O filme Guerra Mundial Z tinha tudo para ser a grande bomba do ano. Em 2013, é a bomba que não explodiou! Era o que se esperava após as constantes notícias dos atrasos das filmagens, mudanças imprevistas no roteiro, prazos e orçamentos detonados e, mesmo depois de finalizado, os chefões da Paramount não gostaram do resultado final e diversas cenas precisaram ser regravadas. Mas o fato é que o filme comandado por Marc Foster (do excelente Em Busca da Terra do Nunca, filme tão bom que só de escrever esse título já me deu vontade de chorar!) é um Filmão com efe maiúsculo.
Já sabemos que a sensação do momento são os zumbis. George A. Romero trouxe com os seus clássicos – especialmente A Noite dos Mortos Vivos, 1968 – uma cultura nobre dos desmortos para o gênero terror que, embora popular ,era um gênero pouco estimado. Aplicou com muita pertinência símbolos de uma geração ao fazer uma crítica consumista pós-guerra do Vietnã e introduziu os padrões das construções mitológicas dos zumbis na cultura popular.
Entretanto Guerra Mundial Z, na verdade, é pouco sobre zumbis e mais sobre o caos – The Walking Dead, acredito eu, também! Assim como o seriado de sucesso, a mitologia “zumbiniana” é raramente trabalhada, exceto os clássicos arquétipos do “não se sabe como tudo isso começou” e “mordeu, já era: virou zumbi”. Com a negação dos arquétipos articulados por Romero, permite-se na obra produzida por Brad Pitt a construção de zumbis hiperbolizados. Aqui, o apocalipse previsto é a aniquilação rápida e em massa de humanos, tanto que não há tempo para rodeios e blá, blá, blá: nos primeiros cinco minutos de projeção a ação, o caos e a ansiedade já são eletrizantes e constantes e dão o tom convulsivo da obra até o último minuto de projeção.
Com várias sacadas interessantes, o mundo é devastado em cenas apoteóticas e o final inconclusivo – ainda mais após todo o sucesso do longa – garante mais duas sequencias para a fechar a trilogia épica de Marc Foster e Brad Pitt, como era previsto desde o início do projeto. Cinemão pipoca de primeira!
Wes Anderson e sua brilhante aventura sobre o mais sincero desejo humano
Wes Anderson é o diretor da excentricidade narrativa e sabe da força que uma história bem amarrada e contada exerce nos expectadores mais frequentes; os expectadores que reconhecem a principal timidez do cinema contemporâneo.
Realiza suas obras com o intento de serem vistas e não premiadas, o que talvez justifique sua presença “pelas beiradas” nas poucas premiações em que participa. É um diretor muito particular, de quem eu gosto muito. Diria: "um gênio!", em seu estilo. Em seu novo trabalho, personagens desconstruídos são apresentados de maneira brilhante em uma obra nunca menos que genuína. Em uma ilha inglesa dos anos 60, Sam, (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayard) – ótimos – apaixonam-se e decidem fugir do conservadorismo daqueles tempos, os dois, com apenas 12 anos. Eles estão deslocados e aprisionados em seus mundos sem probabilidades. Sam, um escoteiro órfão e sem amigos e Suzy, uma garota depressiva e incompreendida. Juntos, decidem encontrar um canto, um mundo, somente para eles e, assim, atravessam campos, florestas, rios e encontram uma pequena ilha que recebe dos novos moradores o nome título do filme.
Eles estão “borbulhando” com a fase das novas descobertas. As autoridades da comunidade saem à procura das crianças em uma ação que vai desde os pais da menina, o xerife Capitão Shepard (Bruce Willis, um cara legal) e Chefe Ward (Edward Norton), líder dos escoteiros da cidade. Voltado para o estudo de personagens, pouco posso apresentar, uma vez que o desenvolvimento dos figurantes é o grande atrativo do longa. A magia do filme encontra-se em cada um deles. Soma-se ao roteiro bem construído, a presença de um elenco que nunca faz feio e em sincronia perfeita com o clima esdrúxulo proposto por Anderson. O elenco infantil, em especial a dupla principal, desenvolve um trabalho coeso equivalente aos integrantes do núcleo adulto, que ainda inclui os nomes de Bill Murray, Frances McDormand, Harvey Keitel e Tilda Swinton. É um filme de luz própria e que desperta em você o mais cobiçado dos desejos humanos: o amor.
NOTA: 9.0
Pessoal, sou jornalista especialista em cinema e documentário. Visitem o meu blog: http://www.ifronteira.com/blog-cinerama
Baseado no livro de Yann Martel, o novo filme do diretor Ang Lee estreia com a missão de conseguir evoluir com os trabalhos 3D após a exposição técnica de Avatar – feito somente para se lambuzar com a tecnologia – e a experiência mais que satisfatória de Scorsese com o seu memorável A Invenção Hugo Cabret. Antes de apontar a importância de As Aventuras de Pi para o cinema 3D, preciso discorrer sobre outros aspectos que me causaram sensações que há tempos não temperavam a minha ansiedade dentro de uma sala de projeção. O novo filme de Ang Lee, As Aventuras de Pi, nunca menos que encantador, propõe um diálogo sobre a existência humana e as vontades divinas, na crença de que Deus realmente existe, por meio de arquétipos do gênero fantástico que fazem do filme uma verdadeira experiência de entrega e, especialmente, redenção. Considero Ang Lee o diretor mais expressivo do cinema moderno. É sensível e sabe como nenhum outro o poder uma história bem contada. O cuidado com a imagem, cena após cena, é uma particularidade do diretor. Ao lado de Scorsese com o seu Hugo, o diretor aduba o cinema 3D ao maximizar emoções com o uso da tecnologia e não apenas impressionar o espectador com efeitos espetaculosos. Os trabalhos dos dois diretores supracitados exprimem o verdadeiro sentido da feitura em três dimensões: o cinema de sensações e não apenas de impressões. Agora mesmo, antes de postar esta crítica, analisei com mais cuidado a filmografia deste que é um dos meus diretores preferidos, e pude verificar que Pi não apenas é grande por sua força narrativa, mas grandioso devido ao talento e sensibilidade do diretor ao tratar de sentimentos, anseios e redenções. Quem assistiu ao belíssimo O Tigre e o Dragão – para citar apenas uma de suas obras mais revigorantes – sabe do que estou falando. Então chega o momento de sentar-se à frente da tela grande e conferir a obra que, previamente, julgava ser especial. As Aventuras de Pi é um dos momentos mais espirituosos do cinema contemporâneo, além de um marco do cinema fantástico. Há tempos não participava de uma projeção coletiva tão atenta e silenciosa. De fato, é um filme que exige respeito. Não se pode rebuscar algo negativo ou desagradável – ainda que permaneçam momentos imprecisos – diante de tamanha coerência narrativa e visual. A personagem título, Pi Patel (Suraj Sharma, ótimo!), vive com a família em um zoológico na Índia. Pi é um garoto desperto para a religião e tocado pela fé. Com sérios problemas financeiros, seu pai decide vender os animais no Canada e, assim, iniciarem uma nova vida no país. O navio cargueiro que transportava a família para o novo destino naufraga em uma tempestade. Pi é o único sobrevivente do desastre e precisa dividir o bote salva-vidas com um orangotango, uma zebra, uma hiena e Richard Parker, um raivoso tigre de bengala. Inicia-se, então, a grande metáfora proferida por Lee em sua obra. A segunda metade do filme é um desfile de efeitos – com efeito, o que é mais admirável, devo sublinhar! – e combate delirante de sobrevivência, sempre enraizada na fé e confiança divina. O evento é narrado pelo próprio Pi que, adulto, conta a sua história para um jovem escritor com bloqueio criativo. Nesses momentos, o filme perde a sua força. As conversas explicativas diminuem o ritmo da narrativa, porém, é certo que são necessárias para o final edificante que proclama a construção da crença e dos propósitos divinos. A intensidade estética visual que propõe o cenário e o drama de sobrevivência, e soma-se o perfeito acabamento e duelo entre Pi e o tigre Parker, fazem das duas horas de projeção pouco para tanto deslumbre imagético. Contudo, se existe algo também realmente válido em Pi é sua pontualidade. Para compensar a lentidão dos momentos iniciais – essenciais para a apresentação – do naufrágio aos minutos finais somos paralisados pela bela fotografia e conectados – preferi fugir do clichê “hipnotizados”! – com a jornada do herói religioso. O tigre – com quem o garoto precisa lidar após perder os outros animais – física e simbolicamente, expressa diversas interpretações que, caso você seja mais um que assista a obra com o coração aberto, tomará algumas horas de seus pensamentos após o término da sessão. A água é outro elemento fortemente simbólico e de cunho estético, muito bem trabalhado e discutido na impressa pelo diretor em várias entrevistas. Tudo é muito bem pensado, ensaiado e executado, o que resulta em um filme poderoso e de força para que o espectador possa, no mínimo, refletir. E, afinal de contas, qual a finalidade de uma obra de arte senão para fazer com que os seus pés encravem no chão enquanto o pensamento flutua na imensidão das possibilidades interpretativas? As Aventuras de Pi, em seu aspecto mais simbólico e imediato, é uma grande e fortificante oração de resgate e fé forjada pelas mais belas e sinceras imagens do ano. NOTA: 10
Eu sou jornalista e especialista em cinema e documentário. Visitem o meu blog: http://www.ifronteira.com/blog-cinerama
Uma geração desajustada ao som do rock alternativo Tentei resistir ao cartaz estilo “independente bacana” e o elenco de jovens à busca da desintoxicação de personagens predecessores, mas não consegui. Sem ter algo melhor para assistir e com medo de gostar, resolvi dar play no filme que estava de canto durante um bom tempo. Logan Lerman – de Percy Jackson e o Ladrão de Raios – aqui interpreta Charlie, um depressivo adolescente que precisa lidar a socialização no colégio após a morte do melhor amigo. Ele ainda guarda um terrível segredo de infância que o faz ter pensamentos suicidas. Emma Watson – a cansativa Hermione de Harry Potter – é Sam, uma garota que gosta de dançar esquisito, de “espírito livre”, destemida, com direito a cena de cabelos ao vento e braços abertos no capô de um carro. Ela também possui seus demônios da infância e encontra na nova amizade com Charlie, sentido para traçar metas e mudanças em sua vida conturbada. Ezra Miller – do intrigante Precisamos Falar com Kevin – é Patrick, irmão de Sam. Um homossexual nada convencional. Não é excluído e nunca estereotipado, um gay pouco afetado quanto à sua feminilidade. Não está propriamente “no armário”, como vale a expressão, mas mantém um relacionamento trancado a sete chaves.
Este é o pilar central de As Vantagens de Ser Invisível: o trio de personagens bem desenvolvidas e seus conflitos existenciais. Compreender o universo adolescente é um trabalho árduo para qualquer psicólogo, mas não para Stephen Chbosky, diretor, roteirista e autor da obra no qual o filme é inspirado. Na verdade, acredito eu, ser este o grande acerto do longa: centralizar o projeto nas mãos do idealizador da história para obter um resultado sensível e áspero na medida certa. O filme segue a tendência indie com muito cuidado. Para não fugir dos clichês – eficazes no gênero, é claro – surge uma personagem com uma tintura diferente nos cabelos aqui e outras que utilizam drogas ali. Como o intento não é escandalizar – muito pelo contrário, é um belo exercício de afago e compreensão das diferenças – bebidas alcoólicas são as mais frequentes. Agradou-me o fato de Chbosky não sexualizar a obra de maneira agressiva ou explícita, mesmo que o sexo seja uma das grandes aflições da geração retratada. Esse cuidado faz a projeção percorrer um caminho mais digno e menos assombroso até o desfecho perturbador.
As canções resgatam o espírito rebelde colegial e intensifica a experiência que é assistir aos devaneios caóticos de uma geração que é retratada sem muita poesia pelo diretor. David Bowie, The Samples, New Order, The Smiths, entre outros nomes do rock alternativo figuram na trilha sonora. Pessimista quanto aos dissabores da juventude, As Vantagens de Ser Invisível ainda é um filme pouco visto, mas ganha cada vez mais notoriedade já que é difícil resistir aos encantos do filme e, especialmente, do elenco principal.
Para qualquer diretor que deseja se aventurar pelas linhas de Fitzgerald, O Grande Gatsby sempre será um grande desafio. É a quinta adaptação da obra de F. Scott Fitzgerald para o cinema e Baz Luhrmann - o diretor dos excessos, vide o afetado Moulin Rouge - assume a difícil tarefa de instrumentar todo o mundo simbólico e metafórico articulado pelo escritor em um dos maiores clássicos da literatura americana.
Na primeira metade, Luhrmann consegue improvisar um belo espetáculo que poucos parecem compreender. Para o diretor tudo é muito hiperbólico: os carros antigos - os modelos Duesenberg, de 1929, por descuido do diretor, desfilam pelas ruas de Nova York em um filme ambientado em 1922! - são velozes como uma Ferrari, mulheres altas, luzes incessantes, cores vibrantes e luxo, muito luxo, especialmente o figurino. Ah, o figurino! Os modelos e acessórios de O Grande Gatsby estão impulsionando milhões e milhões para a indústria da moda, de maneira especial para as marcas Miu Miu, Prada e Tiffany. Não é justo contemplarmos apenas o deslumbre estético suntuoso proporcionado pela direção de arte e figurinos. Os vestidos, gravatas, anéis, tiaras, diamantes, sapatos, ternos, chapéus e afins, evocam significações da toda uma era e uma geração retratada que reproduz, muito fielmente – e poeticamente! –, a soberba fatuidade do espirito burguês e todo o mundo social imaginado por Gatsby. Deixarei de lado todo o bafafá causado pelos cortes, penteados, cores e apetrechos, e retornarei ao filme e seu conteúdo – ou a falta dele, como alguns apontam. Como drama, O Grande Gastby não funciona, pois não emociona. Mas quem conhece a filmografia de Baz Lurhmann sabe que sua preocupação é outra. Sua regra é causar sensações e não aflorar sentimentos. Lurhmann gosta de impressionar e o faz muito bem com suas alegorias e maneirismos estéticos. O Grande Gatsby é um verdadeiro – e belo! – carnaval, mas faltou harmonia entre alguns passistas. Para viver Dayse, uma importante personagem e forte eixo dramático, Mulligan concorreu com Natalie Portman, Michelle Willians, Scarlett Johansson, Rachel McAdams, Jessica Alba e Anne Hathaway. DiCaprio e Mulligan simplesmente não decolam, o que me leva a pensar que todas as preteridas pareciam escolhas melhores.
Mas ainda assim está longe de ser uma bomba. O misterioso Jay Gastsby (Leonardo DiCaprio) é um milionário que não poupa dinheiro em festas luxuosas em sua gigantesca mansão, roupas caríssimas e carros do momento. Dayse Buchanan (Carrey Mulligan) é casada com o milionário canastrão Tom Buchanan (Joel Edgerton, ótimo) e vivem próximos ao lar de Gatsby, separados por um lago. O primo de Dayse, Nick Carraway (Tobey Maguire, “lost” de tudo!), torna-se amigo de Gatsby e o elo que ligará Gatsby e Dayse e, partir de então interesses românticos serão os condutores do drama e conflitos. Mas isso ocorre somente após a metade do filme quando toda a indecisão amorosa das personagens centrais começa a surtir um efeito cansativo. Bom, é um diretor vaidoso e que gosta de citar a si mesmo e acredito que seus maneirismos visuais, exageros estéticos, salvam o longa. É claro que assistir ao filme não substitui a leitura do livro – e mesmo que o fizesse tento não excitar comparações em obras adaptadas –, mas por um viés menos dramático e político-social e mais pelo show, O Grande Gatsby é sensacional. A tão criticada trilha sonora faz muito sentido, pois evoca a tão camuflada insanidade perturbada da classe alta em um período pré-crise de 1929 e dá ritmo aos mais variados símbolos do tão falado sonho americano. É por isso que, assim como a obra literária, o filme é uma crítica ferrenha aos costumes encarecidos. O “exagero burguês”, que por sinal, persiste até os dias atuais, permite que O Grande Gatsby faça tanto sentido após a Grande Depressão e infelizmente, especialmente agora, neste mundo para poucos.
A mais bela poesia visual da história do cinema moderno! Sou apaixonado pela belíssima trilha e admirador de toda a filmografia de um dos melhores diretores da atualidade. Ang Lee é o cara e o Tigre e o Dragão é sensacional!
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Los Angeles: Cidade Proibida
4.1 528 Assista AgoraUm dos mais expressivos noir do cinema moderno. E pensar que perdeu para Titanic...Argh! Kim Bassinger sexy, MUITO sexy!
Tropas Estelares
3.5 467 Assista AgoraSci-fi trash bom, MUITO bom! =D
Guerra Mundial Z
3.5 3,2K Assista AgoraO filme Guerra Mundial Z tinha tudo para ser a grande bomba do ano. Em 2013, é a bomba que não explodiou! Era o que se esperava após as constantes notícias dos atrasos das filmagens, mudanças imprevistas no roteiro, prazos e orçamentos detonados e, mesmo depois de finalizado, os chefões da Paramount não gostaram do resultado final e diversas cenas precisaram ser regravadas.
Mas o fato é que o filme comandado por Marc Foster (do excelente Em Busca da Terra do Nunca, filme tão bom que só de escrever esse título já me deu vontade de chorar!) é um Filmão com efe maiúsculo.
Já sabemos que a sensação do momento são os zumbis. George A. Romero trouxe com os seus clássicos – especialmente A Noite dos Mortos Vivos, 1968 – uma cultura nobre dos desmortos para o gênero terror que, embora popular ,era um gênero pouco estimado. Aplicou com muita pertinência símbolos de uma geração ao fazer uma crítica consumista pós-guerra do Vietnã e introduziu os padrões das construções mitológicas dos zumbis na cultura popular.
Entretanto Guerra Mundial Z, na verdade, é pouco sobre zumbis e mais sobre o caos – The Walking Dead, acredito eu, também! Assim como o seriado de sucesso, a mitologia “zumbiniana” é raramente trabalhada, exceto os clássicos arquétipos do “não se sabe como tudo isso começou” e “mordeu, já era: virou zumbi”. Com a negação dos arquétipos articulados por Romero, permite-se na obra produzida por Brad Pitt a construção de zumbis hiperbolizados. Aqui, o apocalipse previsto é a aniquilação rápida e em massa de humanos, tanto que não há tempo para rodeios e blá, blá, blá: nos primeiros cinco minutos de projeção a ação, o caos e a ansiedade já são eletrizantes e constantes e dão o tom convulsivo da obra até o último minuto de projeção.
Com várias sacadas interessantes, o mundo é devastado em cenas apoteóticas e o final inconclusivo – ainda mais após todo o sucesso do longa – garante mais duas sequencias para a fechar a trilogia épica de Marc Foster e Brad Pitt, como era previsto desde o início do projeto. Cinemão pipoca de primeira!
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M, o Vampiro de Dusseldorf
4.3 279 Assista AgoraClassicão!
Notas Sobre um Escândalo
4.0 538 Assista Agora!!!
13 Assassinos
3.8 285Sensacional! Graaaaaande Takashi Miike....
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraWes Anderson e sua brilhante aventura sobre o mais sincero desejo humano
Wes Anderson é o diretor da excentricidade narrativa e sabe da força que uma história bem amarrada e contada exerce nos expectadores mais frequentes; os expectadores que reconhecem a principal timidez do cinema contemporâneo.
Realiza suas obras com o intento de serem vistas e não premiadas, o que talvez justifique sua presença “pelas beiradas” nas poucas premiações em que participa. É um diretor muito particular, de quem eu gosto muito. Diria: "um gênio!", em seu estilo. Em seu novo trabalho, personagens desconstruídos são apresentados de maneira brilhante em uma obra nunca menos que genuína. Em uma ilha inglesa dos anos 60, Sam, (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayard) – ótimos – apaixonam-se e decidem fugir do conservadorismo daqueles tempos, os dois, com apenas 12 anos. Eles estão deslocados e aprisionados em seus mundos sem probabilidades. Sam, um escoteiro órfão e sem amigos e Suzy, uma garota depressiva e incompreendida. Juntos, decidem encontrar um canto, um mundo, somente para eles e, assim, atravessam campos, florestas, rios e encontram uma pequena ilha que recebe dos novos moradores o nome título do filme.
Eles estão “borbulhando” com a fase das novas descobertas. As autoridades da comunidade saem à procura das crianças em uma ação que vai desde os pais da menina, o xerife Capitão Shepard (Bruce Willis, um cara legal) e Chefe Ward (Edward Norton), líder dos escoteiros da cidade. Voltado para o estudo de personagens, pouco posso apresentar, uma vez que o desenvolvimento dos figurantes é o grande atrativo do longa. A magia do filme encontra-se em cada um deles. Soma-se ao roteiro bem construído, a presença de um elenco que nunca faz feio e em sincronia perfeita com o clima esdrúxulo proposto por Anderson. O elenco infantil, em especial a dupla principal, desenvolve um trabalho coeso equivalente aos integrantes do núcleo adulto, que ainda inclui os nomes de Bill Murray, Frances McDormand, Harvey Keitel e Tilda Swinton. É um filme de luz própria e que desperta em você o mais cobiçado dos desejos humanos: o amor.
NOTA: 9.0
Pessoal, sou jornalista especialista em cinema e documentário. Visitem o meu blog:
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As Aventuras de Pi
3.9 4,4KO Cinema 3D em Bons mares
Baseado no livro de Yann Martel, o novo filme do diretor Ang Lee estreia com a missão de conseguir evoluir com os trabalhos 3D após a exposição técnica de Avatar – feito somente para se lambuzar com a tecnologia – e a experiência mais que satisfatória de Scorsese com o seu memorável A Invenção Hugo Cabret. Antes de apontar a importância de As Aventuras de Pi para o cinema 3D, preciso discorrer sobre outros aspectos que me causaram sensações que há tempos não temperavam a minha ansiedade dentro de uma sala de projeção. O novo filme de Ang Lee, As Aventuras de Pi, nunca menos que encantador, propõe um diálogo sobre a existência humana e as vontades divinas, na crença de que Deus realmente existe, por meio de arquétipos do gênero fantástico que fazem do filme uma verdadeira experiência de entrega e, especialmente, redenção.
Considero Ang Lee o diretor mais expressivo do cinema moderno. É sensível e sabe como nenhum outro o poder uma história bem contada. O cuidado com a imagem, cena após cena, é uma particularidade do diretor. Ao lado de Scorsese com o seu Hugo, o diretor aduba o cinema 3D ao maximizar emoções com o uso da tecnologia e não apenas impressionar o espectador com efeitos espetaculosos. Os trabalhos dos dois diretores supracitados exprimem o verdadeiro sentido da feitura em três dimensões: o cinema de sensações e não apenas de impressões.
Agora mesmo, antes de postar esta crítica, analisei com mais cuidado a filmografia deste que é um dos meus diretores preferidos, e pude verificar que Pi não apenas é grande por sua força narrativa, mas grandioso devido ao talento e sensibilidade do diretor ao tratar de sentimentos, anseios e redenções. Quem assistiu ao belíssimo O Tigre e o Dragão – para citar apenas uma de suas obras mais revigorantes – sabe do que estou falando.
Então chega o momento de sentar-se à frente da tela grande e conferir a obra que, previamente, julgava ser especial. As Aventuras de Pi é um dos momentos mais espirituosos do cinema contemporâneo, além de um marco do cinema fantástico. Há tempos não participava de uma projeção coletiva tão atenta e silenciosa. De fato, é um filme que exige respeito. Não se pode rebuscar algo negativo ou desagradável – ainda que permaneçam momentos imprecisos – diante de tamanha coerência narrativa e visual.
A personagem título, Pi Patel (Suraj Sharma, ótimo!), vive com a família em um zoológico na Índia. Pi é um garoto desperto para a religião e tocado pela fé. Com sérios problemas financeiros, seu pai decide vender os animais no Canada e, assim, iniciarem uma nova vida no país. O navio cargueiro que transportava a família para o novo destino naufraga em uma tempestade. Pi é o único sobrevivente do desastre e precisa dividir o bote salva-vidas com um orangotango, uma zebra, uma hiena e Richard Parker, um raivoso tigre de bengala.
Inicia-se, então, a grande metáfora proferida por Lee em sua obra. A segunda metade do filme é um desfile de efeitos – com efeito, o que é mais admirável, devo sublinhar! – e combate delirante de sobrevivência, sempre enraizada na fé e confiança divina. O evento é narrado pelo próprio Pi que, adulto, conta a sua história para um jovem escritor com bloqueio criativo. Nesses momentos, o filme perde a sua força. As conversas explicativas diminuem o ritmo da narrativa, porém, é certo que são necessárias para o final edificante que proclama a construção da crença e dos propósitos divinos.
A intensidade estética visual que propõe o cenário e o drama de sobrevivência, e soma-se o perfeito acabamento e duelo entre Pi e o tigre Parker, fazem das duas horas de projeção pouco para tanto deslumbre imagético. Contudo, se existe algo também realmente válido em Pi é sua pontualidade. Para compensar a lentidão dos momentos iniciais – essenciais para a apresentação – do naufrágio aos minutos finais somos paralisados pela bela fotografia e conectados – preferi fugir do clichê “hipnotizados”! – com a jornada do herói religioso.
O tigre – com quem o garoto precisa lidar após perder os outros animais – física e simbolicamente, expressa diversas interpretações que, caso você seja mais um que assista a obra com o coração aberto, tomará algumas horas de seus pensamentos após o término da sessão. A água é outro elemento fortemente simbólico e de cunho estético, muito bem trabalhado e discutido na impressa pelo diretor em várias entrevistas. Tudo é muito bem pensado, ensaiado e executado, o que resulta em um filme poderoso e de força para que o espectador possa, no mínimo, refletir. E, afinal de contas, qual a finalidade de uma obra de arte senão para fazer com que os seus pés encravem no chão enquanto o pensamento flutua na imensidão das possibilidades interpretativas?
As Aventuras de Pi, em seu aspecto mais simbólico e imediato, é uma grande e fortificante oração de resgate e fé forjada pelas mais belas e sinceras imagens do ano.
NOTA: 10
Eu sou jornalista e especialista em cinema e documentário. Visitem o meu blog:
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As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraUma geração desajustada ao som do rock alternativo
Tentei resistir ao cartaz estilo “independente bacana” e o elenco de jovens à busca da desintoxicação de personagens predecessores, mas não consegui. Sem ter algo melhor para assistir e com medo de gostar, resolvi dar play no filme que estava de canto durante um bom tempo. Logan Lerman – de Percy Jackson e o Ladrão de Raios – aqui interpreta Charlie, um depressivo adolescente que precisa lidar a socialização no colégio após a morte do melhor amigo. Ele ainda guarda um terrível segredo de infância que o faz ter pensamentos suicidas. Emma Watson – a cansativa Hermione de Harry Potter – é Sam, uma garota que gosta de dançar esquisito, de “espírito livre”, destemida, com direito a cena de cabelos ao vento e braços abertos no capô de um carro. Ela também possui seus demônios da infância e encontra na nova amizade com Charlie, sentido para traçar metas e mudanças em sua vida conturbada. Ezra Miller – do intrigante Precisamos Falar com Kevin – é Patrick, irmão de Sam. Um homossexual nada convencional. Não é excluído e nunca estereotipado, um gay pouco afetado quanto à sua feminilidade. Não está propriamente “no armário”, como vale a expressão, mas mantém um relacionamento trancado a sete chaves.
Este é o pilar central de As Vantagens de Ser Invisível: o trio de personagens bem desenvolvidas e seus conflitos existenciais. Compreender o universo adolescente é um trabalho árduo para qualquer psicólogo, mas não para Stephen Chbosky, diretor, roteirista e autor da obra no qual o filme é inspirado. Na verdade, acredito eu, ser este o grande acerto do longa: centralizar o projeto nas mãos do idealizador da história para obter um resultado sensível e áspero na medida certa.
O filme segue a tendência indie com muito cuidado. Para não fugir dos clichês – eficazes no gênero, é claro – surge uma personagem com uma tintura diferente nos cabelos aqui e outras que utilizam drogas ali. Como o intento não é escandalizar – muito pelo contrário, é um belo exercício de afago e compreensão das diferenças – bebidas alcoólicas são as mais frequentes. Agradou-me o fato de Chbosky não sexualizar a obra de maneira agressiva ou explícita, mesmo que o sexo seja uma das grandes aflições da geração retratada. Esse cuidado faz a projeção percorrer um caminho mais digno e menos assombroso até o desfecho perturbador.
As canções resgatam o espírito rebelde colegial e intensifica a experiência que é assistir aos devaneios caóticos de uma geração que é retratada sem muita poesia pelo diretor. David Bowie, The Samples, New Order, The Smiths, entre outros nomes do rock alternativo figuram na trilha sonora. Pessimista quanto aos dissabores da juventude, As Vantagens de Ser Invisível ainda é um filme pouco visto, mas ganha cada vez mais notoriedade já que é difícil resistir aos encantos do filme e, especialmente, do elenco principal.
Pode ser uma experiência bacana, se você deixar.
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O Grande Gatsby
3.9 2,7K Assista AgoraPara qualquer diretor que deseja se aventurar pelas linhas de Fitzgerald, O Grande Gatsby sempre será um grande desafio. É a quinta adaptação da obra de F. Scott Fitzgerald para o cinema e Baz Luhrmann - o diretor dos excessos, vide o afetado Moulin Rouge - assume a difícil tarefa de instrumentar todo o mundo simbólico e metafórico articulado pelo escritor em um dos maiores clássicos da literatura americana.
Na primeira metade, Luhrmann consegue improvisar um belo espetáculo que poucos parecem compreender. Para o diretor tudo é muito hiperbólico: os carros antigos - os modelos Duesenberg, de 1929, por descuido do diretor, desfilam pelas ruas de Nova York em um filme ambientado em 1922! - são velozes como uma Ferrari, mulheres altas, luzes incessantes, cores vibrantes e luxo, muito luxo, especialmente o figurino.
Ah, o figurino! Os modelos e acessórios de O Grande Gatsby estão impulsionando milhões e milhões para a indústria da moda, de maneira especial para as marcas Miu Miu, Prada e Tiffany. Não é justo contemplarmos apenas o deslumbre estético suntuoso proporcionado pela direção de arte e figurinos. Os vestidos, gravatas, anéis, tiaras, diamantes, sapatos, ternos, chapéus e afins, evocam significações da toda uma era e uma geração retratada que reproduz, muito fielmente – e poeticamente! –, a soberba fatuidade do espirito burguês e todo o mundo social imaginado por Gatsby.
Deixarei de lado todo o bafafá causado pelos cortes, penteados, cores e apetrechos, e retornarei ao filme e seu conteúdo – ou a falta dele, como alguns apontam. Como drama, O Grande Gastby não funciona, pois não emociona. Mas quem conhece a filmografia de Baz Lurhmann sabe que sua preocupação é outra. Sua regra é causar sensações e não aflorar sentimentos. Lurhmann gosta de impressionar e o faz muito bem com suas alegorias e maneirismos estéticos. O Grande Gatsby é um verdadeiro – e belo! – carnaval, mas faltou harmonia entre alguns passistas. Para viver Dayse, uma importante personagem e forte eixo dramático, Mulligan concorreu com Natalie Portman, Michelle Willians, Scarlett Johansson, Rachel McAdams, Jessica Alba e Anne Hathaway. DiCaprio e Mulligan simplesmente não decolam, o que me leva a pensar que todas as preteridas pareciam escolhas melhores.
Mas ainda assim está longe de ser uma bomba. O misterioso Jay Gastsby (Leonardo DiCaprio) é um milionário que não poupa dinheiro em festas luxuosas em sua gigantesca mansão, roupas caríssimas e carros do momento. Dayse Buchanan (Carrey Mulligan) é casada com o milionário canastrão Tom Buchanan (Joel Edgerton, ótimo) e vivem próximos ao lar de Gatsby, separados por um lago. O primo de Dayse, Nick Carraway (Tobey Maguire, “lost” de tudo!), torna-se amigo de Gatsby e o elo que ligará Gatsby e Dayse e, partir de então interesses românticos serão os condutores do drama e conflitos. Mas isso ocorre somente após a metade do filme quando toda a indecisão amorosa das personagens centrais começa a surtir um efeito cansativo. Bom, é um diretor vaidoso e que gosta de citar a si mesmo e acredito que seus maneirismos visuais, exageros estéticos, salvam o longa.
É claro que assistir ao filme não substitui a leitura do livro – e mesmo que o fizesse tento não excitar comparações em obras adaptadas –, mas por um viés menos dramático e político-social e mais pelo show, O Grande Gatsby é sensacional. A tão criticada trilha sonora faz muito sentido, pois evoca a tão camuflada insanidade perturbada da classe alta em um período pré-crise de 1929 e dá ritmo aos mais variados símbolos do tão falado sonho americano. É por isso que, assim como a obra literária, o filme é uma crítica ferrenha aos costumes encarecidos. O “exagero burguês”, que por sinal, persiste até os dias atuais, permite que O Grande Gatsby faça tanto sentido após a Grande Depressão e infelizmente, especialmente agora, neste mundo para poucos.
NOTA: 7.0
Touro Indomável
4.2 708 Assista AgoraDe Niro e Scorsese: nada mais...!
O Amante da Rainha
4.0 365 Assista AgoraMuito bom!
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraUm dos melhores filmes deste novo século!
Twister
3.1 615 Assista AgoraComo eu AMO aquela vaca voadora!
A Separação
4.2 726Toda BOA SORTE do MUNDO para o diretor Asghar!
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraLynch e seus espetaculosos devaneios caóticos!
O Homem Elefante
4.4 1,0K Assista AgoraO grotesco em estado bruto e hiperbólico. Excelente!
O Tigre e o Dragão
3.6 455 Assista AgoraA mais bela poesia visual da história do cinema moderno! Sou apaixonado pela belíssima trilha e admirador de toda a filmografia de um dos melhores diretores da atualidade. Ang Lee é o cara e o Tigre e o Dragão é sensacional!