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Últimas opiniões enviadas

  • Rodrigo

    Promising Young Woman é uma falha curiosa. É um filme que tenta abordar o difícil tema da cultura de estupro com a delicadeza de nunca ficar difícil de assistir, pelo menos não perturbador num nível que não seja conceitual, fluindo como uma dark comedy.

    Mas erra em cheio exatamente no tom conciliador. É humoroso demais para ser sério, e sério demais para ser humoroso. Como resultado, fica um filme de proposta confusa que não tem coragem para encarar os riscos que sugere que vai tomar.

    O filme começa dando dicas de ser uma revenge fantasy, onde a protagonista Cassie tem um plano sociopata para se vingar de cada homem que toma vantagens sobre mulheres bêbadas em clubes. Entretanto, o payback absurdista violento tarantinesco nunca vem, com os encontros terminando numa anticlimática, decepcionante lição moral nos agressores, que observam chocados a militância de Cassie.

    O que quebra a imersão, Cassie dá lições sermões em predadores, sozinha com eles em espaços vazios, em uma cena até destruindo o carro de um redneck que parece violento. É um realismo mágico? Uma metáfora em linguagem de sonho? Pois, na vida real, a mulher que fizesse isso ia acabar no mínimo com um olho roxo. No filme, os homens fogem assustados.

    Então tudo bem, Promising Young Woman seria uma crítica séria, com pés no chão? Também não funciona com a bizarrice tonal atrapalhando qualquer crítica construtiva sobre a cultura de estupro. É estranho que os planos sociopatas de Cassie funcionam justamente com mulheres, com o filme celebrando vitórias sádicas e justiceiras dela, que chega a ameaçar a filha inocente de outra mulher. A vingança 3 encontra o perdão do homem arrependido, a vingança 4 encontra a morte de Cassie, finalmente encarando o feminicídio que é a primeira coisa realista que acontece no filme.

    Isso tudo é uma crítica irônica pós-moderna auto-consciente bla bla bla? É impossível dizer, não porque Promising Young Woman é sutil, sofisticado ou propositalmente ambíguo, mas porque ele realiza um double-talking, buscando fazer mais de um discurso de uma vez e não conseguindo nenhum, as lições sobre cultura de estupro ficando incrivelmente superficiais (feminismo 101 de twitter) e o filme até mesmo sugerindo entrar no território de autoparódia.

    A cena no mercado com Paris Hilton tocando é exemplo: é a estupidez da paródia de encontrar o homem ideal, como parte da audiência achou, ou um momento romântico pra millenials que passaram dos 30 e cresceram com guilty pleasures se projetarem, como a outra parte achou?

    Promising Young Woman tenta ter tudo ao mesmo tempo e vai pra casa de mãos vazias, mas é um filme confuso que não deixa de ser provocador, uma bagunça que pelo menos nunca fica chata.

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  • Rodrigo

    Judas and the Black Messiah é um filme de informante, mas com pouco foco no suspense do infiltrado ser potencialmente capturado, e sim em como a jornada emocional do seu protagonista funciona como perfeito microcosmo de um quadro maior.

    E William O'Neal (Lakeith Stanfield, criminosamente indicado a Melhor Ator Coadjuvante) é um homem pego no meio de uma situação. Um low-life aparentemente desinteressado em políticas, vira uma peça de xadrez fundamental na luta do FBI racista, genocida de Edgar Hoover (Martin Sheen, ativista, caprichou no quão evil Hoover ficou) contra o grupo revolucionário Black Panthers.

    O'Neal se envolve ideologicamente e afetivamente com o grupo, mas completa seu serviço para o FBI, que graças a sua ajuda criminosamente assassina Fred Hampton. Stanfield é inesquecível: O'Neal nunca é muito expressivo, com mesmo suas contestações a Roy Mitchell (atuado pela versão feia do Matt Damon), pouco articuladas, em uma atuação física que diz mais com o desespero do olhar.

    O lado do filme que conta a história dos Black Panthers é didático, preciso. Daniel Kaluuya é brilhante na pele de Hampton, colocando em tela o vigor revolucionário que fez a figura ser chamada de messias. Sua esposa, revolucionária Deborah Jones, e outros integrantes dos panteras são todos trazidos a vida como pessoas reais, de anseios humanos perante à violenta situação maior.

    2 horas compartilhadas com outro personagem principal pode ser pouco para trazer a complexidade de uma figura como Fred Hampton à tela, mas Kaluuya e o roteiro trazem a urgência adequada. O filme é bem dirigido. Alternando os pontos de vista - panteras, informantes, fbi - Judas and the Black Messiah tem valor histórico, dramatização coerente para introduzir a história da traição/assassinato de Hampton, em 1969, para novas gerações.

    Os dois homens no centro são contrapontos: Hampton é um homem disposto a morrer pela sua raça, O'Neal é disposto a sacrificar sua raça para sobreviver. O'Neal, tirando no título, nunca é vilanizado, tratado com um pathos generoso de figura complexa, também uma vítima do genocídio racial. Para mim, a informação no pós-filme foi a parte mais devastadora.

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  • Rodrigo

    Este filme tem uma grande direção, cenas impressionantes e todo ator é muito talentoso, especialmente o Norton
    É um excelente filme mas poderia ser um clássico; a edição parece apressada e obtusa.
    O filme tem uma estrutura estranha, com enormes flashbacks no meio e a história mais interessante que parece que vai desenvolver no começo do filme acaba indo para caminhos abreviados.
    As motivações do Derek são explicadas, mas quase que num improviso tipo aquela rápida cena com o pai dele num flashback; apesar da amizade na cadeia ser marcante, o caminho para ele deixar de ser um skinhead também é pouco desenvolvido. O final é espetacular cinematograficamente e pesado, mas também parece um pouco repentino.
    O diretor Tony Kaye brigou com o Norton e a produção o filme todo, com ele eventualmente saindo (e pedindo para tirar seus créditos - não foi atendido). O próprio Norton fez a edição final, que parece remendar um trabalho incompleto - tenho impressão que no projeto original, deveriam ter menos flashbacks e mais desenvolvimento daqueles grupos neonazistas com aquele escritor supremacista que eles protegem; provavelmente o plot giraria entorno do Derek voltar infiltrado para ajudar o policial e o professor, como eles pedem no fim?
    Seria demais! No filme acabam que várias cenas são como band-aids pro roteiro não andar, e aí as conclusões chegam apressadas.

    Ainda é um grande filme, quando você dá play ele voa porque cena a cena ele é provocador, mas é difícil não imaginar o clássico que poderia ser.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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