não dá para entender como ninguém viu as fotos do verdadeiro Richard Greenleaf durante as investigações policiais. Mesmo que a trama não pretenda ser hiperrealista, o filme abusa do absurdo depois do assassinato de Richard. São vários furos, várias "licenças poéticas" que vão empurrando a história para a frente, especialmente quando o amigo de Richard (Freddie) reaparece em Roma e nas cenas seguintes, a começar por sua discussão com a proprietária do prédio sobre ele estar ou não em casa. O roteiro é um espertalhão. Tudo se resolve facilmente quando convém à narrativa, inclusive com a repentina aparição de um sujeito relacionado com Freddie no hotel em Roma. Aliás, o modo como Freddie encontrou o endereço de Tom Ripley está mal explicado. A morte de Freddie e as investigações policiais são ridículas. Outra questão fundamental é que Tom Ripley não imita o amigo, apenas se apropria de sua identidade. Perdoem o óbvio, mas imitadores são imitadores porque imitam as pessoas imitadas, daí nome Ripley, alusão a replay, recriar. Quando comecei a assistir, pensei na diversão que seria ver o contido e dissimulado Tom assumir o jeitão displicente de Richard. Ou seja, recriá-lo. Nada disso acontece. Tom continua a ser o mesmo Tom, com a mesma cara, mesmos modos, tudo igual. Põe o anel, troca o sapato e vida que segue. E ainda consegue enganar meio mundo com idas e vindas prolixas, de Norte a Sul, inclusive quando reaparece como Tom Ripley diante do inspetor de polícia em Veneza, fazendo as mesmíssimas caras e bocas que vinha fazendo desde o primeiro episódio e durante as investigações sobre a morte de Freddie. Haja incompetência! A inserção de Caravaggio me pareceu apenas uma alegoria cultural, uma alusão erudita ao famoso claro-escuro do pintor italiano para dar uma pincelada chique na narrativa, talvez sugerindo que a vida tenha lá suas penumbras. Enfim, achei o filme bem produzido, fotografado etc. Mas senti um clima de encheção de linguiça a partir do quinto episódio e tudo começou a ficar pretensioso, arrastado e inverossímil na segunda metade da série, além de repetitivo, com aqueles enquadramentos pomposos, aqueles closes em imagens artísticas, aquelas citações a cineastas consagrados (Hitchcock, Visconti, Antonioni, até ao cinema mudo alemão com O Gabinete do Dr. Caligari). Aliás, esse papo de "citação" é outro clichê bastante surrado na cinematografia. Meu aplauso sincero vai para a produção visual e para dois coadjuvantes divinamente bem interpretados, Marge e Freddie Milles, especialmente para ele, que dá um show de interpretação desde a primeira aparição. Pensando bem, ele seria maravilhoso como Tom Ripley.
Boa série, mas podiam explorar mais a questão da unificação das Alemanhas em vez de focar tanto nas investigações sobre o assassinato de Rohwedder. A relevância do crime está mais ligada às suas causas e ao seu contexto do que à sua autoria. Rohwedder era apenas a bucha de um canhão numa batalha que ainda pede um documentário à altura de sua importância e complexidade.
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Ripley
4.2 85 Assista AgoraTerminei de assistir agora. Muito bem produzido, elegante etc, mas
não dá para entender como ninguém viu as fotos do verdadeiro Richard Greenleaf durante as investigações policiais. Mesmo que a trama não pretenda ser hiperrealista, o filme abusa do absurdo depois do assassinato de Richard. São vários furos, várias "licenças poéticas" que vão empurrando a história para a frente, especialmente quando o amigo de Richard (Freddie) reaparece em Roma e nas cenas seguintes, a começar por sua discussão com a proprietária do prédio sobre ele estar ou não em casa. O roteiro é um espertalhão. Tudo se resolve facilmente quando convém à narrativa, inclusive com a repentina aparição de um sujeito relacionado com Freddie no hotel em Roma. Aliás, o modo como Freddie encontrou o endereço de Tom Ripley está mal explicado. A morte de Freddie e as investigações policiais são ridículas. Outra questão fundamental é que Tom Ripley não imita o amigo, apenas se apropria de sua identidade. Perdoem o óbvio, mas imitadores são imitadores porque imitam as pessoas imitadas, daí nome Ripley, alusão a replay, recriar. Quando comecei a assistir, pensei na diversão que seria ver o contido e dissimulado Tom assumir o jeitão displicente de Richard. Ou seja, recriá-lo. Nada disso acontece. Tom continua a ser o mesmo Tom, com a mesma cara, mesmos modos, tudo igual. Põe o anel, troca o sapato e vida que segue. E ainda consegue enganar meio mundo com idas e vindas prolixas, de Norte a Sul, inclusive quando reaparece como Tom Ripley diante do inspetor de polícia em Veneza, fazendo as mesmíssimas caras e bocas que vinha fazendo desde o primeiro episódio e durante as investigações sobre a morte de Freddie. Haja incompetência! A inserção de Caravaggio me pareceu apenas uma alegoria cultural, uma alusão erudita ao famoso claro-escuro do pintor italiano para dar uma pincelada chique na narrativa, talvez sugerindo que a vida tenha lá suas penumbras. Enfim, achei o filme bem produzido, fotografado etc. Mas senti um clima de encheção de linguiça a partir do quinto episódio e tudo começou a ficar pretensioso, arrastado e inverossímil na segunda metade da série, além de repetitivo, com aqueles enquadramentos pomposos, aqueles closes em imagens artísticas, aquelas citações a cineastas consagrados (Hitchcock, Visconti, Antonioni, até ao cinema mudo alemão com O Gabinete do Dr. Caligari). Aliás, esse papo de "citação" é outro clichê bastante surrado na cinematografia. Meu aplauso sincero vai para a produção visual e para dois coadjuvantes divinamente bem interpretados, Marge e Freddie Milles, especialmente para ele, que dá um show de interpretação desde a primeira aparição. Pensando bem, ele seria maravilhoso como Tom Ripley.
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Uma Morte em Vermelho
3.1 5 Assista AgoraBoa série, mas podiam explorar mais a questão da unificação das Alemanhas em vez de focar tanto nas investigações sobre o assassinato de Rohwedder. A relevância do crime está mais ligada às suas causas e ao seu contexto do que à sua autoria. Rohwedder era apenas a bucha de um canhão numa batalha que ainda pede um documentário à altura de sua importância e complexidade.