Luciana

Esperava um filme sobre a Ma Rainey e fui decepcionada nesse ponto, já que a trama parece acompanhar mais Levee (Chadwick Boseman) do que a personagem título.

Doce, sensível e otimista à maneira mais realista e honesta possível. Quando foi apresentado o diagnóstico de leucemia da personagem principal eu pensei "ah não, vou ter que preparar os lenços", mas acabei por não chorar, talvez porque, apesar de 天涯海角 ter desenhado esse desfecho desde o começo, na minha visão ele nunca teve a pretensão de ser um filme triste. A morte é a única certeza da vida, qual seria o sentido dela ser sinônimo de tragédia e sofrimento? As histórias dos personagens menores, como da menina que queria presentear sua mãe doente com um jardim de rosas, foram extremamente tocantes.
Confesso que o que despertou o meu interesse no filme de primeira foi a presença do Takeshi Kaneshiro, que parece estar mais charmoso do que nunca nesse longa, mas pude apreciar também todas as cenas em que ele não participa. A performance da igualmente charmosa Kelly Chen deixa a desejar em alguns momentos, mas nada que prejudique o filme.

O único outro filme do wong kar wai que eu já vi foi amores expressos e assim como ele esse também tem personagens excêntricos, cambaleantes, hiperativos, depressivos e/ou bipolares. E muito "nada". As longas cenas que mostram as luzes neon de hong kong ou um personagem bebendo ou tragando um cigarro em silêncio ajudam a desenhar a realidade do filme – pois a realidade também é cheia de "nada" – e também me convidaram a ficar em silêncio, o que é sempre bom. Mas quando o meu padrão ansioso vencia eu pensava, "e aí?".

Talvez eu venha a apreciar esse filme melhor em um futuro, próximo ou distante. Mas anjos caídos me inspirou o bastante pra escrever tudo isso (não sou de muitas palavras) e deixou sua marca. E talvez seja isso que conte no final