Você está em
  1. > Home
  2. > Usuários
  3. > tauruslwr
27 years Santos - (BRA)
Usuário desde Julho de 2016
Grau de compatibilidade cinéfila
Baseado em 0 avaliações em comum

Amante da sétima arte nas horas vagas (e nas ocupadas...)

Últimas opiniões enviadas

  • Henrique Fernandes

    Maternidade. Está aí um tema completamente estranho a mim. Pois é isso que Tully (2018), dirigido por Jason Reitman – do incrível Juno (2007) –, propõe-se a discutir. E, como é característico desse diretor, de uma maneira leve e enternecedora, sem nunca parecer raso ou genérico.

    Na trama, Marlo (Charlize Theron) está a espera de seu terceiro filho. Desgastada diante das tarefas domésticas e dos cuidados com as outras duas crianças, apresenta relutância em aceitar o presente dado por seu irmão: os serviços de uma night nanny. Traduzindo ao pé da letra, trata-se de uma babá noturna, contratada para tomar conta do bebê para que os pais possam dormir tranquilamente, precisando acordar apenas para a amamentação. Como é de se esperar, um momento de desespero se instaura e Marlo resolve aceitar a proposta. A partir daí entra em cena Tully, personagem responsável por dar título ao filme e também por torná-lo tão cativante. A jovem, enérgica e cheia de vida, aos poucos faz despertar em Marlo o início de um processo de redescobrimento e que a leva a refletir sobre as decisões tomadas que a levaram até ali.

    A performance de Charlize surpreende. Além dos aspectos técnicos (destaque para a maquiagem), a atriz teve que engordar bastante para o papel. Além disso, todos os trejeitos, variações no tom de fala e expressões faciais formam um conjunto que enriquecem ainda mais sua performance. Ao longo do filme, você se vê diante de uma mulher de meia-idade com três filhos e quase nenhum cuidado com a própria aparência. A atriz que interpreta Tully (Mackenzie Davis) também convence e cativa o telespectador desde sua primeira aparição em tela.

    Mas, sem sombra de dúvidas, é a química entre Charlize e Mackenzie que nos engaja a acompanhar a história. Do estranhamento inicial de Marlo diante da presença de uma estranha em sua casa até o gradual florescimento de uma amizade – refletido nas conversas, desabafos e admiração mútuos –, a dinâmica entre elas cativa. Com a direção de Reitman, as duas entregam atuações impecáveis e criam mulheres da vida real, pelas quais é fácil se apaixonar.

    Com diálogos afiados, irônicos e incrivelmente sensíveis, a história mostra uma mulher que, como tantas outras, se vê fracassando, sem conseguir atingir os padrões utópicos de como uma mãe deve se comportar. O filme dá uma sensação de aconchego e frescor, mas no fundo trata com realismo as relações familiares e as pressões sociais que as mães sentem.

    Apesar de não ser o foco da história, o diretor aproveita a deixa para fazer alguns comentários afiados sobre o papel da figura paterna no âmbito familiar. Percebe-se desde o início que Drew (Ron Livingston) é um bom pai, que ama sua esposa e filhos, porém demonstra um constante desinteresse pelos cuidados com a própria família, dando mais valor aos momentos de jogatina no video-game, não percebendo muito do que se passa em sua casa. Revelar mais que isso me obrigaria a entrar em zona de spoilers. Aliás, esse filme perderia muito de sua graça se alguns acontecimentos da trama forem relevados, ficando aqui somente a minha recomendação.

    Vale destacar ainda como o diretor usa a figura das sereias como uma metáfora para mostrar, no meu entendimento, o aspecto “mágico” que a maternidade proporciona. Além disso, através dessa e outras metáforas somos levados a refletir sobre o medo de envelhecer e da perda da identidade diante das mudanças decorrentes da construção de uma nova família. A maternidade traz consigo o desafio de se reavaliar enquanto indivíduo, o que é bom e enriquecedor de alguma forma. O filme nos mostra, entretanto, que isso não é motivo para que abandonemos o “eu” do passado. Devemos apenas adaptá-lo.

    * Texto adaptado do projeto Canto das Moedas.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Henrique Fernandes

    Homenageando a obra de Yukito Kishiro, o diretor Robert Rodriguez, em parceria com a produção e roteiro de James Cameron, reproduz nas telas páginas inteiras do mangá original e acerta em cheio nas cenas de luta. No entanto, é importante salientar já de início que talvez esse filme ainda não seja responsável por redimir Hollywood depois de diversas tentativas falhas de trazer ao Ocidente obras de origem nipônica. Ao desenvolver praticamente todas as subtramas do mangá, nem mesmo o visual impecável do filme disfarça o cansaço de uma história tão batida e repleta de clichês.

    Com o claro objetivo de dar início a uma franquia, o filme estabelece as bases do universo em que a história se passa e de seus personagens, com destaque maior, como é de se esperar, a Alita, sua protagonista. Na Cidade da Sucata, um cenário futurista e hostil, Alita, descartada entre tantas peças enferrujadas em um lixão, é resgatada e restaurada por Ido (Christoph Waltz), um médico bondoso que a adota. Alita, entretanto, não guarda lembranças do que a levou até ali ou sobre quem ela é. Está armado assim o setup para que a ciborgue, ao longo de duas horas, passe por experiências de amadurecimento e redescubra o motivo da sua existência.

    Não há como negar: Alita é cativante. Sua inocência e bravura – aliados àqueles olhos desproporcionalmente grandes – não demoram a conquistar o espectador. Muito desse mérito vai para a atriz Rosa Salazar, que conseguiu dar à personagem vida de maneira enérgica e carismática. É verdade que há momentos mais melodramáticos, sobretudo no quesito romance adolescente, que são capazes de fazer qualquer um revirar os olhos de vergonha alheia. Porém, fato é que isso não deve ser colocado na conta da atriz, mas sim do roteiro desleixado. É a performance de Salazar a responsável por recuperar o fôlego da narrativa e manter o público interessado.

    A trajetória da protagonista segue uma estrutura bastante convencional, com personagens demais sendo usados como trampolim para construir sua evolução. Acontece que o filme acaba se mostrando incapaz de desenvolver mais do que dois nomes do núcleo principal, desperdiçando o talento de boa parte do seu elenco em arcos inúteis dentro da jornada principal e desinteressantes por si só.

    O maior exemplo disso talvez seja a personagem de Jennifer Connelly. Sua personagem, a médica Chiren, não tem qualquer função na história até o último segundo, quando sua presença é justificada em um momento de instinto materno forçado, destoante de tudo o que havia sido mostrado dela até então. O mesmo pode ser dito do vilão interpretado por Mahershala Ali.

    Perdendo tempo para trabalhar subtramas desnecessárias, como o romance adolescente até um pouco estereotipado, Alita: Anjo de Combate coloca em segundo plano o que realmente empolga: as cenas de ação. Todas as coreografias de combate são bem filmadas e impressionam pelos golpes e acrobacias que Alita é capaz de fazer, ficando verossímeis dentro da narrativa e, junto com o belo trabalho no visual do filme, criando uma experiência imersiva pra quem assiste.

    * Texto adaptado do projeto Canto das Moedas.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Henrique Fernandes

    Pois é. Quem imaginava que, após alguns anos, uma história que já parecia sacramentada retornaria com mais um episódio. E voltou em grande estilo.

    El Camino – A Breaking Bad Movie (Vince Gilligan, 2019) é a continuação direta da história contada em Breaking Bad (2008 – 2013). Para ser mais preciso, trata-se de um epílogo.

    O filme conta (ou melhor, continua) a história de Jesse Pinkman (Aaron Paul), personagem que havia sido preso em cativeiro e, no último episódio da série (spoiler alert), fora libertado graças à intervenção de Walter White (Bryan Cranston), o lendário Heisenberg.

    Acompanhamos então a saga de Jesse para conseguir fugir do cerco das autoridades policiais para, quem sabe, ter a chance de recomeçar sua vida, dessa vez sob suas próprias rédeas. O destino escolhido: Alasca.

    Apesar de simples, a premissa é suficiente para despertar o interesse do telespectador. Ainda mais se você já for fã da série original (como no meu caso). Vince Gilligan, idealizador da série original, foi o responsável por escrever e dirigir essa obra, que se tornou realidade graças ao apoio da gigante de streaming Netflix, financiadora do projeto.

    Intercalando entre flashbacks e o tempo presente, o filme te prende do começo ao fim, seja para mostrar alguns momentos em que o protagonista fora feito prisioneiro, seja para mostrar os obstáculos que aparecem pelo caminho, os quais Jesse deve superar para atingir seu objetivo.

    Vince entrega uma obra tecnicamente impecável, com cortes precisos e uma trilha sonora que enriquece o que é mostrado em tela, sem nunca apelar para artifícios baratos na tentativa de conduzir emocionalmente o telespectador. Aaron Paul dá um show de interpretação ao dar vida a um Jesse cheio de cicatrizes (literal e metaforicamente), marcado pelas agressões físicas e psicológicas que vinha sofrendo ao longo dos últimos tempos. Jesse agora está mudado… e, ao mesmo tempo, carrega em si os traços que sempre estiveram presentes, tornando-o um personagem profundo, cheio de camadas.

    A obra ainda reserva tempo para algumas surpresas. E, diga-se de passagem, nenhuma delas aparecem como mero fan service. Todas tem um propósito narrativo bastante claro: mostrar o quão desafiador pode ser ter o controle sobre suas decisões.

    * Texto adaptado do projeto Canto das Moedas.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • vagnerfoxx
    vagnerfoxx

    Amizade aceita brother! Seja bem vindo.

  • Henrique Fernandes
    Henrique Fernandes

    Qualidade do filme/série, segundo critérios pessoais:

    ½, "Anencéfalo" – quando seus realizadores precisam ser internados num hospital psiquiátrico. Obra que, de tão ruim, gera um efeito anestesiante no espectador. Sequer há espaço pra raiva, ou frustração (no máximo, pena).

    ★, Horrível – obra que falha excessivamente em conceito e em execução. Até tem um mínimo valor de produção e, por isso, merece a consideração.

    ★½, Muito Ruim – dá pra afirmar que possui algumas qualidades que "o salvam" de ser um fracasso total. Se fosse um aluno na escola, reprovaria.

    ★★, Ruim – possui algumas qualidades, mas os defeitos ainda se destacam. Na escola, iria pra "recuperação".

    ★★½, Regular – obra com qualidades e defeitos na mesma proporção, resultando numa balança nivelada. O típico exemplo de "faltou pouco pra ser bom".

    ★★★, Bom – como a maioria, possui qualidades e defeitos, mas com a balança já pesando mais pro lado positivo.

    ★★★½, Muito Bom – eficaz em sua proposta, sem abusar das convenções de gênero. Geralmente não apresenta algo realmente inédito/inovador, mas, ainda assim, consegue ser acima da média.

    ★★★★, Ótimo – uma palavra: esmero. Aquela obra que já tem o suficiente pra se tornar memorável. Não "reinventa a roda", mas é capaz de impressionar pelo capricho dos realizadores nos aspectos técnicos (direção, atuações, fotografia, trilha sonora, roteiro, edição etc.).

    ★★★★½, Excelente – atingir a excelência é para poucos. Não basta uma indicação ao Oscar ou ao Emmy. Obra que eleva o patamar para as sucessoras. Estabelece tendências, renova/revigora o gênero ou, simplesmente, deixa uma marca. Te tira o fôlego... te faz refletir por horas, dias, meses... te deixa na bad... enfim: te impacta, e faz história.

    ★★★★★, Irretocável – praticamente em empate técnico com o anterior. Mas aqui tem algo a mais. Algo difícil de botar em palavras. Cinema.

    P.S.: minha avaliação não reflete necessariamente a minha relação com a obra. Não é algo meramente passional, do tipo "amei, logo, 5 estrelas" ou "odiei, logo, ½ estrela". O impacto emocional, obviamente, entra na conta (fator subjetivo). A ideia é que a nota considere também a proposta da obra (conceito), seus aspectos técnicos (execução) e a obra per si (resultado final).

  • Yuu
    Yuu

    Os clássicos A Viagem de Chihiro, Ghost in the Shell, Evagelion, Akira e Cowboy Bebop merecem ser vistos. Gladiador e Pianista são muito bons

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.