Bom, o protagonista é bom de grana. Diana, aos olhos dessa sociedade, seria julgada pela hipótese de possuir interesse exclusivamente financeiro (algo que ocorreu para com a personagem, conforme constatei em leituras e conversas). Nos casos que fogem dos padrões de beleza, é comum surgirem pessoas questionando os sentimentos e as intenções. O filme não caminha por esse debate e os conflitos e julgamentos são de outra ordem. Embora Alexandre tenha se valido dos privilégios de sua posição social para impressionar Diane, especialmente no primeiro encontro (enfim, aquilo também faz parte de quem ele é, além do que ele queria compartilhar bons momentos), ele não é julgado como a mulher é. O filme procura mostrar que ela possui um background e que ela encontrou nele um bom companheiro. O fato de ela ter mensurado o quanto se sente bem ao lado dele e questionado quais caminhos seguir, sem tomar uma decisão precipitada, leva alguns a duvidar dos sentimentos dela, já eu considero que seja um fator positivo para a mensagem do filme. Em outras palavras: Alexandre não é julgado por ter exibido as regalias de seu dinheiro para Diana; Diana não deveria ser julgada por ter optado por ficar com ele, mesmo ele tendo dinheiro.
Produção francesa que estreou em 2016. Aborda preconceitos, inseguranças e medos pessoais. O argentino Marcos Carnevale esteve no roteiro de outras produções anteriores que contam a mesma história: Corazón de León, o qual também dirigiu (Argentina, 2013) e Corazón de León (Colômbia e Argentina, 2015). Possuem o mesmo problema de não entregar o papel do protagonista para um ator compatível com a altura da personagem.
A história agradou a produtores de diferentes lugares e seguiu originando novos trabalhos: El gran León (Peru, 2018) e Mi pequeño gran hombre (México, 2018). Quem sabe surja uma versão brasileira?
O enredo é atrativo por escolher como galã a figura de León, uma personagem que desafia os estereótipos físicos de beleza. Uma pena que não seja este o caso do ator que o interpreta. Guillermo Francella atua bem, porém, assim como o enredo trabalha a diversidade física e de relacionamentos, seria interessante a diversidade de atores, mesmo porque papeis bons não são rotineiramente destinados a atores baixos ou a anões. Essa poderia ter sido uma oportunidade de trabalho e de discussão sobre o tema, a partir de experiências pessoais de um ator compatível com a altura da personagem, visto que o filme repercute para entrevistas e debates com o elenco.
Assim, buscando atrair mais público (e preferindo trabalhar com efeitos), a produção opta por ter como ator um homem conhecido e que possui altura "normal", ou seja, o estereótipo de altura que traz opressão a León (evidente que a opressão não se deve ao ator, mas à força do estereótipo).
Ou seja: é contraditório, mas a característica física que a mensagem do filme aponta como não essencial a produção aponta como necessária. Com isso, o potencial da mensagem é reduzido.
Vejo pontos positivos. A gente fica com vontade de ver o desenrolar. Contudo, quero falar de alguns elementos que, para mim, não fizeram muito sentido, na forma.
Alguns problemas de lógica nas partes, possivelmente, adicionadas a partir da história real, deixam transparecer a ideia de que, em alguns momentos, a protagonista prefere se dominar pela vaidade e pela irritação, se entregando a uma fúria mal dirigida, do que pensar racionalmente. "Ah, mas a tensão do sequestro impede que a pessoa pense racionalmente", ok, mas mesmo essa não me parece uma justificativa suficiente, inclusive porque as partes com fragilidade de enredo, geralmente, envolvem um pensamento prévio de tentativa de fuga.
Quando ela para para "vomitar", o sequestrador respeita a privacidade e vira de costas. Seria mais fácil acreditar que ele se recusasse a olhar por ter nojo da cena do que por respeito à vítima, rsrs. No filme, isso é explicado pelo entrosamento de ambos e pela afinidade com a situação de enjoo, levando a uma confiança na moça. Ok, é uma possibilidade, mas... em seguida, ela corre para pedir ajuda de terceiros e grita! Como assim, ela grita, sabendo que seus sequestradores estão logo ali?!
A cena do guarda foi frágil, tanto por ela ter conseguido sair do carro (a vítima com domínio sobre a porta), quanto por ter regressado, da forma que regressou (ousou, não teve medo de levar um tiro ao sair do carro, porém abre mão desse plano, rapidamente). Foi como se o risco que ela correu não fosse medido em respostas equivalentes. Gera uma reflexão sobre o machismo, amparado pela cumplicidade masculina, mas é pouco eficaz para explicar que a raiva sentida fosse suficiente para que Isabel pudesse voltar ao volante, simplesmente reclamando. Faltou algo para colar. Ela nem parecia a mesma pessoa; a Isabel que saiu do automóvel levaria a situação mais longe, dada a situação sem ameaça concreta fora do carro e com ameaça evidente, dentro do carro. Minha expectativa é que, na lógica dela, ela corresse, atacasse alguém ou se lançasse ao chão, de modo que o sequestrador tomasse uma atitude mais radical (ampliando as suspeitas do guarda) e o guarda pudesse reavaliar sua posição. Pro filme seguir, ela teria que voltar ao carro, naquele momento, mas ela voltou como um cordeiro indo ao sacrifício. De certo modo, ela não foi forçada. A ameaça existia, foi psicológica, ela se sentiu coagida, entretanto, não foi um perigo imediato, não houve coerção física, ela não foi empurrada. Ela estava revoltada, mas voltou e com os próprios passos. Ela já era vítima de um sequestro, estava na pior e tinha uma esperança. Portanto, poderia ter levado a situação adiante, se agarrado às chances e só retornado perante uma ameaça mais iminente, com motivos mais presentes. Sei que a pessoa perde a razão, sente medo e nojo, sei que ela estava frustrada e desiludida, mas eu senti que faltou tentativa, pois ela teve a iniciativa de arriscar. Ela sabia que essa poderia ter sido sua única chance de escape. Além do que, ela estaria sendo movida pelo medo de voltar ao veículo e viver uma situação ainda mais ameaçadora, pois os delinquentes estariam irritados com a afronta. A Isabel sentiria que não adiantaria, simplesmente, brigar com o guarda (sua esperança) para se refugiar com os dois jovens (o foco principal do problema). Ela teria tentado mais. Fora isso, falta coerência no próprio argumento de Matheus, pois, na lógica que ele apresentou ao guarda, a jovem estaria "alterada", mas tá tudo bem ela voltar à direção (!). Ótimo pra ele, que só queria sair dali, entretanto ele sabia que estava diante de uma autoridade. E o guarda, mais uma vez, não estranha. Soa frágil a justificativa da resposta de todos ante a situação.
A cena na qual a vítima toma a pistola do sequestrador para ameaçar uma namorada ciumenta, interpretada por Linn da Quebrada, que apareceu no bar... Gente, a raiva de uma ofensa verbal consegue ser maior do que a fome de escapar de um sequestro? Eu não acreditei quando vi que ela decidiu ameaçar quem poderia se converter em seu auxílio e salvação para, em seguida, correr ao carro com os seus reais inimigos. Sei que ela tinha uma estratégia de buscar mostrar similaridades com os vilões e que a ofensa mexeu com ela, mas, caramba, ela não precisaria mais ter afinidade com seus sequestradores se tivesse conseguido escapar. Eu até sei que, em uma situação real, a vítima se vê forçada a colaborar com o criminoso e sei que pode até mesmo acontecer uma simpatia, no entanto, era uma oportunidade de fuga. Era a chance de correr, colocar os bandidos pra correr ou pedir que alguém chamasse a polícia. Por isso, considero "Quem é a patricinha, agora?" uma fala desnecessária, em uma sequência que não tem coerência. Torna-se mais importante parecer perigosa para uma pessoa sem papel no sequestro do que escapar de quem a dominava. O que aconteceu nessa cena, com a presença de dois sequestradores, foi longe demais. Ela correu com eles, quando poderia ter corrido deles. Aí, a ficha cai apenas quando estão diante do carro, mas ela está sozinha. Ela demonstra que não sabe manusear o revólver, em uma tentativa de atirar, que leva os sequestradores a atitudes ainda mais cruéis.
o suspense mergulhou na emoção e se perdeu na razão. Os motivos foram pequenos. Isabel conseguia fazer planos, mas se mostrava impulsiva a ponto de não saber levá-los adiante. Eu pensava, "ela não faria isso". Mesmo que alguém fizesse aquilo, para mim, faltou um aprofundamento mais consistente.
Enfim, os sentimentos das personagens são desenhados no filme, as personalidades são nítidas, mas as atitudes nem sempre possuem lógica possível, mesmo no contexto de tensão, mesmo amparadas pela impulsividade. A realidade, às vezes, é surpreendente, no entanto, curiosamente, a gente espera mais nexo na ficção, rsrs. O filme tem a "licença"/justificativa de ter sido baseado em uma história real, porém muitos daqueles fatos não aconteceram ou ao menos não aconteceram daquela forma.
A trama é envolvente. É dramático o pesadelo vivenciado e é bem elaborada a construção da suspeita sobre Karl; geral achando que ele fosse o culpado, sendo essencial a postura crítica de Pia Zach e a determinação de Josefine. O pano de fundo, curiosamente, envolve crueldades do mercado imobiliário. A parte que não gostei está na construção do antagonismo: a vítima do sistema passou a ser o vilão
, enquanto o funcionário cruel e patriarca relapso - diante do risco de morte e contemplando sua decadência social - se tornou o mocinho; bem ao gosto da moral capitalista do "cidadão de bem". Pelo menos, houve alguma reflexão e redenção, especialmente no âmbito da paternidade.
"Um presente para toda a vida" (às vezes o título aparece assim), num sentido de que a criança seria adotada por Adeline. Contudo, ao final, descobri que o título brasileiro não era spoiler.
Uma história sobre espera e esperança. Uma boa adaptação para o cinema. A apresentação das personagens se junta com ações iniciais importantes, de modo que tudo acontece muito rápido, evidenciando que as viagens e a fragmentação são constantes. Mas, nada que impeça as ligações dos acontecimentos.
Por um lado - à parte toda relação ter uma parcela de entrega - acho tenso o controle (querendo ou não) desse homem sobre essa mulher, o que seria ocultado com a justificativa de que ela estaria feliz, apaixonada e tomando as próprias decisões. Também penso no paradoxo temporal: se ele não tivesse procurado por ela no passado, não haveriam os dois no presente/futuro e ela não teria se interessado por ele, na biblioteca (dentre outros exemplos). Então, com qual critério e onde isso começa? É como se todas as camadas do tempo estivessem se repetindo, mas em nenhum momento certos fatos ocorressem sem intervenção.
Por outro lado, é uma diferente história de amor na ficção científica, trazendo esforço criativo da autoria e curiosidade para quem acompanhe o desenrolar.
Curioso que o livro começa com Henry conhecendo Clare na biblioteca, enquanto o filme optou por começar com Clare conhecendo Henry no campo.
O filme, que foi originalmente uma peça de teatro, segue por um caminho arriscado, mesmo porque a narrativa é pouco convencional, saindo do lugar-comum da comédia. A música tema, "Fica comigo esta noite", de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves, caiu muito bem, assim como o estilo da montagem. De modo geral, é tecnicamente caprichado. Mesmo tendo pontos baixos, para mim, o resultado é satisfatório. Ótima presença de Laura Cardoso!
A relação entre tio e sobrinhos raramente é priorizada como neste enredo. Os conflitos também abrangem os papeis sociais de outras personagens, de modo previsível, mas bacana de acompanhar. Tio Tony lida com as expectativas nele depositadas, e com suas próprias necessidades e frustrações. Ao mesmo tempo, desenvolve novos vínculos e se vê conduzido a um amadurecimento disciplinar. Ao longo da trama, novos olhares surgem no interior da família. Ana Lúcia Torre, pra variar, está ótima!
Pensei que não fosse gostar, que fosse meramente um filme de espetáculo, mas felizmente fui surpreendido, pois o enredo é cativante. Jacob Kowalski e Queenie Goldstein são muito carismáticos, do começo ao fim.
Encontro às cegas
3.5 23 Assista AgoraO homem ao lado.
Fim do Mundo
2.5 204Um filme que força a barra, mas prende.
Um filme que prende, mas força a barra.
Um Amor à Altura
3.3 94 Assista AgoraUma reflexão que tive:
Bom, o protagonista é bom de grana. Diana, aos olhos dessa sociedade, seria julgada pela hipótese de possuir interesse exclusivamente financeiro (algo que ocorreu para com a personagem, conforme constatei em leituras e conversas). Nos casos que fogem dos padrões de beleza, é comum surgirem pessoas questionando os sentimentos e as intenções. O filme não caminha por esse debate e os conflitos e julgamentos são de outra ordem. Embora Alexandre tenha se valido dos privilégios de sua posição social para impressionar Diane, especialmente no primeiro encontro (enfim, aquilo também faz parte de quem ele é, além do que ele queria compartilhar bons momentos), ele não é julgado como a mulher é. O filme procura mostrar que ela possui um background e que ela encontrou nele um bom companheiro. O fato de ela ter mensurado o quanto se sente bem ao lado dele e questionado quais caminhos seguir, sem tomar uma decisão precipitada, leva alguns a duvidar dos sentimentos dela, já eu considero que seja um fator positivo para a mensagem do filme.
Em outras palavras: Alexandre não é julgado por ter exibido as regalias de seu dinheiro para Diana; Diana não deveria ser julgada por ter optado por ficar com ele, mesmo ele tendo dinheiro.
Um Amor à Altura
3.3 94 Assista AgoraProdução francesa que estreou em 2016. Aborda preconceitos, inseguranças e medos pessoais. O argentino Marcos Carnevale esteve no roteiro de outras produções anteriores que contam a mesma história: Corazón de León, o qual também dirigiu (Argentina, 2013) e Corazón de León (Colômbia e Argentina, 2015). Possuem o mesmo problema de não entregar o papel do protagonista para um ator compatível com a altura da personagem.
A história agradou a produtores de diferentes lugares e seguiu originando novos trabalhos: El gran León (Peru, 2018) e Mi pequeño gran hombre (México, 2018). Quem sabe surja uma versão brasileira?
Coração de Leão - O Amor não Tem Tamanho
3.5 87O enredo é atrativo por escolher como galã a figura de León, uma personagem que desafia os estereótipos físicos de beleza. Uma pena que não seja este o caso do ator que o interpreta. Guillermo Francella atua bem, porém, assim como o enredo trabalha a diversidade física e de relacionamentos, seria interessante a diversidade de atores, mesmo porque papeis bons não são rotineiramente destinados a atores baixos ou a anões. Essa poderia ter sido uma oportunidade de trabalho e de discussão sobre o tema, a partir de experiências pessoais de um ator compatível com a altura da personagem, visto que o filme repercute para entrevistas e debates com o elenco.
Assim, buscando atrair mais público (e preferindo trabalhar com efeitos), a produção opta por ter como ator um homem conhecido e que possui altura "normal", ou seja, o estereótipo de altura que traz opressão a León (evidente que a opressão não se deve ao ator, mas à força do estereótipo).
Ou seja: é contraditório, mas a característica física que a mensagem do filme aponta como não essencial a produção aponta como necessária. Com isso, o potencial da mensagem é reduzido.
Doris, Redescobrindo o Amor
3.5 140 Assista AgoraDoris é muito viva. Dá vontade de sentar e conversar com ela.
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraSolidão -> Amizade -> Zoeira -> Compreensão -> Amor
Sequestro Relâmpago
2.3 137Vejo pontos positivos. A gente fica com vontade de ver o desenrolar. Contudo, quero falar de alguns elementos que, para mim, não fizeram muito sentido, na forma.
Alguns problemas de lógica nas partes, possivelmente, adicionadas a partir da história real, deixam transparecer a ideia de que, em alguns momentos, a protagonista prefere se dominar pela vaidade e pela irritação, se entregando a uma fúria mal dirigida, do que pensar racionalmente. "Ah, mas a tensão do sequestro impede que a pessoa pense racionalmente", ok, mas mesmo essa não me parece uma justificativa suficiente, inclusive porque as partes com fragilidade de enredo, geralmente, envolvem um pensamento prévio de tentativa de fuga.
Quando ela para para "vomitar", o sequestrador respeita a privacidade e vira de costas. Seria mais fácil acreditar que ele se recusasse a olhar por ter nojo da cena do que por respeito à vítima, rsrs. No filme, isso é explicado pelo entrosamento de ambos e pela afinidade com a situação de enjoo, levando a uma confiança na moça. Ok, é uma possibilidade, mas... em seguida, ela corre para pedir ajuda de terceiros e grita! Como assim, ela grita, sabendo que seus sequestradores estão logo ali?!
A cena do guarda foi frágil, tanto por ela ter conseguido sair do carro (a vítima com domínio sobre a porta), quanto por ter regressado, da forma que regressou (ousou, não teve medo de levar um tiro ao sair do carro, porém abre mão desse plano, rapidamente). Foi como se o risco que ela correu não fosse medido em respostas equivalentes. Gera uma reflexão sobre o machismo, amparado pela cumplicidade masculina, mas é pouco eficaz para explicar que a raiva sentida fosse suficiente para que Isabel pudesse voltar ao volante, simplesmente reclamando. Faltou algo para colar. Ela nem parecia a mesma pessoa; a Isabel que saiu do automóvel levaria a situação mais longe, dada a situação sem ameaça concreta fora do carro e com ameaça evidente, dentro do carro. Minha expectativa é que, na lógica dela, ela corresse, atacasse alguém ou se lançasse ao chão, de modo que o sequestrador tomasse uma atitude mais radical (ampliando as suspeitas do guarda) e o guarda pudesse reavaliar sua posição. Pro filme seguir, ela teria que voltar ao carro, naquele momento, mas ela voltou como um cordeiro indo ao sacrifício. De certo modo, ela não foi forçada. A ameaça existia, foi psicológica, ela se sentiu coagida, entretanto, não foi um perigo imediato, não houve coerção física, ela não foi empurrada. Ela estava revoltada, mas voltou e com os próprios passos. Ela já era vítima de um sequestro, estava na pior e tinha uma esperança. Portanto, poderia ter levado a situação adiante, se agarrado às chances e só retornado perante uma ameaça mais iminente, com motivos mais presentes. Sei que a pessoa perde a razão, sente medo e nojo, sei que ela estava frustrada e desiludida, mas eu senti que faltou tentativa, pois ela teve a iniciativa de arriscar. Ela sabia que essa poderia ter sido sua única chance de escape. Além do que, ela estaria sendo movida pelo medo de voltar ao veículo e viver uma situação ainda mais ameaçadora, pois os delinquentes estariam irritados com a afronta. A Isabel sentiria que não adiantaria, simplesmente, brigar com o guarda (sua esperança) para se refugiar com os dois jovens (o foco principal do problema). Ela teria tentado mais. Fora isso, falta coerência no próprio argumento de Matheus, pois, na lógica que ele apresentou ao guarda, a jovem estaria "alterada", mas tá tudo bem ela voltar à direção (!). Ótimo pra ele, que só queria sair dali, entretanto ele sabia que estava diante de uma autoridade. E o guarda, mais uma vez, não estranha. Soa frágil a justificativa da resposta de todos ante a situação.
A cena na qual a vítima toma a pistola do sequestrador para ameaçar uma namorada ciumenta, interpretada por Linn da Quebrada, que apareceu no bar... Gente, a raiva de uma ofensa verbal consegue ser maior do que a fome de escapar de um sequestro? Eu não acreditei quando vi que ela decidiu ameaçar quem poderia se converter em seu auxílio e salvação para, em seguida, correr ao carro com os seus reais inimigos. Sei que ela tinha uma estratégia de buscar mostrar similaridades com os vilões e que a ofensa mexeu com ela, mas, caramba, ela não precisaria mais ter afinidade com seus sequestradores se tivesse conseguido escapar. Eu até sei que, em uma situação real, a vítima se vê forçada a colaborar com o criminoso e sei que pode até mesmo acontecer uma simpatia, no entanto, era uma oportunidade de fuga. Era a chance de correr, colocar os bandidos pra correr ou pedir que alguém chamasse a polícia. Por isso, considero "Quem é a patricinha, agora?" uma fala desnecessária, em uma sequência que não tem coerência. Torna-se mais importante parecer perigosa para uma pessoa sem papel no sequestro do que escapar de quem a dominava. O que aconteceu nessa cena, com a presença de dois sequestradores, foi longe demais. Ela correu com eles, quando poderia ter corrido deles. Aí, a ficha cai apenas quando estão diante do carro, mas ela está sozinha. Ela demonstra que não sabe manusear o revólver, em uma tentativa de atirar, que leva os sequestradores a atitudes ainda mais cruéis.
Resumindo:
o suspense mergulhou na emoção e se perdeu na razão. Os motivos foram pequenos. Isabel conseguia fazer planos, mas se mostrava impulsiva a ponto de não saber levá-los adiante. Eu pensava, "ela não faria isso". Mesmo que alguém fizesse aquilo, para mim, faltou um aprofundamento mais consistente.
Enfim, os sentimentos das personagens são desenhados no filme, as personalidades são nítidas, mas as atitudes nem sempre possuem lógica possível, mesmo no contexto de tensão, mesmo amparadas pela impulsividade. A realidade, às vezes, é surpreendente, no entanto, curiosamente, a gente espera mais nexo na ficção, rsrs. O filme tem a "licença"/justificativa de ter sido baseado em uma história real, porém muitos daqueles fatos não aconteceram ou ao menos não aconteceram daquela forma.
Direção Explosiva
3.1 64A trama é envolvente. É dramático o pesadelo vivenciado e é bem elaborada a construção da suspeita sobre Karl; geral achando que ele fosse o culpado, sendo essencial a postura crítica de Pia Zach e a determinação de Josefine. O pano de fundo, curiosamente, envolve crueldades do mercado imobiliário. A parte que não gostei está na construção do antagonismo: a vítima do sistema passou a ser o vilão
(e seu sacrifício se tornou "necessário")
Um Presente Para Toda Vida
3.5 24Eu pensando que seria
"Um presente para toda a vida" (às vezes o título aparece assim), num sentido de que a criança seria adotada por Adeline. Contudo, ao final, descobri que o título brasileiro não era spoiler.
Te Amarei Para Sempre
3.7 1,4K Assista AgoraUma história sobre espera e esperança. Uma boa adaptação para o cinema. A apresentação das personagens se junta com ações iniciais importantes, de modo que tudo acontece muito rápido, evidenciando que as viagens e a fragmentação são constantes. Mas, nada que impeça as ligações dos acontecimentos.
Por um lado - à parte toda relação ter uma parcela de entrega - acho tenso o controle (querendo ou não) desse homem sobre essa mulher, o que seria ocultado com a justificativa de que ela estaria feliz, apaixonada e tomando as próprias decisões. Também penso no paradoxo temporal: se ele não tivesse procurado por ela no passado, não haveriam os dois no presente/futuro e ela não teria se interessado por ele, na biblioteca (dentre outros exemplos). Então, com qual critério e onde isso começa? É como se todas as camadas do tempo estivessem se repetindo, mas em nenhum momento certos fatos ocorressem sem intervenção.
Por outro lado, é uma diferente história de amor na ficção científica, trazendo esforço criativo da autoria e curiosidade para quem acompanhe o desenrolar.
Curioso que o livro começa com Henry conhecendo Clare na biblioteca, enquanto o filme optou por começar com Clare conhecendo Henry no campo.
Spoiler do livro:
Henry faz uma última visita para Clare quando ela já está idosa. Ela sabia que ele apareceria e esperou por ele, todos os dias.
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraSe nada der certo como ator, vire policial.
Fala Sério, Mãe!
3.1 278Uma história da relação entre mãe e filha contada pelas mesmas. Gostei do resultado, especialmente na gravidez e na infância.
As Leis da Termodinâmica
3.2 56 Assista AgoraAqui não consta, mas eu vi o brasileiro Caio Paduan e o Albert Baró.
Malasartes e o Duelo com a Morte
3.2 103Velas: melhores personagens.
Eu Não Sou um Homem Fácil
3.5 737 Assista AgoraAs transformações das personagens foram bem executadas. Já não consigo pensar em um final diferente.
Ele Tem Mesmo os Seus Olhos
3.6 53Idas e vindas, exageros que caíram bem e uma bonita mensagem.
Xingu
3.6 426A mensagem vive.
Reféns
2.6 870Pra refletir o senso de (des)confiança.
Fica Comigo Esta Noite
3.4 159O filme, que foi originalmente uma peça de teatro, segue por um caminho arriscado, mesmo porque a narrativa é pouco convencional, saindo do lugar-comum da comédia. A música tema, "Fica comigo esta noite", de Adelino Moreira e Nelson Gonçalves, caiu muito bem, assim como o estilo da montagem. De modo geral, é tecnicamente caprichado. Mesmo tendo pontos baixos, para mim, o resultado é satisfatório. Ótima presença de Laura Cardoso!
Um Tio Quase Perfeito
2.7 93A relação entre tio e sobrinhos raramente é priorizada como neste enredo. Os conflitos também abrangem os papeis sociais de outras personagens, de modo previsível, mas bacana de acompanhar. Tio Tony lida com as expectativas nele depositadas, e com suas próprias necessidades e frustrações. Ao mesmo tempo, desenvolve novos vínculos e se vê conduzido a um amadurecimento disciplinar. Ao longo da trama, novos olhares surgem no interior da família. Ana Lúcia Torre, pra variar, está ótima!
Turbo
3.2 322 Assista AgoraUma boa premissa. Vi em uma "sessão busão", viajando pelo interior.
Redemoinho
3.5 71Um filme denso. Os posicionamentos de câmera são muito criativos, especialmente na casa da Marta (Cássia Kiss).
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraPensei que não fosse gostar, que fosse meramente um filme de espetáculo, mas felizmente fui surpreendido, pois o enredo é cativante. Jacob Kowalski e Queenie Goldstein são muito carismáticos, do começo ao fim.