 anos que uma das maiores crises humanitárias do mundo não teve nenhum progresso em relação as vidas dos refugiados norte coreanos.
A grande verdade é que as perspectivas retroagiram de forma ainda mais alarmante, onde nenhuma nação opta por confrontar a China. Milhares de norte coreanos tentam atravessar a fronteira com a China, para dali tentarem ir a Coréia do Sul via Mongólia, e de qualquer forma escapar da fome e falta de liberdade e perspectivas na Coréia do Norte. O governo chinês, único aliado da Coréia do Norte, categoriza como imigrantes ilegais e os prende, mandando-os de volta para a Coréia do Norte, onde a deserção é considerada crime capital e implica em no mínimo pena de trabalhos forçados e punições das mais severas. Algumas organizações humanitárias, entre elas os Médicos Sem Fronteiras e a Comissão de Refugiados das Nações Unidas lutam pelos direitos dos norte coreanos, tentando, geralmente em vão, argumentar com o Ministério das Relações Exteriores do governo chinês. No documentário são mostrados alguns líderes ativistas, inclusive um considerado o Schindler coreano, pela forma como ele tenta ajudar os refugiados, e algumas pessoas dispostas a lutar por maior reconhecimento internacional da causa. Uma das maiores crises humanitárias do mundo, sem dúvida, mas que na contramão do progresso chinês, onde seu poderio só eleva sua falta de perspectiva para os direitos humanos, onde uma macabra coincidência que quanto mais a China se consolida como uma grande potência, mais tirana ela fica. A Coréia do Norte é como uma criação do mais utópico comunismo, e só serve para algum pouco turismo. A realidade é que um colapso do regime causaria uma crise sem precedentes para a própria China, que na prática absorveria mais imigrantes norte coreanos que a própria Coréia do Sul. Uma unificação é praticamente impensável, esta sim a mais utópica das possíveis realidades. A época do documentário, Kim Jong-Il ainda governava, hoje já estamos sob a égide bizarra de seu filho, que vem se mostrando um líder estúpido e amalucado, blefando internacionalmente e tentando consolidar ainda mais seu poder, que já é absoluto, na mais irracional nação do mundo. As relações internacionais só pioram, seja com a Coréia do Sul, seja do Ocidente em relação a China. Estima-se hoje que beira o milhão o número de tentativas de deserção e refúgio, mas de números cada vez mais desconhecidos, e de cada vez mais mãos lavadas da comunidade internacional. Os milhares de norte coreanos que tentam acabam sendo presos e mandados de volta. A China é irredutível em suas políticas, e é as perspectivas de nação mais poderosa do mundo só fazem com que ela não queira absorver os problemas da Coréia do Norte. Quando conveniente, a China anexa uma região (Mongólia Interior e Tibete, por exemplo), em busca de bens naturais, clama que por direito o território é seu. A Coréia do Norte resta como fantoche, inapta a qualquer reforma, com milhões de esfomeados e pessoas destroçadas, sem qualquer recurso, indesejada mesmo pelos sul coreanos. E pensar que a guerra já dura décadas, hoje a sociedade sul coreana já é bem separada da norte coreana, apesar de algumas famílias separadas pela fronteira, a grande maioria já sabe da utopia de uma unificação, e não creem tanto nos blefes de Pyongyang, ao contrário do mundo. Eles sofrem em silêncio, mas como se aceitassem o destino de que seus irmãos padecerão, e não são mais eles quem poderão salvá-los. Não há possibilidade de nenhuma incursão para derrubar o regime, a reforma viria de dentro, mas pouco se sabe de dentro do país. Sabemos que cada vez mais o mundo ri de Jong-un, mas esquece de seus cidadãos que morrem aos poucos. Jong-un tenta sequestrar uma atenção do mundo afim de atrair alguns poucos recursos, mas no fim acaba virando um ciclo macabro de alimentação do culto, onde não existe oposição ou rebeldia, apenas culto a ideia Juche. De tempos em tempos, Jong-un tentará voltar alguma atenção para si, e logo será ridicularizado ou esquecido. Posteriormente, tenta alguma incursão militar, algum missilzinho no mar do Japão, ganha notícias, ganha algum retorno de organizações humanitárias, e fim. O povo caducando, morrendo, e o colapso perdurará.
Percebo uma grande ironia de inúmeros comentários com a celebração na época da escolha de Pequim como cidade das Olimpiadas. O COI e o mundo curvavam-se naquele que seria o símbolo da hipocrisia, celebrar o país que mais comete atrocidades no mundo, seja na fronteira com a Coréia do Norte, seja contra Taiwan, seja na Mongólia Interior e no Tibete, seja contra seus cidadãos comuns removidos e mortos. O mundo celebra a China, e o mundo ignorará tudo que se opor a ela. Esta é a faceta das próximas décadas, cada vez mais consolidados, e infelizmente com milhões de usurpados e mortos.
Vou lembrar pra sempre daqueles que são retratados no filme.
Subindo o Rio Amarelo
4.3 1 Assista Agora''O país está tão próspero que agora podemos parar um rio!''
_
''É muito difícil ser um ser humano, mas ser um cidadão comum na China é mais difícil ainda. A China é muito dura para pessoas comuns. Alguns oficiais são como bandidos, roubando, quebrando, destruindo. Até ter um teto é difícil. Quando nos obrigam a nos mudar, somos despejados e apanhamos. Se não há dinheiro para subornar os oficiais, eles transformam nossa vida num inferno. Para pessoas comuns vivendo o dia a dia...não é nada fácil.''
Às lágrimas, o simples comerciante, com o busto de Mao ao fundo, agoniza relatando o que é ser chinês. Um cidadão comum.
Este é realmente um dos grandes documentários sobre a China contemporânea.
Metade Fumaca
3.4 1Da série: filmes que só eu vi.
Um filme que homenageia o Brasil (mas as cenas no nosso país foram feitas na Colômbia), e o personagem principal sempre cita da sua vida aqui, onde foi vizinho de Ronaldo Nazário de Lima e nunca se interessou por nenhuma mulher ''que dançam em plumas''. A sensacional trilha sonora conta com fados portugueses (os produtos devem ter pensado que é um estilo famoso por aqui), Gilberto Gil, technos de Macau e a grande música da carreira da diva taiwanesa Teresa Teng, Wo Zhi Zai Hu Ni (I Only Care For You), recorrente para a tema como um todo.
A técnica de filmagem é da notória escola honconguesa, e o filme conta com pontas de estrelas do cinema chines, taiwanês e honconguês. É um misto de comédia dramática com filmes policiais que fizeram a escola de cinema de Hong Kong, cheio de referências boas e outras incrivelmente ruins, mas que dão um charme todo especial ao filme. Não se sabe o porque da homenagem ao Brasil, já que o fato de Leopardo da Montanha ter vivido aqui pouco importa para a trama, mas são recorrentes os fatos citados do BÁH-CIL serem uma forma de homenagear nosso país. Eric Tsang até tenta umas frases em português.
O filme me chamou atenção pelo título, ''Metade Fumaca'', lançado internacionalmente em português mesmo, e sem a cedilha. É um filme cultuado pelos fãs de cinema honconguês e vale a pena conferir.
Petição
4.4 1''Petição'' é um excelente documentário de Zhao Liang, aonde a imersão é plena, o que de fato é aterrorizante. Terror é o sentimento recorrente ao assisti-lo.
Por anos o documentarista acompanha a saga de peticionários chineses, sendo a petição um reles formulário aonde o cidadão faz reclamações buscando justiça, sendo que a instância maior são os tribunais centrais da capital Pequim. Esta é a única forma conhecida de justiça para milhões de chineses. São anos buscando alguma indenização, retratação ou compensação por danos diversos, desde abusos da polícia, de chefes de vilarejos ou pequenas cidades, casos de suborno, estupros, descaso do poder público, entre milhares de outras reivindicações. Formam-se pequenas aglomerações de barracos próximos ao local de análise das petições, para que os peticionários recorram aos ''tribunais'' todos os dias, ao pelo menos tentem. Nas pequenas vilas e cidades os peticionários já são oprimidos ou expulsos sem maiores explicações, prisões e espancamentos por autoridades são comuns. Os peticionários então partem a Pequim, na esperança que o governo central os ouça, mas muitos já chegaram a conclusão que a busca é em vão.
O diretor acompanha diversos cidadãos, estes que já se denominam como cidadãos peticionários. A dor de cada cidadão é exposta de forma muito intensa e cruel, coletando relatos e posteriormente filmando com uma câmera escondida o desserviço das autoridades chinesas, dos policiais aos analistas de petições. Os casos vão sendo mostrados e você acompanha toda a luta de cada um.
Alguns cidadãos já chegaram a constatação de que não há evolução da sociedade chinesa sem reformas. O PC Chinês, único e central, jamais tolerará qualquer revolta, poucos são os corajosos cidadãos que levantam questionamentos ao partido. Qualquer forma de oposição é exterminada.
Um filme que mostra bem a busca de justiça por cidadãos comuns da China é http://filmow.com/a-historia-de-qiu-ju-t11624/ Qiu Jiu, uma camponesa, busca apenas a retratação de um líder de sua vila que aleijou seu esposo, saindo dos confins da China em busca de peticionar as autoridades centrais de Pequim. Outro caso claro de corrupção a moda chinesa é no primeiro conto de http://filmow.com/um-toque-de-pecado-t77798/. Em ''Um Toque de Pecado'', o cidadão Dahai questiona um líder local sobre o dinheiro desviado de uma grande venda de propriedade, que traria melhorias para a sociedade, mas que só se viu o enriquecimento absurdo do próprio líder. O acobertamento do contador da cidade e após diversas recusas do líder da cidade em recebe-lo levam Dahai a revolta. Com os poucos filmes que ousam demonstrar a revolta do cidadão comum, podemos notar que pouco mudou na noção de justiça desde a Revolução Cultural. O país que cresce absurdamente ao ano pouco implementou em reformas, alçou a classe média 400 milhões de habitantes, mas ainda são outros 600 milhões de miseráveis, além de remoções diversas, opressão aos povos da Mongólia Interior (anexada), Tibet (invadido), Xinjiang, além de problemas com Taiwan (que considera uma província rebelde) e o sistema jurídico ''ocidental'' de Hong Kong. Só não houve uma nova ocupação de Tianmen (1989, conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial) pois o crescimento econômico provê, em teoria, bem estar social da maioria. Só não se sabe quando a demanda por democracia e fim da corrupção vai estourar.
Os grandes cineastas da China precisam de financiamento internacional e são grandes párias para o Partido Comunista, vivem na ilegalidade e somente através de seus filmes conseguem demonstrar sua oposição e mostrar a realidade da China. Zhao Liang é um grande documentarista e precisa ser mais conhecido.
Petição é uma daquelas grandes obras que você nunca mais quer voltar a ver para não ter a mesma experiência, neste caso de completo terror, revolta e tristeza.
A Menina e o Ovo de Anjo
4.0 125''Anata wa daaarê?''
O Que Eu Mais Desejo
4.0 126 Assista Agora''Quando crescer quero ser um Kamen Rider!''
Pão da Felicidade
4.2 81Nesta vida só os carboidratos me fizeram feliz.
As Coisas Simples da Vida
4.3 119Se puder escolher um filme para explicar o seu amor pela sétima arte, escolha este aqui.
Carta De Uma Desconhecida
4.1 1''Eu me apaixonei no primeiro instante.
Sei, muito bem, que você deve estar acostumado a ouvir mulheres
dizendo que o amam.
Mas, por favor, acredite em mim.
Nenhuma mulher o ama com tanta devoção como eu amo
no passado, e até agora.
Nada neste mundo pode se comparar ao amor de uma menina,
que ainda nem tem consciência disso,
porque esse amor é sem esperanças e submisso,
paciente e apaixonado.
Este amor é diferente do amor ilimitado de mulheres adultas
Somente uma menina solitária
consegue manter juntos,
o amor e a paixão.
Eu não estava preparada para isso, mas é o meu destino.
Como uma queda no abismo.
A partir desse momento
Você é o único em meu coração.''
Amor em seu estado pleno. Que belíssimo filme!
Indo Para Casa
4.2 28 Assista AgoraÉ o melhor road movie que eu já vi!
O personagem de Zhao Benshan lembra o mesmo senhor Zhao de Happy Times (Zhang Yimou), daria pra dizer que é o mesmo personagem! O timing cômico nos leva a uma deliciosa interpretação de todos os sentimentos que afligem e inspiram os seres humanos. Cada personagem que interage com Zhao e seu amigo nos emocionam, por trazerem seus medos, seus traumas e suas perspectivas. O filme mostra de forma trágico-cômica a falta de solidariedade, ganância e miséria; mas de forma mais pujante o amor, a lealdade e beleza nas relações humanas.
Zhao é sempre o ser errante, humilde e de pouco conquistado na vida, mas adorável em sua compaixão, lealdade e amizade. Ele se mostra como aquele que é só e tem muito pouco, mas tem um coração belíssimo.
Yang Zhang mais uma vez nos traz um filme incrível. Todos filmes que vi dele mostram certas peculiaridades do diretor, e nesse a sempre frequente história da China contada de forma paralela não fica evidente, neste filme é mostrado mais a beleza das paisagens e os costumes de cada região, sem mostrar a voracidade da China moderna como acompanhamos em Flores do Amanhã e Banhos.
Sempre vem a clemência para que mais pessoas conheçam este filme e este diretor.
Qual foi a cena que vocês mais riram?
Com certeza foi a do espantalho! Hhahaha
Tampopo: Os Brutos Também Comem Spaghetti
4.0 67Da série: filmes que explicam a vida.
Xiu Xiu: The Sent Down Girl
3.9 1Revolução Cultural de tantos amores perdidos, famílias destroçadas e histórias tristes.
Achei um filme sobretudo corajoso, apesar das milhões de vidas ceifadas e tragédias sem fim, a Revolução Cultural sempre é vista e retratada como um dos pilares da sociedade chinesa, definida assim pelo grande pai da nação, Mao Zedong. Temendo repreensões diversas dos censores chineses, acho bravo que a diretora tenha mostrado que a corrupção assola o país desde sempre, onde os ideais comunistas podiam ser manipulados como forma de subornos, privilégios e abusos. O filme tem o bravo tibetano Lao Jin, personagem fiel e zeloso com Xiu Xiu, além de ser de uma etnia constantemente sobrepujada pelos chineses, ele se mostra incorruptível.
O filme começa leve, parecendo rumar a uma propaganda de leve do PC Chinês. Aos poucos ele vai te dilacerando, e ao fim você está tão sobrepujado e dilacerado quanto Lao Jin e Xiu Xiu.
Surpresa também ter visto que a diretora é a bela e talentosa atriz Joan Chen!
Procura-se Amy
3.6 179 Assista AgoraBen Affleck sempre herói
Valentin
4.4 297Maravilhoso! Desidratei aqui de tanta beleza.
Que ator estupendo este Rodrigo Noya! Uma criança genial sem soar artificial ou forçado, de sensibilidade ímpar, divagando sobre o que mais aflige a si mesmo e os adultos ao redor.
Todos personagens são ótimos e o filme poderia ser mais longo. Um pouco de Tornatore, um padrão argentino de contar lindas histórias, a direção sensível de Agresti e atores formidáveis. Coisa linda este filme, daqueles que revigoram os sentimentos e que aprimoram o caráter.
Favoritado com certeza.
Os Reis do Kong: Uma Disputa Acirrada
4.0 23MINHA NOSSA. QUE DOCUMENTÁRIO EXCELENTE!
Extremamente bem montado, cativante e belo. Excelente trilha sonora e me emocionou em várias passagens, é sensacional a forma como ele mostra as metas da vida de cada um, bem como seu caráter e as emoções aflorando. É contagiante em vários momentos e parte seu coração em outros. Parece que temos um mocinho e um vilão, e o duelo é explorado de forma perfeita.
Metas, caráter, domínio, rivalidade, pressão, estresse. tristeza, expectativa, orgulho, arrogância....tanta coisa que o documentário mostrou bem nessa história que parecia focada nos games mas serve mais para apresentar vidas.
Que saudades de Fliperamas e agora tenho vontade imensa de conhecer um lugar como a Funsport. E o Walter Day rouba a cena, que figuraça.
Recomendado fortemente.
Corações Sujos
3.6 264 Assista AgoraJAPON GANYO GUERRA.