O filme é apresentado a partir de uma perspectiva onisciente: pensamentos, memórias e hipocrisias diferentes dos personagens escorrem como destroços sobre destroços. Você pode culpar a guerra ou a natureza humana, mas ninguém é inocente aqui. Todos têm falhas morais.
É uma trama que contrasta a loucura masculina frente à guerra com a repressão sexual feminina. Clint Eastwood é a escolha perfeita para representar um símbolo de masculinidade em pedaços. Aliás, o mito da masculinidade é constantemente subjugado por fortes personagens femininos. Parece ser um conto moral feminista, mas não é, pois a trama transforma as mulheres que estamos supostos a simpatizar em estereótipos unidimensionais. Se a batalha dos sexos não fosse tão confusa teríamos um filme completamente diferente. Mas, perderíamos este filme que inescrupulosamente maluco.
É um filme que oferece um olhar surpreendente sobre a indústria da moda. É, sem dúvidas, um Thriller Erótico, mas com abundância de conteúdo digno de um documentário.
A trama nunca tenta pintar a moda em qualquer tipo de luz favorável, transporta sua protagonista como veículo que viaja rapidamente através dela. Na superfície, é fácil apontá-la como uma vítima de uma indústria, mas sua evolução com a trama avança e vira as expectativas e sentimentos que nutrimos com a personagem. Grande parte do sucesso é o desempenho da modelo dinamarquesa Maria Palm com nenhuma experiência anterior é mais do que convincente no filme. De vítima passa para uma brilhante antagonista.
É um daqueles filmes que você não consegue tirar os olhos. É sexy e repleto de suspense. É muito atraente e a abordagem escura, voyeurista destina-se a deixar o espectador em completo desconforto.
O filme é Nitroglicerina pura. Joga reflexões no ventilador e não sobra para ninguém. Destina sua raiva contra: ditadura, grupos de esquerda, de direita, filantropia, movimentos estudantis e assistências, acadêmicos, jornalistas e artistas.
É uma trama nervosa que funciona melhor ao expor todas estas insatisfações, mas que se afunda em seu próprio veneno em não saber aprofundá-las. No entanto, não desmereçam a importância do maior 'Terrorista' do Cinema Brasileiro.
Em Julieta, Pedro Almodóvar tece sua história mais simples e direta. Parece estar despojado de muitos dos floreios melodramáticos e reviravoltas que tantas vezes permearam suas obras anteriores, mas ainda assim é uma trama poderosa e provocante sobre o peso do silêncio.
É sobre mulheres - e a experiência de culpa. São mulheres fortes que carregam a responsabilidade pelo comportamento masculino. Este elemento se expande para todas as personagens femininas que têm alguma carga de culpa ligada aos homens (ausentes) em suas vidas. É um belo filme, contudo não é um dos seus esforços mais memoráveis.
Uma trama que sensivelmente lida com a escravidão sexual de jovens garotas no México. O filme funciona tão bem porque, apesar de seu tema delicado, não usa a questão deplorável para valor de choque. Em vez disso, alcança certo nível de reverência à natureza grave de seu tema em seqüências que expressam a repulsa e a natureza terrível dos encontros através de imagens e áudios intercalados entre a garota e "clientes".
As personagens femininas são desumanizadas e roubadas de sua adolescência, o diretor enfoca no quanto normalizada esta escravidão humana pode se tornar. Aborda o problema da escravidão sexual de modo corajoso e convincente. Embora em alguns momentos se afaste do realismo e se esquece de tornar o assunto vital, irritado e perturbador como um filme sobre este assunto poderia ser. Às vezes ser sensível demais não é o melhor caminho.
É um inferno de um passeio, com certeza. Não reinventa o gênero, mas leva grande parte de suas emoções e conteúdo de volta às raízes - Um enxame inteiro de zumbis correndo atrás de pessoas. É uma produção caprichada nos aspectos técnicos: som, maquiagem e efeitos especiais.
Uma das poucas ironias inerentes a alguns dos melhores filmes de zumbis são como os personagens centrais em meio a uma devastação total da humanidade se tornam conscientes da humanidade dentro de si. Em suma, a trama é familiar. No entanto, revitaliza e se atreve a definir o que significa ser um pai, uma filha, um marido, um amigo nos dias de hoje. Ao longo do caminho também pergunta se o mundo fosse para o inferno, hoje, quais dos valores manteríamos e quais jogaríamos para fora do trem?
A primeira hora é absolutamente insana. Em seguida, perde parte de seu ritmo e dá lugar a uma miscelânea assumidamente sacarina de sentimentalismo. Contudo, bons filmes de zumbis familiarizam com o familiar, e este consegue realizar sem complexidade, com sinceridade, sarcasmo e cinismo um apocalipse zumbi em larga escala. Orgulhosamente revela seus momentos humanos, mas não se esquece dos dentes encharcados de sangue que o público está sedento por ver.
Matthew McConaughey certamente faz um bom trabalho. No entanto, no topo de tentar ser um grande filme, e vitrine para o astro. O roteiro transforma seu personagem em um salvador 'branco' que vimos por diversas vezes em filmes hollywoodianos. Em todas as instancias, ele é o marido perfeito, pai, amigo, protetor e líder. E o diretor Gary Ross comete a heresia de entrelinhas transformá-lo em uma espécie de herói dos movimentos civis.
Mas não para por aí, a trama passa a maior parte do seu tempo de execução com foco nos problemas das pessoas brancas e pede ao seu público para simpatizar com um grupo menos aflito de pessoas ignorando a enorme perseguição da comunidade negra. E não é preciso ser um historiador para saber que havia coisas piores acontecendo nos E.U.A durante o início de 1860 do que o milho de pessoas brancas que estava sendo roubado. É um filme historicamente preocupante pela deturpação que realiza.
Existem alguns momentos dedicados a vida dos personagens negros, muitos dos quais são os momentos mais fortes do filme. A trama traça uma tentativa infeliz para si, e tenta ser um pau para toda obra, falar sobre raça, classe social e justiça e se torna amplamente vazia, intencionalmente pinta os homens brancos como os únicos heróis desta história. É um filme ignorante e daltônico. Não caiam nesta armadilha.
É uma trama que corta alguns clichês a distância. Embora, colocar duas pessoas completamente estranhas em uma mesma jornada não seja algo original. O diretor Taika Waititi utiliza a circunstância de dois personagens estarem isolados como uma oportunidade para o desenvolvimento da relação dos dois. Consegue criar uma dinâmica envolvente e continua com ela até o final, equilibra momentos de riso e drama, passando da química crescente entre os dois e a ameaça implacável de seu hilário antagonista. O roteiro faz um grande trabalho ao desenvolvê-los como pessoas que são completamente compreensíveis e igualmente excêntricas.
As reflexões temáticas pertinentes à aceitação, amor, adoção e noção de família são fantásticas, especialmente quando se trata do motivo pelo qual o garoto foi adotado pelo casal. Apesar de todos os assuntos sérios, eles são abordados com um senso de humor muito "peculiar".
Este é um filme sobre identidade. De um jovem inserido em um contexto nada usual que passa a explorar sua sexualidade como algo completamente natural. É sobre quem ele é e o que gosta. Estas perguntas, especialmente na adolescência, desencadeiam uma série de crises existenciais e é muitas vezes a causa de grandes conflitos entre os desejos, paixões, família, amigos e consigo mesmo. A trama consegue pintar um interessante retrato do turbilhão de emoções que é este período.
O personagem central é complexo e acompanhamos o quanto ele é forçado a lutar por sua identidade recém descoberta afim de definir os limites para que os demais respeitem seu jeito de ser. É tematicamente ambicioso, e melhor sucedido em levantar questões do que expor em tela.
Na veia do realismo social e do neo-realismo, Pixote (1981) do diretor Hector Babenco nos leva profundamente nas entranhas da selva urbana de São Paulo no final da década de 70. A trama se concentra em crianças e personagens atormentados por uma vida relegada a situação de rua e crime, e merece um lugar no topo de qualquer lista de melhores filmes, uma vez que mantém o seu poder e relevância para a sociedade mais de 30 anos após a sua estréia.
Bem como Cidade de Deus (2002) faria quase 20 anos depois, Pixote tem uma abordagem Cinema Verité para melhor representar a realidade de seu assunto. Estas vidas, figurativas e literais, são vistas em toda a sua nudez. A maioria das crianças no filme são crianças reais em situações de rua que adicionam um realismo a sua presença na tela.
Ao concentrar-se na vida do personagem Pixote, Babenco apresenta essencialmente o que podemos considerar um estudo de caso de uma criança privada de sua inocência. Serve como um símbolo para o desespero enfrentado por crianças pobres brasileiras até os dias atuais. Poucos filmes atrevem a entrar em um material tão escuro com tanta dignidade, sem sucumbir a certo nível de tragédia romantizada. Em Pixote, as coisas são como são elas são. Uma obra-prima em todo o seu direito.
O filme desafia estereótipos. Não há heróis ou mocinhos. É um trama tensa e traz reviravoltas inesperadas ao longo do caminho. Com poucos diálogos a grande força reside nas torções do roteiro e no trabalho de câmera. O roteiro tem a sua quota de perguntas sem respostas que pode ser negligenciado para o seu próprio bem. Contudo, o diretor constrói uma tensão palpável, e faz um trabalho de mestre em um espaço tão pequeno ao explorar cada canto e recanto para potenciais sustos e choques. Em geral, é uma produção que consegue oferecer algo original e adiciona fôlego para um gênero tão castigado.
É a expansão da franquia com um ângulo político. Hell Yeah! Continua divertido e sádico. É um tipo muito particular de filme que usa a controvérsia da violência armada, relações raciais e classismo para validar sua trama. Novamente usa a franqueza do roteiro como um ponto de partida para sua interminável destruição, e não finge ser mais do que isso. Mesmo que ambicione em alguns momentos ser uma sátira política.
A mitologia em torno da ameaça sobrenatural é bastante fraca e confusa, e joga sobre a audiência a responsabilidade de embarcar ou não. Quando o filme trata o presente, se destaca, mas cada vez que se aventura em explicar o passado ou o sobrenatural perde completamente o caminho.
O gênero horror tem sido inundado com todos os tipos de filmes sobrenaturais nos últimos 10 anos. Verdade seja dita. É fácil ficar cansado. Estou cansado.
John Waters apresenta uma visão sombria da humanidade em sua obsessão com a fama, e reconhece que há beleza na obscuridade da condição humana. Claro que é repleto de humor repugnante, ofensivo e depravado.
Woody Allen é reconhecido por ser um cineasta centrado nos personagens. Seus filmes nunca tiveram grandes floreios estilísticos. Mas, este tem uma fotografia espetacular. Ele nos convida com pompa e ostentação para falar sobre a velha Hollywood, mas as porções não têm a qualidade que Allen promete no menu. No fundo a trama lida com amor e desgosto em um triângulo amoroso pouco envolvente em sua natureza auto-depreciativa.
Allen mais uma vez narra o filme e empobrece a narrativa, coloca a ênfase no fato de que é definitivamente uma trama que já conferimos anteriormente. Não acredito que perdeu seu toque, mas este é provavelmente uma de suas obras menores.
Infelizmente, não tenho muitas coisas positivas a dizer sobre este filme. É incompetente em todos os sentidos possíveis. É um drama mal executado com um roteiro sem inspiração, diálogos risíveis que obriga seus atores a conferirem desempenhos atrozes. Tem mais é recheado de clichês, sexismo e estereótipos.
Se você já se perguntou se o ativismo pode realmente funcionar, este documentário irá reafirmar sua fé. A aprendizagem em si é a chave para o poder. Relata de maneira fascinante através de imagens de arquivo como as pessoas comuns se tornaram os principais especialistas na luta contra a AIDS no final dos anos 80 e início dos anos 90 por imersão na ciência e investigação.
Foi preciso auto-educação, intercâmbio de informações, sensibilização do público e ação direta para que chamassem atenção dos governantes sobre o caos da pandemia da AIDS. É um documentário que faz o seu apelo com paixão para inspirar até mesmo os mais desiludidos. Para alertar como as coisas eram há menos de trinta anos atrás.
É um filme extremamente sentimental que caracteriza uma amizade improvável. Aborda questões raciais apoiado exclusivamente na emoção. Dentro de sua proposta funciona.
Um documentário que se sente apressado, e pouco espontâneo. Uma visão bastante agradável de uma das mais respeitadas franquias de terror. Há algum valor se você é um fã incondicional da série. Poderia ser melhor...
É um retrato íntimo da vida nas ruas, detalhando não só os funcionamentos internos dos sindicatos do crime, mas também a corrupção na polícia, políticos desprezíveis, e os jovens da comunidade negra americana que vêem armas e drogas como uma maneira fácil de ganhar dinheiro. É uma adaptação de Luke Cage nos dias atuais, portanto, esqueçam todos aqueles estereótipos que consagraram o herói na década de 70. Oras, muito coisa mudou de lá para cá, não é verdade?
Luke Cage assume uma persona completamente distinta das HQ's. Ele é um herói cavalheiro, relutante que luta com a idéia de heroísmo. É também, um homem imbuído de força física incrível, alguém cujas habilidades, na maioria das circunstâncias seria temido, mas é alvo e luta para viver além dos limites do que é esperado dele (socialmente ou não), simplesmente tenta sobreviver e fazer o bem por sua comunidade e aqueles que ama. Os roteiristas abandonam o Blaxploitatation, humor, sexismo e injeta doses de consciência social por toda a trama.
O poder de ver um homem negro subvertendo tanto uma idéia do que significa ser negro na América, neste momento com a própria epidemia de violência armada e ainda por cima à prova de balas, não pode ser subestimado. É uma série consciente, talvez até demais. Mas, não se engane Luke Cage não é politicamente correto.
Pode desagradar os fãs mais xiitas do Universo Marvel, ou aqueles que anseiam por ação ininterrupta. A trama tem um ritmo sinuoso, pois investe nos personagens e em suas ações. Todos os personagens têm profundidade e camadas de contexto. Nenhum dos vilões são recortes ou estereótipos. O bairro do Harlem passa a ser um personagem em si. E a espetacular trilha-sonora eleva toda esta ambientação.
O ator Mike Colter confere uma verdadeira qualidade humana para um personagem que realmente que pode levantar uma barra de concreto nas costas. É uma série que lida com questões difíceis do mundo real que vão além de meta-humanos e vilões. É tanto seu maior defeito quanto o seu maior triunfo.
É basicamente dois filmes distintos em um roteiro confuso. O primeiro é um filme de Barbara Gordon / Batgirl absolutamente terrível e misógino, o segundo é a adaptação real da famosa HQ - Batman: The Killing Joke. A primeira parte se sente tão desconectada do resto que realmente traz o filme como um todo para baixo. O segundo ato que traça a origem trágica do Coringa e sua dualidade com Batman é absolutamente interessante. Mas, o ritmo é fatalmente falho, o impacto emocional não ressoa como deveria.
É uma série que sabe construir suspense, aumentar a tensão e criar uma poderosa narrativa emocionante. Sabiamente foca nos personagens ao invés do crime. A trama se concentra nos advogados, promotores, jurados, juízes, na mídia, nos amigos, conhecidos e familiares dos envolvidos, assistimos todos os outros assumir o posto de protagonista.
O julgamento do século como é conhecido o caso de O.J. Simpson ganha mais um retrato contundente.
Raça, religião, classe e gênero são todos temas que aparecem repetidamente nesta divertida série Britânica, mas são abordados a partir de ângulos interessantes, nunca como "problemas" que precisam ser confrontados e resolvidos. O mais genial é que conseguem extrair humor de todos estes subtextos graças ao talento de Michaela Coel, que roteiriza e estrela a série. A série merece ser desesperadamente conhecida.
O Estranho Que Nós Amamos
3.9 132 Assista AgoraO filme é apresentado a partir de uma perspectiva onisciente: pensamentos, memórias e hipocrisias diferentes dos personagens escorrem como destroços sobre destroços. Você pode culpar a guerra ou a natureza humana, mas ninguém é inocente aqui. Todos têm falhas morais.
É uma trama que contrasta a loucura masculina frente à guerra com a repressão sexual feminina. Clint Eastwood é a escolha perfeita para representar um símbolo de masculinidade em pedaços. Aliás, o mito da masculinidade é constantemente subjugado por fortes personagens femininos. Parece ser um conto moral feminista, mas não é, pois a trama transforma as mulheres que estamos supostos a simpatizar em estereótipos unidimensionais. Se a batalha dos sexos não fosse tão confusa teríamos um filme completamente diferente. Mas, perderíamos este filme que inescrupulosamente maluco.
Top Model
2.8 96 Assista AgoraÉ um filme que oferece um olhar surpreendente sobre a indústria da moda. É, sem dúvidas, um Thriller Erótico, mas com abundância de conteúdo digno de um documentário.
A trama nunca tenta pintar a moda em qualquer tipo de luz favorável, transporta sua protagonista como veículo que viaja rapidamente através dela. Na superfície, é fácil apontá-la como uma vítima de uma indústria, mas sua evolução com a trama avança e vira as expectativas e sentimentos que nutrimos com a personagem. Grande parte do sucesso é o desempenho da modelo dinamarquesa Maria Palm com nenhuma experiência anterior é mais do que convincente no filme. De vítima passa para uma brilhante antagonista.
É um daqueles filmes que você não consegue tirar os olhos. É sexy e repleto de suspense. É muito atraente e a abordagem escura, voyeurista destina-se a deixar o espectador em completo desconforto.
Jogo das Decapitações
3.6 20O filme é Nitroglicerina pura. Joga reflexões no ventilador e não sobra para ninguém. Destina sua raiva contra: ditadura, grupos de esquerda, de direita, filantropia, movimentos estudantis e assistências, acadêmicos, jornalistas e artistas.
É uma trama nervosa que funciona melhor ao expor todas estas insatisfações, mas que se afunda em seu próprio veneno em não saber aprofundá-las. No entanto, não desmereçam a importância do maior 'Terrorista' do Cinema Brasileiro.
Julieta
3.8 530 Assista AgoraEm Julieta, Pedro Almodóvar tece sua história mais simples e direta. Parece estar despojado de muitos dos floreios melodramáticos e reviravoltas que tantas vezes permearam suas obras anteriores, mas ainda assim é uma trama poderosa e provocante sobre o peso do silêncio.
É sobre mulheres - e a experiência de culpa. São mulheres fortes que carregam a responsabilidade pelo comportamento masculino. Este elemento se expande para todas as personagens femininas que têm alguma carga de culpa ligada aos homens (ausentes) em suas vidas. É um belo filme, contudo não é um dos seus esforços mais memoráveis.
As Escolhidas
3.8 15Uma trama que sensivelmente lida com a escravidão sexual de jovens garotas no México. O filme funciona tão bem porque, apesar de seu tema delicado, não usa a questão deplorável para valor de choque. Em vez disso, alcança certo nível de reverência à natureza grave de seu tema em seqüências que expressam a repulsa e a natureza terrível dos encontros através de imagens e áudios intercalados entre a garota e "clientes".
As personagens femininas são desumanizadas e roubadas de sua adolescência, o diretor enfoca no quanto normalizada esta escravidão humana pode se tornar. Aborda o problema da escravidão sexual de modo corajoso e convincente. Embora em alguns momentos se afaste do realismo e se esquece de tornar o assunto vital, irritado e perturbador como um filme sobre este assunto poderia ser. Às vezes ser sensível demais não é o melhor caminho.
Invasão Zumbi
4.0 2,1K Assista AgoraÉ um inferno de um passeio, com certeza. Não reinventa o gênero, mas leva grande parte de suas emoções e conteúdo de volta às raízes - Um enxame inteiro de zumbis correndo atrás de pessoas. É uma produção caprichada nos aspectos técnicos: som, maquiagem e efeitos especiais.
Uma das poucas ironias inerentes a alguns dos melhores filmes de zumbis são como os personagens centrais em meio a uma devastação total da humanidade se tornam conscientes da humanidade dentro de si. Em suma, a trama é familiar. No entanto, revitaliza e se atreve a definir o que significa ser um pai, uma filha, um marido, um amigo nos dias de hoje. Ao longo do caminho também pergunta se o mundo fosse para o inferno, hoje, quais dos valores manteríamos e quais jogaríamos para fora do trem?
A primeira hora é absolutamente insana. Em seguida, perde parte de seu ritmo e dá lugar a uma miscelânea assumidamente sacarina de sentimentalismo. Contudo, bons filmes de zumbis familiarizam com o familiar, e este consegue realizar sem complexidade, com sinceridade, sarcasmo e cinismo um apocalipse zumbi em larga escala. Orgulhosamente revela seus momentos humanos, mas não se esquece dos dentes encharcados de sangue que o público está sedento por ver.
Um Estado de Liberdade
3.7 215 Assista AgoraMatthew McConaughey certamente faz um bom trabalho. No entanto, no topo de tentar ser um grande filme, e vitrine para o astro. O roteiro transforma seu personagem em um salvador 'branco' que vimos por diversas vezes em filmes hollywoodianos. Em todas as instancias, ele é o marido perfeito, pai, amigo, protetor e líder. E o diretor Gary Ross comete a heresia de entrelinhas transformá-lo em uma espécie de herói dos movimentos civis.
Mas não para por aí, a trama passa a maior parte do seu tempo de execução com foco nos problemas das pessoas brancas e pede ao seu público para simpatizar com um grupo menos aflito de pessoas ignorando a enorme perseguição da comunidade negra. E não é preciso ser um historiador para saber que havia coisas piores acontecendo nos E.U.A durante o início de 1860 do que o milho de pessoas brancas que estava sendo roubado. É um filme historicamente preocupante pela deturpação que realiza.
Existem alguns momentos dedicados a vida dos personagens negros, muitos dos quais são os momentos mais fortes do filme. A trama traça uma tentativa infeliz para si, e tenta ser um pau para toda obra, falar sobre raça, classe social e justiça e se torna amplamente vazia, intencionalmente pinta os homens brancos como os únicos heróis desta história. É um filme ignorante e daltônico. Não caiam nesta armadilha.
Fuga Para a Liberdade
4.0 232É uma trama que corta alguns clichês a distância. Embora, colocar duas pessoas completamente estranhas em uma mesma jornada não seja algo original. O diretor Taika Waititi utiliza a circunstância de dois personagens estarem isolados como uma oportunidade para o desenvolvimento da relação dos dois. Consegue criar uma dinâmica envolvente e continua com ela até o final, equilibra momentos de riso e drama, passando da química crescente entre os dois e a ameaça implacável de seu hilário antagonista. O roteiro faz um grande trabalho ao desenvolvê-los como pessoas que são completamente compreensíveis e igualmente excêntricas.
As reflexões temáticas pertinentes à aceitação, amor, adoção e noção de família são fantásticas, especialmente quando se trata do motivo pelo qual o garoto foi adotado pelo casal. Apesar de todos os assuntos sérios, eles são abordados com um senso de humor muito "peculiar".
Mãe Só Há Uma
3.5 408 Assista AgoraEste é um filme sobre identidade. De um jovem inserido em um contexto nada usual que passa a explorar sua sexualidade como algo completamente natural. É sobre quem ele é e o que gosta. Estas perguntas, especialmente na adolescência, desencadeiam uma série de crises existenciais e é muitas vezes a causa de grandes conflitos entre os desejos, paixões, família, amigos e consigo mesmo. A trama consegue pintar um interessante retrato do turbilhão de emoções que é este período.
O personagem central é complexo e acompanhamos o quanto ele é forçado a lutar por sua identidade recém descoberta afim de definir os limites para que os demais respeitem seu jeito de ser. É tematicamente ambicioso, e melhor sucedido em levantar questões do que expor em tela.
Pixote: A Lei do Mais Fraco
4.0 450Na veia do realismo social e do neo-realismo, Pixote (1981) do diretor Hector Babenco nos leva profundamente nas entranhas da selva urbana de São Paulo no final da década de 70. A trama se concentra em crianças e personagens atormentados por uma vida relegada a situação de rua e crime, e merece um lugar no topo de qualquer lista de melhores filmes, uma vez que mantém o seu poder e relevância para a sociedade mais de 30 anos após a sua estréia.
Bem como Cidade de Deus (2002) faria quase 20 anos depois, Pixote tem uma abordagem Cinema Verité para melhor representar a realidade de seu assunto. Estas vidas, figurativas e literais, são vistas em toda a sua nudez. A maioria das crianças no filme são crianças reais em situações de rua que adicionam um realismo a sua presença na tela.
Ao concentrar-se na vida do personagem Pixote, Babenco apresenta essencialmente o que podemos considerar um estudo de caso de uma criança privada de sua inocência. Serve como um símbolo para o desespero enfrentado por crianças pobres brasileiras até os dias atuais. Poucos filmes atrevem a entrar em um material tão escuro com tanta dignidade, sem sucumbir a certo nível de tragédia romantizada. Em Pixote, as coisas são como são elas são. Uma obra-prima em todo o seu direito.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraO filme desafia estereótipos. Não há heróis ou mocinhos. É um trama tensa e traz reviravoltas inesperadas ao longo do caminho. Com poucos diálogos a grande força reside nas torções do roteiro e no trabalho de câmera. O roteiro tem a sua quota de perguntas sem respostas que pode ser negligenciado para o seu próprio bem. Contudo, o diretor constrói uma tensão palpável, e faz um trabalho de mestre em um espaço tão pequeno ao explorar cada canto e recanto para potenciais sustos e choques. Em geral, é uma produção que consegue oferecer algo original e adiciona fôlego para um gênero tão castigado.
12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição
3.3 803 Assista AgoraÉ a expansão da franquia com um ângulo político. Hell Yeah! Continua divertido e sádico. É um tipo muito particular de filme que usa a controvérsia da violência armada, relações raciais e classismo para validar sua trama. Novamente usa a franqueza do roteiro como um ponto de partida para sua interminável destruição, e não finge ser mais do que isso. Mesmo que ambicione em alguns momentos ser uma sátira política.
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraA mitologia em torno da ameaça sobrenatural é bastante fraca e confusa, e joga sobre a audiência a responsabilidade de embarcar ou não. Quando o filme trata o presente, se destaca, mas cada vez que se aventura em explicar o passado ou o sobrenatural perde completamente o caminho.
O gênero horror tem sido inundado com todos os tipos de filmes sobrenaturais nos últimos 10 anos. Verdade seja dita. É fácil ficar cansado. Estou cansado.
Problemas Femininos
4.0 100John Waters apresenta uma visão sombria da humanidade em sua obsessão com a fama, e reconhece que há beleza na obscuridade da condição humana. Claro que é repleto de humor repugnante, ofensivo e depravado.
Cha Cha Heels 4ever!
Café Society
3.3 531 Assista AgoraWoody Allen é reconhecido por ser um cineasta centrado nos personagens. Seus filmes nunca tiveram grandes floreios estilísticos. Mas, este tem uma fotografia espetacular.
Ele nos convida com pompa e ostentação para falar sobre a velha Hollywood, mas as porções não têm a qualidade que Allen promete no menu. No fundo a trama lida com amor e desgosto em um triângulo amoroso pouco envolvente em sua natureza auto-depreciativa.
Allen mais uma vez narra o filme e empobrece a narrativa, coloca a ênfase no fato de que é definitivamente uma trama que já conferimos anteriormente. Não acredito que perdeu seu toque, mas este é provavelmente uma de suas obras menores.
Amor de Irmão
3.2 15Infelizmente, não tenho muitas coisas positivas a dizer sobre este filme. É incompetente em todos os sentidos possíveis. É um drama mal executado com um roteiro sem inspiração, diálogos risíveis que obriga seus atores a conferirem desempenhos atrozes. Tem mais é recheado de clichês, sexismo e estereótipos.
Como Sobreviver a uma Praga
4.2 22Se você já se perguntou se o ativismo pode realmente funcionar, este documentário irá reafirmar sua fé. A aprendizagem em si é a chave para o poder. Relata de maneira fascinante através de imagens de arquivo como as pessoas comuns se tornaram os principais especialistas na luta contra a AIDS no final dos anos 80 e início dos anos 90 por imersão na ciência e investigação.
Foi preciso auto-educação, intercâmbio de informações, sensibilização do público e ação direta para que chamassem atenção dos governantes sobre o caos da pandemia da AIDS. É um documentário que faz o seu apelo com paixão para inspirar até mesmo os mais desiludidos. Para alertar como as coisas eram há menos de trinta anos atrás.
Retrato de Coragem
4.0 23É um filme extremamente sentimental que caracteriza uma amizade improvável. Aborda questões raciais apoiado exclusivamente na emoção. Dentro de sua proposta funciona.
O Nome Dele Era Jason: 30 Anos de Sexta-Feira 13
3.6 58Um documentário que se sente apressado, e pouco espontâneo. Uma visão bastante agradável de uma das mais respeitadas franquias de terror. Há algum valor se você é um fã incondicional da série. Poderia ser melhor...
Terror Universal
4.3 26É tudo o que você quer saber sobre os clássicos monstros da Universal Studios durante as décadas de 30 e 40.
Luke Cage (1ª Temporada)
3.7 502É um retrato íntimo da vida nas ruas, detalhando não só os funcionamentos internos dos sindicatos do crime, mas também a corrupção na polícia, políticos desprezíveis, e os jovens da comunidade negra americana que vêem armas e drogas como uma maneira fácil de ganhar dinheiro. É uma adaptação de Luke Cage nos dias atuais, portanto, esqueçam todos aqueles estereótipos que consagraram o herói na década de 70. Oras, muito coisa mudou de lá para cá, não é verdade?
Luke Cage assume uma persona completamente distinta das HQ's. Ele é um herói cavalheiro, relutante que luta com a idéia de heroísmo. É também, um homem imbuído de força física incrível, alguém cujas habilidades, na maioria das circunstâncias seria temido, mas é alvo e luta para viver além dos limites do que é esperado dele (socialmente ou não), simplesmente tenta sobreviver e fazer o bem por sua comunidade e aqueles que ama. Os roteiristas abandonam o Blaxploitatation, humor, sexismo e injeta doses de consciência social por toda a trama.
O poder de ver um homem negro subvertendo tanto uma idéia do que significa ser negro na América, neste momento com a própria epidemia de violência armada e ainda por cima à prova de balas, não pode ser subestimado. É uma série consciente, talvez até demais. Mas, não se engane Luke Cage não é politicamente correto.
Pode desagradar os fãs mais xiitas do Universo Marvel, ou aqueles que anseiam por ação ininterrupta. A trama tem um ritmo sinuoso, pois investe nos personagens e em suas ações. Todos os personagens têm profundidade e camadas de contexto. Nenhum dos vilões são recortes ou estereótipos. O bairro do Harlem passa a ser um personagem em si. E a espetacular trilha-sonora eleva toda esta ambientação.
O ator Mike Colter confere uma verdadeira qualidade humana para um personagem que realmente que pode levantar uma barra de concreto nas costas. É uma série que lida com questões difíceis do mundo real que vão além de meta-humanos e vilões. É tanto seu maior defeito quanto o seu maior triunfo.
Batman: A Piada Mortal
3.3 495 Assista AgoraÉ basicamente dois filmes distintos em um roteiro confuso. O primeiro é um filme de Barbara Gordon / Batgirl absolutamente terrível e misógino, o segundo é a adaptação real da famosa HQ - Batman: The Killing Joke. A primeira parte se sente tão desconectada do resto que realmente traz o filme como um todo para baixo. O segundo ato que traça a origem trágica do Coringa e sua dualidade com Batman é absolutamente interessante. Mas, o ritmo é fatalmente falho, o impacto emocional não ressoa como deveria.
American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson (1ª Temporada)
4.5 583 Assista AgoraÉ uma série que sabe construir suspense, aumentar a tensão e criar uma poderosa narrativa emocionante. Sabiamente foca nos personagens ao invés do crime. A trama se concentra nos advogados, promotores, jurados, juízes, na mídia, nos amigos, conhecidos e familiares dos envolvidos, assistimos todos os outros assumir o posto de protagonista.
O julgamento do século como é conhecido o caso de O.J. Simpson ganha mais um retrato contundente.
Chewing Gum (1ª Temporada)
4.1 249Raça, religião, classe e gênero são todos temas que aparecem repetidamente nesta divertida série Britânica, mas são abordados a partir de ângulos interessantes, nunca como "problemas" que precisam ser confrontados e resolvidos. O mais genial é que conseguem extrair humor de todos estes subtextos graças ao talento de Michaela Coel, que roteiriza e estrela a série. A série merece ser desesperadamente conhecida.