A série original Netflix, da Coréia do Sul, “A Caminho do Céu” de 2021, é uma obra de muita delicadeza e sensibilidade. Na obra acompanhamos Geu Ru e seu pai que trabalham com a limpeza de trauma, ou seja, eles limpam o local da morte e os pertences das pessoas que faleceram, essa é uma profissão real na Coréia do Sul exposta numa reportagem da BBC de mesma sensibilidade: “O faxineiro das casas de pessoas que morrem sozinhas na Coreia do Sul”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=snqcB3e9hu8 Conclui a série ontem e fiquei tão encantado, tão comovido, tão tocado, que decidi registrar minhas impressões sobre essa obra tão impactante. Como de praxe na maioria das obras sul-coreanas, as questões de classe são abordadas, no primeiro capítulo já temos um trabalhador morto resultado de um acidente de trabalho, sozinho, e sem nenhuma assistência. Trabalhadores pobres, mulheres, idosos, todos aqueles que são desprovidos de uma cidadania completa não apenas na sociedade coreana, mas também na nossa, é muito fácil se identificar em inúmeros momentos. Assistam e preparem os lenços, a delicadeza como “A Caminho do Céu” nos mostra como para aqueles que tem dinheiro muitas coisas são irrelevantes, mas para nós, aquilo que compramos com o primeiro salário, os desejos mais simples e singelos de ir a um parque de diversões, tudo isso constitui memórias de existências humanas. Outro ponto alto da série é mostrar a relação de pai e filho de uma maneira afetuosa, cheia de carinho e amor, como poucas vezes são abordadas nas telas essas relações. Um série feita com carinho, onde não importa o pressuposto realista e blá blá, o que importa é tocar o espectador com delicadeza e sensibilidade.
Como sempre tento fazer aqui um registro das obras que eu mais gosto ou que mexem muito comigo eu não poderia deixar de registrar minhas impressões sobre essa série. Uma das mais incríveis que eu já assisti. Dividida em 10 episódios a série tem sim seus defeitos, precisamos jogar no campo do simbólico como o caçador de escravos sempre encontra Cora, por exemplo, a relação de Ceasar e Cora logo no início também fica sem explicação. Mas apesar de alguns desses problemas de roteiro, o saldo da obra é gigantesco. Barry Jekins faz um trabalho primoroso de Cor e Luz. De som e silêncios. O capítulo um fica no lugar comum da representação da platation de algodão e sua violência. Porém, a partir do segundo episódio The Underground Railroad vai montando um quadro mais autêntico sobre o período escravista do Sul dos EUA. O terceiro episódio é claustrofóbico, tenso, enervante, impossível não lembramos do Diário de Anne Frank. O quinto episódio é meu favorito. Uma obra de arte por si só. Quase sem trilha sonora com o fogo nas árvores a crepitar. A fotografia espetacular. O silêncio. Quase sem diálogos. Jasper ❤. E o nono episódio? O que dize? Uma tensão crescente, apreensão enervante e do seu desfecho? O episódio em seus momentos iniciais tem clair de lune de Debussy e termina com This is America de Childsh Gambino. E o último episódio, Mabel, que me lembrou muito Compaixão e Amada de Toni Morrison. Assistir essa série foi doloroso e esplêndido.
Ainda no sexto episódio, mas completamente tomado por essa série. O quinto episódio é de uma perfeição absurda, e o terceiro é precioso demais. Quero terminar de ver e ao mesmo tempo com medo do que pode acontecer com Cora... O Brasil precisa começar a investir em série, filmes que também exponha nossa história, nossas chagas... precisamos dessa catarse que a arte pode promover...
Meus episódios favoritos são: "O gigante afogado" cinco estrelas, maravilhoso! Uma fábula sobre a grandeza e a efemeridade humana. Somos grandes, gigantes, incríveis e impressionantes, mas também perecíveis, não importa nossa grandeza, apodrecemos e nos decompomos, aqui a "nobreza" do gigante contrasta como ele é trato pelos pessoas, o que pode significar que o gigante simbolize as grandes maravilhas da natureza também, e como nós humanos somos medíocres em como vivenciamos esse espetáculo que é o mundo, enfim, várias possíveis leituras muito ricas. "Atendimento automático ao cliente", meu segundo episódio favorito, me lembrou muito um vídeo do canal Ora Thiago: "Matrix e o significado da Ficção Científica", (https://www.youtube.com/watch?v=Pry-88Cdovg&t=3s) em que ele aborda as várias camadas de interpretação da ficção científica para diferentes grupos, uma tese que me chamou atenção foi a questão da revolução das máquinas como um medo da revolução dos trabalhadores, da inteligência artificial como o medo das mulheres feministas, daí a maior parte das representações sobre inteligência artificial serem femininas. Nessa animação todo o trabalho subalternizado é realizado por robôs, ou seja, eles são a classe trabalhadora dessa sociedade, até que um deles dá defeito e meio que inicia uma rebelião, contida graças a presença do porte de arma, essa animação é o exemplo perfeito de uma narrativa cujo subtexto é bem conservador, essa cidade parece perfeita, tudo ordeiro, então quando aparece um homem com uma arma fiquei me perguntando porque numa sociedade como essa as pessoas teriam armas, a maneira como ele limpa a arma, emulando o movimento da masturbação, me pareceu ser uma dica, homens e armas é igual a masculinidade, mas afinal era uma arma de Tchekhov (ver vídeo da Mikannn “O que é ARMA DE TCHEKHOV? Origem do termo e significado! | Ficcionário #10”), https://www.youtube.com/watch?v=EZODl1DnNNQ, e a arma serve para robôs com defeito ou trabalhadores rebeldes, o título faz toda a alusão do péssimo serviço de telemarketing, mas a animação vai muito além disso. E por último, um dos meus favoritos, é “A grama alta” um ótimo conto de terror, que escorrega um pouco na tentativa de explicar os monstros na fala do maquinista, mas que ainda assim a ambientação me fascinou.
Este comentário possui alguns spoilers da série e dos livros Amada e O olho mais azul, embora o que é dito é posto nos prefácios das obras e em suas primeiras linhas, mesmo assim, fica o aviso.
Cheguei até a série a partir das polêmicas em torno dela. Polêmica que entendo, mas discordo. Muito se falou sobre as cenas de violência "desnecessárias" como se houvesse violência necessária, ou que seria puro sadismo, cheguei a ver vídeos que falam em violência recreativa. Fiquei pensando que, em primeiro lugar, como isso aconteceu especificamente com uma sobre racismo nos EUA e com o gênero terror?
Digo isso porque pensando em inúmeros filmes, sobre o Holocausto judeu que eu assisti, o que não faltam são obras com violências extremas sendo expostas. Em A Lista de Shindler, um nazista, atira aleatoriamente em judeus no campo de concentração de sua janela, num jogo macabro. Cenas de judeus, mortos, em valas, nus, e inúmeras outras torturas fazem parte da cinematografia sobre o tema que ajudou a consolidar os horrores nazista em nosso imaginário. Também fiquei pensando em inúmeras cenas terríveis de Cidade de Deus, Beasts of No Nation, Doze anos de escravidão e refleti se o gênero drama possui a primazia da violência explícita porque ele não é visto como entretenimento, mas quando se trata de terror, sim, obras de terror são prioritariamente ou essencialmente obras de entretenimento? E por isso há limites de violências à minorias que devem ser expostas?
Toda essa introdução serve para gerar um debate e reflexão se as pessoas não estão se impedindo de ver uma obra ao meu ver importante apesar de seus problemas. É claro que se a violência te machucar a ponto de te fazer não refletir sobre a obra seria melhor você não assistir, mas propor boicote, dizer as pessoas para não verem, ao invés de expor sua percepção e deixar essa escolha na mão das pessoas não seria subestimar a audiência?
A cena do quinto episódio que expõe como os bancos e as corretoras lucram e exploram as discriminações raciais, gerando lucros absurdos é uma das minhas favoritas, expondo o racismo institucional e estrutural que estimula e se aproveita das discriminações raciais, saindo ainda que brevemente da exclusividade de pensar o racismo como ato de pessoas más.
O capítulo nove é um dos meus favoritos, primeiro porque eu amo as obras fáusticas da literatura, aquelas que tem o pacto com o diabo, ou que possui a figura mefistofélica do demônio. Obras como A Trágica História do Doutor Fausto de Christopher Marlowe, Fausto de Goethe, Doutor Fausto de Thomas Mann, este último, utiliza o pacto com o diabo em sua obra-prima como metáfora para o pacto com o nazismo feito pelo povo alemão. Minha leitura desse capítulo, portanto, não deixa se ser enviesado nesse sentido, ou seja, não deixa de ler essa parte simbolicamente como o pacto da branquitude com o racismo, a barbárie, o horror, o massacre, o capítulo me lembra também a obra A aranha negra de Jeremias Jeremias Gotthelf, no qual uma comunidade inteira faz um pacto com o diabo e é punida.
Gostaria ainda de registrar as referências diretas às obras de Toni Morrison, uma escritora que aborda o racismo em seus livros de maneira crua, expondo todo tipo de violência, infanticídio, estupro, violência psicológica, linchamento, com descrições muito vívidas. Na série percebi a referências à duas de suas obras, Amada de 1987 que narra a saga de uma mãe, Sethe, uma mulher negra, escravizada, que matou a própria filha, e O olho mais azul de 1970, que narra a história de Pecola, uma menina negra retinta que sofre inúmeras violências e que deseja ter os olhos azuis. Ambas se relacionam com a história de Luck e de Ruby respectivamente. Em Amada a casa é assombrada pelo espírito do bebê morto e Sethe carrega essa culpa durante toda a história tal como Luck carrega o trauma, Pecola inspirada pelo cinema, e pelas representações tem como maior desejo ter os olhos azuis, como Ruby que deseja ser branca e se ver de olhos azuis no espelho, a própria ideia de Ruby em ter medo de ser como a mãe e de ter medo dela é muito parecido a da Filha de Sethe, Dee que também tem medo da mãe.
Eu, apesar do choque, da angústia, horror, e medo que senti assistindo a obra consegui fazer algumas reflexões ao meu ver importantes e por isso gostei da série. Haveria ainda inúmeros outros pontos interessantes a serem explorados mas esse comentário já está demasiado extenso.
Mais uma vez, a Tailândia sair do lugar comum dos BLs, só ajuda. Embarcamos com Tian em sua busca por redenção. É impossível não torcer e não se emocionar com sua jornada.
A Tailândia, primeira de seu nome no mundo dos BL, rsrsrsrrs tem caído sempre em mais do mesmo com seus cenários em universidades, ou ensino médio, o ambiente escolar. Com motivos na maioria das vezes sem sentido pra proximidade dos protagonistas (basta ver o fenômeno 2gether que não entendi até hoje o porquê de tanto sucesso), e com atuações geralmente mais ou menos. Tudo isso fica pra trás nessa série que é um primor, a começar pela técnica, lindamente fotografada, ao sair do cenário típico de Bangkok e ir pro cenário deslumbrante, fiquei curioso sobre a cidade da série, a arquitetura me lembra as das regiões históricas do Brasil como as daqui de Salvador. E com um elenco cuja atuação está bem acima das produções tailandesas, principalmente a namorada do Teh, a Tan, a mãe dele e o casal de protagonistas. Aqui nós temos a amizade da infância, a inveja, o rancor, o despertar do desejo na adolescência em seu frenesi, os impulsos, as dores, o companheirismo, as delicadezas do amor e também suas feridas, suas chagas. As buscas dos sonhos em meio à paixões violentas, o amor homoafetivo em meio ao medo. Pra mim não precisavam eles exagerarem tanto na dramaticidade de algumas cenas, mas dá pra relevar visto que na adolescência tudo parece o fim do mundo, rsrsrsrsrsrsrrs. Ah! claro não posso deixar de elogiar a trilha sonora. O melhor BL tailandês de 2020, um dos melhores BLs tailandeses de todos os tempos. Quem é 2gether na fila do pão, não é mesmo?
Se não fosse pelo casal secundário, pra mim, não valeria a pena ver, a história é parada demais, e é muito chato ver um pai super tóxico e abusivo como o pai de Solo ser mostrado como alguém que quer que ele amadureça, que no fundo gosta dele. Guitar passa por humilhações, assédio moral no trabalho mas isso é visto como uma etapa para provar que ele é bom o suficiente, o último capítulo é sofrido de assistir. O núcleo do médico com a fã de BL é horrível, chato, sem pés e nem cabeça. Uma aposta pra alguém ficar com um homem, a gente desliga a problematização, mas nem sempre é possível...
Comecei a assistir a minissérie sem muita expectativa mas no primeiro capítulo já estava torcendo e gritando pela Beth. O grande trunfo dessa produção é fazer dos problemas humanos e principalmente de uma mulher na década de 60 o centro da questão e não o xadrez. A série poderia facilmente cair na história da meritocracia, da genialidade, do puro talento, mas não faz isso e isso é incrível. Vencer também se relaciona com saúde mental, social, com estudo, com ajuda tanto no xadrez quanto em outros aspectos da vida. A série mostra o tempo todo como nos EUA a personagem teve que lutar com ajuda dos seus sem nenhum apoio dos estados e das instituições. Enquanto os soviéticos melhores do mundo recebiam incentivo desde sempre. Amei tudo, amei a cena final.
Mais uma obra sensível e incrível que as Filipinas nos dão de presente. Que trilha sonora maravilhosa, Raava, por favor, tem que ter uma segunda temporada.
Eu sei que o final deixou todo mundo no chão, mas esse é sem dúvida um dos melhores BLs que eu assisti. Podemos partir a qualquer momento, temos que lutar pela nossa felicidade e nossos sentimentos. Precisamos enfrentar tudo para sermos felizes enquanto ainda estamos aqui.
A criatividade dessa série salta aos olhos. Contar um romance durante a pandemia de corona vírus poderia ter sido um fiasco, mas com criatividade e ótimas atuações tivemos uma pequena pérola audiovisual. Sensível, belo, divertido.
Relutei para assistir essa nova versão de She-Ra da Netflix porque gostava muito da versão antiga da minha infância. Mas fui um tolo, deixar a nostalgia de lado e empreender essa experiência foi absolutamente divertido. She-Ra e as Princesas do Poder é muito, muito melhor que sua versão original. Apaixonei-me pelas personagens nos primeiros episódios, e a cada temporada a ameça e as complexidades ficam maiores. O final é épico e ao mesmo tempo super fofo. Eu amei demais os arcos de redenção das personagens. Eu quero uma a história da Mara contada em detalhes numa temporada inteira... Junto com Avatar, O Último Dobrador de Ar, A Lenda de Korra, O Príncipe Dragão, She-Ra tem um lugar no meu coração, para ver e rever sempre.
Uma amiga me indicou essa série, pensei que seria apenas algo divertido, mas de forma leve a série trata temas muito importantes e complexos. Os episódios são uma montanha russa de emoções são divertidos mas depois te deixam tenso ou triste, ou tem momentos tristes mas depois é super engraçado. Muito boa mesmo.
Acho que Dark foi a única série (ou então a única que eu assisti) que tem as três temporadas planejadas, que o sucesso não fez com que ela se estendesse, enrolasse, tudo está ali perfeitamente. É uma obra-prima. Umas melhores experiências que já tive.
Os capítulos 9 e 10 tiveram uma queda na minha apreciação pelo uso do clichê sobre não contar a verdade porque o outro está passando por um momento difícil, desnecessário o clichê de não contar e ser descoberto.
Mas apesar disso a série e muito boa, se desenvolve organicamente, os conflitos costumam ser resolvidos nos próprios episódios, os personagens são super cativantes. Vale a pena ver e por que não? Rever. Aguardando a próxima temporada.
Revendo a série para a terceira temporada e ela só cresceu. Mesmo lembrando dos acontecimentos principais me surpreendi com os detalhes, as atuações incríveis. Que enrendo!
A série é ótima na maior parte de sua temporada, mas os episódios finais não estão entre os meus favoritos, e decididamente o último episódio foi um tanto frustrante, a série não teve nenhum beijo de verdade, nem mesmo no final. Prefiro Why ru?
A Caminho do Céu
4.6 82 Assista AgoraA série original Netflix, da Coréia do Sul, “A Caminho do Céu” de 2021, é uma obra de muita delicadeza e sensibilidade. Na obra acompanhamos Geu Ru e seu pai que trabalham com a limpeza de trauma, ou seja, eles limpam o local da morte e os pertences das pessoas que faleceram, essa é uma profissão real na Coréia do Sul exposta numa reportagem da BBC de mesma sensibilidade: “O faxineiro das casas de pessoas que morrem sozinhas na Coreia do Sul”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=snqcB3e9hu8
Conclui a série ontem e fiquei tão encantado, tão comovido, tão tocado, que decidi registrar minhas impressões sobre essa obra tão impactante. Como de praxe na maioria das obras sul-coreanas, as questões de classe são abordadas, no primeiro capítulo já temos um trabalhador morto resultado de um acidente de trabalho, sozinho, e sem nenhuma assistência. Trabalhadores pobres, mulheres, idosos, todos aqueles que são desprovidos de uma cidadania completa não apenas na sociedade coreana, mas também na nossa, é muito fácil se identificar em inúmeros momentos.
Assistam e preparem os lenços, a delicadeza como “A Caminho do Céu” nos mostra como para aqueles que tem dinheiro muitas coisas são irrelevantes, mas para nós, aquilo que compramos com o primeiro salário, os desejos mais simples e singelos de ir a um parque de diversões, tudo isso constitui memórias de existências humanas.
Outro ponto alto da série é mostrar a relação de pai e filho de uma maneira afetuosa, cheia de carinho e amor, como poucas vezes são abordadas nas telas essas relações. Um série feita com carinho, onde não importa o pressuposto realista e blá blá, o que importa é tocar o espectador com delicadeza e sensibilidade.
Bad Buddy
4.4 36Simplesmente uma delícia de assistir. O sucesso é muito que merecido. Fiquei feliz demais em acompanhar essa história.
Fish Upon The Sky
4.1 12Série divertida, um BL comédia romântica, muito gostosa de ver.
The Underground Railroad: Os Caminhos Para a Liberdade (1ª Temporada)
4.4 58 Assista AgoraComo sempre tento fazer aqui um registro das obras que eu mais gosto ou que mexem muito comigo eu não poderia deixar de registrar minhas impressões sobre essa série. Uma das mais incríveis que eu já assisti. Dividida em 10 episódios a série tem sim seus defeitos, precisamos jogar no campo do simbólico como o caçador de escravos sempre encontra Cora, por exemplo, a relação de Ceasar e Cora logo no início também fica sem explicação. Mas apesar de alguns desses problemas de roteiro, o saldo da obra é gigantesco. Barry Jekins faz um trabalho primoroso de Cor e Luz. De som e silêncios. O capítulo um fica no lugar comum da representação da platation de algodão e sua violência. Porém, a partir do segundo episódio The Underground Railroad vai montando um quadro mais autêntico sobre o período escravista do Sul dos EUA. O terceiro episódio é claustrofóbico, tenso, enervante, impossível não lembramos do Diário de Anne Frank. O quinto episódio é meu favorito. Uma obra de arte por si só. Quase sem trilha sonora com o fogo nas árvores a crepitar. A fotografia espetacular. O silêncio. Quase sem diálogos. Jasper ❤. E o nono episódio? O que dize? Uma tensão crescente, apreensão enervante e do seu desfecho? O episódio em seus momentos iniciais tem clair de lune de Debussy e termina com This is America de Childsh Gambino. E o último episódio, Mabel, que me lembrou muito Compaixão e Amada de Toni Morrison. Assistir essa série foi doloroso e esplêndido.
The Underground Railroad: Os Caminhos Para a Liberdade (1ª Temporada)
4.4 58 Assista AgoraAinda no sexto episódio, mas completamente tomado por essa série. O quinto episódio é de uma perfeição absurda, e o terceiro é precioso demais. Quero terminar de ver e ao mesmo tempo com medo do que pode acontecer com Cora... O Brasil precisa começar a investir em série, filmes que também exponha nossa história, nossas chagas... precisamos dessa catarse que a arte pode promover...
Amor, Morte e Robôs (Volume 2)
3.8 371Contém spoiler:
Meus episódios favoritos são: "O gigante afogado" cinco estrelas, maravilhoso! Uma fábula sobre a grandeza e a efemeridade humana. Somos grandes, gigantes, incríveis e impressionantes, mas também perecíveis, não importa nossa grandeza, apodrecemos e nos decompomos, aqui a "nobreza" do gigante contrasta como ele é trato pelos pessoas, o que pode significar que o gigante simbolize as grandes maravilhas da natureza também, e como nós humanos somos medíocres em como vivenciamos esse espetáculo que é o mundo, enfim, várias possíveis leituras muito ricas. "Atendimento automático ao cliente", meu segundo episódio favorito, me lembrou muito um vídeo do canal Ora Thiago: "Matrix e o significado da Ficção Científica", (https://www.youtube.com/watch?v=Pry-88Cdovg&t=3s) em que ele aborda as várias camadas de interpretação da ficção científica para diferentes grupos, uma tese que me chamou atenção foi a questão da revolução das máquinas como um medo da revolução dos trabalhadores, da inteligência artificial como o medo das mulheres feministas, daí a maior parte das representações sobre inteligência artificial serem femininas. Nessa animação todo o trabalho subalternizado é realizado por robôs, ou seja, eles são a classe trabalhadora dessa sociedade, até que um deles dá defeito e meio que inicia uma rebelião, contida graças a presença do porte de arma, essa animação é o exemplo perfeito de uma narrativa cujo subtexto é bem conservador, essa cidade parece perfeita, tudo ordeiro, então quando aparece um homem com uma arma fiquei me perguntando porque numa sociedade como essa as pessoas teriam armas, a maneira como ele limpa a arma, emulando o movimento da masturbação, me pareceu ser uma dica, homens e armas é igual a masculinidade, mas afinal era uma arma de Tchekhov (ver vídeo da Mikannn “O que é ARMA DE TCHEKHOV? Origem do termo e significado! | Ficcionário #10”), https://www.youtube.com/watch?v=EZODl1DnNNQ, e a arma serve para robôs com defeito ou trabalhadores rebeldes, o título faz toda a alusão do péssimo serviço de telemarketing, mas a animação vai muito além disso. E por último, um dos meus favoritos, é “A grama alta” um ótimo conto de terror, que escorrega um pouco na tentativa de explicar os monstros na fala do maquinista, mas que ainda assim a ambientação me fascinou.
Eles (1ª Temporada)
4.1 543 Assista AgoraEste comentário possui alguns spoilers da série e dos livros Amada e O olho mais azul, embora o que é dito é posto nos prefácios das obras e em suas primeiras linhas, mesmo assim, fica o aviso.
Cheguei até a série a partir das polêmicas em torno dela. Polêmica que entendo, mas discordo. Muito se falou sobre as cenas de violência "desnecessárias" como se houvesse violência necessária, ou que seria puro sadismo, cheguei a ver vídeos que falam em violência recreativa. Fiquei pensando que, em primeiro lugar, como isso aconteceu especificamente com uma sobre racismo nos EUA e com o gênero terror?
Digo isso porque pensando em inúmeros filmes, sobre o Holocausto judeu que eu assisti, o que não faltam são obras com violências extremas sendo expostas. Em A Lista de Shindler, um nazista, atira aleatoriamente em judeus no campo de concentração de sua janela, num jogo macabro. Cenas de judeus, mortos, em valas, nus, e inúmeras outras torturas fazem parte da cinematografia sobre o tema que ajudou a consolidar os horrores nazista em nosso imaginário. Também fiquei pensando em inúmeras cenas terríveis de Cidade de Deus, Beasts of No Nation, Doze anos de escravidão e refleti se o gênero drama possui a primazia da violência explícita porque ele não é visto como entretenimento, mas quando se trata de terror, sim, obras de terror são prioritariamente ou essencialmente obras de entretenimento? E por isso há limites de violências à minorias que devem ser expostas?
Toda essa introdução serve para gerar um debate e reflexão se as pessoas não estão se impedindo de ver uma obra ao meu ver importante apesar de seus problemas. É claro que se a violência te machucar a ponto de te fazer não refletir sobre a obra seria melhor você não assistir, mas propor boicote, dizer as pessoas para não verem, ao invés de expor sua percepção e deixar essa escolha na mão das pessoas não seria subestimar a audiência?
A cena do quinto episódio que expõe como os bancos e as corretoras lucram e exploram as discriminações raciais, gerando lucros absurdos é uma das minhas favoritas, expondo o racismo institucional e estrutural que estimula e se aproveita das discriminações raciais, saindo ainda que brevemente da exclusividade de pensar o racismo como ato de pessoas más.
O capítulo nove é um dos meus favoritos, primeiro porque eu amo as obras fáusticas da literatura, aquelas que tem o pacto com o diabo, ou que possui a figura mefistofélica do demônio. Obras como A Trágica História do Doutor Fausto de Christopher Marlowe, Fausto de Goethe, Doutor Fausto de Thomas Mann, este último, utiliza o pacto com o diabo em sua obra-prima como metáfora para o pacto com o nazismo feito pelo povo alemão. Minha leitura desse capítulo, portanto, não deixa se ser enviesado nesse sentido, ou seja, não deixa de ler essa parte simbolicamente como o pacto da branquitude com o racismo, a barbárie, o horror, o massacre, o capítulo me lembra também a obra A aranha negra de Jeremias Jeremias Gotthelf, no qual uma comunidade inteira faz um pacto com o diabo e é punida.
Gostaria ainda de registrar as referências diretas às obras de Toni Morrison, uma escritora que aborda o racismo em seus livros de maneira crua, expondo todo tipo de violência, infanticídio, estupro, violência psicológica, linchamento, com descrições muito vívidas. Na série percebi a referências à duas de suas obras, Amada de 1987 que narra a saga de uma mãe, Sethe, uma mulher negra, escravizada, que matou a própria filha, e O olho mais azul de 1970, que narra a história de Pecola, uma menina negra retinta que sofre inúmeras violências e que deseja ter os olhos azuis. Ambas se relacionam com a história de Luck e de Ruby respectivamente. Em Amada a casa é assombrada pelo espírito do bebê morto e Sethe carrega essa culpa durante toda a história tal como Luck carrega o trauma, Pecola inspirada pelo cinema, e pelas representações tem como maior desejo ter os olhos azuis, como Ruby que deseja ser branca e se ver de olhos azuis no espelho, a própria ideia de Ruby em ter medo de ser como a mãe e de ter medo dela é muito parecido a da Filha de Sethe, Dee que também tem medo da mãe.
Eu, apesar do choque, da angústia, horror, e medo que senti assistindo a obra consegui fazer algumas reflexões ao meu ver importantes e por isso gostei da série. Haveria ainda inúmeros outros pontos interessantes a serem explorados mas esse comentário já está demasiado extenso.
A Tale of a Thousand Stars
4.2 29Mais uma vez, a Tailândia sair do lugar comum dos BLs, só ajuda. Embarcamos com Tian em sua busca por redenção. É impossível não torcer e não se emocionar com sua jornada.
I Told Sunset About You
4.5 33A Tailândia, primeira de seu nome no mundo dos BL, rsrsrsrrs tem caído sempre em mais do mesmo com seus cenários em universidades, ou ensino médio, o ambiente escolar. Com motivos na maioria das vezes sem sentido pra proximidade dos protagonistas (basta ver o fenômeno 2gether que não entendi até hoje o porquê de tanto sucesso), e com atuações geralmente mais ou menos. Tudo isso fica pra trás nessa série que é um primor, a começar pela técnica, lindamente fotografada, ao sair do cenário típico de Bangkok e ir pro cenário deslumbrante, fiquei curioso sobre a cidade da série, a arquitetura me lembra as das regiões históricas do Brasil como as daqui de Salvador. E com um elenco cuja atuação está bem acima das produções tailandesas, principalmente a namorada do Teh, a Tan, a mãe dele e o casal de protagonistas. Aqui nós temos a amizade da infância, a inveja, o rancor, o despertar do desejo na adolescência em seu frenesi, os impulsos, as dores, o companheirismo, as delicadezas do amor e também suas feridas, suas chagas. As buscas dos sonhos em meio à paixões violentas, o amor homoafetivo em meio ao medo. Pra mim não precisavam eles exagerarem tanto na dramaticidade de algumas cenas, mas dá pra relevar visto que na adolescência tudo parece o fim do mundo, rsrsrsrsrsrsrrs. Ah! claro não posso deixar de elogiar a trilha sonora. O melhor BL tailandês de 2020, um dos melhores BLs tailandeses de todos os tempos. Quem é 2gether na fila do pão, não é mesmo?
Oxygen: The Series
3.2 8Se não fosse pelo casal secundário, pra mim, não valeria a pena ver, a história é parada demais, e é muito chato ver um pai super tóxico e abusivo como o pai de Solo ser mostrado como alguém que quer que ele amadureça, que no fundo gosta dele. Guitar passa por humilhações, assédio moral no trabalho mas isso é visto como uma etapa para provar que ele é bom o suficiente, o último capítulo é sofrido de assistir. O núcleo do médico com a fã de BL é horrível, chato, sem pés e nem cabeça. Uma aposta pra alguém ficar com um homem, a gente desliga a problematização, mas nem sempre é possível...
O Gambito da Rainha
4.4 931 Assista AgoraComecei a assistir a minissérie sem muita expectativa mas no primeiro capítulo já estava torcendo e gritando pela Beth. O grande trunfo dessa produção é fazer dos problemas humanos e principalmente de uma mulher na década de 60 o centro da questão e não o xadrez. A série poderia facilmente cair na história da meritocracia, da genialidade, do puro talento, mas não faz isso e isso é incrível. Vencer também se relaciona com saúde mental, social, com estudo, com ajuda tanto no xadrez quanto em outros aspectos da vida. A série mostra o tempo todo como nos EUA a personagem teve que lutar com ajuda dos seus sem nenhum apoio dos estados e das instituições. Enquanto os soviéticos melhores do mundo recebiam incentivo desde sempre. Amei tudo, amei a cena final.
Like In The Movies
4.1 28Mais uma obra sensível e incrível que as Filipinas nos dão de presente. Que trilha sonora maravilhosa, Raava, por favor, tem que ter uma segunda temporada.
HIStory3: Make Our Days Count
4.2 24Eu sei que o final deixou todo mundo no chão, mas esse é sem dúvida um dos melhores BLs que eu assisti. Podemos partir a qualquer momento, temos que lutar pela nossa felicidade e nossos sentimentos. Precisamos enfrentar tudo para sermos felizes enquanto ainda estamos aqui.
Still 2gether
4.2 21Final muito melhor que o anterior! Se redimiram!!!
Gameboys
4.2 19Melhor BL!!! Meu Deus que final lindo! Amei.
Gameboys
4.2 19A criatividade dessa série salta aos olhos. Contar um romance durante a pandemia de corona vírus poderia ter sido um fiasco, mas com criatividade e ótimas atuações tivemos uma pequena pérola audiovisual. Sensível, belo, divertido.
She-Ra e as Princesas do Poder (5ª Temporada)
4.7 87 Assista AgoraRelutei para assistir essa nova versão de She-Ra da Netflix porque gostava muito da versão antiga da minha infância. Mas fui um tolo, deixar a nostalgia de lado e empreender essa experiência foi absolutamente divertido. She-Ra e as Princesas do Poder é muito, muito melhor que sua versão original. Apaixonei-me pelas personagens nos primeiros episódios, e a cada temporada a ameça e as complexidades ficam maiores. O final é épico e ao mesmo tempo super fofo. Eu amei demais os arcos de redenção das personagens. Eu quero uma a história da Mara contada em detalhes numa temporada inteira... Junto com Avatar, O Último Dobrador de Ar, A Lenda de Korra, O Príncipe Dragão, She-Ra tem um lugar no meu coração, para ver e rever sempre.
She-Ra e as Princesas do Poder (4ª Temporada)
4.5 22 Assista AgoraO episódio 9 foi o melhor até agora de todas as 4 temporadas. Perfeito!
Eu Nunca... (1ª Temporada)
4.0 421 Assista AgoraUma amiga me indicou essa série, pensei que seria apenas algo divertido, mas de forma leve a série trata temas muito importantes e complexos. Os episódios são uma montanha russa de emoções são divertidos mas depois te deixam tenso ou triste, ou tem momentos tristes mas depois é super engraçado. Muito boa mesmo.
Dark (3ª Temporada)
4.3 1,3KAcho que Dark foi a única série (ou então a única que eu assisti) que tem as três temporadas planejadas, que o sucesso não fez com que ela se estendesse, enrolasse, tudo está ali perfeitamente. É uma obra-prima. Umas melhores experiências que já tive.
Com Amor, Victor (1ª Temporada)
4.0 180 Assista AgoraTive uma grata surpresa com essa série, para mim foi bem melhor que o filme, O capítulo 8 é com certeza o melhor, impossível não se emocionar.
Os capítulos 9 e 10 tiveram uma queda na minha apreciação pelo uso do clichê sobre não contar a verdade porque o outro está passando por um momento difícil, desnecessário o clichê de não contar e ser descoberto.
Mas apesar disso a série e muito boa, se desenvolve organicamente, os conflitos costumam ser resolvidos nos próprios episódios, os personagens são super cativantes. Vale a pena ver e por que não? Rever. Aguardando a próxima temporada.
Dark (1ª Temporada)
4.4 1,6KRevendo a série para a terceira temporada e ela só cresceu. Mesmo lembrando dos acontecimentos principais me surpreendi com os detalhes, as atuações incríveis. Que enrendo!
Why R U?
3.9 25Melhor BL, infelizmente as cenas de Sai Fah e Zon não puderam ser gravados e eles são o melhor casal da série.
2gether
4.3 66A série é ótima na maior parte de sua temporada, mas os episódios finais não estão entre os meus favoritos, e decididamente o último episódio foi um tanto frustrante, a série não teve nenhum beijo de verdade, nem mesmo no final. Prefiro Why ru?
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