Apesar do roteiro formular, que até a metade do segundo ato acaba caindo um pouco mais raso do que esperado, Detetive Pikachu entrega uma jornada divertidíssima, cheia de alma, e um esplendor visual que deslumbra até o mais cabeça-dura dos fãs. Reynolds brilha, mais uma vez, como um personagem-título afiado, sarcástico e autoconsciente, abrindo espaço pra uma dinâmica surpreendentemente orgânica e espirituosa, enquanto aprofunda o escopo da trama em focar mais nos arcos que estabelece do que na expansão desenfreada de uma mitologia de alto renome.
Em suma, o delivery de Detetive Pikachu acerta pontualmente em uma qualidade gráfica impressionante e recompensadora - com, enfim, a transposição dos monstrinhos de bolso parra a vida real com um dos CGIs mais bem renderizados de blockbusters dos últimos anos, especialmente dadas as circunstâncias, com um esmero encantador com detalhes e texturas -, twists astutos e provocantes, e uma gama de referências e fanservice que inequivocamente ocupa segundo plano, mas fomenta satisfatoriamente o hype e a nostalgia de um fandom enfim gratificado pela indústria.
Danny Boyle fez o que parecia ser impossível: uma sequência nostálgica, mas relevante, reinventando, com um apreço ímpar e delicado sobre a essência dos personagens, seus arcos e dinâmicas, o estridente e agridoce ensaio sobre as mazelas da sociedade que foi Trainspotting. Vinte anos depois, T2 se mostra atual, necessário, catártico, e igualmente pontual, ao adentrar novamente a vida de Renton, Spud, Sick Boy, e Franco, tal como suas infindáveis encarnações cíclicas de vícios - a heroína, a luxúria, o passado, a traição -, e conferir um novo fôlego às suas histórias ao passo que revisitam e desenrolam pendências do passado e urgências de um não-tão-mais nublado futuro. Embora falte ao filme um senso mais frenético de subversão e pertinência que pulsara em 96, o espírito transgressor e ambivalente da juventude, e como seus colaterais ecoam a longo prazo, se mantém firme e sustenta como um dos pilares esse fechamento mais que satisfatório para os garotos sujos de Edimburgo.
Desde Bastardos Inglórios, fica cada vez mais evidente como Quentin Tarantino tem amadurecido como cineasta. Peças colossais, grandiloquentes, com uma qualidade técnica sempre crescente, e maior lapidação de roteiro que vem entregando, filme por filme, uma fórmula tarantinesca mais encorpada, verborrágica no melhor dos sentidos, mantendo o que pulsa dentro de si e se traduziu tão emblematicamente em seus primeiros trabalhos, mas aparando arestas e aprimorando sua capacidade de transposição criativa em episódios maiores-que-a-vida com um built cauteloso e artesão. Bastardos Inglórios, Django Livre, Os Oito Odiados. E, em particular neste último, fica claro como Tarantino, ainda que surfando nas ondas de seus sonhos molhados de entusiasta de gênero, com todos os toques possíveis de sua formação aficionada em westerns, blaxploitation, filmes de artes marciais, e tudo que fosse inflado demais para o circuito mainstream de Hollywood nos últimos 70 anos, foge do puro referencial e das homages cruas, para buscar cada vez mais uma construção não mais de sua identidade como diretor, mas da expansão de suas possibilidades. Fazer cinema por cinema, e não pelo prazer de simplesmente reproduzir nuances mais identitárias de um cinema prévio. N'Os Oito Odiados, um ambicioso filme de câmara, e um jogo de gato e rato brilhantemente bem composto por sua sempre espaçosa assinatura criativa, seus já esperados personagens arquetípicos expansivos e over-the-top, entregam a posição dos holofotes à uma fotografia inspirada, diferentemente de qualquer outra em seu catálogo, uma trilha sonora vencedora de Oscar, sob encomenda pelo lendário Ennio Morricone, e um maior esmero no crafting do filme não só como uma história, mas como uma peça visual deslumbrante e viva por si só.
E o passo seguinte, em Era uma Vez, foi dado com exímia maestria.
Argumentavelmente o filme mais maduro - e, sem dúvidas, o mais contido - de Tarantino, Era Uma Vez em... Hollywood serve o maior espetáculo visual e a entrega mais delicada de toda a carreira do diretor. Uma belíssima ode ao cinema, suas instituições, seus espectros, seus vícios, e suas introjeções na vida real, que, com todo o cuidado e a articulação característicos de um roteiro Tarantino, se debruça suavemente na belle epoque de Hollywood, e as cirandas fulminantes que fechavam os anos sessenta. Metalinguistica, afiada, ácida, e, principalmente, fluída, a trama não constrói - é construída, costurada por cada evocação de personagem que a compõe, e denuncia um diretor mais astuto, um roteirista mais odisséico, e o mesmo auto-engajado movie enthusiast que concebe, primariamente, catedrais monumentais de prazer próprio. Os dois primeiros poderiam entrar em conflito direto com o último, mas é aqui que entra o fator maestral: Quentin Tarantino faz seu próprio paraíso do prazer em cada longa que escreve e dirige, mas o faz tão bem que reverbera os prazeres para qualquer um que esteja disponível o suficiente de adentrar nem que seja a ponta do pé em seu oceano particular de excentricidades e devaneios profanos. Dessa maneira, assim, seu nono insulto consegue se reinventar de cabo a rabo; uma peça de mão leve, artesanato puro, craftada, todavia, com um iminente torpor de tensão que circunda cada quadro e cada ato, atravessado, ainda, pela mão de ferro em luva de veludo do humor tarantinesco. Nenhuma atuação menor que estrelar, com Pitt e DiCaprio provando não só uma química ímpar, mas como os anos não lhes fazem nada além de (muito) bem quando o assunto é performance, e nenhum exagero gráfico menor do que esperávamos. Os twists de Tarantino reescrevendo a história sempre são um agrado delicioso de se esperar, mas nem por isso deixam de nos surpreender e arrancar bons sorrisos catárticos na beira dos assentos.
No mais, Era Uma Vez em... Hollywood é cirúrgico, suave, com um ritmo audacioso e fluído, e marca a maturação cinematográfica de uma das assinaturas diretoriais mais inconfundíveis dos últimos 30 anos. O que antes era uma gravação à faca, aqui se dá por uma pincelada minuciosa - e um novo fôlego pra uma carreira já antes brilhante.
Homage estufada a Fogo contra Fogo que evidencia suas influências dentro do gênero com clareza e pouca inventividade, arrastando verborragicamente a trama até quase duas horas e meia de slow pace, culminando em um twist final menos-que-espetacular que tenta justamente passar como uma adição brilhante à formula original. Butler se destaca no meio dessa colcha de retalhos de heist movies e gato-e-rato, mas são tantos paralelos a tentarmos ignorar com performances de _bad liutenants_ (termo expositivamente encaixado num diálogo no primeiro ato do filme pra soar os alarmes do arquétipo), que sua encarnação do tóxico e dobra-regras "Big Nick" O'Brien soa como mais do mesmo e acaba sendo, infelizmente, ofuscada por papéis como o de Harvey Keitel no próprio Bad Liutenant e de seu conterrâneo James McAvoy em Filth.
No mais, Covil de Ladrões diverte e cumpre sua premissa - e, pelo menos, sendo menos que Fogo contra Fogo como filme, também o é em tempo de duração.
Passando pra frisar que eu venho esperando esse filme desde o primeiro rumor em 2009 e que foi o PRIMEIRO filme da minha lista de "Quero Ver" no Filmow. Ou seja PRETTY FUCKING SPECIAL <3
E que olha TODAS AS EXPECTATIVAS FORAM ALCANÇADAS, SUPERADAS E MULTIPLICADAS.
Caras, eu vi o primeiro logo que lançou nos EUA e fiquei apaixonado. Sério. Filme despretensioso, sabe onde se encaixa, referencial e "feel good" nas melhores definições dessas expressões. Enredo até que bem amarradinho, participações de figuras icônicas (Chevy Chase, Crispin Glover), ambiente bem centrado, etc, etc... E os anos 80 foram um cenário sensacional pra esse que figura nos meus filmes favoritos (sim! haha)
O problema do segundo e que a gente acaba criando a expectativa que, ao ver o primeiro, nós não tínhamos. Logo que foi anunciado o hype já subiu pelas alturas e... Bah. Não vou dizer que não gostei da sequência, divertida e nostálgica (se é que podemos chamar o follow-up ao de 2010 um sentimento de nostalgia), mas perderam o tom. Alias, não, erro meu. Abusaram do tom.
Não vou fazer um review sucinto e eloquente masssss acho que por ser despretensioso o filme cai numa onda de perda de foco acentuada. O final, por exemplo hahaha O problema é que desde o começo já era uma tarefa difícil um filme com seu próprio clima como esse mexer com o futuro sem ficar cheesy e bobo - eu particularmente só me incomodei com a parte dos carros e a dos "programas de TV problemáticos", uma pegada meio "Idiocracia", mas mesmo assim.
No mais, pros fãs da mitologia do primeiro filme, AINDA é um prato cheio - como foi pra mim. Rendeu bastante risadas, aquele sentimento de "entendi essa referência" e, IMO, é sempre bom ver obras relacionadas ao universo Hot Tub Time Machine. Gostei do filme, ri, adorei algumas sacadas, porém não consegui desviar da sensação de estar vendo uma história fan-made.
Não vou sequer começar a comentar essa obra-prima. Assisti pela primeira vez aos 12 anos e o choque foi ABISMAL. Fui rever só agora e sinceramente, o efeito foi absurda e absolutamente o mesmo.
Só não expresso meus profundos sentimentos de devoção porque é impossível falar sobre plot, elenco e twists sem fazer uma puta de uma bíblia.
Quero ver por sentir que vai ser um filme "catártico", um feel-good acima de tudo como acaba sendo de praxe do Cameron Crowe. O trailer me convenceu, curto demais cada parte integrante do elenco, tem tudo pra me cativar e agradar. Na espera.
Fantástico. Mas, claramente, não um filme para o grande público que Porchat está acostumado a atrair.
O "dramedy" que conta com momentos hilários com certeza satisfaz expectativas mais rasas daqueles que foram atrás de um filme light nacional - o que, convenhamos, estamos fartos de -, mas existe tão mais nessa produção dirigida pelo grande Ian Sbf (que já ajeitava suas mangas no genial canal Anões em Chamas antes de figurar e co-criar a trupe do Porta dos Fundos), que é até uma ofensa chamar o filme de "comédia".
Somos introduzidos num ambiente cotidiano crônico; um recém divorciado, voltando a viver na casa da mãe, desconexo com a realidade que o cerca após um choque emocional. Vemos uma fotografia gráfica e sutil e cortes que acompanham os mais triviais hábitos de um cidadão em uma grande cidade - como a locomoção, enquadramentos certeiros em ônibus, metrôs, taxis, criando em ênfase a "panoramização" do fluxo metropolitano. Temos a construção superficial de personagens superficiais, tal como a composição em considerável nivel de complexidade dos secundários que adicionam suas personalidades e problemas laterais à trama como plano de fundo. E isso tudo sem deixar a peteca cair, introduzindo risadas e situações típicas das esquetes que o Brasil aprendeu a amar - o que, talvez, poderia ter descompassado firmemente a obra, mas que acabou por fazê-la achar seu próprio tom. Mas longe de defini-la como tais.
O grande acerto aqui é a gradativa evolução do longa como uma narrativa linear sorrateira, começando por baixo, adicionando surrealidades e acomodando o espectador em um ambiente que logo virá a mudar - e drasticamente. Quando você entra em contato com a real intenção do filme, provavelmente é tarde demais; e isso que marca a tal genialidade desse roteiro que desvia de clichês nacionais. Ao passo que Bruno, personagem de Porchat, passa a enxergar menos e menos pessoas em seu dia-a-dia, interferindo em todo e cada um dos aspectos de sua vida, nós passamos a enxergar mais da verdadeira intenção do filme. A banalidade de relações sociais obrigatórias, a efemeridade tanto da vida como dos laços que criamos tão esperançosos de durarem para sempre. Ian não teme nem um pouco ao nos colocar boquiabertos em sequências duras, fortes e impressionantes, tal como composição de cenário fielmente brilhante, o espelhar do interior do protagonista em shots suaves e autossuficientes. Enquanto rumávamos para o último ato, a desconstrução de uma natureza sobrenatural e fantasiosa típica de produções globais deixava espaço para a imposição de um conto de solidão, nostalgia e fragilidade, num desfecho ambíguo representando a volátil sabotagem da mente humana e, bem, sua reversão. Um novo começo, a queda e o ressurgimento, nêmesis e gênesis. E tantas mudanças brindadas por um Fábio Porchat em metamorfose, mostrando o que já tinha experiência em fazer na comédia e segurando honrosamente o desabar de uma psique em tormento.
Entre Abelhas surge como um estranho conhecido, mas se mostra uma surpresa fantástica e um pilar a ser considerado por futuros cineastas nacionais. Sua dualidade entre humor satírico e drama existencialista psicológico revela, além do talento de roteiro, direção e atuação, um possível novo rumo do cinema brasileiro mainstream. O rumo da ousadia e da exploração do abstrato, do incorpóreo, a transposição do psicológico como esqueleto de trama. Nos resta apenas esperar que assim caminhe.
Uma comédia leve e sutil, mais um feel-good movie do que qualquer encaixe em quaisquer outros gêneros, The Big Year brilha não só pelo elenco de estrelas, mas por saber exatamente qual o seu lugar e não ansiar ser mais inteligente do que é de fato. Podendo ser considerado fraco e/ou maçante, o filme mostra seu âmbito de compromisso ao abordar suavemente crises existenciais e seus conflitos com oportunidades, revelando personagens humanos e fáceis de se identificar, que se veem divididos em sonhos, objetivos e frustrações e presos em dilemas pessoais, buscando no "birding" (ato de observar pássaros) e no Grande Ano em si, a chance da catarse. Martin, Wilson e Black entram em conjunto como pilares de sustentação revelando uma química morna, porém eficaz e coerente com o que seus alter-egos representam na obra, além de estamparem experiência na reafirmação de que não são atores exclusivamente de excessos e sabem se moldar às circunstâncias.
Em suma, "O Grande Ano" nos leva de volta aos nossos mais profundos desejos e ambições e promove um tour de sentimentos, considerações e uma visão geral do relativo panorama que é a vida nesse grande tributo ao amor, amizade e família.
Um filme na minha lista de "quero ver" desde que lançou, finalmente consegui assistir. A estrutura do filme é basicamente ótima, Mortensen e Fassbender incorporam os personagens com tanto fervor e delicadeza que o choque ideológico é sentido em cada cena. Só pecou pelo overacting de Keira, que ao passo que o filme caminhava para o fim, foi contido.
Um dos melhores trios da atualidade. Shaun of the Dead e Hot Fuzz são comédias simplesmente GENIAIS, incansáveis e engraçados pra caralhas. Fora que cada um deles em solo também conseguem manter a qualidade (vide The Boat That Rocked, Scott Pilgrim e até Star Trek).
Ted esbanja do humor que fez MacFarlane conhecido mundialmente e adiciona traços de feel good que não podem ser ignorados. Cheirar cocaína com o FLASH GORDON foi um dos acontecimentos mais lindos do cinema 2012.
Indubitavelmente, melhor que o segundo. O problema principal do filme é que corre desenfreadamente, roteiro muito comprimido, fatos ocorrendo rápido demais. Alguns personagens secundários que antes tinham uma aparição maior, foram reduzidos também, como o caso do Rei Julien - perfeitamente dublado pelo genial Guilherme Briggs.
Em suma, o filme diverte, garante algumas risadas e é bem agradável. Só prefiro o primeiro.
Quem fala que Zoolander é ruim, claramente não entendeu o propósito do filme. Satirizando todo o mundo - patético - da moda e seus estereótipos, considero o filme uma ótima comédia com traços senseless - EXTREMAMENTE melhor do que horrores como Deu a Louca em Hollywood e cia.
O filme teve um índice de aprovação GIGANTE pela crítica, espero que seja ótimo. Inclusive pelo Jonah Hill em um caráter mais moderado - nada de piadas de sexo, masturbação ou coisas do gênero.
Rápido preview. E como o pôster, de longe, lembra Hot Fuzz.
Vão me ter como herege, mas achei melhor que as HQs. Não me levem a mal, leio desde 2006, sou fã e acho a obra de O'Malley sensacional. Achei a caracterização do filme incrivelmente orgástica - sem brincadeirinhas, Edgar Wright (o espetacular diretor/roteirista/parceiro de Simon Pegg e Nick Frost em Spaced, Hot Fuzz e Shaun of the Dead) conseguiu desenhar uma linha perfeita entre a adaptação e a inserção de material geek extra no longa.
Excelente filme, captar a genialidade do filme é algo deveras entusiasmante. Ah, e a abertura da Universal em 8-bit, QUE COMEÇO.
George Lucas defecando até onde consegue pra conseguir mais dinheiro. O 3D em si não é ruim, pode tornar o filme ainda mais interessante (cena da corrida, a própria abertura, Darth Maul, etc), apesar de ser uma conversão.
Mas ainda estou puto de ter substituído Sebastian Shaw por Hayden Christensen na remasterização de O Retorno de Jedi.
Hot Tube Time Machine é hilariante. Para quem entende as sacadas oitentistas, basicamente. Aqui, por exemplo, temos Chevy Chase (Férias Frustradas [...]) e Crispin Glover (De Volta para o Futuro).
Pokémon: Detetive Pikachu
3.5 670 Assista AgoraApesar do roteiro formular, que até a metade do segundo ato acaba caindo um pouco mais raso do que esperado, Detetive Pikachu entrega uma jornada divertidíssima, cheia de alma, e um esplendor visual que deslumbra até o mais cabeça-dura dos fãs. Reynolds brilha, mais uma vez, como um personagem-título afiado, sarcástico e autoconsciente, abrindo espaço pra uma dinâmica surpreendentemente orgânica e espirituosa, enquanto aprofunda o escopo da trama em focar mais nos arcos que estabelece do que na expansão desenfreada de uma mitologia de alto renome.
Em suma, o delivery de Detetive Pikachu acerta pontualmente em uma qualidade gráfica impressionante e recompensadora - com, enfim, a transposição dos monstrinhos de bolso parra a vida real com um dos CGIs mais bem renderizados de blockbusters dos últimos anos, especialmente dadas as circunstâncias, com um esmero encantador com detalhes e texturas -, twists astutos e provocantes, e uma gama de referências e fanservice que inequivocamente ocupa segundo plano, mas fomenta satisfatoriamente o hype e a nostalgia de um fandom enfim gratificado pela indústria.
T2: Trainspotting
4.0 695 Assista AgoraDanny Boyle fez o que parecia ser impossível: uma sequência nostálgica, mas relevante, reinventando, com um apreço ímpar e delicado sobre a essência dos personagens, seus arcos e dinâmicas, o estridente e agridoce ensaio sobre as mazelas da sociedade que foi Trainspotting. Vinte anos depois, T2 se mostra atual, necessário, catártico, e igualmente pontual, ao adentrar novamente a vida de Renton, Spud, Sick Boy, e Franco, tal como suas infindáveis encarnações cíclicas de vícios - a heroína, a luxúria, o passado, a traição -, e conferir um novo fôlego às suas histórias ao passo que revisitam e desenrolam pendências do passado e urgências de um não-tão-mais nublado futuro. Embora falte ao filme um senso mais frenético de subversão e pertinência que pulsara em 96, o espírito transgressor e ambivalente da juventude, e como seus colaterais ecoam a longo prazo, se mantém firme e sustenta como um dos pilares esse fechamento mais que satisfatório para os garotos sujos de Edimburgo.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraDesde Bastardos Inglórios, fica cada vez mais evidente como Quentin Tarantino tem amadurecido como cineasta. Peças colossais, grandiloquentes, com uma qualidade técnica sempre crescente, e maior lapidação de roteiro que vem entregando, filme por filme, uma fórmula tarantinesca mais encorpada, verborrágica no melhor dos sentidos, mantendo o que pulsa dentro de si e se traduziu tão emblematicamente em seus primeiros trabalhos, mas aparando arestas e aprimorando sua capacidade de transposição criativa em episódios maiores-que-a-vida com um built cauteloso e artesão. Bastardos Inglórios, Django Livre, Os Oito Odiados. E, em particular neste último, fica claro como Tarantino, ainda que surfando nas ondas de seus sonhos molhados de entusiasta de gênero, com todos os toques possíveis de sua formação aficionada em westerns, blaxploitation, filmes de artes marciais, e tudo que fosse inflado demais para o circuito mainstream de Hollywood nos últimos 70 anos, foge do puro referencial e das homages cruas, para buscar cada vez mais uma construção não mais de sua identidade como diretor, mas da expansão de suas possibilidades. Fazer cinema por cinema, e não pelo prazer de simplesmente reproduzir nuances mais identitárias de um cinema prévio. N'Os Oito Odiados, um ambicioso filme de câmara, e um jogo de gato e rato brilhantemente bem composto por sua sempre espaçosa assinatura criativa, seus já esperados personagens arquetípicos expansivos e over-the-top, entregam a posição dos holofotes à uma fotografia inspirada, diferentemente de qualquer outra em seu catálogo, uma trilha sonora vencedora de Oscar, sob encomenda pelo lendário Ennio Morricone, e um maior esmero no crafting do filme não só como uma história, mas como uma peça visual deslumbrante e viva por si só.
E o passo seguinte, em Era uma Vez, foi dado com exímia maestria.
Argumentavelmente o filme mais maduro - e, sem dúvidas, o mais contido - de Tarantino, Era Uma Vez em... Hollywood serve o maior espetáculo visual e a entrega mais delicada de toda a carreira do diretor. Uma belíssima ode ao cinema, suas instituições, seus espectros, seus vícios, e suas introjeções na vida real, que, com todo o cuidado e a articulação característicos de um roteiro Tarantino, se debruça suavemente na belle epoque de Hollywood, e as cirandas fulminantes que fechavam os anos sessenta. Metalinguistica, afiada, ácida, e, principalmente, fluída, a trama não constrói - é construída, costurada por cada evocação de personagem que a compõe, e denuncia um diretor mais astuto, um roteirista mais odisséico, e o mesmo auto-engajado movie enthusiast que concebe, primariamente, catedrais monumentais de prazer próprio. Os dois primeiros poderiam entrar em conflito direto com o último, mas é aqui que entra o fator maestral: Quentin Tarantino faz seu próprio paraíso do prazer em cada longa que escreve e dirige, mas o faz tão bem que reverbera os prazeres para qualquer um que esteja disponível o suficiente de adentrar nem que seja a ponta do pé em seu oceano particular de excentricidades e devaneios profanos. Dessa maneira, assim, seu nono insulto consegue se reinventar de cabo a rabo; uma peça de mão leve, artesanato puro, craftada, todavia, com um iminente torpor de tensão que circunda cada quadro e cada ato, atravessado, ainda, pela mão de ferro em luva de veludo do humor tarantinesco. Nenhuma atuação menor que estrelar, com Pitt e DiCaprio provando não só uma química ímpar, mas como os anos não lhes fazem nada além de (muito) bem quando o assunto é performance, e nenhum exagero gráfico menor do que esperávamos. Os twists de Tarantino reescrevendo a história sempre são um agrado delicioso de se esperar, mas nem por isso deixam de nos surpreender e arrancar bons sorrisos catárticos na beira dos assentos.
No mais, Era Uma Vez em... Hollywood é cirúrgico, suave, com um ritmo audacioso e fluído, e marca a maturação cinematográfica de uma das assinaturas diretoriais mais inconfundíveis dos últimos 30 anos. O que antes era uma gravação à faca, aqui se dá por uma pincelada minuciosa - e um novo fôlego pra uma carreira já antes brilhante.
Ps. Puta que me pariu, quem diria que o cameraman Antonio Margheriti alçaria como diretor 20 anos depois da época da guerra? AHUAHUHAUHAU
Covil de Ladrões
3.3 167 Assista AgoraHomage estufada a Fogo contra Fogo que evidencia suas influências dentro do gênero com clareza e pouca inventividade, arrastando verborragicamente a trama até quase duas horas e meia de slow pace, culminando em um twist final menos-que-espetacular que tenta justamente passar como uma adição brilhante à formula original. Butler se destaca no meio dessa colcha de retalhos de heist movies e gato-e-rato, mas são tantos paralelos a tentarmos ignorar com performances de _bad liutenants_ (termo expositivamente encaixado num diálogo no primeiro ato do filme pra soar os alarmes do arquétipo), que sua encarnação do tóxico e dobra-regras "Big Nick" O'Brien soa como mais do mesmo e acaba sendo, infelizmente, ofuscada por papéis como o de Harvey Keitel no próprio Bad Liutenant e de seu conterrâneo James McAvoy em Filth.
No mais, Covil de Ladrões diverte e cumpre sua premissa - e, pelo menos, sendo menos que Fogo contra Fogo como filme, também o é em tempo de duração.
Deadpool
4.0 3,0K Assista AgoraPassando pra frisar que eu venho esperando esse filme desde o primeiro rumor em 2009 e que foi o PRIMEIRO filme da minha lista de "Quero Ver" no Filmow. Ou seja PRETTY FUCKING SPECIAL <3
E que olha TODAS AS EXPECTATIVAS FORAM ALCANÇADAS, SUPERADAS E MULTIPLICADAS.
Nada, NADA, supera aquela cena pós créditos SENSACIONAL HAHAHA
A Ressaca 2
2.5 143 Assista AgoraCaras, eu vi o primeiro logo que lançou nos EUA e fiquei apaixonado. Sério. Filme despretensioso, sabe onde se encaixa, referencial e "feel good" nas melhores definições dessas expressões. Enredo até que bem amarradinho, participações de figuras icônicas (Chevy Chase, Crispin Glover), ambiente bem centrado, etc, etc... E os anos 80 foram um cenário sensacional pra esse que figura nos meus filmes favoritos (sim! haha)
O problema do segundo e que a gente acaba criando a expectativa que, ao ver o primeiro, nós não tínhamos. Logo que foi anunciado o hype já subiu pelas alturas e... Bah. Não vou dizer que não gostei da sequência, divertida e nostálgica (se é que podemos chamar o follow-up ao de 2010 um sentimento de nostalgia), mas perderam o tom. Alias, não, erro meu. Abusaram do tom.
Não vou fazer um review sucinto e eloquente masssss acho que por ser despretensioso o filme cai numa onda de perda de foco acentuada. O final, por exemplo hahaha O problema é que desde o começo já era uma tarefa difícil um filme com seu próprio clima como esse mexer com o futuro sem ficar cheesy e bobo - eu particularmente só me incomodei com a parte dos carros e a dos "programas de TV problemáticos", uma pegada meio "Idiocracia", mas mesmo assim.
No mais, pros fãs da mitologia do primeiro filme, AINDA é um prato cheio - como foi pra mim. Rendeu bastante risadas, aquele sentimento de "entendi essa referência" e, IMO, é sempre bom ver obras relacionadas ao universo Hot Tub Time Machine. Gostei do filme, ri, adorei algumas sacadas, porém não consegui desviar da sensação de estar vendo uma história fan-made.
Só queria saber sobre Cincinatti ):
Os Suspeitos
4.1 782 Assista AgoraNão vou sequer começar a comentar essa obra-prima. Assisti pela primeira vez aos 12 anos e o choque foi ABISMAL. Fui rever só agora e sinceramente, o efeito foi absurda e absolutamente o mesmo.
Só não expresso meus profundos sentimentos de devoção porque é impossível falar sobre plot, elenco e twists sem fazer uma puta de uma bíblia.
Sob o Mesmo Céu
2.7 455 Assista AgoraQuero ver por sentir que vai ser um filme "catártico", um feel-good acima de tudo como acaba sendo de praxe do Cameron Crowe. O trailer me convenceu, curto demais cada parte integrante do elenco, tem tudo pra me cativar e agradar. Na espera.
Entre Abelhas
3.4 832Fantástico. Mas, claramente, não um filme para o grande público que Porchat está acostumado a atrair.
O "dramedy" que conta com momentos hilários com certeza satisfaz expectativas mais rasas daqueles que foram atrás de um filme light nacional - o que, convenhamos, estamos fartos de -, mas existe tão mais nessa produção dirigida pelo grande Ian Sbf (que já ajeitava suas mangas no genial canal Anões em Chamas antes de figurar e co-criar a trupe do Porta dos Fundos), que é até uma ofensa chamar o filme de "comédia".
Somos introduzidos num ambiente cotidiano crônico; um recém divorciado, voltando a viver na casa da mãe, desconexo com a realidade que o cerca após um choque emocional. Vemos uma fotografia gráfica e sutil e cortes que acompanham os mais triviais hábitos de um cidadão em uma grande cidade - como a locomoção, enquadramentos certeiros em ônibus, metrôs, taxis, criando em ênfase a "panoramização" do fluxo metropolitano. Temos a construção superficial de personagens superficiais, tal como a composição em considerável nivel de complexidade dos secundários que adicionam suas personalidades e problemas laterais à trama como plano de fundo. E isso tudo sem deixar a peteca cair, introduzindo risadas e situações típicas das esquetes que o Brasil aprendeu a amar - o que, talvez, poderia ter descompassado firmemente a obra, mas que acabou por fazê-la achar seu próprio tom. Mas longe de defini-la como tais.
O grande acerto aqui é a gradativa evolução do longa como uma narrativa linear sorrateira, começando por baixo, adicionando surrealidades e acomodando o espectador em um ambiente que logo virá a mudar - e drasticamente. Quando você entra em contato com a real intenção do filme, provavelmente é tarde demais; e isso que marca a tal genialidade desse roteiro que desvia de clichês nacionais. Ao passo que Bruno, personagem de Porchat, passa a enxergar menos e menos pessoas em seu dia-a-dia, interferindo em todo e cada um dos aspectos de sua vida, nós passamos a enxergar mais da verdadeira intenção do filme. A banalidade de relações sociais obrigatórias, a efemeridade tanto da vida como dos laços que criamos tão esperançosos de durarem para sempre. Ian não teme nem um pouco ao nos colocar boquiabertos em sequências duras, fortes e impressionantes, tal como composição de cenário fielmente brilhante, o espelhar do interior do protagonista em shots suaves e autossuficientes. Enquanto rumávamos para o último ato, a desconstrução de uma natureza sobrenatural e fantasiosa típica de produções globais deixava espaço para a imposição de um conto de solidão, nostalgia e fragilidade, num desfecho ambíguo representando a volátil sabotagem da mente humana e, bem, sua reversão. Um novo começo, a queda e o ressurgimento, nêmesis e gênesis. E tantas mudanças brindadas por um Fábio Porchat em metamorfose, mostrando o que já tinha experiência em fazer na comédia e segurando honrosamente o desabar de uma psique em tormento.
Entre Abelhas surge como um estranho conhecido, mas se mostra uma surpresa fantástica e um pilar a ser considerado por futuros cineastas nacionais. Sua dualidade entre humor satírico e drama existencialista psicológico revela, além do talento de roteiro, direção e atuação, um possível novo rumo do cinema brasileiro mainstream. O rumo da ousadia e da exploração do abstrato, do incorpóreo, a transposição do psicológico como esqueleto de trama. Nos resta apenas esperar que assim caminhe.
Impressionante.
Kingsman: Serviço Secreto
4.0 2,2K Assista AgoraUm dos melhores filmes de 2015, blockbuster ou não. Se fosse para dar um overview eficiente: "Matthew Vaughn não erra a mão"
Fim.
O Grande Ano
3.0 244Uma comédia leve e sutil, mais um feel-good movie do que qualquer encaixe em quaisquer outros gêneros, The Big Year brilha não só pelo elenco de estrelas, mas por saber exatamente qual o seu lugar e não ansiar ser mais inteligente do que é de fato. Podendo ser considerado fraco e/ou maçante, o filme mostra seu âmbito de compromisso ao abordar suavemente crises existenciais e seus conflitos com oportunidades, revelando personagens humanos e fáceis de se identificar, que se veem divididos em sonhos, objetivos e frustrações e presos em dilemas pessoais, buscando no "birding" (ato de observar pássaros) e no Grande Ano em si, a chance da catarse. Martin, Wilson e Black entram em conjunto como pilares de sustentação revelando uma química morna, porém eficaz e coerente com o que seus alter-egos representam na obra, além de estamparem experiência na reafirmação de que não são atores exclusivamente de excessos e sabem se moldar às circunstâncias.
Em suma, "O Grande Ano" nos leva de volta aos nossos mais profundos desejos e ambições e promove um tour de sentimentos, considerações e uma visão geral do relativo panorama que é a vida nesse grande tributo ao amor, amizade e família.
Um Método Perigoso
3.5 1,1KUm filme na minha lista de "quero ver" desde que lançou, finalmente consegui assistir.
A estrutura do filme é basicamente ótima, Mortensen e Fassbender incorporam os personagens com tanto fervor e delicadeza que o choque ideológico é sentido em cada cena.
Só pecou pelo overacting de Keira, que ao passo que o filme caminhava para o fim, foi contido.
Heróis de Ressaca
3.4 507 Assista AgoraUm dos melhores trios da atualidade. Shaun of the Dead e Hot Fuzz são comédias simplesmente GENIAIS, incansáveis e engraçados pra caralhas. Fora que cada um deles em solo também conseguem manter a qualidade (vide The Boat That Rocked, Scott Pilgrim e até Star Trek).
Esperando há 5 anos, tomara que chegue logo :D
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraNão é um filme para pseudo-moralistas.
Ted esbanja do humor que fez MacFarlane conhecido mundialmente e adiciona traços de feel good que não podem ser ignorados.
Cheirar cocaína com o FLASH GORDON foi um dos acontecimentos mais lindos do cinema 2012.
Madagascar 3: Os Procurados
3.5 1,4K Assista AgoraIndubitavelmente, melhor que o segundo.
O problema principal do filme é que corre desenfreadamente, roteiro muito comprimido, fatos ocorrendo rápido demais. Alguns personagens secundários que antes tinham uma aparição maior, foram reduzidos também, como o caso do Rei Julien - perfeitamente dublado pelo genial Guilherme Briggs.
Em suma, o filme diverte, garante algumas risadas e é bem agradável.
Só prefiro o primeiro.
Zoolander
2.6 343 Assista AgoraQuem fala que Zoolander é ruim, claramente não entendeu o propósito do filme.
Satirizando todo o mundo - patético - da moda e seus estereótipos, considero o filme uma ótima comédia com traços senseless - EXTREMAMENTE melhor do que horrores como Deu a Louca em Hollywood e cia.
O Cavaleiro Solitário
3.2 1,4K Assista AgoraDepp como Tonto não é só uma escolha impensável, mas também ousada e que pode render frutos de boa qualidade.
No aguardo.
Anjos da Lei
3.6 1,4K Assista AgoraO filme teve um índice de aprovação GIGANTE pela crítica, espero que seja ótimo. Inclusive pelo Jonah Hill em um caráter mais moderado - nada de piadas de sexo, masturbação ou coisas do gênero.
Rápido preview.
E como o pôster, de longe, lembra Hot Fuzz.
A Saga Molusco: Anoitecer
1.1 877 Assista AgoraSaga Crepúsculo é detestável, mas aguentar essas paródias repugnantes chega a ser pior.
Scott Pilgrim Contra o Mundo
3.9 3,2K Assista AgoraVão me ter como herege, mas achei melhor que as HQs. Não me levem a mal, leio desde 2006, sou fã e acho a obra de O'Malley sensacional. Achei a caracterização do filme incrivelmente orgástica - sem brincadeirinhas, Edgar Wright (o espetacular diretor/roteirista/parceiro de Simon Pegg e Nick Frost em Spaced, Hot Fuzz e Shaun of the Dead) conseguiu desenhar uma linha perfeita entre a adaptação e a inserção de material geek extra no longa.
Excelente filme, captar a genialidade do filme é algo deveras entusiasmante.
Ah, e a abertura da Universal em 8-bit, QUE COMEÇO.
Alucinação
2.3 40Final clichê e completamente previsível, enredo fraco e inconsistente, enfim, o filme inteiro é muito ruim.
Star Wars, Episódio I: A Ameaça Fantasma
3.6 1,2K Assista AgoraGeorge Lucas defecando até onde consegue pra conseguir mais dinheiro.
O 3D em si não é ruim, pode tornar o filme ainda mais interessante (cena da corrida, a própria abertura, Darth Maul, etc), apesar de ser uma conversão.
Mas ainda estou puto de ter substituído Sebastian Shaw por Hayden Christensen na remasterização de O Retorno de Jedi.
Universidade Monstros
3.9 1,8K Assista AgoraEXCELENTE poster para um provável excelente filme, definitivamente.
A Ressaca
3.1 933 Assista AgoraHot Tube Time Machine é hilariante. Para quem entende as sacadas oitentistas, basicamente. Aqui, por exemplo, temos Chevy Chase (Férias Frustradas [...]) e Crispin Glover (De Volta para o Futuro).