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35 years Ananindeua - (BRA)
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Últimas opiniões enviadas

  • Rafael Kafka

    Impossível para mim ver esse filme e não lembrar do enredo de "Entre Quatro Paredes", de Jean-Paul Sartre. A temática do inferno sartreano encontra muito eco aqui por se tratar de um microcosmo reduzido ao ambiente de uma casa com ar antigo e familiar que é marcada por diversos tipos de conflitos familiares numa linha temporal que dura um dia.

    Coincidentemente, esse dia é natal, uma data em que teoricamente as pessoas se tornam mais abertas ao amor fraterno e menos propensas a afetos negativos como o ódio e o ressentimento. Mas ele insiste em se fazer presente no filme causado por motivos que são ditos de uma maneira ao mesmo tempo dura e sutil.

    Virginia se sente numa posição de quem foi obrigada a morar na casa em que se passa o filme, cuidando da mãe centenária. Enquanto isso, as outras irmãs, Valquíria e Vanda, tiveram a chance de ter família, relacionamento, filhos, coisas que por algum motivo Virginia não teve. Desde a primeira cena o comportamento amoroso de uma irmã com a outra é marcado por um sintoma de raiva, o que fica mais evidente com as excentricidades das ações de Virginia.

    Todos os personagens parecem ter algum tipo de desvio de comportamento, desde o alcoolismo até o narcisismo que leva a mudanças no corpo para intenção de maior charme. As condutas humanas presentes aqui são disruptivas, caóticas, contrastando com o silêncio que a casa antiga evoca. Ela aliás é foco quase total das ações, excetuando um diálogo no quintal florido de Virginia e a cena final que marca o grito de liberdade da protagonista.

    "Tia Virginia" é uma reflexão crítica sobre a família tradicional e seus afetos neuróticos e conflitos mal resolvidos que ficam pendentes no ar e geram uma atmosfera pesada reforçada pelo hermetismo da casa e pelas janelas fechadas.

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  • Rafael Kafka

    A história gira em torno de Suzy Bannion, uma moça estadunidense que ganha uma bolsa de estudos em uma renomada escola de dança berlinense. Ela parece ser o limiar que permeia as fronteiras entre belo e macabro que percorrem todo o filme de Argento, o qual nesse primeiro filme dele que vi me pareceu um grande esteta o qual brinca com elementos paradoxais entre pólos belos e maléficos no plano estético e existencial.

    Do ponto de vista visual, "Suspiria" é um filme lindo. A fotografia usa e abusa de cores fortes, em especial o vermelho, que evocam uma atmosfera de perigo constante e crescente. Isso é intensificado com a trilha sonora horripilante usada no filme que provoca uma sensação de desconforto massivo no espectador. Todavia, o filme peca em importantes elementos da construção narrativa, fazendo com que os personagens da trama sejam caricatos - como são também as mortes do longa.

    Elementos como os longos planos contribuem para termos uma noção da estranheza que paira em cada canto do cenário, o que contribui para uma crescente sensação de terror, a qual mescla dimensões de pavor de susto e psicológico de maneira muito interessante.

    Preciso conhecer mais do cinema italiano de horror, pois me causou uma certa estranheza o exagero gráfico das mortes em "Suspiria". Descobri também que o filme seria originalmente feito com garotas adolescentes, mas a produção recomendou o uso de moças adultas para evitar rejeição da obra. Ainda assim, o ar infantil dos diálogos de "Suspiria" permaneceu e tive a impressão, mesmo do filme tendo forte influência do expressionismo, de estar diante de uma antítese parnasiana: no plano estético em si muita coisa boa a ser comentada, mas no âmbito do conteúdo um certo vazio semântico.

    O filme usa e abusa de um tom histriônico para narrar as cenas de terror que é bem construído, mas acaba se tornando cansativo pelo exagero. Mas aqui pode ser meu pouco contato com obras de terror falando. De qualquer modo, é mais um elemento estético que parece compensar a pobreza ontológica do enredo do filme que em si é bem simples e sem grandes surpresas ou mistérios interpretativos.

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  • Rafael Kafka

    No auge da pandemia, dias antes de descobrir sobre meu transtorno bipolar, escrevi um texto sobre o livro "É Isto um Homem?", de Primo Levi. Em dado momento do livro, o autor fala de como a comunicação se tornou algo extremo na luta contra a desumanização do campo de concentração. Falar, nomear era importante para que o ser não fosse reduzido a uma espécie de massa amorfa e sem existência autônoma, uma vida nua de sentido.

    Quando escrevi isso, eu estava sedento de comunicação motivado, em especial, pelo medicamento estimulante que eu tomava na época. Precisava afirmar minha própria humanidade, sair da rede estímulos e respostas que me fazia enlouquecer a cada dia.

    Vi nesse belo filme a necessidade desse esforço de comunicação, de transcender o tempo parado da pandemia para, indo em direção ao outro, fazer o humano virar humano. Não à toa, a maior parte das reflexões postas no curta de pouco mais de 40 minutos é sobre a questão do tempo e a ontologia do ser humano.

    A pandemia não nos tornou melhores como alguns seres mais iluminados acreditaram que ocorreria. Mas ela inevitavelmente nos forçou a um encontro conosco mesmos, inclusive na morte em massa que naquele período ocorreu, pois essa morte revelava nossa fragilidade enquanto indivíduos e espécie ao mesmo tempo que não nos deixava esquecer de nossa própria finitude.

    O curta é belo por fazer essas reflexões captando o tempo parado da pandemia. É belo também e angustiante por mostrar que o normal ao qual queríamos tanto voltar era por si só algo assustador e a existência, ainda mais no âmbito capitalista, é angustiante demais.

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